
"Deus" é a palavra comum para denominar a identidade de um ser superior em um universo além do nosso mundo, criador de toda a existência conhecida, e que governa em conjunto com divindades de graus inferiores (anjos). Em grego, theikos ("divino") significava ser semelhante a um deus em atributos ou poderes. Teologia é, portanto, o estudo da natureza de Deus e da relação de Deus com humanos.
A palavra em inglês "god" ("deus") começou a ser utilizada através de um termo alemão aplicado no Codex Argenteus cristão no século VI: gudan ("chamar" ou "invocar" um poder). Nas tradições do Ocidente, "Deus" é o Deus do judaísmo, do cristianismo e do islamismo. Essas três constituem as três fés abraâmicas, uma vez que todas afirmam que esta divindade se revelou a um patriarca ancião, Abraão. As Bíblias em inglês distinguem esse ser de todos os outros com um G maiúsculo.
Culturas Ancestrais
Concepções ancestrais do universo postulam os céus (a morada dos deuses), a Terra (o lugar dos humanos) e o submundo (o lugar dos mortos). Deuses podiam transcender todos os três níveis. Muitas tribos anciãs promoviam um deus (ou deusa) como o fundador dos seus clãs. Alguns eram elevados ao conceito de um deus/deusa superior ou um rei/rainha dos deuses, que dominava diversos gradientes de poderes do universo.
Religiões anciãs também tinham mitos de criação, descrevendo como tudo no universo foi criado (mais frequentemente, a partir do caos) e a formação dos primeiros seres humanos e da sociedade humana. Os mitos validaram os códigos legais contemporâneos (rituais, comportamento, e papéis de gênero), que se pensava terem origem nos deuses e, por isso, eram tidos como sagrados.
A possessão divina era a forma como os povos antigos se comunicavam com seus deuses (rituais e práticas conhecidas como divinação). Os oráculos eram tanto pessoas quanto lugares onde uma divindade falava por intermédio de alguém em um estado de transe. O equivalente judaico eram os profetas, que Deus possuía e falava por intermédio deles para transmitir mensagens ao povo. As Bíblias distinguem as palavras de Deus pela introdução "Assim diz o Senhor" e, em seguida, as palavras são recuadas e estruturadas como poesia.
O Deus de Israel
O Livro de Gênesis nas Escrituras Judaicas fomentou essa divindade como o deus supremo do que viria a se tornar a nação de Israel. Deus criou e controlou os elementos conhecidos tanto do universo quanto de tudo existente na Terra. O Deus de Israel agiu sozinho, sem uma consorte feminina, através do discurso: "E disse Deus: Haja luz." (Gênesis 1:3). Não se trata de um caso único; a religião egípcia antiga declarou que o deus criador Ptah criou através do discurso. Deus criou o primeiro casal humano, Adão e Eva, que foram ordenados a serem fecundos e a se multiplicarem.
Um momento primordial no Gênesis se encontra no capítulo 12, com o chamado de Abraão, vindo de Ur na Mesopotâmia. Ele viria a ser o pai de uma grande nação (o significado da mudança do seu nome de Avram para Abraão) e viria a receber a terra de Canaã como uma terra próspera para seus clãs e rebanhos. Seus descendentes seriam protegidos e prósperos enquanto honrassem e obedecessem a esse Deus. Deus ordenou a Abraão e seus descendentes que realizassem a circuncisão, que funcionava como um marcador físico permanente para distinguir esse grupo das outras nações.
Os povos antigos desenvolveram contratos com seus deuses, especificando os deveres de cada parte. Do hebraico "cortar" temos o termo "pacto", um contrato que reflete o ritual de cortar sacrifícios animais ao meio enquanto um juramento é declarado a uma divindade. Existem diversas histórias sobre o Deus de Israel se unindo em alianças com o seu povo: as congregações com Noah, Abraão, Moisés, e Rei David.
EI
Em alguns dos textos mais antigos da região, el (plural: elohim) era uma forma habitual em hitita, ugarítico, paleo-hebraico, cananeu e aramaico para se referir a poderes divinos. Em algumas ocasiões, El era entendido como "o deus" para distingui-lo dos outros e, muitas vezes, associado à criação. El era frequentemente acompanhado de um atributo. No segundo chamado de Abraão por Deus em Gênesis 17:1, esse ser foi descrito como El-Shaddai ("Deus Todo-Poderoso"). Em Gênesis 14:8-20, Abraão aceitou uma bênção de El Elyon ("Deus Altíssimo") de Melquisedeque, o rei de Salém e sacerdote deste Deus. Os seguidores deste Deus se tornaram Israelitas: "Não te chamará mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste." (Gênesis 32:28)
"Judeus" se tornou um termo comum durante a ocupação persa (século 6 a.C.), derivando de Yehudi, "aqueles do reino de Judá". Durante o reinado do rei israelita do norte Acabe e sua esposa Jezabel (871-852 a.C.), as divindades da família de Jezabel (baalins, deuses levantinos e cananeus) eram proeminentes. Através da obra dos profetas Elias e Eliseu (no Livro dos Reis), o Deus de Israel foi elevado ao que podemos considerar um deus nacional. O conceito de Deus como uma divindade universal é encontrado em Isaías: "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da Terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento." (40:28)
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Politeísmo & Monoteísmo
Desde a época do Iluminismo, religiões do mundo todo são polarizadas entre o politeísmo (reconhecimento e adoração de mais de um deus) e o monoteísmo (crença em um único deus), enquanto o panteísmo descreve um reconhecimento de vários deuses com diferentes gradientes de autoridade; e o henoteísmo sendo a superioridade de um deus sobre muitas divindades inferiores.
Os termos permanecem problemáticos porque não eram descritores comuns no mundo antigo. Seria melhor dizer que os antepassados tiveram participação no pluralismo religioso. Não havia contradição em pertencer a vários cultos diferentes de deuses específicos. As pessoas não declamavam seus conceitos como crença ou fé (Do grego: pistis, "lealdade") da mesma forma que fazemos hoje. Eles tinham crença em seus deuses, mas o importante e crucial era executar os rituais e sacrifícios corretamente, conforme proferidos pelos deuses aos antepassados. Não havia tal conceito como monoteísmo antigo. Todos os povos antigos eram politeístas nesse sentido, incluindo os judeus.
Antigos judeus eram concebidos de uma hierarquia de poderes no céu que incluía uma corte divina: "filhos de Deus" (Gênesis 6:4), anjos, arcanjos, querubins e serafins. Judeus também reconheceram a existência de demônios (divindades inferiores) e introduziram o conceito de um anjo caído, que é a origem de Satanás, o Diabo.
Nas Escrituras Judaicas, o Deus de Israel (como o criador original) foi responsável por criar os "outros deuses" e se referiu, de forma consistente, à existência dos deuses das nações: "Não seguireis outros deuses" (Deuteronômio 6:14); "Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses" (Salmo 82:1). Na história do Êxodo do Egito dos judeus, Deus batalhou contra os deuses do Egito para demonstrar quem controla a natureza. Se sua existência não fosse reconhecida, isso não faria muito sentido.
A história fundamental para a ideia de que judeus eram monoteístas foi quando Moisés recebeu os dez mandamentos de Deus no Monte Sinai: "Eu sou o Senhor teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:2-3) Isso não significa que outros deuses não existam; é um mandamento aos judeus para que não adorem nenhum outro deus. Nós fundimos adoração com crença e veneração, mas adoração no mundo antigo sempre significou sacrifícios. Os judeus podiam orar aos anjos e outros poderes no céu, mas deveriam oferecer sacrifícios apenas ao Deus de Israel. Esse mandamento era uma das principais diferenças entre judeus e todos os outros cultos étnicos tradicionais. Essa diferença foi fomentada com a proibição de imagens: "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra" (Êxodo 20:4).
Yahweh
Quando Moisés encontrou uma presença no Monte Sinai e a questionou seu nome, "E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êxodo 3:14). O hebraico antigo era escrito em consoantes (com sons vocais articulados e letras adicionadas posteriormente). Das quatro consoantes (em inglês) em "Eu sou quem eu sou", YHWH, veio Yahweh, também conhecido como o Tetragrama, ou o nome sagrado de Deus.
Em hebraico, ehyeh asher ehyeh é a primeira pessoa do singular do verbo "ser". Uma maneira de entender a forma do nome é identificá-lo como um verbo de ação. Trata-se de um Deus que age, precisamente, intervindo em vários momentos no reino terrestre de seu povo. O "Eu sou" também indicava autossuficiência, agindo sozinho como o criador primordial e insubordinado, não dependente de nenhum outro poder.
No entanto, Yahweh apareceu em uma inscrição anterior no Egito para comemorar as vitórias do faraó Amenhotep III (c. 1400 a.C.), que mencionava "inimigos da terra de Shasu de Yahweh". Shasu era um grupo específico de nômades, que pode ter constituído os israelitas. Yahweh pode ter sido adotado muito antes da história de Moisés como uma divindade desses nômades em particular. A estela do século IX a.C. erguida pelo rei moabita, Mesa, se gabava de ter derrotado o rei de Israel e tomado os objetos sagrados de Yahweh.
Jerusalém & Adoração no Templo
Os livros de Josué e Juízes descrevem um período em que os israelitas pertenciam a uma confederação tribal dos descendentes dos doze filhos de Jacó durante a Idade do Ferro (1200-600 a.C.). Moisés havia colocado as tábuas da lei em um baú de madeira, a Arca da Aliança, que foi guardado em um santuário de tenda portátil durante os anos de deserto. Para evitar inveja ou dominância entre as tribos, sítios de culto em várias seções tribais se revezavam para guardar a tenda.
O rei Salomão (970-931 a.C.) construiu o primeiro templo em Jerusalém, que havia sido conquistado por seu pai, o rei Davi. Atribui-se ao rei Josias (640-609 a.C.) a reforma do culto, eliminando as práticas locais e centralizando a adoração somente nesse templo e somente em Yahweh. Alguns estudiosos consideram que foi nessa época que Deuteronômio 6 foi inserido, se tornando uma oração central do judaísmo, conhecida como Shema Yisrael, "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor".
A Arca da Aliança foi transferida para o Santo dos Santos, o santuário interno do templo. Moisés foi informado: "E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel." (Êxodo 25:22) A arca representava a presença de Deus no templo (tanto como seu trono quanto como seu escabelo). Essa presença é o que tornou o templo um lugar sagrado, exigindo as regras de pureza do livro de Levítico quando alguém se aproximava do templo.
Aparição & Atributos
O Deus de Israel é descrito como anicônico, não representado por uma estátua ou outra imagem. Mas isso não exclui analogias simbólicas ou literárias. Na verdade, muitas imagens pré-reforma de Yahweh, particularmente no norte de Israel, utilizavam uma imagem de um touro comum (os bezerros de ouro de Jerobão em 1 Reis), um símbolo de fertilidade.
Em Gênesis 1:26-27, lemos:
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Uma interpretação mais moderna dessa passagem relaciona imagem com função. Como Deus regeu toda a criação, homem e mulher deveriam reger como servos substitutos de Deus no cuidado da Terra. Dada a construção social de gênero e papéis de gênero na antiguidade, o Deus de Israel era sempre descrito como masculino. Temos muitas imagens antropomórficas atribuídas a Deus, como o rosto de Deus ou a mão de Deus.
Ao invés de representações literais, os descritores mais comuns são onipotente (todo-poderoso), onisciente e onipresente. Este último conceito é coerente com a ideia de transcendência, a capacidade de atravessar as áreas espaciais do universo conhecido. A imanência também é um conceito em que, ocasionalmente, o Deus de Israel manifestou, ele mesmo, na Terra de várias maneiras, tanto para salvar quanto para punir o seu povo. Deus utilizou os profetas para incitar o arrependimento sempre que pecavam ou negligenciavam os mandamentos.
Judaísmo helenístico
Após as conquistas de Alexandre, o Grande (r. 336-323 a.C.), a cultura grega, o governo grego e a religião grega foram introduzidas no Mediterrâneo Oriental. Judeus ensinados podiam participar das várias escolas de filosofia grega. Filósofos promoveram o conceito de um deus original elevado além dos parâmetros do universo físico e utilizaram os recursos literários de alegoria e metáfora. Como uma boa e pura essência, esse ser não criou, mas emanou poderes inferiores que foram responsáveis pela criação. Essa unidade do deus supremo foi unificada em todo o universo, estando presente na natureza, na materialidade e nos humanos no conceito de alma. Essa interconexão foi alcançada através emanação do aspecto divino dos logos ("racionalidade", por vezes traduzido como "palavra").
O filósofo judeu Filo de Alexandria (escritas das primeiras décadas do século I d.C.), apresentou o judaísmo à luz dos princípios filosóficos gregos, reivindicando o mesmo e único deus supremo como o Deus de Israel. Por meio da alegoria, Moisés poderia ser compreendido como o logos, quem forneceu um sistema ou razão e racionalidade pela Lei Mosaica.
Cristianismo: Um Segundo Deus
Nas décadas de 20 e 30 do século I d.C., Jesus de Nazaré, na forma de um profeta tradicional, começou a pregar a iminência do reino de Deus na Terra. Postulando um reino que não Roma, ele foi executado por crucificação (a punição por traição) pelo procurador romano Pôncio Pilatos. Após o julgamento e crucificação de Jesus de Nazaré, seus seguidores alegaram que ele ressuscitou dos mortos e foi exaltado ao lado de Deus no céu (Atos 7).
Nossa literatura mais antiga sobre o que se tornaria o cristianismo é encontrada nas cartas do apóstolo Paulo (c. 50-60 d.C.). Um fariseu que teve uma visão de Cristo no céu (o termo grego para Messias, Christos), afirmou ter sido comissionado para ser o apóstolo (arauto) dos gentios (não judeus). Segundo os profetas, os gentios poderiam se unir a Israel quando Deus instaurasse seu reino na Terra. Eles não precisavam possuir marcadores físicos de identidade dos judeus (circuncisão, leis dietéticas ou observância do Dia do Senhor), mas as comunidades de Paulo precisavam abandonar todos os sacrifícios aos deuses tradicionais. Neste estágio, isso não era monoteísmo. Paulo reconhecia a existência de outros deuses; ele os repreendia por, em certos momentos, interferirem em sua missão. Eram os sacrifícios a esses outros deuses que não eram mais válidos nos conceitos de salvação de Paulo.
Paulo introduziu uma inovação nas tradições judaicas. Cristo era preexistente e estava com Deus desde a criação, tendo se humilhado para aparecer como homem na Terra e morrido como sacrifício para expiar o pecado de Adão, que foi quem trouxe a morte ao mundo (Romanos 5). A ele foi "dado o nome que está acima de todo nome" (o Tetragrama, Yahweh). Ao som do nome de Cristo, "se dobre todo joelho", um conceito milenar de se curvar diante de imagens dos deuses (Filipenses 2). Paulo utilizou um conceito judaico de que Deus era altruísta; o próprio Deus se manifestou no Jesus terreno. É por isso, que Jesus era digno de veneração. O prefácio do Evangelho de João utilizou o conceito de logos divino, no que se tornou a doutrina da Encarnação (Cristo assumindo a carne).
A separação do cristianismo do judaísmo ocorreu no século II d.C., por meio do trabalho dos líderes cristãos que não tinham mais conexões étnicas com o judaísmo. Eles mantiveram as tradições de Deus das Escrituras, mas as combinaram com aspectos do deus supremo filosófico. Naquela época, os cristãos eram perseguidos por Roma devido à sua recusa em participar nos cultos estaduais e imperiais. Júlio César (100-44 a.C.) já havia isentado os judeus, e os cristãos peticionaram aos magistrados e ao imperador romano para que lhes fosse garantida essa mesma exceção, já que eram verus Israel, "os verdadeiros judeus" da aliança de Deus. Por meio da alegoria, os Padres da Igreja puderam "provar" que tudo na história e na narrativa de Israel (as Escrituras) indicava um tipo do Cristo preexistente. O que distinguia os cristãos dos judeus era que os cristãos não eram mais apegados à Lei literal de Moisés. Deus havia estabelecido uma nova aliança com seu povo que abalou as práticas tradicionais. Ao mesmo tempo, com o banimento de toda idolatria, o cristianismo também se separou da cultura dominante.
Trindade
O cristianismo primitivo passou por uma série de debates e conflitos contínuos sobre as formas de expressar a unicidade de Deus e, mesmo assim, permitir a divinação e adoração simultâneas de Cristo. Um prebístero em Alexandria, Ário, estava ensinando que, se você acreditasse que tudo no universo foi criado pelo Deus de Israel, então, em algum momento, ele deve ter criado Cristo. Isso fez de Cristo uma criatura, subserviente a Deus. Rebeliões ocorreram em algumas cidades devido a esse ensinamento, e Constantino I (r. 306-337 d.C.) convocou o Primeiro Concílio de Niceia em 325 d.C. Ao manter a tradição judaica de venerar apenas um Deus, os cristãos construíram o conceito conhecido como Trindade, que descrevia o relacionamento de Deus com Cristo, as origens de Cristo, e uma essência conhecida como Espírito Santo.
O debate se reduziu a duas opções: Cristo era "homo-iousios", uma essência semelhante à do pai, ou ele era "homo-ousios", de uma substância idêntica à do pai? (Note que a diferença entre esses dois termos se resume a um "i", a letra iota). O Concílio optou pela segunda opção, em que Deus e Cristo eram idênticos em essência (substância) e que Cristo foi uma manifestação do próprio Deus na Terra. Enquanto os bispos estavam presentes, Constantino fez com que eles formulassem o que se tornou conhecido como o Credo Niceno (da primeira palavra Credo, "Eu creio"). Isso foi uma inovação. No mundo antigo, não havia uma autoridade central para ditar no que todos deveriam acreditar. Como chefe tanto do Estado quanto da Igreja, Constantino agora tinha a autoridade para torná-la obrigatória para todos os cristãos. Em um sistema em que os sacrifícios e rituais tradicionais haviam sido eliminados, a crença tornou-se um conceito importante.
No judaísmo tradicional, o "espírito de Deus" era compreendido como a forma pela qual Deus capacitava indivíduos e ações, como o espírito que animou Adão quando ele foi criado e a posse de Deus sobre os profetas. Desde o início do movimento cristão, os fiéis experimentaram esse poder como dons dados por Deus, manifestados em sua capacidade de profetizar, ensinar, falar em línguas, curar e ressuscitar pessoas. O credo sustentava Deus como único, mas com três aspectos: Deus, o pai, Cristo, o filho, e o Espírito Santo.
Deus no Islã
O Islã emergiu como um movimento de reforma tanto do judaísmo quanto do cristianismo, por meio de revelações (o Alcorão) ao profeta Maomé na península arábica no século VI. O Allah árabe provavelmente deriva de al-ʾilāh, "o Deus" parente de el. Ilah significava "divindade"; a adição de al distinguia essa divindade das outras. O Alcorão (considerado sagrado) foi criado como o registro final das revelações.
O conceito dominante de Allah é tawhid, "unicidade." Isso é declarado em um dos pilares do Islã, a shahada, que afirma que não há outro deus além de Deus e Muhammad é Seu profeta. "Dize: Ele é Allah, o Único. Allah, o Absoluto. Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!" (112:4). Qualquer conceito ou atividade que se aproxime da idolatria é "shirk" (associar parceiros a Deus). Não há sacerdócio oficial no Islã, pois não há intermediários humanos entre Deus e os humanos. Os imames são guias espirituais nas comunidades. O Islã mantém a existência de anjos como mensageiros de Deus e honra os patriarcas e profetas tradicionais, sendo Muhammed o último dos profetas.
Embora use princípios masculinos do árabe, Deus não tem partes do corpo físico ou gênero, ele transcende tudo: "Não há nada como ele, e ele é aquele que ouve e vê [todas as coisas]" (Isaías 42:11). O significado de Qadim ("primitivo" ou "eterno") pressupõe eternidade sem começo nem fim; limites e mensurações normais não podem ser aplicados a Deus. Assim, o banimento de descrições antropomórficas, de idolatria, e de imagens, foi mantido; essas eram tentativas incompletas de descrever algo que era perfeitamente completo e único. A fonte suprema da existência, Allah, é a causa não causada, que criou tudo a partir do nada, que é imutável e perfeito. Os descritores mais usados de um atributo de Allah são "piedoso" e "misericordioso". Assim como no judaísmo e no cristianismo, o Islã promove o conceito de um futuro reinado de Allah na Terra e um julgamento final.