Após a vitória sobre o rei Dário III na Batalha de Gaugamela, em 331 a.C., Alexandre, o Grande, teve de conter uma série de pequenas rebeliões que eclodiram em seu Império. No verão de 328 a.C., uma destas rebeliões ocorreu na satrápia oriental de Báctria, evento que levaria a um encontro casual com a bela Roxana.
Quando Báctria se rebelou, Alexandre e seu exército marcharam rapidamente à área para suprimir a situação. Trinta mil bactrianos se refugiaram em uma cidadela ao alto de um penhasco escarpado, chamado de Rochedo Sodeguiano. Alexandre enviou uma mensagem a Arimazes, comandante da cidadela, ordenando que se rendesse. O relutante Arimazes mandou resposta perguntando se Alexandre poderia voar, pois ele precisaria de “soldados alados” para derrotá-lo. O orgulhoso Alexandre não estava disposto ser detido pelo quase impossível. Alexandre convocou os soldados com mais prática em escaladas prometendo uma recompensa ao primeiro homem que chegasse ao topo do penhasco: trezentos homens se voluntariaram. Pela manhã, com apenas treze baixas, eles alcançaram o topo; a rendição se deu logo em seguida. Foi na cidadela, de acordo com um historiador, que Alexandre viu pela primeira vez Roxana entre os cativos e imediatamente caiu em amores por ela.
Em outra versão da história, relatada pelo historiador Plutarco, Oxiartes, o sátrapa de Báctria, ofereceu um banquete em honra a Alexandre logo após a rendição. Uma das dançarinas naquela noite chamou a atenção de Alexandre. Tratava-se da filha de 16 anos de Oxiartes: Roxana, um nome que significa “pequena estrela”. Ela foi considerada por muitos daqueles que a viram como a mais bela mulher na qual haviam postos os olhos – muito mais bonita até mesmo que a esposa do deposto Rei Dário. De acordo com Plutarco, apesar de que ela possa ter sido a única mulher que Alexandre amou, havia outra possível razão para o casamento. Segundo o historiador:
Quanto ao seu casamento com Roxana, cuja juventude e beleza haviam cativado Alexandre em uma recepção, onde ele a viu pela primeira vez dançando, foi de fato um caso de amor, mas parecia ao mesmo tempo propício ao objetivo que ele tinha em mãos. Pois agradou ao povo conquistado vê-lo escolher uma esposa entre eles.
Alexandre e seu exército eram convocados a toda parte, então um casamento entre Alexandre e Roxana teria de esperar. Eventualmente, de todo modo, Oxiartes e seu novo rei persa partilharam o pão, um costume macedônico. O casamento entre Roxana e Alexandre, que finalmente aconteceu em 327 a.C., continua a ser objeto de debates entre historiadores. Tratava-se de um casamento por amor ou uma aliança política, tal como sugere Plutarco? Casamentos como este foram feitos pelo pai de Alexandre em várias ocasiões. É também improvável que Alexandre teria tomado alguma liberdade com Roxana sem casamento, outra violação de suas políticas. Conclui-se, portanto, que o casamento estava em harmonia com a política de Alexandre de união das duas culturas – a grega e a persa. Alexandre insistiria, posteriormente, para que muitos de seus comandantes tomassem esposas persas (algo que levaria a remorsos após a morte dele).
Pouco se sabe de Roxana depois de seu casamento até a morte de Alexandre em 232 a.C. Enquanto alguns historiadores indicam que ela pode ter viajado com ele para a Índia e esteve ao seu lado na Babilônia, há consenso que ela estava grávida no período da morte dele. A próxima aparição dela será na Macedônia, onde ela esperou pelo nascimento do filho, o futuro Alexandre IV, ao lado de sua sogra, Olímpia. Enquanto ela esperava, o destino do Império aguardava com ela.
Sozinho entre os generais de Alexandre, Perdicas desejava esperar até o nascimento do bebê para decidir o futuro do Império. Por razões de interesse próprio, Perdicas esperava manter o Império unido, pois ele se habilitaria a servir de regente ao jovem rei. Os outros generais – Ptolomeu I, Antígono I e Seleuco I Nicátor – não desejavam esperar, e demandavam que o Império fosse dividido entre eles. Este argumento eventualmente levaria ao que os historiadores chamam de Guerras dos Sucessores (ou Guerra dos Diádocos). Roxana, com o apoio de Olímpia, esperava que o Império fosse mantido intacto para seu ainda não nascido Alexandre. Houve, contudo, outros possíveis sucessores ao trono, incluindo o meio-irmão de Alexandre, chamado Filipe III Arrideu, filho de Filipe II e Filina de Larissa, mas, uma vez que ele era considerado “incapaz”, o jovem Arrideu não era visto como uma ameaça de fato.
Quem eram os demais possíveis sucessores? Roxana parece ter desejado, por certo, que seu filho fosse o único e convocou Statira, a “outra” esposa de Alexandre. De acordo com Plutarco:
Roxana, que estava grávida e, por isso, era muito respeitada pelos macedônios, tinha ciúmes de Statira. Desse modo, Roxana, convocou a rival por meio de uma carta falsa, como se Alexandre ainda estivesse vivo; quando Statira estava sob seu poder, matou-a e à irmã, e atirou seus corpos em um poço que foi preenchido com terra...
Ciúmes e indecisão acabaram cobrando um preço de Roxana. Desejando manter a sua própria pequena porção do Império, Cassandro, filho de Antípatro e herdeiro da Macedônia, matou Roxana e seu filho de 13 anos, Alexandre IV, em 310 a.C. Com a morte de seu filho, a linhagem de Alexandre chegou ao fim.