Tucídides (c. 460/455 - 399/398 a.C.) foi um general ateniense que escreveu a contemporânea História da Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, conflito que durou de 431 a.C. até 404 a.C.. Porém, ele jamais concluiu a História, que, como se verifica, termina em meio a uma sentença no inverno de 411 a.C.. A História foi dividida em 13 livros distintos por estudiosos posteriores, mas atualmente, em sua forma moderna, contém oito livros. Tucídides é com muita frequência visto como o primeiro historiador a usar ideais “modernos” com referência às suas metodologias e ideologias, incluindo o modo pelo qual usa testemunhas oculares como fontes e as investiga; a forma pelo qual usa discursos (uma questão muito debatida devido ao problema de interpretar o que o autor pretende quando descreve como os redige, tal como ocorre em [1.21], onde não fica claro se os discursos que cita podem ser considerados como relatos confiáveis do que foi dito, ou se foram discretamente inventados pelo historiador para contribuir com seu tema). Sua obra é vista como um "patrimônio de todos os tempos" (1.22), antes do que uma peça destinada a agradar ao público (uma das muitas possíveis indiretas de Tucídides para Heródoto e outros cronistas em prosa da época).
Porém, a História não representa em absoluto a primeira obra sobre história, o que se pode argumentar ter sido originada da “história” oral de Homero sobre os feitos heroicos dos helenos. Mais ainda, uma distinção clara pode ser feita, pois enquanto Homero inspirava-se pelas Musas, Tucídides o fazia pelas suas “histórias”, suas pesquisas (nosso termo para história vem da mesma palavra grega que significa investigação). Novamente, no entanto, ele não foi a primeira pessoa a escrever suas descobertas como uma “história”, e sim o quase contemporâneo Heródoto (em grande escala, ainda que houvesse "proto-historiadores" que escreveram anteriormente numa escala menor). E ainda que Heródoto não fosse inspirado pelas Musas - embora algumas de suas passagens possam dar esta sensação -, ele ainda relaciona deuses e superstições como motivos e razões para os eventos.
Há duas “Vidas de Tucídides”, ambas carentes em termos de detalhes biográficos efetivos (quando comparadas às muitas obras biográficas de Plutarco): o melhor e mais detalhado relato é uma combinação de biografia e crítica literária, escrita por um gramático do século VI d.C. chamado Marcelino. Deste autor ficamos sabendo que o pai de Tucídides chamava-se Olorus (um nome trácio). Como este também era o nome do avô de Címon, acredita-se que possam ter sido parentes. Porém, a confiabilidade destes detalhes é menos do que certa.
Durante o generalato de Tucídides, ele foi enviado à Trácia para se opor às ações do general espartano Brasidas. Foi durante este período que o general falhou em defender a cidade de Anfípolis e, como resultado, recebeu a pena de exílio por 20 anos, imposta pelo povo ateniense. Não há realmente como dizer ao certo o que aconteceu com Tucídides depois disso, pois ele não se refere às suas próprias ações per se após seu fracasso em Anfípolis (que conta na terceira pessoa). No entanto, é razoável assumir que o exílio representou uma excelente oportunidade para recolher relatos tanto do lado ateniense quanto espartano. Tucídides pode ter retornado a Atenas por volta de 404 a.C., após a queda da Democracia Ateniense e a imposição dos Trinta Tiranos de Atenas pelos espartanos vitoriosos mas, novamente, não existe confirmação disso.
Há vários elementos de sua História que são dignos de nota: a oração fúnebre de Péricles (2.35-6), sua descrição da praga (2.47-54), O Debate sobre Mitilene (3.36-50), O Diálogo Meliano (5.85-113) e a Expedição Siciliana (6 e 7), além das seções introdutórias, que incluem sua Arqueologia e Metodologias (1.1-23).