Tikal

Definição

Mark Cartwright
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 08 outubro 2014
Disponível noutras línguas: Inglês, francês
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Tikal Main Plaza (by chensiyuan, CC BY-SA)
Praça Principal de Tikal
chensiyuan (CC BY-SA)

Tikal, localizada ao norte de região de Petén, na Guatemala, foi uma grande cidade maia que floresceu entre 300 e 850. Conhecida pelos habitantes como Mutul, é uma das maiores da Mesoamérica. Uma das primeiras cidades maias a ganhar proeminência no período Clássico Inicial (250-600), Tikal construiu sua riqueza pela exploração de recursos naturais e da sua localização geográfica, tornando-se uma potência regional, condição que desfrutou principalmente no século VII, quando foram erguidos alguns dos seus monumentos mais impressionantes. A UNESCO incluiu Tikal como Patrimônio Mundial.

Síntese Histórica

Os assentamentos em Tikal começaram a partir de c. 300 a.C., a princípio com a abertura de clareiras na floresta. A arquitetura monumental teve início a partir de 100 a.C.. A prosperidade da cidade baseava-se na exploração de recursos naturais como a madeira de cedro, corante de pau-brasil, copal [tipo de resina], sílex e do cultivo de milho nas clareiras abertas na floresta tropical e em áreas pantanosas férteis. Em 378, Tikal foi invadida pelas forças da longínqua Teotihuacan (ou pelo menos contatos comerciais tiveram início), influenciando as práticas culturais dos seus habitantes, desde o estilo de vestimenta à arte e arquitetura. No final do século IV, houve uma expansão da esfera de influência, com a conquista de rivais de longa data como Uaxactún e Rio Azul, além da formação de alianças úteis com outras cidades, como por exemplo Kaminaljuyú. Em seu auge, a população de Tikal, incluindo os assentamentos urbanos espalhados ao redor do núcleo urbano, superava os 50.000 habitantes, ocupando cerca de 200 quilômetros quadrados do território circundante.

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A prosperidade de Tikal baseava-se na exploração de recursos naturais, tais como madeira de cedro, corante de pau-brasil, copal, sílex e o cultivo de milho.

No século VI, o poder de Teotihuacan declinou e outros centros maias, com destaque para Caracol, partiram para a expansão militar, derrotando Tikal em 562. Porém, por volta do século VIII, Tikal recuperou sua posição de importância entre os maias, assim como outras cidades como Palenque, Copán e sua maior rival, Calakmul. O governante mais importante nesta época foi Jasaw Chan K'awiil (r. 682-734), que derrotou Calakmul em 695 e supervisionou um significativo programa de reconstruções na cidade. Entre os novos edifícios, os mais impressionantes são as enormes pirâmides conhecidas simplesmente como Templo I e II. Jasaw Chan K'awiil foi sepultado no Templo I na conclusão da obra, por volta de 727. Outros pares de pirâmides foram construídos mais tarde, mas a maioria permanece intocada. Assim como outras cidades maias, Tikal entrou em declínio a partir do século VIII e, por volta de 900, foi abandonada. Toda a região, incluindo seus templos altaneiros, acabou reclamada pela floresta e seria redescoberta somente em meados do século XIX.

Tikal Map
Mapa de Tikal
Simon Burchell (CC BY-SA)

Traçado e Arquitetura

Tikal consiste em nove praças e palácios conectados por estradas elevadas e rampas, com mais de 3.000 estruturas ao todo. Os edifícios estão espalhados por cerca de 15 quilômetros quadrados, resultando numa baixa densidade populacional. Em alguma época antes de 250, a Grande Praça e a Acrópole Norte foram construídas seguindo o eixo norte-sul. Construções posteriores aderiram a este plano até o século VIII, quando os construtores dos Templos I e II adotam a orientação leste-oeste. Os edifícios utilizavam blocos de pedra calcária em torno de núcleos de entulho, com lintéis e traves mestras em madeira (o sapotizeiro era a escolha preferida), frequentemente com entalhes elaborados retratando vários tipos de cenas. Além dos seus templos imponentes, a cidade também possuía palácios, um complexo comercial, dez reservatórios, duas estradas elevadas sagradas e um exclusivo tríplice campo de jogo de bola. Outra característica típica Maia são as estelas de pedra esculpida que retratam governantes e registram suas maiores realizações. Tais estelas eram instaladas em fileiras ao longo das praças. O mais antigo exemplo na Mesoamérica data de 292 e foi descoberto na própria Tikal. Mostra um governante segurando em sua mão esquerda o Deus Jaguar do Mundo Subterrâneo, provavelmente uma divindade cultuada na cidade.

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As estruturas mais antigas, tais como as da Acrópole Norte, são tipicamente baixas com anteparos nos cantos. Estes e a arquitetura posterior no local apresentam características maias usuais, como pirâmides com vários andares, plataformas elevadas, câmaras com abóbodas em mísulas, grandes máscaras de deuses em estuque que flanqueiam escadarias e uma orientação deliberada com os céus, pontos cardeais e, com frequência, com o tempo, conforme demonstrado pelos pares de pirâmides do século VIII que marcam o ciclo de 20 anos do katun. As pirâmides maiores também possuem cristas nos telhados que as fazem parecer ainda mais altas e que podem ter representado as cavernas sagradas utilizadas pelos povos mesoamericanos como locais de veneração por milênios. Muitas tumbas no interior de edifícios contam com murais, o mais antigo datando de c. 50 a.C., tipicamente retratando governantes ou deuses, sem dúvida para enfatizar os ancestrais divinos do ocupante do túmulo.

North Acropolis, Tikal
Acrópole Norte, Tikal
Peter Andersen (CC BY-SA)

Destaques Arquitetônicos

Acrópole Norte

A Acrópole Norte, inicialmente construída c. em 250 a.C. e alterada várias vezes ao longo dos séculos, inclui as mais antigas estruturas de Tikal. Estes templos foram construídos em duas plataformas retangulares, a mais antiga e larga medindo 100x80 metros, e utilizados como mausoléus para os primeiros reis da cidade. A tumba mais opulenta era a de Yax Nuun Ayiin, também conhecido como “Nariz Curvado”, que morreu em 420 e foi sepultado com todas as suas joias, nove vítimas sacrificiais e vários potes refinados com cacau (chocolate) e papa de milho. Outros governantes com nomes vistosos sepultados nos doze templos incluem Pássaro Lua Zero (entronizado c. 320), Grande Pata de Jaguar, Céu Tempestuoso e Sapo Fumegante.

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Acrópole Central

Diante da Grande Praça encontra-se o palácio real de Tikal, com cinco andares. Semelhante ao melhor preservado palácio em Palenque, a estrutura possui extensas galerias, bancadas instaladas ao longo de muros, pátios murados e representações de cativos em estuque. A existência de quatro enormes lareiras sugerem que refeições eram preparadas para um grande número de escribas residentes e administradores. Acredita-se que os pátios possam ter sido usados para cerimônias importantes, incluindo sangrias rituais e sacrifícios.

Complexo do Mundo Perdido

Uma enorme pirâmide domina o complexo do Mundo Perdido e ao longo de um dos lados há uma fila de pequenos templos, cujo propósito específico é desconhecido. A área conta com três plataformas no lado oriental e uma única plataforma a oeste. As do leste são alinhadas com o nascer do sol nos equinócios.

Temple I, Tikal
Templo I, Tikal
Dave Jimison (CC BY-SA)

Templos I, II e IV

Construídos no século VIII num eixo oeste-leste na Grande Praça, a pirâmide do Templo I tem os típicos nove níveis que imitam o mundo subterrâneo maia de Xibalba. O Templo I tem 50 metros de altura e conta com uma escadaria íngreme de 70 degraus, com degraus são estreitos que só é possível subir com os pés de lado. Nas profundezas do Templo I foi sepultado um dos reis de Tikal, Jasaw Chan K'awiil, cuja esposa é a melhor candidata para a até agora desconhecida ocupante do Templo II, com 42 metros de altura. A tumba do rei, além das usuais joias de jade e conchas, também contém um grande número de ossos entalhados que relatam eventos da história da cidade. Finalmente, não se pode esquecer o Templo IV que, com 70 metros de altura, é a estrutura mais alta de Tikal e serviu como a tumba do rei Yax Kin (734-746).

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2014, outubro 08). Tikal [Tikal]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-11159/tikal/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Tikal." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação outubro 08, 2014. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-11159/tikal/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Tikal." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 08 out 2014. Web. 21 nov 2024.