Novo Testamento

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Definição

Rebecca Denova
por , traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto
publicado em 30 outubro 2024
Disponível noutras línguas: Inglês, espanhol, Turco
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New Testament (by Dietmar Rabich, CC BY-SA)
Novo Testamento
Dietmar Rabich (CC BY-SA)

Novo Testamento é o nome dado à segunda metade da Bíblia Cristã, compilado a partir do século II d.C, após a separação do cristianismo do judaísmo. A Bíblia Cristã manteve livros das escrituras judaicas, o Antigo Testamento, como “prova” a apoiar o novo sistema de crença criado à volta de Jesus Cristo. O Novo Testamento é composto por quatro Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as Cartas de Paulo, o Apóstolo, aos Gentios e o Livro da Revelação.

Etimologia

“Testamento” é um conceito religioso e cultural do mundo antigo, como um “pacto” ou uma “aliança”. O pacto era um contrato legal mantido e confirmado por juramentos e rituais, como entre senhores e subalternos, cujos exemplos possuímos até hoje.

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Todas as antigas religiões possuíam contratos entre seus deuses e humanos detalhando o relacionamento entre a sociedade e o divino. Os constituintes possuíam dois elementos essenciais: 1) a promessa do deus em ajudar a sociedade a prosperar, em troca do culto, o que significava sacrifícios, e 2) códigos de leis que detalhavam o comportamento e os papeis dos gêneros. Os códigos de leis eram manifestos nas formas de governar, originalmente pelos reis e eram validados pelo fato de que eles recebiam o poder diretamente dos deuses. As Escrituras judaicas detalharam a aliança de Deus e seu povo.

O termo hebreu para pacto ou aliança (beriyth) significa em si uma promessa ou um compromisso. Na tradução em grego das escrituras hebraicas, beriyth tornou-se diatheke, um conceito greco-romano de jurisprudência que descrevia a última vontade, o testamento. A versão do Rei James usou “testamento” como uma descrição das eternas promessas de Deus.

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O Surgimento do Cristianismo

crentes que alegam que jesus de nazaré era o messias prometido pelos profetas, voltaram-se para as escrituras judaicas para validarem suas afirmações.

Quando o movimento cristão surgiu no século I d.C., os crentes judeus que proclamavam que Jesus de Nazaré era o Messias prometido pelos profetas, voltaram-se para as Escrituras para validarem suas pretensões. Naquela época, a coleção comum das Escrituras judaicas era conhecida como Bíblia Septuaginta. A Dinastia Ptolemaica em Alexandria, Egito, comissionou uma tradução dos textos hebraicos para o grego, pois o grego era a língua comum falada na região. A Septuaginta possuía 51 livros, sendo a versão da Bíblia usada por Paulo Apóstolo e os redatores dos Evangelhos.

Canon era o termo grego para “medida”, mais tarde adotado para “avaliar” quais livros foram considerados sagrados e quais não. Os escritores dos Evangelhos utilizaram as Escrituras como necessárias, porém não existe nenhum cânon que fosse aceito no Cristianismo inicial. Lucas, o autor do Terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos, utilizou muitos outros da Septuaginta que não constam atualmente no cânon oficial tanto das Escrituras judaicas, como do Novo Testamento.

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Perseguição Romana de Cristãos

Ao final do primeiro século d.C., Domiciano, Imperador Romano (r. 83-94 d.C.) iniciou a perseguição aos cristãos pelo crime de ateísmo, ou incredulidade, por não participação nos cultos de Estado de Roma. Não havia distinção entre os códigos de leis religiosos e as leis civis. Era perigoso irritar os deuses e ir contra a cultura dominante, ou seja, ateísmo, o que era o equivalente a traição, que levava em si a condenação à morte. Os judeus constituíam uma exceção ao culto romano devido a um ato de Júlio Cesar em 45 a.C, como recompensa pelos serviços dos mercenários no Oriente, com a promessa de que poderiam praticar livremente os costumes de seus ancestrais. Houve um acordo tácito, no entanto, de que os judeus não deveriam propagar suas crenças ou interferir com a cultura dominante fora das sinagogas.

The Growth of Christianity in the Roman Empire
O Crescimento do Cristianismo no Império Romano
Simeon Netchev (CC BY-NC-ND)

Os judeus são conhecidos por seus marcadores identitários étnicos, como a circuncisão e as leis dietárias. Os cristãos mantiveram as crenças e preceitos do judaísmo, mas a maioria dos cristãos eram ex-pagãos e não judeus étnicos. As primeiras comunidades cristãs decidiram que os pagãos convertidos não precisavam de circuncisão (Atos 15). Devido a isso, os cristãos não podiam ter os mesmos privilégios de isenção concedidos aos judeus e, ao mesmo tempo, estavam encorajando os pagãos à conversão, para cessar a idolatria tradicional.

Os Padres da Igreja do Século II

Os Bispos cristãos do séc. II iniciaram a redação de tratados e argumentos aos Imperadores e Magistrados romanos para que cessassem as perseguições aos cristãos. Retrospectivamente chamados “Padres da Igreja”, foram honrados como os originadores do que veio a se chamar Dogma Cristão. Existiram dezenas de tratados, porém os dominantes foram os de Justino Mártir (*100 +165 d.C.), Irineu de Lion (*c.130 +202 d.C), Clemente de Alexandria (*c.150 +215 d.C.) e Tertuliano (*155 +220 d.C.).

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Os Padres da Igreja foram ex-pagãos educados na filosofia grega e que se converteram ao cristianismo. Não possuíam afinidades étnicas com o judaísmo, porém eram bem versados nas escrituras judaicas, justificando que Jesus era o Messias previsto pelos profetas de Israel e, para tal, discutiram muitas questões e fizeram uso de vários recursos de retórica em suas argumentações. Os estudiosos classificaram a literatura em três áreas:

  1. Apologias
    Apologia,, não é se desculpar por algo, mas um estilo de redação que define e explica um tópico. Historicamente, apologia (apologias) foram as primeiras tentativas em apresentar, em um todo, o cristianismo como um sistema completo e um modo de vida. O Império Romano era avesso a novas religiões, particularmente aquelas vindas do Leste, as quais sempre incluíam operadores miraculosos. Alguns filósofos romanos criticavam o cristianismo como sendo uma “falsa filosofia”. A resposta dos Padres utilizava a filosofia grega para argumentar que estava baseada nos mesmos conceitos das escolas clássicas. Aplicaram a doutrina de Platão do logos, o conceito de racionalidade manifesta no mundo material. Em Filipenses 2, Paulo introduz o conceito de um Cristo pré-existente, presente na criação, que escolheu ser manifesto em um corpo físico e elevado aos céus após sua ressurreição. O erro dos filósofos foi não entender que o logos de Platão era realmente o Cristo.
  2. Literatura Adversos
    Adversos significa adversário. Literatura Adversos são escritos contra os judeus e o judaísmo, os “adversários” dos cristãos. Os cristãos argumentaram a favor de uma isenção da perseguição com base em que as crenças deles não era nova, pois mantinham o Deus único do judaísmo, que tinha uma longa história. Justino Mártir alegava que os cristãos eram os verdadeiros judeus da aliança original de Deus. Estes tratados contra os judeus consistentemente acusavam o judaísmo de corrupção, motivo pelo qual Deus enviou Cristo ao mundo para pregar contra ele. A prova está no fato de que Deus permitiu Roma destruir o templo em 70 d.C., durante a Grande Revolta Judaica de 66 d.C.
  3. Heresiologistas.
    Define-se um heresiologista como um especialista no estudo da heresia, mas aplicado retrospectivamente para os Padres da Igreja. No século II d.C. existiam dezenas de diferentes “Evangelhos”, coletivamente descritos como Evangelhos Gnósticos. “Gnóstico”, de gnosis (“conhecimento”), descrito como um conhecimento secreto a respeito de ambas as naturezas de Jesus e seu papel na salvação. Em resposta a isso, os Padres da Igreja inventaram os conceitos de ortodoxia e heresia. Ortodoxia significa crença correta. A palavra heresia foi derivada do termo grego para uma escola de filosofia, haeresis. Os Padres da Igreja declararam que qualquer um que não concordasse com seus conceitos e rituais incorria em culpa por crença e ações incorretas e, portanto, heresia.

O mais longo tratado contra os judeus é o Diálogo com Tifão, o Judeu, de Justino Mártir. É uma suposta conversa entre Justino e Trifão, um refugiado judeu que veio até Roma após o fracasso de uma segunda insurreição judaica, a Revolta Bar-Kokhba (132-136). Especialistas têm discutido a existência real de Trifão, e o diálogo, e os escritores antigos muitas vezes criavam um argumento falho com o qual podiam atribuir pontos de vista, originando uma refutação subsequente, tópico por tópico.

The Church Fathers Mosaic
O Mosaico dos Padres da Igreja
Unknown Artist (Public Domain)

Neste Diálogo com Trifão, Justino Mártir utilizou-se da recente rebelião como ponto de partida para demonstrar a Roma que os cristãos eram pacíficos e bons cidadãos patriotas do Império Romano. Em contraste, uma consulta às Escrituras Judaicas mostraria que os judeus, por sua natureza eram obstinados por natureza, sempre desobedientes à autoridade, mesmo aos mandamentos de Deus.

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Alegoria

Por meio da alegoria, Justino realizou a mais significativa contribuição à formação da Bíblia Cristã. Para demonstrar que o cristianismo não era novo, fez uso do mecanismo literário da alegoria para provar sua antiguidade. A alegoria contém reinterpretações de um evento ou história para elucidar um novo significado de um texto. Pesquisando as escrituras judaicas, havia figuras de tipos que apontavam para Cristo:

O mistério, então, do cordeiro encaminhado por Deus para ser sacrificado como a Páscoa (sacrifício pascal em Paulo 1 Coríntios 5:7), era um tipo de Cristo, com cujo sangue, na proporção de sua fé para com Ele, ungiam suas casas... sabendo que os dias viriam, após o sofrimento de Cristo, quando mesmo o lugar em Jerusalém será entregue aos inimigos e todas as oferendas, em resumo, cessarão. E aquele cordeiro que foi ordenado a ser totalmente assado foi um símbolo do sofrimento de Cruz que Cristo iria sofrer. Pois o cordeiro, que é assado e vestido no formato de cruz [o cuspir da madeira]. (Trifão, XL)

Justino pretendia que o sacrifício de Isac indicava o sacrifício na Cruz e somente dessa vez, Deus aceitou este sacrifício puro. Quando os israelitas combateram várias tribos no deserto em seu caminho para Canaan, Moisés ficava de pé e erguia seus braços significando que eles poderiam vencer. Ao contrário, quando se cansava e seus braços se abaixavam, eles poderiam perder. Isto simbolizava que a salvação foi concedida pelos braços erguidos de Cristo na cruz.

Justin Martyr
Justino Mártir
Theophanes the Cretan (Public Domain)

Educado na filosofia grega, Justino representava o Deus de Israel como o abstrato, o original mais alto deus de filosofia, um poder unificado que criou o Universo. Este monoteísmo filosófico manteve o culto de Deus, com a exclusão de todos os outros deuses.

Deus não visita a terra e comunica com o povo. Essa crença judaica era a confusão que faziam ao interpretarem a própria história. Não foi Deus que conversou com Moisés em uma sarça ardente, mas a forma pré-existente de Cristo como o logos. Em cada lugar das Escrituras onde se lê Deus, é sempre Cristo em sua manifestação pré-terrena. Cristo esteve presente e envolvido na criação do Universo. Pela analogia, os Padres da Igreja alegavam que todos os profetas de Israel haviam previsto o aparecimento de Jesus de Nazaré como o Messias.

Jeremias foi o profeta durante a conquista babilônica e destruição do Templo de Jerusalém e de Salomão (587 a.C). Existem 40 citações diretas de Jeremias no Novo Testamento Cristão. Em Jeremias 31:31-34 (cf. Bíblia Ave Maria – Jeremias 31-31:34 N.T.):

“Dias virão – oráculo do Se­nhor – em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá. Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles. Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel – oráculo do Senhor: Eu lhe incutirei a minha Lei; eu a gravarei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo. Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: “Aprende a conhecer o Senhor”, porque todos me conhecerão, grandes e pequenos – oráculo do Senhor –, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados. “

Por isso, os cristãos mantiveram o Antigo Testamento para a fé cristã porque ele servia como uma “prova a partir das escrituras”, como uma testemunha para o novo sistema oferecido por Jesus. Ao mesmo tempo, “uma aliança escrita nos seus corações”, foi a justificativa para a aceitação de pagãos sem os marcadores de identidade étnica dos judeus. Sem judeus, sem pagãos, o cristianismo tornou-se uma religião nova e separada do Império Romano.

Marcião de Sinope (85-160 d.C.)

Sinope era uma província do Ponto, na margem sul do Mar Negro. Marcião foi o filho do Bispo de Sinope, um rico armador. O pai de Marcião, supostamente o havia excomungado devido aos seus ensinamentos. Sua obra maior, Antithesis (em cinco livros), está perdida, porém citada extensamente pelos Padres da Igreja. Ele foi apelidado de “o lobo do Ponto” em um tratado inteiro por Tertuliano (Adversus Marcionem). Ele emigrou para Roma em c.140 d.C. com seus seguidores, todos cristãos celibatários, pagando pela viagem, hospedagem e alimentação. E fez uma doação de 140.000 sestércios à Igreja em Roma, desdenhados e rejeitados pelos Padres da Igreja. Excomungado por Roma, foi declarado um heregesfêmias.

Ao contrário de outros grupos gnósticos, que somente fundavam escolas, Marcião fundou sua própria igreja, com sua hierarquia de bispos, sacerdotes e diáconos. Dessa maneira, conseguiu mais seguidores que outros mestres divergentes, tanto que dez anos após sua excomunhão, Justino Mártir escreveu que ele fez com que muitos de toda a nação falassem blasfêmias.

marcião foi o primeiro a usar o termo "novo testamento".

Marcião ensinava que a humanidade e sofrimento de Jesus foram ilusões. De acordo com Marcião, Jesus não nasceu da Virgem Maria; Ele não nasceu de todo, mas simplesmente apareceu repentinamente na sinagoga de Cafarnaum. Jesus foi a manifestação de um deus maior, um deus de amor. Jesus manteve a aparência humana até sua morte na cruz, com o que redimiu as almas do domínio do domínio do Deus do Judaísmo.

O Deus do judaísmo era um Deus de justiça. Sua única função era premiar o bem e punir o mau. O Deus de Israel é inconsistente, alterando sua mente (Ele se arrependeu de ter criado o homem, a história do dilúvio) e punindo o inocente bem como o culpado com os desastres naturais. Ele é rápido em se enfurecer e ciumento de quaisquer outros poderes (por Sua própria confissão). Mas Jesus ensinava o perdão: “Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam” (Lucas 6:27-28). Os judeus consideravam como Messias somente um guerreiro real, basicamente em benefício dos judeus. Porém Jesus ofereceu salvação para todas as nações. Como tal, a história dos judeus e suas Escrituras, o Antigo Testamento, não mais tinham validade.

Marcião propôs que os cristãos deveriam ter sua própria Escritura Sagrada. Um grande admirador de Paulo, pretendia que as descrições de Paulo de uma jornada ao céu em 2Coríntios deu-lhe uma visão a respeito da natureza verdadeira de Deus e Jesus. As escrituras cristãs de Marcião continham dez cartas de Paulo e um Evangelho, o de Lucas. Ele pretendia que Lucas era o único escritor que compreendeu a verdadeira natureza de Jesus.

No entanto, ele se mostrou contra o fato de que alguém acrescentou muitas referências aos profetas nas cartas de Paulo (especialmente Isaías) e as referências de Lucas aos profetas e à história de Israel. Marcião cortou aquelas seções o que precisaria ser uma edição extremamente pequena e foi ele quem primeiramente usou o termo “Novo Testamento”.

Formação do Novo Testamento

O significado das Escrituras propostas por Marcião pode ser encontrado na reação dos Padres da Igreja. Entre os anos 140 e 200 d.C, a formação do que viria a ser o Novo Testamento começou a evoluir em resposta ao Gnosticismo, mas também em resposta ao cânon proposto por Marcião. Onde Marcião tinha dez cartas de Paulo, o dos Padres da Igreja possuía 14. Ao invés de um só Evangelho, eles tinham quatro. Eles selecionaram quatro com o argumento de que estes quatro não eram somente os mais antigos, mas alegavam que eles já se encontravam nas comunidades desde os primeiros dias, em um conceito conhecido como Tradição Apostólica. Jesus ensinava os discípulos, os quais indicaram os primeiros bispos e, desse modo, a doutrina cristã permaneceu inalterada.

St. Matthew from the Ebbo Gospels
São Mateus dos Evangelhos de Ebbo
Codrinb (Public Domain)

Foi durante esse período que os quatro Evangelhos receberam seus nomes e propuseram o pano de fundo das tradições dos escritores. A rejeição de quaisquer outros evangelhos ou pontos de vista foi justificada por Irineu como a intenção de Deus, indicando o número de pontos cardeais e das estações.

Os estudiosos do Novo Testamento concorram que Paulo escreveu sete cartas e as demais permanecem discutíveis como “Dêutero-Paulo”, cartas escritas por seus discípulos alegando ser Paulo, tanto que podiam carregar autoridade.

Cristianização do Império Romano

Com a conversão de Constantino ao cristianismo, o Édito de Milão permitiu aos cristãos reunirem-se legalmente a partir de 313 d.C. Devido à continuidade dos debates a respeito do relacionamento de Cristo com Deus (o Cisma Ariano), ele convocou para um concílio de todo o Império em Nicéa em 325 d.C. O Primeiro Concílio de Nicéa produziu o que se tornou o conceito cristão da Trindade e estabeleceu o Credo Niceno, no qual todos os cristãos devem acreditar. Qualquer um que discorde do Imperador, agora cristão, será culpado de heresia, sujeito à pena de morte.

Quando Constantino, o Grande, se converteu, ele se converteu à teologia dos Padres da Igreja. De acordo com Vida de Constantino de Eusébio, ele determinou a feitura de 50 cópias dos Evangelhos para distribuição por todo o Império. Não podemos verificar quantos na época, mas, ao final, os quatro tornaram-se os Evangelhos Canônicos que foram aceitos universalmente.

Codex Vaticanus
Codex Vaticanus
Leszek Jańczuk (CC BY-SA)

Nossa primeira lista dos cânones do Novo Testamento veio do que é conhecido como Fragmento Muratoriano, datado de qualquer data entre 170-200 d.C. Um bispo de Alexandria, Atanásio (296-298 d.C.) produziu um cânon de 27 livros. O Novo Testamento moderno exibe 27 livros: quatro Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, Epístolas e um Apocalipse.

Durante séculos, os debates continuaram a respeito da inclusão dos livros das Escrituras hebraicas na Igreja Católica, nas Comunidades Ortodoxas Orientais e em várias denominações da Reforma Protestante. A maior parte das diferenças dizem respeito aos livros na Septuaginta e aos Escritos Apócrifos. O cânon católico compreende 46 livros, as Igrejas Ortodoxas possuem 49 e os Protestantes 39.

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Sobre o tradutor

Jose Monteiro Queiroz-Neto
Monteiro é um pediatra aposentado interessado na história do Império Romano e da Idade Média. Tem como objetivo ampliar o conhecimento dos artigos da WH para o público de língua portuguesa. Atualmente reside em Santos, Brasil.

Sobre o autor

Rebecca Denova
Rebecca I. Denova, Ph.D. é Professora Emérita de Cristianismo Primitivo no Departamento de Estudos Religiosos da Universidade de Pittsburgh. Ela escreveu recentemente um livro didático, "The Origins of Christianity and the New Testament" [As Origens do Cristianismo e do Novo Testamento], publicado pela Wiley-Blackwell.

Citar este trabalho

Estilo APA

Denova, R. (2024, outubro 30). Novo Testamento [New Testament]. (J. M. Queiroz-Neto, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-11401/novo-testamento/

Estilo Chicago

Denova, Rebecca. "Novo Testamento." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. Última modificação outubro 30, 2024. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-11401/novo-testamento/.

Estilo MLA

Denova, Rebecca. "Novo Testamento." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 30 out 2024. Web. 17 dez 2024.