O Assentamento de Ness de Brodgar é um assentamento da Era Neolítica descoberto em 2002, em Stenness, nas Ilhas Órcades, Escócia, aquando do levantamento geofísico da área que separa a água salgada de Stenness Loch da água doce de Harray Loch. Em 2003, iniciou-se a escavação arqueológica, que cobre uma área de 2,5 hectares (6,2 acres), quando uma laje de pedra foi arada na parte norte do local, e em 2012 somente 10% da área se encontrava escavada. Datado de 3500 a.C., este assentamento neolítico é considerado um dos achados de arqueologia mais importantes dos últimos tempos dado ser anterior a Stonehenge (c. 3000-2400 a.C.) e à pirâmide de Gizé (c. 2560 a.C.). Talvez o fato mais importante seja o de este assentamento neolítico fornecer enquadramento histórico aos famosos assentamentos Neolíticos circundantes, particularmente o Círculo de Brodgar (Ring of Brodgar) e o Círculo das Pedras de Stenness (Standing Stones of Stenness). O assentametno neolítico de Ness de Brodgar é considerado como Património Mundial pela UNESCO.
A menos de 1,6 km (uma milha) a norte do asseneamento de Ness de Brodgar, fica o círculo de Brodgar com enormes monólitos em pé, tendo sido estabelecido como local para ritos relativos aos mortos e à vida após a morte. A sul, a mais de 1km (menos de uma milha), está o círculo de Pedras de Stennessque tendo sido interpretado como envolvendo cerimónias relacionadas à terra dos vivos. A área circundante compreende locais famosos como o dólmen de Maeshowe, o monólito Pedra Barnhouse, o dólmen de Unstan, os monólitos de Comet Stone de Watchstone e, a norte, o círculo de Bookan (Ring of Bookan) e o assentamento de Skara Brae, todos datados da era Neolítica. Com uma concentração tão próxima de monumentos neolíticos, não seria surpreendente descobrir um grande assentamento do mesmo período e, no entanto, os arqueólogos afirmam, com base nas escavações concluídas até agora, que o assentamento de Ness de Brodgar serviu principalmente os mortos.
De acordo com a revista National Geographic, “O arqueólogo Mark Edmonds acredita que há milhares de anos, o Ness era um lugar onde as comunidades agrícolas neolíticas das Órcades se reuniam em grande número para ritos sazonais e para celebrar os mortos... Em geral, todos os complexos parecem partilhar uma planta comum. `Ficamos com a impressão de que tinham locais onde reúniam os mortos e realizavam ritos, e locais onde se congregavam os vivos'.” Acredita-se que o assentamento de Ness de Brodgar era um local liminar entre a terra dos vivos, simbolizada pelo círculo das Pedras de Stenness, e a terra dos mortos pelo círculo de Brodgar. O fato do assentamento de Ness de Brodgar não ser um assentamento doméstico é corroborado pela ausência de qualquer evidência de atividade diária dentro e em redor dos edifícios escavados até ao momento: não há monturos nem sinais de vida familiar ou comunitária. Muito pelo contrário, tudo aponta para que os edifícios tivessem um propósito estritamente de rito e cerimonial.
De acordo com o levantamento inicial, há mais de cem estruturas enterradas no local, cercadas por um muro de cerca de 4 metros de altura (mais de 13 pés) e com aberturas apenas a norte e a sul. Estas entradas/saídas estão alinhadas a Norte com o círculo de Brodgar e a sul com o círculo Pedras de Stenness. Em 2008, as escavações arqueológicas revelaram a maior estrutura neolítica já encontrada na Grã-Bretanha (conhecida como a Estrutura Dez) que media 25x20 metros (82x65 pés) não sendo considerado nem dólmen nem domicílio. Foram encontradas na Estrutura Dez quatro 'cómodas' de laje que os arqueólogos especulam terem sido usadas como altares. Em 2010, descobriu-se nas escavações que as paredes eram decoradas com tinta e foram usadas como material de cobertura telhas de ardósia.
Foram encontrados muitos outros achados interessantes, como a pequena estátua conhecida como 'Brodgar Boy', mas os arqueólogos envolvidos na escavação arqueológica deixaram claro que ainda agora iniciaram os trabalhos de desenterrar e interpretar o local. O diretor das escavações e do local, Nick Card, observou que as “Órcades são uma das chaves para entender o desenvolvimento da religião no Neolítico” e, em relação ao assentamento de Ness de Brodgar, “Ainda estamos apenas arranhando a superfície.” Espera-se que o trabalho de escavação continue por décadas, enquanto os arqueólogos reconstroem o imenso complexo e interpretam o propósito original de quem o construiu. Com base nos assentamentos neolíticos nas proximidades, a atual teoria de uma passagem liminar entre o mundo dos vivos e dos mortos é válida e sólida, contudo, admitem que pode vir a ser reavaliada à medida que as escavações avançam.