A Pedra do Sol (ou Pedra do Calendário) retrata os cinco mundos do sol consecutivos da mitologia asteca. Não se trata, apesar disso, de um calendário funcional em nenhum sentido da palavra, mas antes um disco solar cuidadosamente gravado que, para os astecas e outras culturas mesoamericanas, simbolizava a liderança. No topo da pedra há um glifo de data (13 cana), que representa tanto o início do atual sol – o quinto e último, conforme a mitologia –, quanto o ano do nosso calendário de 1427, desta forma legitimando a liderança do governante asteca Itzcoatl (que assumiu o poder naquele ano) e criando um elo entre o divino e a humanidade.
A pedra foi descoberta em Dezembro de 1790, na praça central da Cidade do México, e atualmente pode ser vista no Museu Nacional de Antropologia local. A pedra de basalto, ricamente esculpida, fazia parte do complexo arquitetônico do Templo Maior e mede 3,58 metros de diâmetro, 98 centímetros de espessura e pesa 25 toneladas. Ela originalmente ficaria deitada no chão e, possivelmente, seria ungida com sacrifícios de sangue. Quando foi descoberta, encontrava-se deitada e de cabeça para baixo, talvez numa tentativa de prevenir o cataclismo final - a queda do quinto e último sol - à medida que o mundo asteca desmoronava ante o ataque do Velho Mundo.
No centro há uma representação ou do deus do sol, Tonatiuh (o Sol Diurno) ou Yohualtonatiuh (o Sol Noturno) ou mesmo o deus primordial da terra, o monstruoso Tlaltecuhtli, neste caso simbolizando a destruição final do mundo quando o quinto sol caísse na terra. A língua é talvez uma faca sacrificial e, sobressaindo-se, sugere a sede por sangue e sacrifício. Em volta desta face central, nos quatro cantos, estão os outros quatro sóis que se sucederam, após os deuses Quetzalcoatl e Tezcatlipoca lutarem pelo controle do universo, até que a era do quinto sol fosse alcançada. Os sóis são conhecidos pelo nome do dia em que a destruição final aconteceu. Iniciando pelo canto direito superior há o primeiro sol, Nahui Ocelotl (4-Jaguar); à esquerda está o segundo, Nahui Ehécatl (4-Vento); abaixo, à esquerda, o terceiro, Nahui Quiáhuitl (4-Chuva); e à direita encontra-se o quarto sol, Nahui Atl (4-Água).
Ao lado do rosto central existem duas cabeças ou garras de jaguar, cada qual agarrando um coração, que representa o reino terrestre. A faixa que circunda os sóis está segmentada com os 20 nomes de dia astecas (daí a denominação de Pedra do Calendário). A seguir há um anel decorado, cercado por outro anel trazendo símbolos referentes à turquesa e ao jade, que simbolizam os equinócios e solstícios e as cores dos céus. As duas cabeças embaixo, na parte central, retratam serpentes de fogo e seus corpos circulam em torno do perímetro da pedra, com cada qual terminando numa cauda. Os pontos cardeais e intermediários são também indicados com setas maiores e menores, respectivamente.