O Quipo (khipu) era um método de registo e comunicação de informação de cordas e nós usado pelos Incas e outras culturas antigas dos Andes. Na ausência de alfabeto escrito, este método simples e fácil de transportar é de um grau de precisão e flexibilidade incrível. Registavam-se datas, estatísticas, contas e ideias abstractas e ainda hoje é usado por toda a América do Sul.
O quipo usa várias cores, cordas e por vezes centenas de nós, todos atados de formas e a distâncias diferentes. Estas combinações podem mesmo representar, de forma abstracta, a chave para episódios das histórias tradicionais e poesia. Recentemente, os estudiosos desafiaram a visão tradicional de que o quipo era um mero auxiliar de memória e sugerem que poderia estar a avançar para um método de gravar narrativas e tornar-se uma forma alternativa de escrita quando o império Inca ruiu.
Método
Um quipo típico consiste numa corda horizontal ou mesmo num galho no qual se penduravam vários cordas ou fios de cor de algodão ou lã e nós. Alguns dos maiores quipos têm cerca de 1.500 cordas, que podiam ser “tecidos” de várias formas, sugerindo um significado em si. Os vários tipos de cores podem, igualmente, ter um significado próprio. Bem como, o tipo de nó, a sua posição na corda, o número de nós e a sequência de nós que todos juntos acarretam uma miríade de significados. Todo o método está baseado num sistema posicional décimal sendo a décima maior de 10.000. O sistema matemático Inca é praticamente igual ao nosso usado actualmente. Os números ou unidades no sistema de um quipo é indicado pelas cordas mais afastadas da primeira corda, que era a bitola.
Os diferentes tipos de nós tinham significados diferentes, por exemplo: um nó podia indicar um número de um a nove de acordo com as voltas da corda no nó. Um nó com a figura-oito podia indicar um valor fixo, um nó-da-avó equivaler a dez, e uma corda sem nó significar zero. Cordas secundárias podiam cair de qualquer corda indicando que esta corda era uma exceção ou tinha uma importância secundária em relação às outras cordas. Por fim, um quipo podia ser agregado a outros para formar uma sequência específica e relevante.
Para maximizar o registo da informação do quipo, este deveria ser acompanhado de um registo oral, desta forma apareceu o mestre especialista de quipo - khipu kamayuq (ou quipucamayos) que memorizava as contas oralmente explicando na totalidade um dado quipo. Como o trabalho era herdado, a memória oral era passada de geração em geração. Havia uma certa pressão ligada ao trabalho, pois os lapsos de memória eram severamente punidos.
Propósito
Na capital Inca, Cuzco, os khipu kamayuq (especialistas de quipo) eram profissionais e além de manterem os registos usando os nós também os usavam como aide memoire quando contavam histórias, mitos e poemas das tradições Incas, bem como para relatar as conquistas imperiais e a linhagem real. Eram excelentes para registar os censos das provincias, i.e.: o número total, género (masculino e feminino), crianças, solteiros e casados, etc.. Outro tipo de informação registada no quipo eram as contas, as lojas, os impostos (pagos em género), gado, medidas das terras, exércitos e equipamento bélico, astrónomia, e calendários, bem como para pequenas descrições orais feitas por mensageiros postais (chaski).
Exemplares Sobreviventes
Quando Atawalpa subiu ao trono almejou erradicar da história Inca, e em particular, destruir os relatos históricos relacionados com o reinado do seu rival e meio-irmão Waskhar, ao destruir propositadamente muitos quipos. A seguir, veio a conquista espanhola e mais registos quipos foram procurados e destruídos, dado suspeitarem da informação neles contida. Como resultado destas ações, somente umas centenas de exemplares sobreviveram até aos dias de hoje. Contudo, ainda hoje os povos andinos e da América do Sul usam o quipo, sobretudo pastores de ovinos e caprinos como método para registar os seus rebanhos.