Stonehenge é um monumento das Eras Neolítica e do Bronze, situado na Planície de Salisbury, Wiltshire, no sul da Inglaterra. O primeiro monumento no local, iniciado por volta de 3100 a.C., era um henge circular com cerca de 110 metros em diâmetro – em termos arqueológicos, henge consiste numa área plana oval ou circular, delimitada por um muro baixo de terra.
Esta estrutura provavelmente continha um anel de 56 postes de madeira (ou possivelmente um círculo inicial de pedras de arenito), as cavidades chamadas de Aubrey Holes (por causa do antiquário local do século XVII John Aubrey). Mais tarde, por volta de 3000 a.C. (o início da Fase II de Stonehenge), algum tipo de estrutura com tábuas parece ter sido erguida dentro do círculo e o sítio passou a abrigar um cemitério de cremação, o mais antigo e maior descoberto até o momento na Grã-Bretanha. A Fase III de Stonehenge, que começou por volta de 2550 a.C., consiste na reformulação do círculo de terra batida e tábuas num monumento único de pedra.
No primeiro estágio, dois círculos concêntricos (algumas vezes chamados de “Duplo Círculo de Arenito”) de 80 pilares de arenito cinzento (dolorita, riolito e tufo calcário) foram erguidos no centro do monumento, com uma entrada principal a nordeste. Estas rochas, pesando cerca de 4 toneladas cada, originam-se das Colinas Preseli, em Pembrokeshire, a sudoeste do País de Gales, e provavelmente foram transportadas de lá para a Planície de Salisbury numa rota com pelo menos 297 quilômetros de extensão. Além das pedras de arenito cinzento, uma placa de 4,9 metros de comprimento de arenito esverdeado, conhecida atualmente como Pedra do Altar, foi trazida para Stonehenge de algum lugar entre Kidwelly (próximo a Milford Haven, na costa sul das Colinas Preseli) e Abergavenny, no sudeste do País de Gales.
Acredita-se que a entrada a nordeste do círculo foi remodelada durante a Fase III para que ficasse precisamente alinhada com a aurora no meio do verão e o poente no meio do inverno. Do lado de fora desta entrada outra estrutura, conhecida como a Avenida, foi acrescentada à paisagem de Stonehenge. A Avenida (provavelmente um caminho cerimonial) consiste num par de canais e muros paralelos, estendendo-se por 2,4 quilômetros de Stonehenge até o Rio Avon. Inicialmente pensou-se que, por volta de 2400 a.C., as pedras de arenito teriam sido escavadas e substituídas pelos enormes blocos sarsen [megálitos de arenito cinzento] trazidos de uma pedreira situada 38 quilômetros ao norte, em Marlborough Downs.
Porém, uma pesquisa liderada por Mike Parker Pearson, professor de Arqueologia da Universidade de Sheffield, indica que a fase dos grandes blocos ocorreu em 2640-2480 a.C., o que obviamente afetaria de forma significativa a cronologia do sítio. Trinta destes sarsens, cada qual com cerca de 4,1 metros de altura, 2,1 metros de largura e pesando por volta de 25 toneladas, foram dispostos no círculo de 29,8 metros de diâmetro. No topo foram colocados sarsens menores horizontais (lintéis) mantidos em seus lugares por juntas de encaixe. No interior deste círculo há uma instalação em forma de ferradura com 15 outros blocos, formando cinco trilithons (duas pedras largas colocadas em pé e suportando uma terceira no topo). Em algum momento entre 2280 e 1900 a.C., as pedras de arenito cinzento foram reerguidas e arranjadas pelo menos três vezes, finalmente formando um círculo interno em forma de ferradura entre o círculo sarsen e os trilithons, espelhando os dois arranjos de blocos de pedra. Este arranjo é essencialmente o que aparece nos remanescentes do monumento que vemos atualmente.
Entre 2030 a 1520 a.C., um anel duplo de cavidades oblongas, conhecidos como os buracos Y e Z, foram escavados no exterior do círculo de blocos externo, possivelmente para abrigar outro conjunto de pedras. No entanto, não há evidências de que as cavidades tenham sido preenchidas com pedras ou postes de madeira e com o tempo foram obstruídas naturalmente com sedimentos. Os buracos Y e Z parecem marcar o fim de atividade significativa no sítio e após c. 1520 a.C. não houve construções adicionais em Stonehenge, com o aparente abandono do monumento.
Mas por que Stonehenge foi construído e qual seu objetivo? Como mencionado acima, o monumento certamente funcionou como um cemitério de cremação no início de sua existência, provavelmente para o sepultamento de membros de elite de clãs ou famílias locais proeminentes. A presença de vários túmulos nas cercanias de Stonehenge nos quais há sinais de trauma e deformidade sugeriu a alguns pesquisadores, entre eles o professor Timothy Darvill, da Universidade de Bournemouth, que o monumento seria um local de cura, semelhante a uma Lourdes pré-histórica. Outros pesquisadores, tais como Mike Pearson, chefe do projeto Stonehenge Riverside, da Universidade de Sheffield, acredita que o sítio funcionava como o domínio dos mortos em um cenário ritual que envolvia procissões sagradas para o monumento henge de Durrington Walls.
Mas seria incorreto tentar definir um único uso para Stonehenge. A função do monumento provavelmente mudou muitas vezes ao longo de sua história de 1500 anos, à medida que diferentes populações iam e vinham nas vizinhanças e a natureza da sociedade se alterava irrevogavelmente do Neolítico para a Idade do Bronze.