Tulum, na costa leste da península de Yucatán, no México meridional, era um importante centro mesoamericano que exibia influências maias e toltecas. Tornou-se um importante polo comercial e religioso entre os séculos XI e XVI e, situado dramaticamente perto do mar, transformou-se num dos mais evocativos sítios antigos do México.
Inicialmente povoado no século VI, Tulum prosperou especialmente sob a influência de Mayapan, a partir de 1200, e abrigava um importante entreposto comercial para os típicos artigos de troca do período, como algodão, produtos alimentícios, sinos de cobre, machados e grãos de cacau. Protegido pela selva de Quintana Roo, o local sobreviveu ao colapso geral dos maias e ficou praticamente intocado pelos espanhóis.
O complexo cerimonial de Tulum, construído num penhasco de calcário de 12 metros de altura, era cercado pelos três lados por muralhas, enquanto o quarto lado volta-se para o Mar do Caribe. De fato, o próprio nome Tulum surgiu na era colonial e significa "muro". A denominação original pode ter sido Zama, que significa "amanhecer", em referência à posição do sítio, voltada para o leste e para o mar.
Havia edifícios residenciais construídos ao lado de fora da área murada sagrada, reservada para os governantes de Tulum. A maior estrutura é o Castillo [Castelo], na verdade um templo piramidal que exibe influências arquitetônicas da civilização tolteca, tais como os nichos sobre as portas e as colunas em forma de serpente. Além disso, as esculturas de estuque que decoram o edifício lembram as de Mayapan. Os salões do Castillo, e também a Estrutura 25, destacam-se por seus exemplos bem preservados de telhados de viga e argamassa.
O Templo dos Afrescos, um prédio baixo e quadrado, recebeu várias modificações ao longo dos séculos. No período Clássico, parece ter havido somente um santuário abobadado, mas ele posteriormente acabou sendo cercado por uma estrutura maior, com uma fachada de quatro colunas. Ainda mais tarde, acrescentou-se um segundo andar. Os rostos em estuque no exterior sugerem que o prédio era dedicado ao deus Itzamnaaj.
As primeiras pinturas murais - que dão nome ao edifício - datam dos séculos XI ou XII, mas algumas certamente são posteriores, talvez pós-conquista. Elas retratam figuras realizando várias ações, como uma mulher moendo milho em uma pedra (metate), a deusa Chak Chel carregando duas imagens do deus Chahk e o deus asteca Tezcatlipoca, com sua faixa negra nos olhos e máscara de turquesa. Esta última sugere fortemente o contato com os povoados do México central. A maioria das figuras é pintada num vívido azul sobre fundo preto, em painéis divididos por bordas retorcidas semelhantes a cobras, talvez representando cordões umbilicais e, portanto, uma conexão genealógica entre as figuras. Os afrescos aparecem nas paredes externas e internas de vários outros edifícios em Tulum, mas sempre usando apenas três cores – vermelho, azul e amarelo – com contornos pintados de preto e acompanhados por glifos da escrita maia.
Outras estruturas em Tulum incluem o dramaticamente situado Templo dos Ventos, construído em homenagem ao deus do vento e que ajudava a guiar os marinheiros pelo recife; um prédio palaciano em mau estado de preservação; várias plataformas; e o Templo do Deus Descendente. Este último edifício e a presença em várias outras estruturas com figuras de estuque de deuses alados mergulhando sugerem que o local era especificamente em homenagem a esta estranha divindade também conhecida como o 'deus do mergulho' e talvez conectada ao planeta Vênus e ao deus maia associado Xux Ek.