Yaxchilán, situada nas margens do Rio Usumacinta, na península de Yucatán, no México, foi um importante centro urbano no Período Clássico Tardio dos maias. Seus habitantes dataram a fundação da cidade em 320 d.C., mas Yaxchilán floresceu entre c. 580 e c. 800, beneficiando-se do comércio através do rio e fazendo negócios com a resina de copal e corantes extraídos do pau-brasil. Remanescentes de montes de pedras sugerem que na área pode ter havido uma ponte ou um portão para cobrança de pedágio pela rota fluvial. Impressionante tanto na arquitetura quanto na escultura, o sítio exibe evidências de conflitos antes do colapso final, no século IX.
Infelizmente, os edifícios de Yaxchilán sofreram muitos danos com a erosão e as enchentes ao longo dos séculos. Porém, mais distante do rio existem várias pequenas colinas a oeste e leste, sobre as quais foram construídos plataformas e terraços. Muito da arquitetura que sobreviveu está no estilo Petén, também visto em sítios como Tikal, e houve contato entre as duas cidades através de casamentos entre casas reais. Além disso, as múltiplas entradas estreitas e as cristas ornamentadas nos telhados fazem lembrar Palenque.
Um dos mais impressionantes edifícios no estilo Petén é a simétrica Estrutura 33, construída por volta de 750, acessada por uma dupla plataforma com escadarias e com uma crista suportada por esteios interiores. Esta estrutura foi erguida em homenagem ao líder Pássaro-Jaguar (r. 752-768), que aparece em decorações em estuque no centro da crista do telhado do edifício. Na frente da construção há uma estalactite entalhada que representa uma caverna sagrada. Pássaro-Jaguar expandiu Yaxchilán e construiu não menos do que onze novos edifícios e 33 monumentos.
Yaxchilán destaca-se por sua escultura, tanto em estelas horizontais quanto em edifícios, com destaque para os linteis, nos quais as cenas só podem ser vistas quando se está diretamente abaixo. As figuras mais antigas, retratadas de frente, são relativamente pouco singulares mas, a partir de meados do século VIII, passam a ser desenhadas em perfil e as cenas tornam-se mais dinâmicas, frequentemente emolduradas por glifos maias. A Estela 11 mostra duas figuras em pé, com vestimentas cerimoniais, na frente, provavelmente significando a ascensão do líder Pássaro-Jaguar junto com seu pai e, num estilo bem diferente, o lado oposto traz novamente Pássaro-Jaguar, desta vez representado como o deus Chahk, golpeando três vítimas de joelhos com seu cetro.
As cenas em linteis de pedra calcária, esculpidas em alto-relevo, tipicamente retratam rituais, como os que mostram um devoto tirando sangue da língua na presença de um sacerdote e Pássaro-Jaguar postando-se sobre um cativo de joelhos. Outra cena vívida, esta do Templo 23, traz uma criatura em forma de serpente gigante, com duas cabeças, de cujas bocas emergem um guerreiro e o deus da guerra e da chuva Tlaloc, os quais ficam diante de uma devota de joelhos, identificada como a Senhora Xok' - esposa do líder de Yaxchilán Escudo-Jaguar (r. 681-742) -, que vê o monstro numa visão induzida pela sangria. Esta cena, como indicado pelos glifos, ocorreu no dia 23 de Outubro de 681, a ascensão de Itzamnaaj Bahlam II, "Escudo-Jaguar, o Grande". Os traços de vermelho, verdes e amarelos indicam que os painéis eram originalmente pintados em cores brilhantes. Estas cenas violentas estão entre as mais antigas a mostrar tais episódios ilustrativos da vida religiosa e conquista, que iriam mais tarde se tornar comuns nas manifestações artísticas das civilizações tolteca e asteca.