Mitla, situada na porção oriental do Vale de Oaxaca, no México meridional, era um importante centro da civilização Zapoteca. Ganhou proeminência a partir do período Pós-Clássico inicial (c. 799-900) e se tornou a principal cidade dos zapotecas após o declínio de Monte Albán, a capital tradicional. Inicialmente contemporânea da civilização tolteca e, mais tarde, da civilização asteca, Mitla continuou a ser habitada após a conquista espanhola. O sítio tornou-se famoso atualmente por um imenso prédio retangular, o Salão das Colunas, ricamente decorado com relevos geométricos esculpidos.
O nome zapoteca da cidade era na verdade Lyobaa, que significa “Local de Descanso”, e sua denominação posterior, Mitla, deriva do termo náuatle mictlán, que significa “Lugar dos Mortos”. Tanto um quanto o outro fazem referência à lenda segundo a qual os reis zapotecas, sacerdotes e grandes guerreiros seriam sepultados numa enorme câmara sob o povoado. As pesquisas arqueológicas, porém, ainda estão por descobrir evidências desta câmara.
Mitla, apesar de modesta em tamanho se comparada a outros centros mesoamericanos que subsistiram, ostenta um impressionante conjunto de construções. Elas estão agrupadas em cinco zonas distintas, erguidas ao longo de um eixo norte-sul, duas das quais datam do período Clássico e as demais do Pós-Clássico. Os grupos iniciais são distritos sagrados, reutilizados posteriormente na história da cidade. As construções mais importantes do Pós-Clássico são o conjunto conhecido como o Grupo das Colunas – oito prédios arranjados para formar dois distritos. Tais estruturas, construídas com o uso de placas de traquito, podem ser melhor descritas como longos salões retangulares, erguidos em cada lado de uma praça com os quatro cantos abertos. Com quatro metros de altura, suas paredes e cantos inclinam-se levemente para fora, a exemplo dos prédios na cidade maia de Uxmal. Os salões, provavelmente utilizados como palácios e talvez mesmo como a residência do sacerdote mais importante da cultura zapoteca, possui telhados chatos, suportados por vigas monumentais de madeira e colunas cilíndricas de pedra. Relatos coloniais, especialmente os de um certo padre Burgoa, descrevem as características do interior destes prédios, tais como o trono do Alto Sacerdote, coberto com pele de jaguar, a limpeza dos palácios e as cerimônias de sacrifício humano realizadas com regularidade.
A mais importante característica arquitetônica dos salões de Mitla, porém, é o grande número de esculturas em alto-relevo, gravadas na pedra ou, em outros casos, feitas com peças separadas de pedra, como um mosaico, que cobrem suas paredes externas. Os relevos estão distribuídos em mais de 150 painéis, apresentando uma ampla variedade de intricados desenhos geométricos originalmente aplicados sobre um fundo de estuque pintado que devem ter tornado os padrões ainda mais impactantes. As formas mais comuns são degraus-e-arabescos, meandros e gregas, algumas vezes incorporando espirais e diamantes. Os desenhos foram provavelmente inspirados por padrões usados em tecidos ou podem representar linhagens familiares específicas ou pontos geográficos. Grandes tumbas cruciformes têm sido escavadas sob vários prédios de Mitla, também decoradas com desenhos geométricos.
A arte de Mitla é melhor visualizada no trabalho com metal e cerâmica pintada e, a partir do século X, manuscritos pintados começaram a ser produzidos. Murais foram adicionados a alguns dos prédios nos séculos anteriores à conquista espanhola e revelam influência asteca. As cenas retratando deuses, guerreiros e caçadores sob o sol nascente, o céu estrelado ou faixas celestes eram pintadas tipicamente em vermelho numa superfície de argamassa cinzenta. Que Mitla ficou sob crescente ameaça de ataque no período Pós-Clássico tardio é atestado pela presença de uma fortaleza numa colina próxima à cidade e o fato de que os astecas estabeleceram uma guarnição na cidade a partir de c. 1450. Após a conquista espanhola, uma igreja foi erguida no topo do grupo de construções do lado setentrional.