Grande Muralha da China

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Emily Mark
por , traduzido por Bernardo R. Carvalho
publicado em 22 agosto 2015
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol
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The Great Wall of China (by Emily Mark, CC BY-SA)
A Grande Muralha da China
Emily Mark (CC BY-SA)

A Grande Muralha da China é uma barreira fortificada no norte da China que se estende por 21.196 km de oeste para leste, da passagem de Jiayuguan, no oeste, até as montanhas de Hushan na província de Liaoning, no leste, terminando no Golfo de Bohai. Ela atravessa onze províncias/municipalidades (ou dez, de acordo com algumas autoridades) e duas regiões autônomas (Mongólia Interior e Ningxia). A construção da muralha começou na dinastia Qin (221-206 a.C.) sob o primeiro imperador Shi Huangdi (reinou entre 221 e 210 a.C.) e continuou por centenas de anos em muitas dinastias diferentes.

A Grande Muralha nos dias atuais é quase completamente uma obra da Dinastia Ming (1368-1664 d.C.), que acrescentou as famosas torres de vigia e expandiu o comprimento e a largura da muralha. O agora famoso monumento nacional entrou em decadência após a Dinastia Ming, quando a Dinastia Qing (1644-1912 d.C.) assumiu o poder e expandiu a fronteira da China para o norte, tornando-a obsoleta. Os esforços de restauração e preservação só começaram na década de 1980, e a muralha foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 1987.

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A Muralha Original

No período conhecido como dos Reinos Guerreiros (c. 481-221 a.C.), as diferentes regiões da China lutaram pelo controle do país durante o colapso da Dinastia Zhou Oriental (771-256 a.C.). Um estado saiu vitorioso dessa luta: o estado de Qin, cuja pronúncia "chin" dá o nome à China. O general que levou Qin à vitória foi o rei Ying Zheng, que adotou o nome de "Qin Shi Huangdi" (Primeiro Imperador) após conquistar os outros estados.

Shi Huangdi ordenou a construção da Grande Muralha para consolidar seu império e protegê-lo de invasões. Cada um dos sete estados beligerantes tinha muros ao longo de sua fronteira, que Shi Huangdi destruiu depois que assumiu o poder. Como um sinal de que toda a China agora era uma, o imperador decretou que uma grande muralha seria construída ao longo da fronteira norte para se defender dos guerreiros montados dos nômades Xiongnu da Mongólia; não haveria mais muralhas marcando as fronteiras entre estados separados na China porque não haveria mais estados separados.

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Sua muralha seguia ao longo de uma linha mais ao norte do que a atual, marcando o que era então a fronteira entre a China e as planícies da Mongólia. O muro foi construído por trabalhadores recrutados compulsoriamente e por condenados que foram enviados para o norte sob guarda, vindos de toda a China para este fim. Shi Huangdi não era um governante benevolente, e estava mais interessado em sua própria grandeza do que no bem de seu povo. Sua muralha não era considerada pelo povo chinês durante a Dinastia Qin como um símbolo de orgulho ou unidade nacional, mas como um lugar para onde as pessoas eram enviadas para trabalhar pelo imperador até morrer.

A Muralha da Dinastia Ming

A muralha atual, cuja imagem é tão conhecida, não é a muralha de Shi Huangdi, de c. 221 a.C. Na verdade, hoje resta muito pouco da muralha original. Quando a Dinastia Qin caiu, em 206 a.C., o país se dividiu na guerra civil conhecida como a Disputa Chu-Han (206-202 a.C.), travada entre os generais Xiang-Yu, dos Chu (232-202 a.C.), e Liu- Bang, dos Han (c. 256-195 a.C.), os dois líderes que surgiram como os mais poderosos dentre os que ajudaram a derrubar a dinastia Qin.

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Quando Liu-Bang derrotou Xiang-Yu em 202 a.C. na Batalha de Gaixia, ele se tornou o primeiro imperador da dinastia Han, e deu prosseguimento à construção da muralha. Ele também foi o primeiro imperador a usá-la como um meio de regular o comércio ao norte, ao longo do que viria a ser conhecido como as Rotas da Seda (ou apenas como A Rota da Seda), que foram expandidas pelo imperador Wu Ti, da Dinastia Han (reinou entre 141 e 87 a.C.), e abriram o comércio entre a China e a Europa em 130 a.C.

Todas as dinastias seguintes fizeram suas próprias contribuições e reparos na muralha, até que a Dinastia Ming (1368-1664 d.C.) iniciou um projeto de construção massivo para proteger o país de invasores nômades da Mongólia, exatamente a mesma motivação de Shi Huangdi originalmente. Esta semelhança de propósitos pode explicar a crença posterior de que a muralha seria datada da Dinastia Qin. Os Ming construíram a muralha com mais de 25.000 enormes torres de vigia, e variando sua altura entre 5 e 8 metros, 6 metros na parte inferior e 5 metros no topo.

A Muralha Liaoning

Além de erguer a enorme fortificação, a Dinastia Ming também cercou seu centro agrícola mais importante, a província de Liaoning, atrás de uma fortificação murada conhecida como Muralha Liaoning (também conhecido como Muralha Liaodong). Esta edificação tem sido uma fonte de controvérsia entre a China e a Coreia do Norte desde 2009, quando o governo chinês alegou que só recentemente havia descoberto partes da Grande Muralha perto da fronteira com a Coreia do Norte, nas montanhas Hushan.

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A Coreia do Norte afirmou que a "Grande Muralha recém-descoberta" na verdade lhe pertence, e não faz parte da Grande Muralha da China. A seção murada em disputa é, sem dúvida, parte da Muralha Liaoning. Esta edificação não pode ser comparada à Grande Muralha, e não foi construída para ser parte dela. Tratava-se de uma barreira defensiva mais simples, construída para impedir invasões a Liaoning vindas do norte, e foi feita de terra, pedra e tudo o mais que estivesse disponível. Fossos também foram cavados em ambos os lados da muralha para melhor impedir o avanço das forças invasoras.

Como depois ficou claro, a Muralha Liaoning e a Grande Muralha foram igualmente inúteis para barrar invasões. As incursões dos manchus, vindas do norte, começaram em cerca de 1600 d.C. e continuaram até 1644 d.C., quando a Grande Muralha acabou aberta aos invasores. A China estava novamente sob turbulência, pois uma rebelião havia insurgido contra a Dinastia Ming. O general Wu Sangui (1612-1678 d.C.), dos Ming, que se declarou imperador, abriu a Grande Muralha para os manchus em um acordo segundo o qual eles o ajudariam a derrotar os rebeldes. Em vez disso, eles tomaram o poder, expulsaram a Dinastia Ming, e estabeleceram a Dinastia Qing (1644-1912 d.C.). A vitória Manchu sobre os Ming significava que a fronteira da China estava agora a alguma distância ao norte da Grande Muralha e, uma vez que não tinha mais nenhuma utilidade na defesa, foi negligenciada e caiu em ruínas até o surgimento da República da China em 1912, quando foi considerada útil no controle da imigração e emigração.

Preservação Atual e a Falácia da Lua

Como um sinal de que toda a China agora era uma, o imperador decretou que uma grande muralha seria construída ao longo da fronteira norte

Houve esforços ao longo dos anos para manter a estrutura, mas nenhum esforço combinado existia até recentemente, em 1980, quando a muralha se tornou uma prioridade do governo chinês como atração turística e fonte de receita. Ela foi designada como Patrimônio Mundial da UNESCO apenas em 1987, mas mesmo com essa designação a muralha está se desintegrando lentamente. Hoje, de acordo com historiadores e preservacionistas que monitoram o local, há apenas cerca de 372 km em condição estável.

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Existem muitos equívocos modernos sobre a Grande Muralha da China. O mais conhecido e mais frequentemente repetido é que ela seria a única estrutura na Terra feita pelo homem que pode ser vista do espaço; isso não é verdade. A origem dessa afirmação se encontra no ensaísta inglês Sir Henry Norman, que escreveu em 1895 que a muralha era "a única obra de mãos humanas no globo visível da lua". Sua observação baseou-se no fato de que as pessoas na Terra podiam ver crateras e canais na lua e, portanto, alguém na lua seria capaz de ver algo tão longo e maciço quanto a Grande Muralha na Terra. Muitas pessoas parecem acreditar que a alegação de que a muralha pode ser vista da lua é baseada em relatos de primeira mão de astronautas ou no trabalho de cientistas e astrônomos, mas, na verdade, é criação de um homem que escreveu quando a viagem espacial ainda não era possível. Estudiosos e cientistas modernos, bem como aqueles que viajaram à lua, desmentiram essa afirmação repetidamente.

Outras falácias a respeito da muralha são: a de que ela foi uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo; a de que ela data da Dinastia Qin, de 221 a.C., e a de que ela foi construída como um símbolo de orgulho nacional. As duas últimas afirmações, como demonstrado acima, são falsas, assim como a primeira; as Sete Maravilhas do Mundo Antigo estavam todas localizadas na região mediterrânea da Grécia, Egito e Turquia. A Grande Muralha está, no entanto, entre as escolhidas como uma das modernas Sete Maravilhas do Mundo pela New 7 Wonders Foundation, em 2007. A Grande Muralha é visitada por mais de quatro milhões de pessoas por ano, e embora não possa ser vista da lua, está entre as estruturas feitas pelo homem mais conhecidas no mundo.

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Bibliografia

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Sobre o tradutor

Bernardo R. Carvalho
Historiador brasileiro, doutorando e tradutor freelance.

Sobre o autor

Emily Mark
Emily Mark estudou história e filosofia na Universidade de Tianjin, na China, e inglês na SUNY New Paltz, em Nova York. Publicou poesia e artigos de história. Seus relatos de viagens estrearam na Timeless Travels Magazine. É formada pela Universidade do Estado de Nova York em Delhi, em 2018.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, E. (2015, agosto 22). Grande Muralha da China [Great Wall of China]. (B. R. Carvalho, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-13954/grande-muralha-da-china/

Estilo Chicago

Mark, Emily. "Grande Muralha da China." Traduzido por Bernardo R. Carvalho. World History Encyclopedia. Última modificação agosto 22, 2015. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-13954/grande-muralha-da-china/.

Estilo MLA

Mark, Emily. "Grande Muralha da China." Traduzido por Bernardo R. Carvalho. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 22 ago 2015. Web. 24 dez 2024.