A Aldeia de Banpo

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Emily Mark
por , traduzido por Filipa Oliveira
publicado em 04 setembro 2015
Disponível noutras línguas: Inglês, Chinês, francês, italiano
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Banpo Village, Xi'an, China (by Ian Armstrong, CC BY-SA)
Assentamento de Banpo, Xi'an, China
Ian Armstrong (CC BY-SA)

Aldeia de Banpo é um assentamento Neolítico localizado no Vale do Rio Amarelo, a leste de Xian, na província de Xianxim (Shaanxi), na República Popular da China. O assentamento foi ocupado de c. 4500 a.C. a 3750 a.C., ocupando uma extensão de quase 81m² e durante as escavações arqueológicas foram encontados 100 fundações de edifícios, mais de 10.000 ferramentas e artefatos de pedra, 250 túmulos, seis grandes fornos e poços de armazenamento.

O assentamento de Banpo é, igualmente, denominado como Pan Po, especialmente pelos escritores no final dos anos de 1950. O assentamento foi descoberto em 1953 por trabalhadores contratados para cavar o terreno onde se iria construir uma fábrica. Foi a primeira operação arqueológica em grande escala da República Popular da China e é um dos assentamentos neolíticos mais significativos do mundo. Presentemente, é uma das atrações turísticas mais conhecidas e visitadas da China.

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Descoberta e Denominação

Desconhece-se o nome original deste assentamento; o Banpo significa 'meia encosta' e advém da área confinate. Em 1953, os trabalhadores locais contratados para cavar as fundações de uma futura fábrica depararam-se com os vestígios arqueológicos. A historiadora Marilyn Shea escreve que o assentamento recebeu o nome do grupo de trabalho Banpo e "assim que a descoberta foi identificada, os trabalhadores passaram a escavar para os arqueólogos. Eventualmente, a escavação foi entregue ao Instituto de Arqueologia da Academia Chinesa de Ciência Sociais" (1). As escavações arqueológicas continuaram de 1953 a 1957, e em 1958, perto do assentamento de Banpo, inaugurou-se o Museu Banpo que expõe artefatos do assetamento e reconstruções das casas, sendo na China o primeiro museu com artefatos de uma escavação no local das escavações .

NENHUM DoS TÚMULoS ESCAVADoS No assentamento DE BANPO indica a existência DE UM Patriarcado, MAS EXISTEM MUITAS EVIDÊNCIAS DE MATRIARCADO.

O Assentamento Neolítico

Os arqueólogos designaram Banpo como um assentamento-tipo, isto é, um modelo representativo de uma determinada cultura, neste caso a Cultura Yangshao, que floresceu no Vale do Rio Amarelo entre 5000 a.C. e 3000 a.C. O assentamento de Banpo é um assentamento fechado cercado por um fosso. As casas foram cavadas 1 metro (3 pés) abaixo do nível do solo e usaram o excedente para moldar as fundações das paredes. O assentamento de Banpo tem uma forma ovalada e todos os edifícios eram circulares.

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As paredes das contruções eram de madeira, cobertas e reforçadas com argila cozida e galhos entrelaçados ​​para isolamento, com telhado de palha, chão de argila cozida e varandas frontais cobertas por telhado suspenso de palha. O cemitério e os seis fornos para cozer cerâmica existentes no assentamento de Banpo foram todos encontrados fora do assentamento, além do fosso, sugerindo uma espécie de complexo industrial onde se moldava à mão (não usavam roda de oleiro) e se cozia a cerâmica.

A Cultura

A Cultura Yangshao era matrilinear: uma sociedade matriarcal cujo poder era passado pela linha materna. Embora os estudiosos ocidentais contestem esta afirmação como uma "invenção marxista", os indícios no assentamento de Banpo falam por si: cada túmulo escavado que contêm ossadas humanas do sexo feminino possui mais espólio do que os do sexo masculino. Dos 250 túmulos descobertos, escavados e com base no número e tipo de bens funerários nenhum mostra qualquer indício da existência de um chefe masculino, mas de uma sociedade matrilinear no sentido mais estrito das mulheres estarem no poder e os homens subordinados a elas.

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Banpo Village Tomb
Túmulo no assentamento Banpo
Shirley Sekarajasingham (CC BY-NC-SA)

Agricultura, Cerâmica e Vestuário

O povo de Banpo, inicialmente caçador-recoletor, tornou-se numa sociedede sedentária-agrária, e no assentamento de Banpo foram encontrados instrumentos agrícolas como foices e arados, comia principalmente milhete (cereal), tinha cães e porcos domesticados, sendo principalmente vegetariano (como a maioria das culturas neolíticas), havendo evidências de consumo ocasional de carne proveniente da pesca e da caça.

As cerâmicas eram desenvolvidas para a época e um dos artigos mais interessante é a ânfora com fundo em forma de cone (igualmente conhecida como "garrafa de água de fundo pontiagudo"): uma ânfora oval com uma asa de cada lado, um gargalo fino e curto e um fundo em forma de cone. O fundo em forma de pareceria impraticável porque poderia tombar, contudo os arqueólogos acreditam que a ânfora era colocada firmemente na terra ou argila macia, sendo mais estável ​​do que a ânfora de fundo chato, que tombaria mais facilimente. A cerâmica era decorada com motivos de animais, desenhos geométricos, rostos humanos (possivelmente divindades) e dragões. A imagem do Porco-Dragão (uma figura com focinho de porco e corpo de serpente), precursora do agora famoso dragão chinês, aparece na cerâmica escavada no assentamento de Banpo.

Há indícios de que o povo de Banpo usava roupas de tecido, como atestam os panos encontrados em restos humanos nas sepulturas e junto a artefatos; contudo não foram encontrados teares e devido ao estado de decomposição dos fragmentos de tecido desconhece-se a aparência da roupagem.

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Amphora, Banpo phase, Shaanxi
Ânfora, período Banpo, Xianxim
PHGCOM (GNU FDL)

Casamento e Educação dos Filhos

Tanto as mulheres quanto os homens usavam enfeites e joias, se bem que predominava o uso nas mulheres. Os casamentos tinham um padrão diferente do que se conhece atualmente: evidências arqueológicas sugerem fortemente que se praticava o que os chineses chamam de zouhun - "amor livre": relações sexuais sem compromisso. Os homens visitavam as casas das mulheres à noite e dormiam com elas e depois saíam de manhã para voltar para a casa das suas mães e trabalhar na terra das suas mães.

As crianças eram educadas pela mãe na casa da avó materna. Ainda nos dias de hoje, este tipo de relacionamento conjugal é praticado na China pelo povo Mosuo (conhecido como Na) das províncias de Yunnan e Sichuan, perto do Tibete. A Ah mi (a mulher mais velha) é a chefe da família e toma todas as decisões importantes. As evidências encontradas nas habitações no assentamento de Banpo sugerem que as crianças eram criadas pelas mães da mesma forma que o povo Mosuo o faz nos dias de hoje.

A Escrita

A data convencional do aparecimento da alfabetização na China é durante a Dinastia Shang (1600-1046 a.C.), contudo o assentamento de Banpo pode ter desenvolvido um sistema de escrita bem anterior a esta data: as marcas de arranhão (não aleatórias) em cacos de cerâmica foram classificadas em 27 categorias, sugerindo uma forma de comunicação. Contudo desconhece-se o que podem significar e nem todos os arqueólogos concordam que sejam uma forma de linguagem escrita.

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Conclusão

O assentamento de Banpo foi abandonado por volta de 3750 a.C., sem que se encontre uma razão concreta para este êxodo: os indícios de danos causados ​​por inundações no local são inconclusivas porque não há como saber se aconteceu antes ou depois de terem partido. Contudo, o assentamento foi abandonado de forma abrupta e uma inundação pode ter sido a causa. Atualmente, o assentamento de Banpo é um dos locais mais visitados na China logo a seguir à Grande Muralha. Todos os anos milhares de pessoas - 50.000 – viagem até Banpo e aproveitam para percorrer os caminhos antigos do assentamento de Banpo.

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Bibliografia

Sobre o tradutor

Filipa Oliveira
Tradutora e autora, o gosto pelas letras é infindável – da sua concepção ao jogo de palavras, da sonoridade às inumeráveis possibilidades de expressão.

Sobre o autor

Emily Mark
Emily Mark estudou história e filosofia na Universidade de Tianjin, na China, e inglês na SUNY New Paltz, em Nova York. Publicou poesia e artigos de história. Seus relatos de viagens estrearam na Timeless Travels Magazine. É formada pela Universidade do Estado de Nova York em Delhi, em 2018.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, E. (2015, setembro 04). A Aldeia de Banpo [Banpo Village]. (F. Oliveira, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-13957/a-aldeia-de-banpo/

Estilo Chicago

Mark, Emily. "A Aldeia de Banpo." Traduzido por Filipa Oliveira. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 04, 2015. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-13957/a-aldeia-de-banpo/.

Estilo MLA

Mark, Emily. "A Aldeia de Banpo." Traduzido por Filipa Oliveira. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 04 set 2015. Web. 21 dez 2024.