Reino de Cuxe

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 26 fevereiro 2018
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, alemão, Malaio, espanhol, Turco
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Kushite Archers (by The Creative Assembly, Copyright)
Arqueiros cuxitas
The Creative Assembly (Copyright)

Cuxe (ou Kush) foi um reino da África setentrional, no território correspondente ao atual Sudão. A região em torno, mais tarde chamada de Núbia, era habitada desde aproximadamente 8.000 a.C., mas o Reino de Cuxe (também chamado de Império de Kush) surgiu muito depois. Sabe-se que a Cultura de Kerma (ou Querma), assim denominada em virtude da cidade do mesmo nome, existia desde pelo menos 2500 a.C. e as evidências arqueológicas do Sudão e Egito mostram que os egípcios e os habitantes de Cuxe estavam em contato desde o Período Dinástico Inicial do Egito (c. 3150 - c. 2613 a.C.) em diante. A civilização posterior, definida como "cuxita" (ou “kushita”), provavelmente evoluiu a partir destas culturas iniciais, com grande influência dos egípcios.

Ainda que a história do país como um todo seja bastante antiga, o Reino de Cuxe floresceu entre c. 1069 a.C. e 350 d.C. O Novo Império do Egito (c. 1570-1069 a.C.) estava nos estágios finais de declínio por volta de 1069 a.C., o que favoreceu a cidade-estado cuxita de Napata. Os cuxitas não precisavam mais se preocupar com incursões egípcias em seu território, pois o Egito antigo enfrentava seus próprios problemas internos. Eles fundaram o Reino de Cuxe, tendo Napata como sua capital, transformando-se num poder regional enquanto o Egito decaía.

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Os reis cuxitas se tornaram os faraós da 25ª dinastia egípcia e as princesas cuxitas dominaram a política de Tebas, graças à prestigiosa posição de Esposa do Deus Amon. O rei Kashta (c. 750 a.C.) foi o primeiro a se estabelecer no trono egípcio e nomeou sua filha, Amenirdis I como a primeira princesa a ocupar o cargo. Outros grandes reis cuxitas o sucederam até a invasão assíria do Egito, liderada por Assurbanipal, em 666 a.C.

Por volta de 590 a.C., o faraó egípcio Psamético II (r. 595-589 a.C.) saqueou Napata e a capital de Cuxe foi transferida para Meroe (ou Meroé). O Reino de Cuxe manteve-se em sua nova capital até a invasão dos axumitas, por volta de 330 d.C., que resultou na destruição da cidade e na derrubada do reino. O uso excessivo da terra, no entanto, já havia esgotado os recursos de Cuxe e as cidades provavelmente teriam sido abandonadas mesmo sem a invasão axumita. Após este evento, Meroe e o minguante Reino de Cuxe sobreviveram mais 20 anos antes de seu fim, por volta de 350 d.C.

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Denominação

A região já era conhecida pelos egípcios como Ta-Sety (“A Terra do Arco”), numa referência aos habilidosos arqueiros cuxitas, desde a época do Antigo Império do Egito (c. 2613-2181 a.C.) e a área norte, na fronteira egípcia, como Wawat. Como os habitantes a chamavam não está claro; talvez tenha sido sempre conhecida como Kush [Cuxe] - ou alguma variante deste nome -, já que as inscrições egípcias também se referem ao país como Kus, Kas ou Kash. A designação "Kush" parece ser nativa, enquanto o nome posterior, Núbia, surgiu provavelmente a partir dos egípcios do norte.

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Tratava-se de uma região rica em ouro - a principal fonte deste metal para o Egito - e se acredita que o termo 'Núbia' derive da palavra egípcia para ouro, nub. Há outra teoria, no entanto, que afirma que a 'Núbia' originou-se do povo que a ocupava, chamado Noba ou Nuba. Os egípcios também conheciam a terra como Ta-Nehsy (Terra do Povo Negro). Os escritores gregos e romanos se referiam à região como Aethiopia (Terra das Pessoas de Rosto Queimado), numa referência à pele negra dos povos nativos, e as tribos árabes a conheciam como Bilad al-Sudan (Terra dos Negros). Deve-se notar, no entanto, que tais designações podem não se referir à região como um todo.

Kerma e os Primórdios de Cuxe

A cidade de Kerma foi estabelecida em Cuxe por volta de 2400 a.C. e cresceu em poder a ponto de ameaçar o Egito, conforme atestam as inscrições egípcias e os fortes construídos para repelir ataques do sul. Mesmo assim, os reis de Kerma e do Egito estabeleceram um comércio lucrativo para ambas as partes e os egípcios importavam ouro, ébano, incenso, animais exóticos e marfim, entre outros itens de luxo.

A cidade girava em torno de uma estrutura conhecida como deffufa, um centro religioso fortificado construído com tijolos de barro e que alcançava uma altura de 18 metros. Passagens internas e escadas levavam a um altar no telhado plano, onde aconteciam as cerimônias, a respeito das quais nada se conhece até o momento. A maior deffufa (o termo significa 'pilha' ou 'massa'), é denominada atualmente como Deffufa Ocidental, e há outra menor, a leste, e uma terceira, menor ainda. Acredita-se que formavam uma tríade de um centro religioso, em torno do qual a cidade se erguia, cercada por muros.

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Western Deffufa Temple, Kerma
O Templo Deffufa Ocidental, Kerma
Walter Callens (CC BY)

A Cultura de Kerma teria florescido entre c. 2400 - c. 1500 a.C. O rei egípcio Mentuhotep II conquistou a região no início do Médio Império (2040-1782 a.C.), mas Kerma permaneceu uma metrópole próspera, poderosa o suficiente na época do Segundo Período Intermediário do Egito (c. 1782 - c. 1570 a.C.) para ameaçar o país, aliada ao povo conhecido como hicsos, uma potência política e militar concentrada na região norte do Delta.

Os cuxitas de Kerma e os hicsos se envolveram no comércio com os egípcios, em Tebas, até que Amósis I (c. 1570-1544 a.C.) expulsou os hicsos e depois marchou para o sul para derrotar os cuxitas. As campanhas egípcias em Cuxe continuaram durante os reinados de Tutmósis I (ou Tutmés, 1520-1492 a.C.) e Tutmósis III (1458-1425 a.C.). Costuma-se datar o fim do período de Kerma por volta de 1500 a.C., quando Tutmósis I atacou a cidade. Tutmósis III fundou a cidade de Napata após suas campanhas, que consolidaram o poder egípcio na região.

Napata

A cultura egípcia claramente influenciou Napata desde seus primórdios. Seus governantes eram sepultados em tumbas piramidais com bens funerários egípcios, o que torna a datação mais difícil, já que um túmulo mais recente de um rei cuxita pode conter objetos de até 200 anos antes de seu reinado. A ausência de registros escritos também dificulta a datação precisa. O estudioso Derek A. Welsby observa que "estudar o Reino de Cuxe assemelha-se a uma história de detetive, na qual vários e disparatados objetos e fatos aparentemente contraditórios devem ser reunidos numa narrativa coerente e plausível de eventos" (9). Mesmo assim, não há dúvidas de que Napata sediava um polo religioso regional e enriqueceu graças ao comércio.

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Tutmósis III construiu o grande Templo de Amon no sopé da montanha próxima de Jebel Barkal, que permaneceria como um dos mais importantes centros religiosos do país por toda a sua história, com faraós posteriores, como Ramsés II (1279-1213 a.C.) fazendo acréscimos ao templo e à cidade. Não demorou para que os sacerdotes de Amon estivessem exercendo o mesmo tipo de poder político sobre os governantes cuxitas que detinham sobre os soberanos do Egito desde a época do Antigo Império.

O enfraquecimento do Egito tornou-se a força de Cuxe e o reino começa a ser datado a partir de aproximadamente 1069 a.C., quando os reis cuxitas foram capazes de governar de forma independente.

À medida que o Novo Império declinava, por volta de 1069 a.C., no entanto, Napata se fortalecia como uma entidade política autônoma. Os sacerdotes de Amon estavam ganhando poder ainda maior em Tebas e, na época do Terceiro Período Intermediário do Egito (c. 1069-525 a.C.), o sumo sacerdote de Tebas dominava o Alto Egito, enquanto o faraó governava o Baixo Egito a partir da cidade de Tânis.

O enfraquecimento do Egito tornou-se a força de Cuxe e o reino começa a ser datado a partir de aproximadamente 1069 a.C., quando os reis cuxitas foram capazes de governar de forma independente. Napata, escolhida como a capital, continuou a negociar com o Egito, mas também expandiu o comércio com outras nações. A princípio, o sepultamento dos reis continuou a acontecer em Kerma mas, eventualmente, houve a transferência da necrópole real para Napata. O império cresceu progressivamente em poder até que o Egito tornou-se uma presa fácil mas, mesmo quando esta época chegou, os cuxitas não entraram no país vizinho como conquistadores, mas sim como governantes que desejavam preservar a cultura egípcia.

A 25ª Dinastia

O Terceiro Período Intermediário no Egito, ainda que não tão caótico como alegado pelos primeiros egiptólogos, experimentou um declínio geral na riqueza e prestígio da nação. Ao mesmo tempo, Cuxe estava florescendo e o primeiro rei cuxita conhecido pelo nome, Alara, unificou o reino e consolidou os ritos religiosos centrados em Napata. Suas datas são desconhecidas (embora muitos tenham sugerido possibilidades) e ele se tornou uma figura lendária para os cuxitas por seu longo e próspero reinado, mas sua existência é comprovada através de inscrições antigas e da descoberta do seu provável túmulo.

Seu sucessor, Kashta, tinha grande admiração pela cultura egípcia, importando artefatos do norte e "egipcionizando" Napata e o Reino de Cuxe. Com o enfraquecimento do poder do Baixo Egito, Kashta, sem alarde, teve sua filha Amenirdis I nomeada como Esposa do Deus Amon em Tebas. Não há dúvida que conseguiu esta distinção graças ao relacionamento entre os sacerdotes de Amon em Napata e os de Tebas, embora não haja documentação que comprove esta teoria. O cargo de Esposa do Deus Amon, criado pela primeira vez durante o Médio Império, havia crescido em importância na medida em que, na época de Kashta, a ocupante do cargo, como equivalente feminino do Sumo Sacerdote de Amon, detinha enorme riqueza e poder político.

Mummy of Amenirdis
Múmia de Amenirdis
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Amenirdis I assumiu o controle de Tebas e, em seguida, simplesmente reivindicou o governo do Alto Egito. Naquele momento, os príncipes do Baixo Egito estavam envolvidos em seus próprios conflitos internos e, assim, Kashta instalou-se em Tebas, declarando-se rei do Alto e Baixo Egito. Sem convocar um exército ou iniciar qualquer tipo de conflito com os egípcios, ele fundou a 25ª Dinastia, durante a qual a monarquia cuxita governou o país. Kashta não viveu muito depois de seu sucesso, no entanto, e foi sucedido por seu filho Piye (ou Piiê/Peye/Piankhy, 747-721 a.C.).

Não há registro da reação dos príncipes do Baixo Egito à tomada do poder por Kashta, mas eles se opuseram fortemente aos esforços de Piye para consolidar o governo cuxita no país. Considerando-os como príncipes rebeldes, Piye não negociou, marchou para o norte com seu exército e conquistou todas as cidades do Baixo Egito, retornando então para Napata. Ele permitiu que os reis conquistados mantivessem seus tronos, restabelecessem sua autoridade e continuassem como antes; só precisavam reconhecê-lo como seu senhor. Piye nunca governou o Egito a partir de Tebas e não parece ter pensado muito no assunto após sua campanha.

O irmão de Piye, Chabaka (721-707 a.C.), o sucedeu e continuou a reinar de Napata. A realeza do Baixo Egito novamente se rebelou, no entanto, e Chabaka os derrotou. Ele estabeleceu o controle cuxita firmemente em todo o Baixo Egito, até a região do Delta. Estudiosos do início do século XX afirmam que este foi um "tempo sombrio" para o Egito, quando a cultura núbia suplantou os valores egípcios tradicionais, mas não há realmente apoio para esta tese. A assim chamada cultura núbia, nessa época, era altamente influenciada pelos egípcios e, além disso, Chabaka tinha tanta admiração por ela quanto seu irmão e pai. Ele continuou a observar as políticas egípcias e respeitava suas crenças. Seu filho, Haremakhet, tornou-se Sumo Sacerdote de Amon em Tebas, o governante efetivo do Egito, e Chabaka ordenou uma série de projetos de construção e esforços de reconstrução em todo o país. Longe de destruir a cultura egípcia, ele a preservou.

Sem convocar um exército ou iniciar qualquer tipo de conflito com os egípcios, Kashta fundou a 25ª Dinastia, durante a qual a monarquia cuxita governou o país.

O irmão mais novo de Chabaka (ou sobrinho), Shebitku (707-690 a.C.) o sucedeu e teve um bom desempenho até entrar em conflito com os assírios. Os egípcios sempre mantiveram uma zona de amortecimento entre as fronteiras do norte e a região da Mesopotâmia, mas nessa época ela já não mais existia. Reinos como Judá e Israel se rebelaram contra a dominação dos assírios e Chabaka deu refúgio a um líder rebelde, Ashdod, que se revoltou contra o rei assírio Sargão II (722-705 a.C.). A 25ª Dinastia continuou a apoiar esses reinos, o que resultou na invasão do exército assírio, comandada pelo rei Assaradão (ou Esarhaddon) em 671 a.C.

Assaradão enfrentou o rei cuxita Taharqa (c. 690-671 a.C.) em batalha, derrotou-o, capturou sua família e outros nobres cuxitas e egípcios e os enviou acorrentados para Nínive. Taharqa, porém, conseguiu escapar e fugiu para Napata. Seu sucessor, Tanutamon (c. 669-666 a.C.), continuou a antagonizar os assírios e foi derrotado por Assurbanipal, que conquistou o Egito em 666 a.C.

A Grande Cidade de Meroe

A 25ª Dinastia terminou com Tanutamon, substituído pelos assírios por um rei fantoche conhecido como Nekau I. O filho de Nekau, Psamético I (c. 665-610 a.C.), expulsou os assírios e fundou a 26ª Dinastia do Egito. Psamético I e seu sucessor, Nekau II, governaram bem, mas o sucessor de Nekau II, Psamético II, sentiu que precisava de uma gloriosa campanha militar de acordo com os grandes faraós do Novo Império. Portanto, ele liderou uma expedição contra Cuxe, destruindo cidades, templos, monumentos, estelas e, finalmente, a cidade de Napata, antes de ficar entediado com a campanha e retornar ao Egito.

Nesta época, por volta de 590 a.C., a capital do Reino de Cuxe transferiu-se para a cidade de Meroe, ao sul, por segurança. Os reis de Meroe continuaram a imitar os costumes e a moda egípcia e seguir suas políticas e práticas religiosas até o reinado do rei Arcamani I (também conhecido como Ergamenes, 295-275 a.C.). Os sacerdotes de Amon há muito detinham o poder sobre a monarquia cuxita, atribuindo a cada rei uma certa quantidade de tempo para reinar, e quando seu deus lhes indicava que este período havia terminado, o soberano precisava morrer para que outro o substituísse.

The Pyramids of Meroe
As Pirâmides de Meroe
B N Chagny (CC BY-SA)

De acordo com o historiador Diodoro Sículo (século I a.C.), Arcamani I, educado em filosofia grega, recusou-se a ser controlado pelas superstições dos sacerdotes. Ele liderou um grupo armado até o templo, massacrou todos os sacerdotes e encerrou o poder religioso sobre a monarquia. Em seguida, instituiu novas políticas e práticas que incluíam o abandono da cultura egípcia e maior ênfase nas tradições cuxitas. Arcamani I descartou a escrita hieroglífica em favor de outra, conhecida como meroítica que, até o momento, não foi decifrada. Durante seu reinado, a moda se afastou dos temas egípcios para os distintamente meroíticos e as divindades cuxitas, como Apedemak, assimilaram os deuses e deusas do Egito. Abandonou-se também a tradição de sepultar a realeza em Napata em favor de Meroe.

Outra inovação interessante do reinado de Arcamani I ocorreu com a entronização de monarcas femininas em Meroe. Essas rainhas, conhecidas como Candaces, governaram entre c. 284 a.C. - c. 314 d.C. Embora tivessem a companhia de homens em cerimônias públicas, não estavam sujeitas à dominação masculina. A rainha mais antiga registrada é Shanakdakhete (ou Shanakdakheto, c. 170 a.C.), retratada com armadura completa liderando suas tropas em batalha. Acredita-se que o título de Candace signifique "Rainha Mãe", mas exatamente a que isso se refere não está claro. Inicialmente, talvez tenha significado “mulher real” ou “mãe do rei”, mas as rainhas que detinham o título aparecem como monarcas que não eram definidas por seu relacionamento com homens. Uma dessas rainhas, Amanirenas (c. r. 40-10 a.C.), liderou seu povo com sucesso durante a Guerra Meroítica entre Cuxe e Roma (27-22 a.C.) e negociou termos favoráveis no tratado de paz firmado com o primeiro imperador romano, Augusto.

Conclusão

Meroe, nas margens do Nilo, era um complexo agrícola e industrial, bem como a capital do Reino de Cuxe, e enriqueceu com a produção de artefatos de ferro e o comércio. As exportações incluíam grãos e cereais, bem como armas e ferramentas de ferro, e o gado ocupava os campos ao redor da cidade. A riqueza de Meroe tornou-se lendária e conta-se que o rei persa Cambises II (525-522 a.C.) resolveu saqueá-la. Se realmente os persas organizaram uma expedição desta natureza, ela nunca chegou à cidade e a lenda afirma que o terreno inóspito e o clima derrotaram o exército de Cambises II.

Grandes florestas se erguiam do outro lado dos campos férteis que cercavam a cidade, irrigados por canais ao longo do Nilo. A classe alta vivia em grandes casas e palácios que davam para avenidas largas ladeadas por estátuas, enquanto as classes mais baixas viviam em casas de tijolos de barro ou cabanas. De acordo com inscrições antigas, mesmo o cidadão mais pobre de Meroe ainda se encontrava em melhor situação do que os habitantes de outros lugares. Considerava-se o Templo de Amon, no centro da cidade, como a joia da cidade, comparável ao templo anterior de Napata.

Por volta de 330 d.C., os axumitas invadiram e saquearam Meroe. Ainda que a cidade continuasse a existir por outros 20 anos, a destruição dos axumitas foi realmente total. Mesmo que a invasão não tivesse acontecido, no entanto, Meroe estava condenada pelas suas práticas na exploração de recursos naturais. A indústria do ferro exigia enormes quantidades de madeira para o carvão que abastecia as fornalhas, resultando no desmatamento das florestas outrora abundantes. Os campos foram sobrecarregados pela criação de gado e cultivo agrícola, que esgotaram o solo. Mesmo antes da invasão dos axumitas, Meroe devia estar em declínio e seria abandonada de qualquer modo. Quando os últimos habitantes abandonaram a cidade, por volta de 350 d.C., o Reino de Cuxe chegou ao fim.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Joshua J. Mark é cofundador e diretor de conteúdos da World History Encyclopedia. Anteriormente, foi professor no Marist College (NY), onde lecionou história, filosofia, literatura e redação. Ele viajou bastante e morou na Grécia e na Alemanha.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2018, fevereiro 26). Reino de Cuxe [The Kingdom of Kush]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-16819/reino-de-cuxe/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Reino de Cuxe." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação fevereiro 26, 2018. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-16819/reino-de-cuxe/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Reino de Cuxe." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 26 fev 2018. Web. 18 jan 2025.