Fortaleza dos Cavaleiros

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Mark Cartwright
por , traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto
publicado em 07 setembro 2018
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol, ucraniano
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Krak des Chevaliers (by Troels Myup, CC BY-NC-ND)
Fortaleza dos Cavaleiros
Troels Myup (CC BY-NC-ND)

A Fortaleza dos Cavaleiros (Krak des chevaliers chamado e conhecido em árabe como Hisn-al-Alkrad) é um castelo na Síria, originalmente construído para o Emir de Aleppo em 1031, adquirido e amplamente reconstruído pelos Cavaleiros Hospitalários em 1144. Considerado virtualmente inexpugnável, foi o maior castelo dos cruzados no Oriente Médio e um baluarte contra a expansão dos estados muçulmanos durante os séculos XII e XIII. Atualmente o castelo encontra-se catalogado como Patrimônio Mundial da UNESCO.

Localização e Função

O castelo, situado em uma fortaleza natural próxima da costa do sul da Síria, entre Tartus e Tripoli, foi originalmente construído pelo Emir de Aleppo em 1031, no local de uma fortificação anteriormente existente. Após a derrota do Emir, a fortaleza foi dada à Ordem dos Cavaleiros Hospitalários em 1144, por Raymond II de Tripoli (rein. 1137-1152), para que fosse adequadamente habitado e constituisse uma cobertura útil à fronteira oriental do Condado de Tripoli, um dos estados cruzados criados dentro do Oriente Latino, no Levante. O castelo, um dos 25, foi o mais importante mantido pelos Hospitalários, cujo quartel-general encontrava-se em Jerusalém, mas transferido posteriormente para Acre em 1191.

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Ampliado e com uma nova muralha defensiva, o Krak des Chevaliers tornou-se uma das maiores fortalezas da região. Empoleirado sobre uma ravina com laterais íngremes, acima de uma passagem vital que dava acesso desde a região costeira até as planícies do interior da Síria, o castelo auxiliava controlar a região dos arredores. Como o castelo era um abrigo permanente para uma guarnição de cavaleiros hospitalários, constituía uma ameaça militar a qualquer exército que circulasse pela área. Além disso o território sob a proteção do Krak des Chevaliers incluía o da seita dos Assassinos, os quais pagavam um tributo anual aos Hospitalários.

em seu auge, o castelo hospedou algo como 2.000 pessoas, incluindo cavaleiros, especialistas em balestras e mercenários.

No seu auge, o castelo abrigava algo como 2.000 pessoas, incluindo infantaria, especialistas em balestras e mercenários, embora o número de irmãos cavaleiros fosse de 60 conforme registros datados de 1255. O imponente castelo era fundamental para a defesa geral do Oriente Latino nos séculos XII e XIII. O Krak des Chevaliers não se encontrava muito distante de cidades dominadas pelos muçulmanos de Hims e Hama, sobre as quais foram lançadas várias incursões durante a primeira metade do século XIII. O poder dos Hospitalários para romper os planos expansionistas podem ser vistos em uma descrição feita pelo historiador muçulmano Ibn-al-Athir a respeito do comandante do castelo ou castelão em 1170:

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Um homem que, pela sua bravura, ocupou uma posição eminente e que era como um osso atravessado na garganta dos muçulmanos.

(citado em Nicolle,21)

Mural Towers, Krak des Chevaliers
Torre Mural, Krak des Chevaliers
Bernard Gagnon (CC BY-SA)

Características do Projeto

O castelo foi construído conforme a mais recente tecnologia dos séculos XII e XIII visando maximizar sua defesa. A versão da fortaleza dos Hospitalários possuía muralhas concêntricas, a partir de um circuito de muralhas externas com torres arredondadas construídas projetando—se para o exterior e uma muralha interior, também com torres. As torres voltadas para o exterior forneciam uma linha de fogo de revide para as muralhas adjacentes no caso de uma força atacante se aproximar muito, ficando reconhecido que as torres arredondadas eram muito mais estáveis e podiam melhor desviar os mísseis atirados de catapultas em comparação às torres quadradas. A posição mais elevada da muralha interna comparada com a externa, fornecia um meio excelente para atirar sobre o inimigo, caso rompessem a primeira linha de defesa. No lado sul, havia a proteção adicional de um amplo fosso entre as duas muralhas.

As muralhas exteriores de pedra calcária eram feitas o mais lisas possíveis, para dificultar ao máximo a escalada e, como toda estrutura, foi construída em uma sólida plataforma natural de rocha sólida, com pouca probabilidade de ser minada pelos sapadores inimigos. Parapeitos com ameias e estreitas fendas para flechas, forneciam uma proteção extra para os defensores quando apontassem seus arcos e balestras contras os atacantes. Apesar das formidáveis defesas dos castelos, a batalha tática principal era na verdade a ofensiva, na qual a cavalaria, em fortes armaduras, realizava incursões e sortidas sobre o inimigo, mesmo quando se encontrava sob sítio.

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Um dos pontos mais fracos de qualquer castelo era seu portão principal e muito esforço e reflexão foram colocados no Krak des Chevaliers para assegurar a integridade defensiva do castelo. Primeiro, havia um longo corredor de aproximação, coberto por muralhas com estreitas aberturas para flechas. Os atacantes eram retardados por serem obrigados a subir uma ladeira, com três viradas em ângulos retos antes de chegar à parte mais alta, quando se deparava com uma série de quatro portões protegidos por uma grade de ferro. Portões menores ou posteriores em volta do castelo, davam passagem para um homem de cada vez, funcionando como um meio de fuga e posicionados quinas do circuito de muralhas.

Hall of the Knights, Krak des Chevaliers
Salão dos Cavaleiros, Krak des Chevaliers
High Contrast (CC BY)

O pátio interno, entre as muralhas, possuía uma ampla sala de reunião, refeitório e um elegante claustro acompanhando um lado do pátio principal. Existiam estábulos para a força de cavaleiros e finas salas privadas para os membros seniores da ordem. O espaço do Mestre no Krak, localizava-se no alto de uma das torres internas do lado sudoeste, em forma de abobada nervurada e meticulosamente entalhado com capitéis de pedras decorativas. As capelas do castelo também receberam linda decoração na forma de pinturas nas paredes. Um afresco sobrevivente, datado do início do século XIII, descreve cenas da vida religiosa e de cavalaria para os membros da Ordem dos Hospitalários.

Resumo Histórico

Um terremoto atingiu a região em 29 de junho de 1170, danificando muitos castelos, incluindo o Krak des Chevaliers. Outro tremor ocorreu em 1202 e foi, provavelmente então, que os Hospitalários aproveitaram a oportunidade para criar novo projeto para ele e acrescentaram muralhas concêntricas e torres.

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O castelo resistiu a um breve sítio por Saladin, Sultão do Egito e Síria (rein.1174-1193), em julho de 1188, decidindo retirar seu exército e esperar a chegada das forças da Terceira Cruzada (1189-1192). Embora uma base segura durante a primeira metade do século XIII, o castelo, no entanto, não se encontrava imune a ataques. O Sultão aiubida do Egito, al-Kamil (rein.11218-1238) lançou uma incursão em 1228 em retaliação pelos ataques dos Hospitalários sobre Hama.

Barrel-vaulted Chapel, Krak des Chevaliers
Teto Abobadado da Capela, Krak des Chevaliers
Bgag (CC BY-SA)

Em 1271, o castelo e a região em geral, caíram frente ao líder muçulmano dos mamelucos, Al-Zahir Baybars, Sultão do Egito e Síria (rein. 1260-1277). Baybars chegou ao Krak des Chevaliers em 21 de fevereiro e atacou a fortaleza a partir de 3 de março. Após um retardo inicial causado por chuva forte, o Sultão começou a martelar as muralhas do castelo com suas catapultas a partir de 18 de março. Com isto os muçulmanos conseguiram danificá-las seriamente e romperam uma das torres externas. Estas últimas eram de defesa e gastaram mais duas semanas para romper as muralhas internas. Uma vez dentro, os atacantes massacraram os cavaleiros restantes, porém, mesmo assim, uma pequena força gastou outros dez dias pra sobrepujar a maior torre da muralha interior. Finalmente, em 8 de abril de 1271, os últimos defensores se renderam, talvez após receberem uma carta forjada do Mestre dos Hospitalários em Acre instruindo-os para assim procederem. Aos que se renderam foi prometida passagem segura para Tripoli. Finalmente o Krak des Chevaliers caiu em mãos muçulmanas. Logo após, os Cavaleiros Hospitalários abandonaram o Oriente Médio e implantaram um novo quartel-general em Chipre, em 1291. Enquanto isso, Baybars reconstruiu os danos que suas próprias forças haviam causado ao castelo e fez dele seu quartel-general de comando na Síria. O Sultão também fez uso completo do armamento ali deixado, levando com ele uma poderosa catapulta, chamada “Vitoriosa”, para Acre, para dar continuidade em sua campanha para dominar o Levante.

A história posterior do castelo é obscura, porém parece que foi deixado ao abandono. Mais recentemente, o castelo sofreu danos inespecíficos, aparentemente limitados, durante a guerra civil Síria de 2011 a 2014 e permanece um dos mais lindos castelos sobreviventes, como referido pelo historiador T. Asbridge:

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Pode-se afirmar que este castelo é o mais espetacular monumento da era das Cruzadas. Talhado em pedra calcárea, possuidor de proporções de uma elegante beleza, sua incomparável maestria artesanal confirma a mesma dedicação, impecável precisão e excelência arquitetural, testemunhadas nas maciças catedrais góticas construídas na Europa Ocidental na mesma época. (545)

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Sobre o tradutor

Jose Monteiro Queiroz-Neto
Monteiro é um pediatra aposentado interessado na história do Império Romano e da Idade Média. Tem como objetivo ampliar o conhecimento dos artigos da WH para o público de língua portuguesa. Atualmente reside em Santos, Brasil.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2018, setembro 07). Fortaleza dos Cavaleiros [Krak Des Chevaliers]. (J. M. Queiroz-Neto, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-17071/fortaleza-dos-cavaleiros/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Fortaleza dos Cavaleiros." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 07, 2018. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-17071/fortaleza-dos-cavaleiros/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Fortaleza dos Cavaleiros." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 07 set 2018. Web. 24 dez 2024.