Saga

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Emma Groeneveld
por , traduzido por Ana Carolina de Sousa
publicado em 21 fevereiro 2019
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, ucraniano
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Flateyjarbok (by Jón Þórðarson and Magnús Þorhallsson, Public Domain)
Flateyjarbok
Jón Þórðarson and Magnús Þorhallsson (Public Domain)

A palavra em nórdico antigo saga significa "história" ou "conto" e, em geral, se refere especificamente às narrativas épicas em prosa escritas sobretudo na Islândia entre os séculos XII e XV, cobrindo a história do país e o passado lendário da Escandinávia. Algumas sagas também foram escritas na Noruega, mas em ambos os países seus escritores, geralmente anônimos, moldaram suas histórias em prosa de alta qualidade e cheia de nuances, levando a saga a ser considerada um dos principais gêneros literários vernáculos da Europa Medieval. A poesia também é incluída, o que ajuda a apontar a suposta influência de tradições orais mais antigas de contar histórias no desenvolvimento da saga.

Embora o apogeu da composição de sagas em nórdico antigo tenha ocorrido no século XIII, os contos geralmente viajam pela história, indo até o tempo de ancestrais, heróis e reis lendários, e abrangendo desde a pré-história até a Era Viking (c. 790-1100) - incluindo a colonização da Islândia - até os tempos dos próprios escritores. História e ficção frequentemente se misturam em uma espécie de nó górdio difícil de desembaraçar, e as histórias têm como playground não apenas a Islândia, mas também a Escandinávia, as Ilhas Britânicas, o Atlântico Norte (incluindo a Groenlândia e a América do Norte), o Mediterrâneo, a Rússia e o Oriente Médio.

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Hoje, as sagas não são apenas perfeitamente legíveis e agradáveis, mas também ainda parecem relacionáveis, provavelmente devido ao fato de se concentrarem na vida cotidiana das pessoas comuns. Fazendeiros ricos, por exemplo, se envolvem em coisas como rixas, fazem jornadas emocionantes e muitas vezes moldadoras de caráter ou vivenciam uma variedade de problemas práticos da sociedade predominantemente agrícola da qual fazem parte.

As sagas nórdicas antigas podem ser organizadas nos seguintes subgêneros principais, cada um com seus próprios tópicos e características, os quais os estudiosos frequentemente denominam por seus nomes nórdicos antigos:

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  • Fornaldarsögur – 'Sagas lendárias', 'Sagas de tempos antigos' ou 'Sagas mítico-heróicas'
  • Riddarasögur – 'Sagas de cavaleiros'
  • Konungasögur – 'Sagas de reis'
  • Íslendingasögur – 'Sagas de islandeses' ou 'Sagas familiares'
  • Samtíðarsögur – 'Sagas contemporâneas'

Thorvald, Son of Erik the Red, is Killed
Thorvald, filho de Erik, o Vermelho, é morto
Internet Archive Book Images (Public Domain)

Origens da saga

A busca pelas origens da saga nórdica antiga nos leva para além do reino das coleções tangíveis de pergaminho que prevalecem do século XIII em diante até um passado mais obscuro e difícil de rastrear. Antes de 1250, apenas algumas sagas podem ser provadas como tendo existido por escrito – Egils Saga, contando a vida do poeta da Era Viking Egill Skallagrímsson, é uma delas. Esses fragmentos nos permitem fixar o (final do?) século XII como o provável início do processo de textualização. A partir dessa época, a composição de sagas provavelmente se tornou um fenômeno exclusivamente islandês, e é de 1350 adiante que a maioria dos nossos manuscritos existentes se originam.

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Quanto ao que exatamente motivou o processo ou de onde as histórias surgiram, só podemos arriscar palpites bem fundamentados. No início do século XX, o estudioso suíço Andreas Heusler apresentou duas alternativas que por muito tempo dividiram a comunidade acadêmica: por um lado, a "teoria da prosa livre" sugeria que as sagas eram essencialmente textos orais transmitidos por gerações antes de serem registrados por escrito na Idade Média. Por outro lado, a "teoria da prosa literária livre" sustentava que as sagas foram criadas na Idade Média, embora parcialmente baseadas em fontes orais. Hoje, nenhuma delas é considerada precisa o bastante, mas a conclusão válida é sua ênfase compartilhada na existência de uma tradição oral que alimentou a posterior, escrita - algo com que os estudiosos atuais realmente concordam.

Algumas histórias da Era Viking provavelmente sobreviveram NA FORMA oral até que autores medievais as USaram e as moldaram em suas próprias versões escritas.

Essa tradição oral remonta pelo menos à Era Viking, quando a poesia era frequentemente apresentada para a elite. Como muitas das sagas também acontecem em um palco da Era Viking, não é difícil imaginar algumas histórias dessa Era sobrevivendo, de forma oral, até que autores medievais as usaram e as moldaram em suas próprias versões escritas. O estudioso islandês Gísli Sigurðsson até explica que "as tradições orais continuaram a alimentar as escritas durante todo o período de composição da saga islandesa" (Clunies Ross, 47-48). Embora a Islândia já fosse cristã nessa época, o islandês (nórdico antigo) era a língua escrita preferida e isso também vale para as sagas. Esse amor pelo vernáculo também se relaciona com um contexto mais amplo da Europa Ocidental: dos séculos XII a XIV, uma vigorosa cultura textual e vernácula floresceu, e seus romances cortesãos e outras obras podem muito bem ter chegado à Escandinávia, talvez exigingo uma resposta ou impactando a composição da saga.

A Era da Saga

A Islândia foi colonizada pela primeira vez por escandinavos — principalmente da Noruega — durante a chamada Era da Colonização (c. 870-930), na qual as famílias começaram a construir fazendas e comunidades rurais que permaneceriam centrais por séculos. É na era seguinte, apropriadamente chamada Era da Saga (930-1030), que muitas das sagas nórdicas antigas se passam. Em 930, a Islândia foi dividida em 36 principados, cada um com seu próprio chefe para representá-lo na assembleia (Althing). A Islândia foi cristianizada em 1000 e as igrejas também se tornaram parte da paisagem islandesa, embora as crenças e os costumes pagãos não tenham desaparecido totalmente ou instantaneamente. As comunas existiam ao longo das costas, onde as pessoas possuíam suas próprias terras, cultivavam-nas, criavam gado, pescavam, caçavam e negociavam - em suma, a vida acontecia ao ar livre. Os melhores fazendeiros podiam ser muito ricos e controlavam não apenas o trabalho, a produção e a propriedade, mas também definiam costumes sociais. Na ausência de um braço judiciário executivo centralizado, as rixas eram, com frequência, resolvidas pelas partes diretamente envolvidas - um tema que surge em muitas sagas.

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Os primórdios da tradição da saga escrita se sobrepõem à Era dos Sturlungs (1200-1262, após a qual a Islândia ficou sob o domínio norueguês). Os chefes ficaram cada vez mais ricos e poderosos, adicionando outras comunas às suas, e, eventualmente, seis clãs familiares acabaram no poder, com os Sturlungs detendo a maior fatia do bolo islandês. Mas a vida cotidiana não era tão diferente da Era das Sagas; a Islândia medieval ainda era uma sociedade agrícola de pequena escala na qual a honra desempenhava um papel importante e as rixas irrompiam. Portanto, não seria um grande exercício imaginativo para os escritores de sagas dos séculos XIII e XIV entender e descrever as sociedades da Era das Sagas, embora eles, é claro, colocassem um pouco de suas próprias atitudes medievais também. Ainda mais óbvio é que as sagas apresentam uma visão da história e da geografia que segue o exemplo da ideologia cristã medieval, mas seus compositores dão a elas um revestimento propriamente islandês e preservam uma visão mais antiga sobre eventos do passado e do presente também, ao mesmo tempo em que preenchem criativamente quaisquer lacunas no conhecimento.

Reconstructed Viking Village in Hofn, Iceland
Reconstrução de vila viking em Hofn, Islândia
adriana serra (CC BY-NC-SA)

Características

Embora as sagas tenham diferentes formas e formatos que podem ser organizados em uma variedade de subgêneros, um esforço um tanto heróico ainda pode ser feito para criar uma visão geral do que caracteriza a saga nórdica antiga-islandesa. As sagas tendem a apresentar as seguintes características:

  • Uma tradição oral se encontra em suas raízes e as impactou;
  • Elas foram escritas principalmente entre o final do século XII e XV, com o século XIII sendo o apogeu da composição de sagas;
  • A maioria é islandesa (algumas são norueguesas);
  • A maioria é anônima;
  • Elas são escritas no vernáculo (nórdico antigo);
  • A maioria das sagas usa prosa e (alguma) poesia;
  • Sua narrativa segue uma ordem mais ou menos cronológica e um padrão geral;
  • Elas geralmente misturam história e ficção, o que pode ser difícil de distinguir;
  • Elas são contadas de um ponto de vista cristão, mas com admiração genuína pelo passado pagão;
  • Seu foco está na vida cotidiana e seu alcance social é inclusivo;
  • Considera-se que tenham sido apresentadas ou lidas em voz alta.

A poesia mencionada aqui, em geral, se refere à chamada poesia skaldic (cortês), que é notoriamente difícil e foi uma marca registrada da Era Viking, durante a qual skalds (poetas) se apresentavam em cortes diante da elite. Essa poesia normalmente faz um excelente trabalho em resistir ao teste do tempo porque suas estrofes podem ser aprendidas de cor e transmitidas por gerações de contadores de histórias. Considera-se, portanto, que os elementos poéticos das sagas medievais são as referências mais antigas e confiáveis ​​a outra época. A poesia desempenha um papel especialmente grande no subgênero konungasögur ('sagas dos reis'), e acredita-se que tenha se espalhado para outros gêneros. Embora algumas sagas contenham apenas um pouquinho de poesia ou nenhuma, a maioria mistura o uso de prosa e poesia.

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Ao contrário dos skalds anteriores, a maioria dos autores de sagas era anônima. Seus contos tinham a intenção de atrair o leitor (ou ouvinte) para o mundo que retratavam, suas pessoas, eventos e ideias ganhando vida. A pessoa que moldou essas coisas em uma história importava menos — ele era um compilador, não um criador, retransmitindo histórias que faziam parte de uma longa tradição. Robert Kellogg explica o seguinte sobre o autor da saga:

Sua autoridade autoral deriva não da originalidade de seu estilo ou história, mas de sua fidelidade aos eventos, ou aos relatos de outros sobre eles e seus julgamentos sobre aqueles que estavam envolvidos — em outras palavras, ao que foi dito. (Smiley e.a., xxiv).

Os autores de saga certamente não eram desprovidos de talento: sua prosa foi elogiada por ser sofisticada, fluente e cheia de nuances, demonstrando, com frequência, um bom senso de humor e sagacidade. O autor da saga Njáls, por exemplo, ostenta um sarcasmo um tanto sombrio ao descrever como o filho de Njáll, Skarphéðinn, testemunha servos de sua mãe e da esposa de Gunnar, Hallgerd, realizando uma série de assassinatos domésticos. Skarphéðinn observa que os "escravos estão muito mais ativos do que costumavam ser" (cap. 37) e que "Hallgerd não deixa nossos servos morrerem de velhice" (cap. 38) (ambos citados de Smiley, xxvi).

Njals Saga in the Modruvallabok
Njals Saga em Modruvallabok
GDK (Public Domain)

As sagas eram provavelmente apresentadas ou lidas em voz alta para o público em geral, talvez em reuniões ou simplesmente em casa, na fazenda, embora os detalhes estejam envoltos em mistério. Com histórias focadas na vida cotidiana, as sagas não se limitavam ao público cortesão da poesia anterior, mas atraíam a sociedade islandesa em geral. Alguns figurões, como o rei Sverre Sigurdsson da Noruega (r. 1184-1202), claramente encomendaram suas próprias sagas, registrando suas vidas de uma forma que as fizesse parecer decentes. É provável que o mesmo tenha acontecido com alguns chefes de famílias islandesas na intenção de celebrar os feitos e a história de suas famílias. As genealogias eram realmente muito populares.

Não é surpresa que os tópicos que prevalecem no gênero saga incluem, portanto, a definição de heróis que geralmente são fazendeiros ricos e/ou poderosos. Na verdade, tendo como pano de fundo uma sociedade agrícola em que a vida era difícil e ocupada, as sagas contam histórias, antes de tudo, de pessoas, sejam elas reis escandinavos ou membros mais mundanos de famílias islandesas que vivem em um determinado canto da ilha.

Personagens de saga são tudo menos monótonos: eles falam, deixam suas intenções claras, julgam os outros, são julgados, tomam ações precipitadas e buscam UMA vingança PARA SACIAR A ALMA.

Apesar de algumas mulheres fortes e independentes também surgirem, o mundo das sagas é um mundo de homens. É também certamente um mundo em que os personagens são tudo menos monótonos: eles falam, deixam suas intenções claras, julgam os outros, são julgados, tomam ações precipitadas ou buscam uma vingança para saciar a alma. Nenhuma etiqueta da corte obscurece a maneira como as pessoas falam o que pensam. Dadas formas em uma ordem mais ou menos cronológica, muitas sagas tendem a seguir um padrão semelhante: primeiro, os personagens principais são apresentados em seus cenários geográficos e históricos (família etc); eventos da vida cotidiana, como casamentos, heranças ou roubos, levam ao conflito; isso resulta em vingança e pessoas, até mesmo membros da família, sendo colocadas umas contra as outras; e eventualmente há reconciliação.

Embora certos elementos das sagas não se sustentem diante das evidências arqueológicas ou históricas mais confiáveis ​​— por exemplo, sua representação da religião pagã é bastante distorcida e sua visão de reis ou heróis frequentemente idealizada —, as sagas são ótimas fontes quando você quer estudar a mentalidade, estrutura social, vida na fazenda e costumes cotidianos da sociedade nórdica antiga, a qual, entre a Era Viking e a Era Sturlung, continha bastante similaridades.

Subgêneros

A maioria das sagas pode ser agrupada sob os títulos dos seguintes subgêneros, que, sem surpresa, têm seus próprios tópicos principais e maneiras de classificar o cenário histórico e geográfico. Claro, algumas coisas eram tão populares que ocorrem em vários gêneros, como as genealogias, que frequentemente têm uma relação direta com a história ao aludir ao poder do ancestral ilustre de um herói ou, inversamente, aos descendentes famosos do personagem principal. O motivo da viagem também é encontrado em todo lugar, o que faz sentido considerando um cenário como a Islândia, com suas fazendas espalhadas e das quais não se poderia nadar exatamente até o país vizinho mais próximo. Não é difícil imaginar as habilidades de vida e o conhecimento que um protagonista reuniria em uma jornada de aventura no exterior.

Ragnar Lothbrok's Sons & King Ælla's Messengers
Os filhos de Ragnar Lothbrok & os mensageiros do Rei Ælla's
August Malmström (Public Domain)

Fornaldarsögur

Fornaldarsögur ('Sagas lendárias', 'Sagas dos tempos antigos' ou 'Sagas mítico-heróicas') são sagas lendárias que colocam heróis e figuras escandinavas de uma época anterior à colonização da Islândia (c. 870) no centro das atenções. Eles geralmente têm descendentes islandeses e suas histórias são dispostas em um esquema narrativo biográfico. Normalmente, a história começa com a ascendência e a infância do herói, relatando suas aventuras na vida adulta e feitos de força diante de vários adversários monstruosos ou sobrenaturais. A viagem desempenha um papel importante. Convenientemente para o herói, ele ganha uma noiva em algum lugar ao longo do caminho, antes que sua história seja concluída com, por exemplo, seu retorno para casa, o cumprimento de uma profecia de sua morte ou sua morte longe de casa.

Alguns exemplos de fornaldarsögur: Bósa saga ok Herrauðs ('A Saga de Bósi e Herrauðr'), Hrólfs saga kraka ('A Saga de Hrólfr Pole-ladder'), Ragnars saga loðbrokar ('A Saga de Ragnar Lothbrok'), Vǫlsunga saga ('A Saga dos Volsungs').

Riddarasögur

Riddarasögur ('Sagas de cavaleiros') são romances traduzidos de obras europeias existentes ou indígenas, em ambos os casos geralmente retratando cavaleiros ou nobres escandinavos em um cenário europeu (embora às vezes indo além da Europa, como, por exemplo, a Ásia). Não há um tempo específico, embora as sagas dos cavaleiros traduzidos ocorram, em geral, na época do lendário Rei Arthur britânico. O mesmo esquema narrativo biográfico encontrado no fornaldarsögur também existe aqui, com um ciclo semelhante de criação e aventuras de um herói, morte de monstros e morte dramática, com viagens sendo uma característica importante.

Alguns exemplos de riddarasögur: Karlamagnús saga ('A Saga de Carlos Magno'), Tristrams saga ok Ísǫndar ('A Saga de Tristão e Isolda'), Sigrgarðs saga frœkna ('A Saga de Sigrgarðr, o Bravo').

Leif Erikson
Leif Erikson
Thomas Quine (CC BY)

Konungasögur

As sagas dos reis eternizam as vidas dos reis da Noruega e, em menor grau, os da Dinamarca e os jarls das ilhas Orkney, que reinaram durante a Era Viking e até o final do século XIII. Além da própria Escandinávia, as Ilhas Britânicas, a Europa e o Oriente Médio também surgem em termos de cenário geográfico. A estrutura amplamente biográfica das sagas inclui a infância e a vida adulta do rei, com foco em momentos-chave como assumir o trono, conflitos e um relato de como o rei encontrou seu fim, geralmente de forma sangrenta no campo de batalha. Às vezes, a gravidez da mãe do rei é incluída, ou mesmo uma premonição sugerindo a grandeza iminente da criança. Os Konungasögur são em parte inspirados por poesias skáldicas anteriores, compostas especificamente para reis e seus escritores provavelmente tiveram acesso a anedotas.

Alguns exemplos de konungasögur: Flateyjarbók ('Livro de Flatey', compilação), Heimskringla ('Círculo do Mundo', contém biografias de reis da Noruega), Óláfs ​​saga Tryggvasonar ('A Saga do Rei Olaf Tryggvason'), Orkneyinga saga ('A Saga dos Ilhéus de Orkney').

Íslendingasögur

Íslendingasögur ('Sagas dos islandeses', 'Sagas familiares') são — fiéis ao seu nome claro — histórias que tratam de famílias islandesas, principalmente no contexto das casas de fazenda durante a Islândia da Era da Colonização (c. 870-930) até o período em torno da conversão da ilha ao cristianismo (c. 1000). Aqui, eles interagem com outros islandeses, viajam para a Escandinávia, Europa, Oriente Médio ou até mesmo para a Groenlândia e América do Norte (Vinlândia). Rixas e os conceitos de honra e vergonha são um tema central, e as narrativas frequentemente apresentam uma estrutura e linguagem complexas. Subgrupos são as vidas de skalds e sagas de foras da lei.

Alguns exemplos de íslendingasögur: Egils saga Skallagrímssonar ('A saga de Egill Skallagrimsson'), Eiríks saga rauða ('A saga de Erik, o Vermelho'), Laxdæla saga ('A saga do povo de Laxdale'), Njáls saga ('A saga de Njáll').

Samtíðarsögur

Samtíðarsögur são sagas contemporâneas que, diferentemente das outras, na verdade dizem respeito à época dos escritores (ou próximo, pelo menos). Ambientadas sobretudo na Islândia dos séculos XII e XIII, essas sagas se concentram nas famílias islandesas mais poderosas que existiam na época e preservam seus sucessos, conflitos e atividades. As rixas são, mais uma vez, um elemento importante. Os subgrupos são Sturlungasögur ('Sagas dos Sturlungs) e Biskupasögur ('sagas dos bispos [islandeses]').

Alguns exemplos de samtíðarsögur: Íslendinga saga ('A Saga dos Islandeses'), Sturlu saga ('A Saga de Sturla [Þórðarson]'), Þorgils saga ok Hafliða ('A Saga de Þorgils e Hafliði').

Conclusão

As sagas continuaram a ser populares na Islândia muito depois da Idade Média, apesar das tentativas intermitentes de proibir sua leitura entre os séculos XVI e XIX por parte de um clero mais conservador da Igreja Reformada Islandesa. Em meados do século XIX, o avanço da saga veio a ser imparável, pois se tornou um símbolo de uma espécie de era de ouro nostálgica na Islândia, conforme surgia o estudo profissional da língua e literatura nórdica-islandesa fora da Islândia antiga. Assim, a bela visão medieval da Islândia sobre o passado lendário e histórico da Escandinávia sobrevive até os dias atuais para todos aproveitarmos.

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Sobre o tradutor

Ana Carolina de Sousa
Ana Carolina é tradutora e revisora e graduanda de Tradução pela Universidade Federal de Uberlândia. Ela é apaixonada por línguas e literatura. Em seu tempo livre, gosta de ler e assistir séries históricas.

Sobre o autor

Emma Groeneveld
Emma Groeneveld estudou História e História Antiga, com foco em tópicos como Heródoto e fatos políticos picantes de tribunais do passado. Desde a conclusão de seus estudos, em 2015, ela tem dedicado cada vez mais tempo a pré-história.

Citar este trabalho

Estilo APA

Groeneveld, E. (2019, fevereiro 21). Saga [Saga]. (A. C. d. Sousa, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-17926/saga/

Estilo Chicago

Groeneveld, Emma. "Saga." Traduzido por Ana Carolina de Sousa. World History Encyclopedia. Última modificação fevereiro 21, 2019. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-17926/saga/.

Estilo MLA

Groeneveld, Emma. "Saga." Traduzido por Ana Carolina de Sousa. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 21 fev 2019. Web. 21 dez 2024.