Oda Nobunaga

Definição

Mark Cartwright
por , traduzido por Letícia Amboni
publicado em 09 junho 2019
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, indonésio
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Statue of Oda Nobunaga (by Bariston, CC BY-NC-ND)
Estátua de Oda Nobunaga
Bariston (CC BY-NC-ND)

Oda Nobunaga foi o principal líder militar do Japão de 1568 a 1582. Nobunaga, junto de seus dois sucessores imediatos, Toyotomi Hideyoshi (1537-1598) e Tokugawa Ieyasu (1543-1616), é creditado pela unificação do Japão Medieval na segunda metade do século 16. Um general inovador que também usava diplomacia, assim como táticas militares e armas superiores para derrotar seus rivais, o senhor da guerra era infame por seu desejo implacável de conquistar tudo ao seu redor.

Ascensão ao Poder

Nascido em uma família de administradores locais em 1534, o pai de Nobunaga, Oda Nobuhide (1510-1551), foi um pequeno senhor feudal, ou daimyo, na Província de Owari, no centro do Japão. Nobunaga viria a ganhar destaque quando, após a morte de seu pai, se tornou o senhor do Castelo de Nagoya. Usando o castelo como base, Nobunaga expandiu sua dominação sobre daimyo rivais, obtendo sucessos notáveis em 1555, quando destruiu a cidade de Kiyosu, e em 1559, quando capturou e obliterou a fortaleza de Iwakura. A reputação do senhor da guerra por sua brutalidade foi firmemente estabelecida em 1557, quando ele ordenou o assassinato de seu próprio irmão. Em 1560, na Batalha de Okehazama, o senhor da guerra de Mikawa, Imagawa Yoshimoto (1519-1560), foi derrotado e morto quando Nobunaga, com seu exército em vantagem numérica, o cercou inesperadamente. Nobunaga estava perto de se tornar o líder militar mais temido do Japão.

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Nobunaga tomou controle da capital Heiankyo (Kyoto) em 1568, onde fez de Ashikaga Yoshiaki seu “xogum-fantoche”.

Nobunaga foi o tema de duas biografias na história japonesa, a primeira, Shincho Koki de Ota Gyuichi, foi publicada em 1598, já a segunda, Shincho Ki, foi publicada em 1622 e compilada por Oze Hoan, como uma extensão da primeira. Ambas as obras glorificam Nobunaga e, assim como biografias póstumas similares do período medieval, exageram os feitos do famoso daimyo e inserem episódios de lendas que muito provavelmente nunca aconteceram. O missionário jesuíta e historiador Luis Frois (1532-1597), porém, fez uma descrição muito mais reveladora de Nobunaga no seguinte excerto de uma carta escrita em 1569:

Um homem alto, magro, levemente barbado, com uma voz muito clara, muito inclinado às armas, resistente, apreciador do exercício da justiça e da misericórdia, orgulhoso, um amante da honra ao extremo, muito reservado no que determina, extremamente astuto nos estratagemas de guerra, pouco ou nada sujeito à reprovação e aconselhamento de seus subordinados, extremamente temido e reverenciado por todos. Não bebe vinho. É um mestre severo: trata todos os Reis e Príncipes do Japão com desdém e fala com eles sem olhá-los, como se fossem inferiores, e é totalmente obedecido por todos como seu senhor absoluto.

(Keen, 1159)

Map of Japan in the 16th Century CE
Mapa do Japão no século 16 EC
Zakuragi (CC BY-NC-SA)

Unificação do Japão

Nobunaga por fim tomou controle da capital Heiankyo (Kyoto) em 1568, onde fez de Ashikaga Yoshiaki seu “xogum-fantoche”, que mais tarde foi exilado por cinco anos por conspirar com os inimigos de Nobunaga, assim colocando um fim aos xoguns Ashikaga, que governavam desde 1388. Em 1579, agora no controle de todo o Japão central, Nobunaga estabeleceu seu quartel-general no magnífico Castelo Azuchi, fora da capital, perto da margem do Lago Biwa. Atualmente, não resta nada do castelo além de sua base de pedra, mas ele foi o primeiro a ter uma torre central enorme com múltiplos andares, o que se tornou a norma entre os castelos japoneses medievais.

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Nobunaga conseguiu derrotar senhores de guerra rivais e expandir seu controle territorial graças ao seu exército enorme e bem-equipado, que incluía o talentoso general Toyotomi Hideyoshi (que se tornaria o sucessor de Nobunaga). Nobunaga era um inovador e foi o primeiro líder japonês a adotar armas de fogo. Por volta de 1549, quando Nobunaga era um mero comandante de 15 anos, ele criou uma divisão especializada de 500 homens, cada um com seu próprio mosquete de mecha. Essa unidade foi enviada para a batalha antes das outras tropas e se mostrou decisiva no cerco do Castelo de Muraki, em 1554, e na Batalha de Anegawa, em 1570. Com sua efetividade, a divisão foi aumentada para 3.000 homens e mais uma vez trouxe a vitória, agora na Batalha de Nagashino, em 1575. Nobunaga também utilizava bem suas novas armas e foi o primeiro a fazer uso de fileiras rotativas de homens com mosquetes para criar um tiro de salva contínuo. O exército de Nobunaga também foi o primeiro a conceder a cada homem, incluindo os da infantaria, um conjunto de armadura completo. Os territórios conquistados por Nobunaga foram entregues a seus comandantes leais para que eles governassem, e as terras de senhores de guerra capturados eram frequentemente redistribuídas e realocadas para romper antigos laços de lealdade.

Bell Tower, Enryakuji
Torre do Sino, Enryakuji
663highland (CC BY-SA)

Para assegurar seu poder, Nobunaga tentou reduzir a renda de seus daimyo rivais, abolindo pedágios em todas as estradas. Ele aumentou sua própria renda ao cunhar a primeira moeda japonesa desde 958 e padronizar as taxas de câmbio entre todas as diferentes moedas que estavam em uso. Outra fonte lucrativa de renda foi livrar os comerciantes de suas guildas e fazê-los pagar uma taxa ao estado ao invés disso. A partir de 1571, foi iniciado um extenso levantamento de terras para tornar o sistema tributário mais eficiente. De 1576 em diante, outra política foi confiscar todas as armas que os camponeses possuíam, a tão famosa “caça à espada”. Enquanto isso, Nobunaga continuou expandindo seu território, seu objetivo era nada menos que a unificação do Japão. Não foi à toa que o senhor da guerra gravou em seu carimbo pessoal “Tenka Fubu” ou “Reino Unificado sob Governo Militar”.

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Atitude para com Religiões

Em outra estratégia para enfraquecer seus oponentes, Nobunaga não hesitou em destruir templos budistas e executar monges budistas influentes que eram associados ou aliados a qualquer um de seus rivais. O exemplo mais infame disso foi a destruição do Enryakuji, um mosteiro no sagrado Monte Hiei, perto de Kyoto, em 1571. Nobunaga se preocupava com o poder do mosteiro e seu grande exército de monges guerreiros, que desciam a montanha sempre que sentiam que não estavam recebendo sua parte de auxílios estatais. Nobunaga mandou suas tropas cercarem as encostas do Monte Hiei e atirarem fogo na floresta, o que destruiu o templo e matou 25.000 homens, mulheres e crianças. Sob os sucessores de Nobunaga, o Enryakuji melhorou e voltou a sua antiga glória em 1595.

Oda Nobunaga Portrait
Retrato de Oda Nobunaga
Kano Soshu (Public Domain)

Outro templo-fortaleza budista influente, Ishiyama Honganji, em Osaka, foi destruído em 1580 pela frota de navios armados com canhões de Nobunaga. Mais tarde, Toyotomi Hideyoshi construiu o famoso Castelo de Osaka nas ruínas do templo. O resultado desse ataque aos principais templos budistas foi o fim de sua influência sobre o governo e os poderes regionais, uma posição de privilégio da qual usufruíram durante todo o período medieval.

No que diz respeito a outras religiões, Nobunaga encorajava as ações de missionários cristãos no Japão, pois via os benefícios de ter contatos europeus que traziam comércio e tecnologia, como as armas de fogo, as quais ele utilizou de forma avassaladora. O senhor da guerra também gostava de ter pessoas o adorando como uma divindade e construiu um templo para isso. Em outra estratégia para criar para si mesmo um culto de liderança, ele declarou seu aniversário como feriado nacional. Curiosamente, Nobunaga não usava roupas extravagantes e, apesar de seu senso de moda incomum, ele criou uma tendência, conforme relata uma testemunha:

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Ele sempre andava por aí coberto por uma pele de tigre sobre a qual se sentava e usava roupas ásperas e grosseiras; seguindo seu exemplo, todos usavam peles e ninguém ousava se apresentar diante dele em trajes de corte. (citado em Mason, 185)

Nobunaga promovia as artes, particularmente as performances Kowaka e a Cerimônia do Chá Japonesa, solicitando as habilidades do especialista número um reconhecido para a segunda arte, Sen no Rikyu (1522-1591).

Traição e Morte

Em 21 de junho de 1582, quando estava prestes a sair em uma campanha no oeste do Japão, Nobunaga teve seu fim trágico no Templo Honno-Ji (Honnoji), em Heiankyo. O senhor da guerra foi traído por um de seus aliados vassalos, Akechi Mitsuhide, que também era o oficial que cuidava da comunicação entre Nobunaga e seu xogum-fantoche, Yoshiaki. Em um episódio conhecido como Incidente de Honnō-ji, Mitsuhide, por motivos desconhecidos, lançou um ataque surpresa a Nobunaga e, de acordo com uma versão da história, quando ficou claro que sua captura era iminente, o homem que controlava metade do Japão cometeu suicídio. Em outra versão, o senhor da guerra morreu nas chamas enquanto o templo queimava — alguns dizem que foi um ato de retribuição divina por ele ter queimado Enryakuji. O filho e herdeiro de Nobunaga, Nobutada, morreu no mesmo desastre.

A morte de Nobunaga seria vingada rapidamente, quando seu principal general, Toyotomi Hideyoshi, derrotou Mitsuhide na Batalha de Yamazaki e se declarou sucessor de Nobunaga. Hideyoshi deu sequência ao plano de seu predecessor de unificar o Japão, um processo que não foi concluído até o governo do sucessor de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu, que estabeleceu o xogunato Tokugawa a partir de 1603, o qual finalmente trouxe ao Japão 250 anos de paz. Como diz o velho ditado japonês: “Nobunaga bateu o bolo, Hideyoshi o assou, e Ieyasu o comeu” (Beasley, 117).

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Sobre o tradutor

Letícia Amboni
Letícia Amboni é tradutora e designer, formada em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Design Gráfico. Atualmente, cursa pós-graduação em Tradução Profissional pela PUCPR.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2019, junho 09). Oda Nobunaga [Oda Nobunaga]. (L. Amboni, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-18310/oda-nobunaga/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Oda Nobunaga." Traduzido por Letícia Amboni. World History Encyclopedia. Última modificação junho 09, 2019. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-18310/oda-nobunaga/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Oda Nobunaga." Traduzido por Letícia Amboni. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 09 jun 2019. Web. 22 fev 2025.