Ali ibn Abi Talib

Definição

Syed Muhammad Khan
por , traduzido por Dorian Feitosa
publicado em 25 maio 2020
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol, urdu
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Calligraphy of Ali's Name (by Petermaleh, CC BY-SA)
Caligrafia do nome de Ali
Petermaleh (CC BY-SA)

Ali Ibn Abi Talib, ou simplesmente Ali (601-661), estava entre os primeiros muçulmanos, era primo e genro do profeta islâmico Maomé (570-632), e mais tarde reinou como o quarto Califa do Islã de 656 a 661, quando foi assassinado. Grande parte de seu mandato foi focado em trazer o Império à ordem durante a primeira guerra civil do Império Islâmico ou o Primeiro Fitna (656-661). Uma facção da comunidade islâmica, conhecida como os muçulmanos xiitas, considera ele o único herdeiro legítimo da posição temporal de Maomé, e o primeiro de uma longa série de seus líderes espirituais ou imãs. Os muçulmanos sunitas, outra facção dentro da comunidade, o mantêm com especial reverência, mas também consideram seus três predecessores, Abu Bakr (Rei entre 632-634), Umar (Rei entre 634-644) e Uthman (Rei entre 644-656) como líderes igualmente legítimos da comunidade primitiva e coletivamente denominam os quatro como o Califado Rashidun (632-661).

Início da Vida e Conversão

ALI TORNOU-SE PROFUNDAMENTE ENTRELAÇADO NO MOVIMENTO ISLÂMICO EM MEDINA, ONDE SERVIU COMO DEPUTADO E ENVIADO DO PROFETA E TORNOU-SE UM DOS SEUS SUBORDINADOS MAIS CONFIÁVEIS.

Ali nasceu em Meca, segundo alguns relatos, dentro do santuário sagrado de Ka'aba, em 601. Ele era filho do líder do Clã Hashim, Abu Talib ibn Abd al-Muttalib (Nascido por volta de 535-619), tio do profeta islâmico Maomé. Seu pai havia criado o Profeta, que havia ficado órfão muito jovem, como se ele fosse seu filho, e uma relação semelhante se desenvolveu entre o Profeta e Ali. Desde jovem, Ali formou um forte vínculo com Maomé, que o acolheu em sua casa. Em 610, quando Maomé declarou sua missão profética, Ali estava entre as primeiras pessoas a aceitar a nova fé (a identidade do primeiro homem convertido é uma questão de debate, mas Ali está entre os candidatos), e ele permaneceu leal a ele mesmo na pior das situações.

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O pai de Ali morreu em 619, deixando apenas Maomé como figura paterna em sua vida, que havia ficado viúvo no mesmo ano, conhecido como o "ano da tristeza" na tradição islâmica. Recebidos com violenta opressão pelas mãos dos habitantes de Meca, os muçulmanos migraram para Medina em 622 (conhecido como o Hegira); o próprio Profeta partiu mais tarde com um amigo próximo, Abu Bakr. Na véspera da partida de Maomé de Meca, para pedir asilo em Medina (onde ele estava destinado a se tornar um rei), Ali ficou para trás para devolver às pessoas os bens que haviam confiado ao Profeta para serem guardados.

Ali tornou-se profundamente entrelaçado no movimento islâmico em Medina, onde serviu como deputado e enviado do Profeta e tornou-se um dos seus subordinados mais confiáveis. Ali era muito venerado por sua sabedoria proverbial, a ponto de ser famoso pelo nome de Bab ul-Ilm (portal para o conhecimento). Aprendendo com o Profeta, ele se tornou uma das pessoas chave para se abordar questões teológicas.

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Ottoman Tiles Representing the Kaaba
Azulejos otomanos representando a Caaba
Anonymous (Public Domain)

Seus feitos em batalha, no entanto, são responsáveis por trazer a maior fama a ele; sua bravura e coragem implacável lhe valeram o apelido de Asad Allah - o Leão de Deus. Ali participou de quase todas as grandes batalhas do início da história islâmica como porta-estandarte de seu exército. Na véspera da batalha de Badr (624), a primeira batalha contra os habitantes de Meca, é dito que ele matou vários oponentes sozinho. Um ano depois, na batalha de Uhud (625), onde os muçulmanos sofreram uma derrota esmagadora, Ali ficou ao lado do Profeta que estava ferido e vulnerável, arriscando sua própria vida enquanto atuava como sentinela de seu mentor. Estas são apenas uma porção das narrativas que ressaltam sua coragem, devoção ao Islã e habilidade em batalha.

Ascensão ao Poder

O Profeta Maomé faleceu no ano 632, e após isso um companheiro próximo Dele, Abu Bakr (Reinou entre 632-634), assumiu o comando da comunidade como o primeiro Califa do Islã. Mas para alguns, o legítimo herdeiro do Império de Maomé era Ali. Essas pessoas passaram a ser conhecidas como muçulmanos Xiitas, e basearam seu argumento no fato de que, antes de sua morte, o Profeta havia anunciado que quem quer que o considerasse seu mawla, sentiria o mesmo em relação a Ali (isto é conhecido como o Evento de Ghadir Khumm). A palavra mawla, no entanto, é uma palavra polissêmica, com significados que variam de amigo a líder – essa ambiguidade inerente levou a outro grupo, chamado de muçulmanos Sunitas, afirmar que o profeta não havia anunciado explicitamente um herdeiro e, portanto, declararam seu apoio a Abu Bakr.

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Calligraphic Names of Rashidun Caliphs in Hagia Sophia
Nomes em caligrafia dos Califas Rashidun no Hagia Sophia
Belt93 (CC BY-NC-SA)
Abu Bakr, cuja autoridade prevaleceu, consolidou seu controle sobre a Arábia (Guerras Ridda; 632-633), e iniciou invasões bem-sucedidas na Síria e no Iraque, mas morreu de causas naturais antes que mais pudesse ser feito. Após sua morte, seu maior apoiador, Umar ibn al-Khattab (Reinou entre 634-644), outro companheiro próximo do Profeta e um autoritário rigoroso, tomou o cetro. Ali serviu como conselheiro para ele e compartilha o crédito em muitas de suas famosas reformas (ou seja, projetos de desenvolvimento, lei e ordem, etc.). Umar, depois de servir ao cargo gloriosamente por uma década, foi assassinado em 644.

Depois dele, Uthman ibn Affan (Reinou entre 644-656), o primeiro Patrício de Meca a aceitar a nova fé, tornou-se o próximo líder da ummah (comunidade). Uthman governou por mais de uma década, mas confiou fortemente em seus parentes do Clã Omíada (mais tarde dinastia Omíada), e no final, ele enfrentou uma revolta aberta e foi assassinado por soldados rebeldes em 656. Foi então, mais de duas décadas após a morte do patriarca de sua casa, que Ali ibn Abi Talib (Reinou entre 656-661) foi elevado ao trono, como o quarto Califa do Islã.

Surge o Primeiro Fitna (656-661)

Ao assumir o cargo, o Califa Ali procurou restaurar a ordem, e demitiu vários governadores provinciais, a maioria dos quais eram corruptos e haviam sido postos no cargo por Uthman (que havia perdido o controle sobre eles mais tarde). Enquanto alguns cederam ao poder do novo Califa, outros o desafiaram. O assassinato de Uthman havia criado fissuras profundas na comunidade, e seus parentes do Clã Omíada, mais notavelmente o governador da Síria – Muawiya (602-680), exigiam justiça. Eles se recusaram a se contentar com menos que uma punição exemplar para seus agressores. A camisa manchada de sangue do falecido Califa e os dedos cortados de sua esposa (que corajosamente tentou salvá-lo) foram exibidos publicamente na mesquita de Damasco para obter apoio para a causa do líder caído.

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Uthman's Tomb
Tumba de Uthman
مانفی (CC BY-SA)
As mesmas exigências foram apresentadas por Aisha (Por volta de 613/614-678), esposa do Profeta, e vários outros muçulmanos notáveis, como Talhah (Por volta de 594-657) e Zubayr (594-656), ambos estavam entre os favoritos de Maomé; a última dupla renunciou seu apoio a Ali depois de terem sido negados os governos de Kufa e Basra, respectivamente. Os inimigos de Uthman, que agora tinham vindo a apoiar Ali, continuavam convencidos de que o ancião tinha sido morto de forma justa, enquanto os apoiantes de Uthman alegavam que o seu assassinato era um ato de crueldade e exigiam justiça; este debate aflorado logo se transformaria numa sangrenta guerra civil. A incapacidade de Ali de trazer justiça ao caso de Uthman era circunstancial: ele não podia ter outro levante em suas mãos (especialmente quando esses renegados estavam no auge da sua força), seus partidários ameaçavam deserdá-lo e seus inimigos aumentavam em número.

Batalhas do Camelo e de Siffin

As partes rivais reuniram-se em Basra, no Iraque, líderes sensatos de ambos os lados pressionaram por negociações que logo se tornaram fúteis, e uma guerra aberta eclodiu. Ali não queria ter sangue muçulmano em suas mãos, assim como seu antecessor Uthman, que se recusou a esmagar os rebeldes contra ele; ele ordenou que seus homens capturassem Aisha, que estava sentada em cima de um camelo. Os homens assim o fizeram, e vendo sua líder capturada, o exército de Aisha parou de lutar; ela foi enviada de volta a Medina com todas as honrarias possíveis. A Batalha do Camelo (656), como foi mais tarde caracterizada, tornou-se a primeira vez na história islâmica que muçulmanos se voltaram contra outros muçulmanos.

Ali & Aisha at the Battle of the Camel
Ali & Aisha na Batalha do Camelo
Unknown (Public Domain)
Para enfraquecer a oposição de Muawiya, Ali marchou com sua coalizão em direção à Síria. As duas forças se encontraram em Siffin, em 657, e a luta que se seguiu durou vários dias. No clímax, as tropas Rashidun empurraram os sírios à beira da ruptura. Foi nesse momento crucial que um oportunista chamado Amr ibn al-As (585-664) fez a sua jogada. Amr era o ex-governador do Egito que havia sido deposto por Uthman sob a acusação de corrupção; ele difamou Uthman e despertou resistência contra ele até que fosse assassinado, mas logo se distanciou dos assassinos quando soube do plano de Muawiya de vingar seu primo. Ele foi rápido em mudar de lado, e às vésperas do final da batalha, ele sugeriu que os sírios içassem páginas do Alcorão em suas lanças como um sinal para buscar uma resolução pacífica. Ali percebeu a estratégia, mas o truque quebrou a vontade de seus homens, que exigiram que ele buscasse pela paz.

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Battle of Siffin
Batalha de Siffin
Bal'ami (Public Domain)
A posição de Muawiya estava segura após o impasse, mas o mesmo não era verdade para Ali. A negociação foi tentada entre os dois líderes, com a conclusão de que nenhum deles era adequado para o cargo de Califa. Para Muawiya, esta foi uma vitória impressionante, pois ele não havia declarado suas intenções de assumir o cargo, mas para Ali, o líder no poder, isso foi um desastre. A inocência de Uthman foi provada durante a arbitragem, mas a instabilidade política não permitiu que Ali punisse seus infratores.

Um grupo radical, que havia apoiado veementemente a resolução pacífica inicialmente, e alguns dos quais estavam envolvidos no assassinato de Uthman, declararam que "a arbitragem pertence somente a Deus" (uma maneira conveniente de sugerir que eles eram hostis a ambas as partes), e abandonou Ali. Este grupo, mais tarde denominado Kharijitas (aqueles que saem), declarou revolta contra Ali. Muawiya continuou a desafiar a Autoridade de Ali e ganhou total apoio da Síria, Levante, e Egito – onde reinstalou Amr, seu aliado, como governador.

Assuntos Internos e Desafios

Kufa, uma cidade-guarnição iraquiana, construída durante o reinado do Califa Umar, foi o centro do apoio de Ali, levando-o a transferir sua capital para aquela cidade em janeiro de 657, logo após sua vitória perto de Basra. Este movimento foi altamente controverso, pois Medina tinha sido a sede do poder do Profeta e seu lugar de descanso final. A mudança foi feita principalmente por razões políticas:

  • para buscar apoio
  • para governar o Império a partir de uma posição centralizada
  • para proteger Medina dos estragos dos conflitos civis que se seguiram.

Ali procurou restabelecer o controle central sobre as províncias e distribuir as receitas do estado igualmente entre as pessoas. A sua postura rigorosa contra a corrupção, apesar de ser uma característica valiosa, tornou-se um obstáculo para ele, uma vez que isso diminuiu o seu apoio. Governadores de províncias-chave, colocados por Uthman, desafiavam a autoridade do Califa e estavam acumulando dinheiro para seu uso pessoal. Ali recusou-se a aceitar isso, o que tornou inimigos aqueles que até então usufruíam da imunidade sob a fraca liderança de Uthman.

Outside View of Imam Ali Shrine in Najaf, Iraq
Vista externa do santuário do Imã Ali, em Najaf, Iraque
U.S. Navy photo by Photographer's Mate 1st Class Arlo K. Abrahamson (Public Domain)
Desde que o Império foi dilacerado por conflitos civis, a conquista de terras vizinhas foi interrompida, o que significava que não havia saque de guerra para compensar o dinheiro gasto em lutas internas. Um status quo havia sido estabelecido entre Muawiya e Ali, ainda que para todos os efeitos, a posição do primeiro era muito mais forte.

Morte e Consequências

A FUNDAÇÃO DA MONARQUIA INSTITUCIONAL NO IMPÉRIO ISLÂMICO INCORPORADA PELA DINASTIA OMÍADA FOI ESTABELECIDA POR MUAWIYA.

Os fanáticos Kharijitas tinham se transformado numa ameaça e precisavam ser combatidos. Ali desencadeou seu poderio militar sobre esses traidores e infligiu-lhes uma derrota devastadora em 659 (A Batalha de Nahrawn). Com suas proezas militares esmagadas, os Kharijitas recorreram a ações mais ardilosas para atingir seus objetivos. Eles derrubaram o Califa com uma espada envenenada em 661, enquanto ele estava realizando oração em uma congregação. Os assassinos Kharijitas também tinham como alvo Muawiya e Amr, mas ambos escaparam da morte; o último nunca foi atacado, enquanto o primeiro sobreviveu com apenas um pequeno ferimento.

No dia seguinte à morte do Califa, Muawiya manteve-se como o mais forte concorrente do Califado, e foi então que revelou os seus planos para assumir o trono. Os apoiadores de Ali foram rápidos em elevar Hasan (624-670), seu filho mais velho, à cadeira do Califa, mas Muawiya o forçou a abdicar, em troca de uma alta recompensa. Embora Muawiya tenha concordado em não nomear seu sucessor, este juramento veio a ser quebrado, e a fundação da monarquia institucional no Império Islâmico incorporada pela dinastia Omíada (661-750) foi estabelecida por Muawiya. Os Omíadas tinham tolerância zero para insurreições; o que o suborno e a bajulação não conseguiam fazer era facilmente resolvido através do uso da força.

Fama e Legado Póstumo

Durante sua vida, Ali foi simplesmente considerado um líder, não reverenciado e venerado como é no presente. À medida que o Xiismo evoluiu de uma facção política para um grupo religioso, começou a divergir dos sunitas tradicionais. Nas palavras do historiador John Joseph Saunders: "... na verdade, foi afirmado que os xiitas eram inicialmente mais sunitas do que os próprios sunitas são hoje" (127-128). Eventos subsequentes, como o martírio de Hussayn (626-680), o segundo filho mais velho de Ali em 680 nas mãos das forças Omíadas na batalha de Karbala, elevaram a família de Ali a uma posição espiritual, quase divina, mais elevada dentro do islã Xiita e distintamente respeitosa dentro do islã Sunita.

Ottoman Zulfiqar Flag
Bandeira da Zulfiqar Otomana
User:FA2010 (Public Domain)
Os sacrifícios feitos por Ali e sua família os imortalizaram nos anais da história islâmica, e eles foram infinitamente elogiados e romantizados tanto por Sunitas quanto por Xiitas. Sua espada de duas pontas, a Zulfiqar, por exemplo, foi adotada como um símbolo por muitos governantes posteriores e também é um nome popular para meninos entre a comunidade Xiita, que expressam sua devoção incorporando os nomes dos membros da família de Ali aos de seus filhos. Nomes como Ali, Hasan, Hussayn e Abbas são comuns no grupo, embora não sejam reservados a eles, pois muitos sunitas também nomeiam seus filhos como tal. A família de Ali ou o Ahl al-Bayt (a família do Profeta) é celebrada, até hoje, por sua lealdade ao patriarca do Islã.

Ali ibn Abi Talib foi, sem dúvida, um homem de honra. Os erros de seu reinado são creditados à severa oposição com que se deparou; se ele governasse em um tempo mais pacífico, seus talentos teriam florescido de forma excelente. Tanto para os Sunitas como para os Xiitas, Ali continua a ser um herói, é muito considerado por ambos e venerado especificamente por estes últimos. Apesar da brevidade de seu mandato, Ali deixou um legado duradouro – uma inspiração para todos os futuros governantes que desejavam agir de acordo com princípios sólidos de Justiça, e como um epítome da Cavalaria Árabe.

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Sobre o tradutor

Dorian Feitosa
Dorian G. Feitosa é um poliglota, tradutor e amante de culturas. Brasileiro, cearense, está nos últimos períodos do curso de engenharia de produção mecânica e sonha em mudar o mundo, começando por facilitar o acesso à informação.

Sobre o autor

Syed Muhammad Khan
Muhammad é biólogo, entusiasta de história e escritor freelancer. Ele tem contribuído ativamente à seção de história islâmica da Enciclopédia desde 2019.

Citar este trabalho

Estilo APA

Khan, S. M. (2020, maio 25). Ali ibn Abi Talib [Ali ibn Abi Talib]. (D. Feitosa, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-18658/ali-ibn-abi-talib/

Estilo Chicago

Khan, Syed Muhammad. "Ali ibn Abi Talib." Traduzido por Dorian Feitosa. World History Encyclopedia. Última modificação maio 25, 2020. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-18658/ali-ibn-abi-talib/.

Estilo MLA

Khan, Syed Muhammad. "Ali ibn Abi Talib." Traduzido por Dorian Feitosa. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 25 mai 2020. Web. 21 nov 2024.