Humanismo Renascentista

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Definição

Mark Cartwright
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 04 novembro 2020
Disponível noutras línguas: Inglês, Chinês, holandês, francês, alemão, espanhol
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Virtue Triumphant over Vice by Mantegna (by Andrea Mantegna, Public Domain)
Virtude Triunfante Sobre o Vício, de Mantegna
Andrea Mantegna (Public Domain)

O Humanismo Renascentista foi um movimento intelectual caracterizado pelo interesse renovado no mundo clássico e em estudos que se concentravam não em temas religiosos, mas naquilo que define o ser humano. Suas origens remontam à Itália do século XIV e a autores como Petrarca (1304-1374), que buscava manuscritos antigos "perdidos". No século XV, o humanismo espalhou-se pela Europa.

Os humanistas acreditavam na importância da educação em literatura clássica e na promoção da virtude cívica, ou seja, perceber o potencial pleno das pessoas tanto para seu próprio bem quanto para o da sociedade. A dificuldade em definir o humanismo e seu aspecto de constante evolução não impediu que fosse amplamente considerado como a característica definidora da Europa no período entre 1400 a 1600 e a razão primordial pela qual esta época pode ser identificada como um Renascimento ou "ressurreição" de ideias.

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Definindo o Humanismo

Humanismo foi um termo inventado no século XIX para descrever a ideia da Renascença de que estudar diretamente as obras da Antiguidade seria um aspecto importante da educação integral (mas não a única). Deste conceito surgiu a ideia de que o estudo de humanidades deveria ser prioridade, em vez de questões religiosas (que não precisavam ser negligenciadas ou contraditas pelos estudos humanistas). Ideais clássicos importantes que interessavam aos humanistas incluíam a importância da virtude pública e privada, gramática latina, técnicas de retórica, história, convenções em literatura e poesia e filosofia moral. Esta educação não criava uma filosofia ou visão de mundo totalmente abrangente em seus adeptos. Podiam ser católicos ou protestantes, por exemplo, e muitos estudantes continuaram a estudar diferentes ramos do pensamento tais como teologia, direito ou medicina.

No século XV, desenvolveu-se com mais vigor a noção de que o mundo antigo tinha algo muito valioso para ensinar às pessoas.

Nos tempos modernos, o termo "humanismo" ganhou um significado diferente (um modo de vida racional e não-religioso) e, assim, para salvaguardar seu propósito original, quando aplicado ao período entre 1400-1600 é quase sempre apresentado como "Humanismo Renascentista". É importante lembrar, no entanto, que os pensadores renascentistas não usavam o termo humanismo, nem concordavam em todos os seus aspectos. Devido a estes problemas de definição, alguns historiadores preferem usar o termo studia humanitatis, cunhado pelo estadista romano Cícero (106-43 a.C.) e revivido pelo estudioso florentino Coluccio Salutati (1331-1406). Studia humanitatis refere-se a estudos que, em vez de se restringir a questões religiosas, concentram-se no que define o ser humano e, mais precisamente, no que consiste um indivíduo virtuoso em seu sentido mais amplo e como este indivíduo pode participar da vida pública.

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Os principais elementos do Humanismo Renascentista incluem:

  • Interesse em estudar literatura e arte da Antiguidade.
  • Interesse no uso eloquente do Latim e filologia.
  • Crença na importância e poder da educação para criar cidadãos úteis.
  • Promoção de virtudes cívicas e privadas.
  • Rejeição do Escolasticismo.
  • Estímulo aos estudos não-religiosos.
  • Ênfase no indivíduo e em sua autonomia moral.
  • Crença na importância da observação, análise crítica e criatividade.
  • Crença de que poetas, escritores e artistas podem conduzir a humanidade para um melhor estilo de vida.
  • Interesse na questão "o que significa ser humano?"

Six Tuscan Poets by Vasari
Seis Poetas Toscanos, por Vasari
Minneapolis Institute of Art (Public Domain)

Origens do Renascimento Clássico

As origens do movimento humanista remontam a um trio de autores italianos que viveu antes do período renascentista sequer ter começado: Dante Alighieri (1265-1321), Petrarca e Giovanni Boccaccio (1313-1375). A obra de todos os três seria alvo de um interesse renovado durante a Renascença, quando foram reconhecidos como seus fundadores. Dante foi o primeiro e sua Divina Comédia (c. 1319), embora tendo como mensagem central a obtenção da salvação, foi uma mudança sutil das obras inteiramente focadas em temas religiosos para aquelas que abordavam o papel da humanidade no universo divino. A Divina Comédia possui elementos evidentemente clássicos, desde o poeta romano Virgílio (70-19 a.C.), que atua como guia, até menções a muitas figuras históricas.

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Em seguida vem Petrarca, um homem religioso que criticava em sua obra alguns elementos da Igreja Católica, tais como a corrupção e amor excessivo ao espetáculo. Petrarca rejeitava o escolasticismo, que mantinha um férreo domínio sobre o dogma da Igreja e criava intermináveis e infrutíferos debates entre os acadêmicos. Ele fez talvez a maior contribuição ao estudo da Antiguidade ao descobrir manuscritos considerados "perdidos" em obscuras bibliotecas monásticas. Entre suas descobertas mais famosas estão várias obras e cartas de Cícero.

Os estudiosos gregos fugiram do colapso do Império Bizantino e levaram textos clássicos para a Europa.

Petrarca acreditava que uma nova era de ouro de pensamento e política podia ser alcançada pelo retorno aos ideais da Antiguidade e por uma revolução na educação liderada por poetas e acadêmicos. Sua ideia de que o período em que vivia fosse uma época intermediária - que ele chamou com desprezo de "um cochilo" - entre a Antiguidade e este novo amanhecer foi aproveitada por pensadores renascentistas e teve grande influência na concepção de que a Idade Média fosse de alguma forma um período de trevas em termos culturais.

Giovanni Boccaccio também buscou por manuscritos "perdidos" relevantes da Antiguidade. Além disso, sua obra Decameron (Dez Dias), uma coleção de contos compilada entre c. 1348 e 1353, chamou a atenção de humanistas posteriores porque abordava detalhes de experiências humanas cotidianas. Boccaccio também escreveu livros bastante utilizados pelos acadêmicos humanistas, tais como Genealogia dos Deuses Pagãos.

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Cicero
Cícero
Mary Harrsch (Photographed at the Capitoline Museum) (CC BY-NC-SA)

Estes três escritores promoveram o uso do toscano vernáculo (ao menos em obras poéticas) e isso eventualmente levou ao questionamento da predominância do latim. Os humanistas, no entanto, continuaram a favorecer o latim para propósitos acadêmicos, tendo como modelos Cícero na prosa e Virgílio na poesia. A chegada da imprensa de tipos móveis na Europa, em 1450, foi outro impulso para o trio e para a democratização do conhecimento. O Humanismo Renascentista dava grande importância à invenção e aqui, novamente, Dante, com a criação da terza rima (poemas formados por estrofes de três linhas com rimas) e a inovadora promoção de Boccaccio da forma escrita da ottava rima (na qual as estrofes são formadas por oito linhas com onze sílabas) encaixavam-se perfeitamente neste sentimento.

O Ideal Clássico

Após a queda de Constantinopla em 1453, muitos estudiosos gregos escaparam do colapso do Império Bizantino e levaram textos clássicos para a Europa, especialmente a Itália. Tais textos representaram uma contribuição muito bem-vinda às obras latinas que estudiosos como Petrarca tinham encontrado em bibliotecas monásticas. Consequentemente, em 1515, as obras de todos os principais autores clássicos estavam disponíveis para impressão. Observando estas obras como um todo, uma ideia que interessava especialmente aos pensadores da Renascença era virtus (virtude ou excelência) e dever cívico. Petrarca já havia estudado tais conceitos meio século antes, mas agora se desenvolvia com mais vigor a ideia de que o mundo antigo tinha algo muito valioso para ensinar às pessoas do século XV. Os humanistas renascentistas queriam usar, analisar e criticar fontes antigas para melhorar a vida pública a serviço do estado. O conhecimento teórico não mais era suficiente: o que se ganhava com estudos precisava ser colocado em prática para o bem dos estados e de todos os seus habitantes. Em consequência, a grande questão que preocupava os estudiosos renascentistas - o que significa ser humano - gerava respostas que incluíam considerações religiosos, filosóficas, científicas e artísticas.

Atualmente pode parecer estranho que os acadêmicos tivessem um interesse tão grande em fontes antigas que podiam ser consideradas ultrapassadas ou irrelevantes para a sociedade da época. Para os pensadores humanistas, no entanto, a Antiguidade, como aparecia em tantos manuscritos recém-descobertos, apresentava uma alternativa nova e vibrante para as estagnadas escolas de pensamento tão ciumentamente vigiadas pela igreja medieval. Os novos horizontes oferecidos por estes textos e a abordagem aparentemente sem preconceitos dos estudiosos antigos ao discutir e explicar o mundo sem noções preconcebidas fez com que todo o processo da Renascença parecesse, como seu nome indica, um renascimento intelectual. Os estudiosos humanistas não encaravam os textos antigos de maneira acrítica - ao contrário, assim como muitos pensadores antigos, eles abordavam cada tema de forma analítica. Além disso, para abordar um determinado tema objetivamente, devia-se ser intelectualmente livre e, com isso, surgiu a figura do livre-pensador, sem restrições relacionadas a vieses religiosos ou políticos. Havia mesmo aqueles que pensavam que Deus tinha dado o mundo à humanidade como um teste para fazer dele o que quisesse e aplicar sua virtude para torná-lo um lugar melhor. Desta maneira, para muitos pensadores o humanismo não estava em oposição à religião, mas conduzia à ideia do indivíduo moralmente autônomo, o que por sua vez resultou no individualismo.

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16th Century CE Flemish Book Printer
Impressora de Livros Flamenga do Século XVI
The British Museum (CC BY-NC-SA)

Havia outra razão para admirar os antigos: sua eloquência de argumentos. Cícero tornou-se o exemplo por excelência de textos soberbos em latim. A retórica - outro termo cujo significado original a modernidade distorceu por completo - era então a arte de apresentar argumentos eloquentes. Indo além, não mais representava meros truques empregados por acadêmicos em seus textos, mas uma ferramenta da vida cotidiana. Em outras palavras, a retórica é persuasão - e com a persuasão vem o poder. A retórica podia se tornar o meio pelo qual humanistas disseminavam suas ideias, persuadindo a todos, desde o mercador alfabetizado ao governante de um ducado, de que detinham o melhor modo de se educar, viver, trabalhar e governar.

A Disseminação do Humanismo

A impressão por tipos móveis disseminou as ideias humanistas das suas origens na Itália para o norte da Europa. De fato, o mais celebrado acadêmico humanista de sua época foi Desidério Erasmo de Roterdã (c. 1469-1536). Ele acreditava que na educação encontrava-se a resposta para os problemas da Igreja Católica (e não uma Reforma radical). Com esta finalidade, compilou edições de autores clássicos e redigiu novas traduções em latim e grego do Novo Testamento. O exame acurado e crítico dos textos originais na elaboração de sua análise textual das versões correntes e seu interesse em filologia influenciariam outros estudiosos renascentistas.

Embora os primeiros humanistas com frequência fossem cristãos, a ênfase do movimento no pensamento crítico levou a um inevitável choque com as autoridades da Igreja, que dependiam da aceitação acrítica e em massa de interpretações em segunda mão da doutrina. Outro ponto de discórdia foi a posição de alguns humanistas de se tornarem divulgadores de textos pagãos.

Desiderius Erasmus by Matsys
Desidério Erasmo, por Matsys
Quentin Matsys (Public Domain)

No norte da Europa, os estudiosos humanistas estavam mais interessados em reformas religiosas se comparados com outros locais, motivo pelo qual seu tipo de humanismo ficou conhecido como Humanismo Religioso. Sir Thomas More (1478-1535), estudioso e estadista inglês, foi um dos representantes deste movimento. Defensor da Igreja Católica contra os Reformistas, ele escreveu em 1516 a célebre obra Utopia, sobre uma sociedade ideal situada numa ilha imaginária. Mais provavelmente uma crítica velada ao reinado de Henrique VIII da Inglaterra (r. 1509-1547), sua concepção radical de uma sociedade onde todos trabalham pelo bem comum e compartilham igualmente de seu sucesso reverberou junto aos estudiosos humanistas em geral. A óbvia conexão com a República de Platão representou outro ponto de favorecimento entre os humanistas amantes dos textos clássicos.

A Educação Humanista

Erasmo foi importante em outra área: educação para todos. Os estudiosos podiam muito bem debater os ideais educacionais em teoria, mas havia necessidade de propostas mais práticas para alcançar a meta humanista de ampliar a educação. Erasmo, portanto, escreveu compêndios tais como o imensamente popular Sobre a Cópia, que ensinava os estudantes a argumentar, revisar textos e produzi-los por conta própria. A obra Sobre a Redação de Cartas ensinava como melhorar a elaboração de cartas, dirigi-las a públicos específicos e empregar expressões eloquentes. Ele até elaborou guias para aqueles que quisessem fundar escolas e compilou recomendações de planos de estudos.

Os humanistas enfatizavam a importância da educação, que abrangia as artes liberais da retórica, filosofia moral, gramática, história e poesia. O exercício físico, assim como na antiga Grécia, também era considerado uma parte essencial da educação integral que capacitava os jovens a realizar seus potenciais plenos, tornando-se bons cidadãos. Em acréscimo, uma educação humanista continuava pela vida inteira e nunca seria tarde para aprender seus benefícios, especialmente no que se referia aos governantes.

O Humanismo na Ciência

Observar, analisar e categorizar o mundo ao nosso redor era uma parte importante do pensamento humanista, assim como havia sido na Antiguidade. Por esta razão, a ciência teve grande impulso durante a Renascença, graças aos desenvolvimentos iniciais na matemática. O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) propôs que o Sistema Solar fosse heliocêntrico, entre outras ideias inovadoras, na obra Sobre as Revoluções das Esferas Celestes, publicada em 1543. Copérnico personificava o clássico acadêmico renascentista, pois estudou as obras da Antiguidade, observou pessoalmente o que podia a respeito do mundo, reuniu o que havia sido publicado até aquele momento em seu campo e então elaborou sua própria visão do tema em questão. Talvez a maior contribuição do humanismo à ciência tenha sido sua sede por respostas e a confiança de que podiam ser encontradas através do esforço humano.

The School of Athens by Raphael
A Escola de Atenas, por Rafael
Raphael (Public Domain)

O Humanismo nas Artes

Governantes como Federico da Montefeltro (1422-1482), em Urbino, e Cosimo I de Médici (1519-1574), em Florença, tinham enorme admiração pela Antiguidade e possuíam impressionantes bibliotecas humanistas. Também colecionavam arte antiga, como esculturas, sarcófagos, painéis em relevo e moedas. Ambos também se tornaram grandes patronos das artes, estimulando artistas humanistas. Este padrão começou a ser imitado em toda a Europa.

Os pintores e escultures renascentistas mostravam-se bastante interessados em mitologia clássica, às vezes até combinando-a com temas cristãos, como, por exemplo, representar sutilmente Vênus como a Virgem Maria. Os pensadores antigos passaram a ser diretamente representados na arte, talvez de maneira mais famosa na obra Escola de Atenas, afresco de Rafael (1483-1520) que se encontra no Vaticano.

Havia também a apreciação da habilidade dos artistas antigos, especialmente escultores, na captura da realidade em bronze e mármore. Os artistas renascentistas dedicaram-se a reproduzir esta realidade por conta própria, um processo que remonta a Giotto (n. 1267 ou 1277 - m. 1337), culminando com os retratos hiper-realistas dos artistas renascentistas holandeses. Assim como os escritores da Renascença, os artistas queriam não somente emular a tradição clássica, mas desenvolvê-la. Consequentemente, o uso da perspectiva tornou-se cada vez mais necessário e preciso. Os artistas também estavam convencidos de que seus colegas antigos, de alguma forma, tinham descoberto segredos matemáticos de proporção, especialmente relacionados ao corpo humano.

Os artistas começaram a dar ênfase à experiência humana em seu trabalho. Os retratos, por exemplo, podiam incluir um livro clássico próximo ao modelo para enfatizar suas tendências humanistas. Mesmo as obras religiosas do período apresentam figuras humanas e suas histórias nas cenas. Assim como os escritores humanistas sabiam bem o efeito poderoso de suas palavras, os artistas conheciam o poder de que dispunham ao criar uma impressão estética duradoura no observador. Talvez não haja melhor exemplo deste fator de admiração do que o teto da Capela Sistina, pintado por Michelangelo. Finalmente, a ênfase no indivíduo dentro do humanismo encontrou expressão na forma com que os artistas viam a si mesmos - artesãos superiores que usavam seu intelecto para estudar arte e criar obras-primas que levariam sua fama para as futuras gerações.

Loggia of Ospedale degli Innocenti by Brunelleschi
Loggia of Ospedale degli Innocenti, por Brunelleschi
Sailko (CC BY-SA)

O humanismo permeou a arquitetura renascentista, com edifícios projetados para serem elegantes, simétricos e funcionais, além de harmoniosos em relação aos ambiente próximo, assim como haviam sido na Roma antiga. Acima de tudo, as construções exibiam as proporções clássicas de comprimento e altura.

O humanismo, com sua reverência por autores clássicos e no que exatamente o conhecimento da Antiguidade podia nos ensinar, encontrou expressão nas artes performáticas, notavelmente nas peças teatrais de William Shakespeare (1564-1616), que estava interessado em personagens que revelassem a amplitude e a profundidade da experiência humana. Shakespeare talvez não tome partido específico nos debates humanistas apresentados em suas obras mas, pelo menos, faz uso magistral daquela poderosa ferramenta humanista - a linguagem - para alcançar seus efeitos.

O Legado do Humanismo Renascentista

O humanismo transformou a educação e rejuvenesceu o mundo das ideias e da arte com sua descoberta, promoção e adaptação de obras clássicas. Isso levou ao surgimento de uma rede internacional de estudiosos, conectados por cartas e livros; a separação entre a igreja e a política; o exame crítico de textos, que levou à descoberta de imprecisões e mesmo falsificações; e a instalação de bibliotecas públicas.

Talvez inevitavelmente, no entanto, os acadêmicos humanistas e pensadores começaram a se dividir em grupos, à medida que se especializavam em diferentes setores do que já era uma irremediavelmente ampla área do esforço humano. Havia realistas contra moralistas; aqueles que queriam esquecer tudo sobre religião e aqueles que não concordavam; os republicanos e os monarquistas. Havia humanistas que consideravam o estudo da linguagem como um fim em si mesmo, enquanto outros achavam que ela representava somente um meio de compreender ideias. Alguns preferiam uma vida de contemplação, em contraste com os que insistiam em colocar o humanismo em termos de política prática. À medida que ciência, artes, história, filosofia e teologia se dividiam, o Humanismo Renascentista chegou ao fim, abalado pela especialização acadêmica que venceu a batalha contra a obtenção de uma visão global da condição humana.

A despeito da ruptura do movimento humanista em suas partes componentes, a ideia essencial de que os humanos seriam merecedores de um estudo sério nunca desapareceu, naturalmente. Na verdade, essa ideia só se ampliou e se aprofundou. As disciplinas consideradas importantes para estudo nas fontes clássicas, como filosofia, história e literatura, passaram a ser coletivamente conhecidos como Humanas e, atualmente, como se sabe, fazem parte de importantes cátedras de instituições de ensino superior em todo o mundo.

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Perguntas e respostas

O que significa Renascentismo Humanista?

Renascentismo Humanista foi um movimento intelectual do século XV, período em que houve um renovado interesse no mundo clássico e em estudos que focalizavam menos a religião e mais no que significa ser humano.

Quais as características do Renascentismo Humanista?

O Renascentismo Humanista acreditava na importância da educação voltada para a literatura clássica e na promoção da virtude cívica, ou seja, despertar o potencial pleno das pessoas para seu próprio bem e para o bem da sociedade em que vivem.

Como a arte e arquitetura da Renascença reflete o humanismo?

A arte e arquitetura da Renascença refletem o humanismo na ênfase em ciência e matemática para a criação da arte e construções harmoniosas e que trazem proporções e perspectivas corretas.

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Ricardo é um jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é autor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações compartilham. Ele possui mestrado em Filosofia Política e é diretor editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2020, novembro 04). Humanismo Renascentista [Renaissance Humanism]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-19263/humanismo-renascentista/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Humanismo Renascentista." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação novembro 04, 2020. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-19263/humanismo-renascentista/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Humanismo Renascentista." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 04 nov 2020. Web. 06 set 2024.