Os Julgamentos das Bruxas de Salém

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Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 13 abril 2021
Disponível noutras línguas: Inglês, Chinês, francês, italiano, espanhol, Turco
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Witch Trial of George Jacobs (by Thomkins H. Matteson, Public Domain)
Julgamento por Bruxaria de George Jacobs
Thomkins H. Matteson (Public Domain)

Os Julgamentos das Bruxas de Salém foram uma série de procedimentos legais em Salém, Massachusetts, em 1692-1693, que resultaram na morte de 20 pessoas inocentes por acusações de bruxaria e na difamação de mais de 200 outras, com base, inicialmente, nos relatos de meninas que alegavam ter sido prejudicadas pelos feitiços de algumas mulheres.

Betty Parris (9 anos) e sua prima Abigail Williams (11 anos) fizeram as primeiras acusações, apoiadas por Ann Putnam, a Jovem (12 anos) e Elisabeth Hubbard (17 anos), mas, uma vez que tais acusações surgiram, vários outros não apenas apoiaram as meninas, mas incluíram novos concidadãos, provocando uma caça às bruxas em Salém e nas comunidades vizinhas.

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No cerne destes julgamentos e execuções posteriores estavam a religião e superstição na América Colonial. A Bíblia, no Livro de Êxodo 22:18, declara: "Não deixarás viver uma bruxa", o que acabou sendo adotado da mesma forma que qualquer outra injunção bíblica, com estímulo do ministro da aldeia de Salém na época, o reverendo Samuel Parris (v. 1653-1720). Parris era o quarto ministro chamado pela congregação da aldeia de Salém. Ministros anteriores haviam partido após permanências relativamente curtas e Parris estava se saindo um pouco melhor em sua capacidade de mediar disputas entre vizinhos até concentrar suas energias nas acusações de bruxaria. As tensões subjacentes da comunidade encontraram expressão na perseguição de membros marginalizados – e depois daqueles bem respeitados –, o que resultou na execução de 20 pessoas, autoexílio, perda de status ou morte na prisão de outras enquanto aguardavam uma audiência no tribunal.

Já em 1695, aumentaram as críticas contra os magistrados de Salém pela morte e perseguição de inocentes e essa opinião só ganhou terreno posteriormente. Entre 1700-1703, houve petições para a reversão das condenações e a exoneração dos acusados e, em 1711, foi autorizada a indenização das famílias dos injustamente executados. Desde então, os Julgamentos das Bruxas de Salém passaram a ser mencionados simplesmente como "julgamentos de bruxaria" ou "caça às bruxas" - em conexão com qualquer reivindicação infundada, injusta e sem provas contra uma pessoa ou os ideais que essa pessoa representa - e o evento ganhou status icônico nos EUA e em outros lugares.

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A Crença Colonial em Bruxaria

Os documentos legais e testemunhos da época estabelecem que vários cidadãos não acreditavam em bruxas, mas a maioria – nas colônias da Nova Inglaterra, bem como nas do centro e sul – tinha opinião contrária. Essa crença era estimulada pela leitura da Bíblia, através de histórias como a Bruxa de Endor (1 Samuel 28:3-25) e o trecho do Livro do Êxodo já mencionado. Encarava-se a Bíblia como a palavra incontestável de Deus e o livro sagrado deixava claro que as bruxas existiam tanto quanto qualquer outra coisa; questionar a existência delas significava colocar em dúvida a autoridade do livro sagrado.

A crença em bruxaria foi ainda mais encorajada pela necessidade de explicar o aparentemente inexplicável.

A crença em bruxaria foi ainda mais encorajada pela necessidade de explicar o aparentemente inexplicável. Se uma pessoa piedosa ou uma criança ou jovem noiva adoecesse de repente ou morresse, isso podia ser atribuído à vontade misteriosa de Deus, mas também facilmente explicado pela feitiçaria e como obra do demônio. Embora isso possa parecer irracional para o público moderno, esta crença também se apoiava na interpretação dos colonos sobre suas vivências cotidianas. Se o Vizinho A pedisse emprestado algumas velas ao Vizinho B e o Vizinho B recusasse o pedido, e se o Vizinho B adoecesse mais tarde ou sua casa pegasse fogo ou seu cavalo morresse sem que se soubesse o motivo, o Vizinho A poderia ser acusado de ter lançado um feitiço para provocar o infortúnio aparentemente inexplicável.

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No entanto, a crença nas bruxas não se originou nas colônias, já que a Inglaterra – e a Europa em geral – perseguia os acusados de bruxaria há séculos. Entre os julgamentos de bruxaria mais famosos da história inglesa está o das Bruxas de Pendle, em 1612, em Lancashire, que resultou na execução por enforcamento de dez pessoas. Publicados em 1613, os registros do processo passaram a ser amplamente lidos e o caso tornou-se popular novamente em 1634, quando uma das acusadoras acabou sendo apontada como bruxa. O caso de 1634, mais tarde, ficou ainda mais popularizado pelo melodrama The Late Lancashire Witches [As Últimas Bruxas de Lancashire], de Thomas Heywood (v. c. 1570-1641) e Richard Brome (v. c. 1590-1652), que termina com a suposição da culpa das acusadas.

Witchcraft at Salem Village
Bruxaria na Vila de Salém
Scewing (Public Domain)

Esta era quase sempre a conclusão precipitada das acusações de bruxaria, uma vez que se entendia que não se levantaria uma acusação tão séria contra alguém sem uma boa razão. Os acusadores pareciam sempre acreditar em suas palavras e evidências anedóticas representavam todas as provas que a corte precisava para decidir e, ainda que isso possa ser verdadeiro na opinião popular, os tribunais precisavam tentar pesar as evidências objetivas antes de proferir uma sentença, mesmo que o paradigma "culpada até que se prove a inocência" tivesse ampla adoção. Este certamente foi o caso dos Julgamentos das Bruxas de Salém de 1692-1693, durante os quais mais de 200 pessoas enfrentaram acusações de bruxaria na Vila de Salém, na Cidade de Salém, Andover, Ipswich e Topsfield; 30 foram condenadas e 20 executadas, a maior parte por enforcamento.

Contexto Social e Religioso

As tensões estavam altas tanto na vila quanto na cidade de Salém em 1692, e isso já vinha ocorrendo há algum tempo. Os cidadãos da vila se ressentiam da maior afluência da cidade, bem como da presunção desta de controlar seus assuntos. A Vila de Salém não tinha administração civil própria e, assim, encontrava-se sob jurisdição da Cidade de Salém. Os cidadãos eram obrigados a participar dos cultos dominicais, mas a cidade se recusava a permitir que a vila tivesse sua própria casa de reunião e, portanto, os aldeões precisavam se deslocar todos os domingos, em quaisquer condições climáticas, o que provocava muito ressentimento.

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A Vila de Salém acabou contratando seu próprio ministro, mas se recusou a pagá-lo e então ele foi embora. O segundo ministro, George Burroughs, experimentou os mesmos problemas e renunciou, mas permaneceu na aldeia. A partida do terceiro ministro contribuiu para a reputação da vila, disseminada pela Cidade de Salém, como contenciosa e mesquinha. Samuel Parris, um comerciante fracassado que frequentou a Universidade de Harvard, mas nunca completou o curso, tornou-se o quarto ministro. Ele parece ter adotado a religião como segunda opção de carreira. Em 1689, a Vila de Salém recebeu autorização para formar sua própria igreja, tendo Parris como pastor. O acadêmico Brian P. Levack comenta:

Parris mostrou-se uma escolha infeliz: um comerciante fracassado e amargo que se ressentia daqueles bem-sucedidos no ambiente comercial, ele alimentava as hostilidades locais. O novo pastor proferiu uma série de sermões inflamatórios que transformaram a divisão de facções numa batalha cósmica entre as forças do bem e do mal. Na mente de seus partidários, a Cidade de Salém tornou-se o símbolo de um mundo alienígena, corrupto e até diabólico, que ameaçava o bem-estar da vila. Como os apoiadores de Samuel Parris consideravam seus inimigos como nada menos que o mal, não demorou para se convencerem de que aqueles alinhados com a cidade e seus interesses eram servos de Satanás. (403)

As tensões aumentaram ainda mais com a chegada de imigrantes na área, membros de seitas cristãs minoritárias, como os Quakers, vistos como ameaças à visão puritana da comunidade de Salém. O medo perpétuo do perigo invisível e inesperado estava presente nas comunidades desde o início da Guerra do Rei Filipe (1675-1678), quando o rei Filipe (também conhecido como Metacomet, v. 1638-1676), da Confederação Wampanoag de nativos americanos, lançou um ataque que destruiu vários assentamentos da Nova Inglaterra e resultou na morte de centenas de pessoas.

King Philip (Metacom)
King Philip (Metacomet)
Paul Revere (Public Domain)

Em meio a essas tensões variadas, em fevereiro de 1692, a filha de Samuel Parris, Betty, e sua sobrinha, Abigail Williams, começaram a exibir comportamentos estranhos – rastejando pelo chão, escondendo-se sob os móveis, contorcendo-se, gritando e arremessando objetos – que, sem explicação mesmo após um exame médico, foram atribuídos à feitiçaria. Pouco depois, Ann Putnam, a Jovem, Elizabeth Hubbard e, em seguida, Mary Walcott, Mercy Lewis e Mary Warren – todas amigas de Betty Parris e Abigail Williams – começaram a exibir os mesmos sinais. Quando Samuel Parris perguntou à filha e à sobrinha quem havia lançado o feitiço que as atormentava, elas nomearam três mulheres – Sarah Good, Sarah Osborne e Tituba, escrava da casa dos Parris – e a Vila de Salém mergulhou num frenesi de caça às bruxas.

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Os Julgamentos de Bruxaria de Salém

Sarah Good era uma sem-teto que costumava mendigar e fora acolhida por Samuel Parris por um curto período de tempo, até que ele a expulsou por "comportamento malicioso" e ingratidão. Sarah Osborne, uma rica proprietária de terras que não frequentava a igreja há mais de três anos, alegando uma doença recorrente, tornou-se tão pária quanto Good. Tituba, possivelmente uma aruaque de origem caribenha, foi sequestrada, escravizada e vendida a Samuel Parris em Barbados, onde sua família tinha uma fazenda. Escrava doméstica da família, ela cuidava das crianças, muitas vezes entretendo-as com histórias de fantasmas e contos de demônios e magia.

O uso de "evidência espectral" era admissível no tribunal, pois o conceito havia sido desenvolvido pelo respeitado teólogo puritano Cotton Mather.

Tituba confessou (mais tarde revelando que Samuel Parris havia obtido a confissão dela através de espancamento) e apoiou a acusação das meninas sobre Good e Osborne. Good, como observado, já era desprezada pela família Parris e Osborne, devido a seus negócios de terras, prejudicou as finanças do pai de Ann Putnam, a Jovem. Tituba popularizou o conceito de bruxas montadas em vassouras e conversando com 'familiares' – espíritos em forma animal –, bem como associando-se a figuras demoníacas e lançando feitiços malignos. Osborne foi enforcada como bruxa em maio e Good em julho de 1692, ambas sustentando sua inocência até o fim; Tituba, uma vez que havia confessado, permaneceu presa, já que Parris se recusou a pagar as taxas que a teriam libertado. Finalmente, após ser vendida pelo preço das taxas prisionais, desapareceu da história.

As acusações contra as três mulheres marginalizadas, em fevereiro de 1692, representaram apenas o começo, no entanto, já que, em março, mais pessoas foram acusadas. Duas delas, Martha Corey e Rebecca Nurse, tinham boa reputação junto à igreja. Corey questionou a validade das denúncias das meninas, insinuando que estavam mentindo por razões pessoais e, assim, acabou sendo acusada como bruxa por negar a existência de bruxaria. A denúncia contra Purse, proveniente dos Putnams, dava conta de que seu "espectro" os assediava. O uso de "evidência espectral" era admissível no tribunal, pois o conceito havia sido desenvolvido pelo respeitado teólogo puritano Cotton Mather (v. 1663-1728), cujas obras desfrutavam de muita popularidade entre os cidadãos de Massachusetts.

A evidência espectral consistia na simples prevalência da palavra de um acusador sobre a do acusado, como ocorreu no julgamento de Martha Corey, durante o qual as meninas gritavam no tribunal que seu espectro as estava atormentando e um pássaro amarelo, invisível para todos, exceto para elas, estava se alimentando em sua mão. As duas acusadas, ambas com pouco mais de 70 anos, terminaram sendo enforcadas. Suas condenações aumentaram ainda mais a histeria: se duas mulheres idosas, que frequentavam a igreja e tinham boa reputação, podiam ser bruxas, qualquer outra pessoa poderia. O marido de Corey, Giles, foi alvo de denúncias por tê-la defendido. Depois de se recusar a enfrentar o julgamento, acabou executado através do esmagamento - imprensado até a morte por pesos – que tinha o objetivo de extrair a confissão de culpa. Como nunca confessou nem foi condenado, seu testamento teve validade e suas terras transferidas para seus herdeiros, como ele pretendia, em vez de serem tomados pela família Putnam, que o havia denunciado.

Examination of a Witch
Exame de uma Bruxa
Thomkins H. Matteson (Public Domain)

Embora a evidência espectral tenha sido permitida no tribunal, principalmente devido à elevada reputação de Mather, mesmo ele começou a reconhecer que as coisas estavam indo longe demais e escreveu a um dos juízes, em maio de 1692, recomendando que o tribunal não deveria dar mais credibilidade à evidência espectral do que era razoável. De acordo com o livro bíblico de 1 João 4:1, todos os espíritos precisavam ser testados para a verificação de que seriam de Deus ou do diabo e, assim, era possível que espíritos malignos estivessem influenciando os acusadores a condenar cristãos inocentes. Muitos que foram acusados confessaram ser bruxos na esperança de clemência, conforme Tiago 5:16: "Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para que sejais curados", mas aqueles que escaparam do enforcamento ou não morreram na prisão se retrataram mais tarde, explicando que só haviam confessado para se salvar e nunca tiveram relação com a bruxaria. Levack observa:

Uma vez que o testemunho espectral passou a ser questionado e os confessores começaram a se retratar, o tribunal se viu em uma posição extremamente embaraçosa [...] À medida que a ânsia do tribunal de condenar esbarrou num crescente coro de oposição aos seus procedimentos, o governador sentiu que não tinha escolha a não ser suspender os julgamentos e reavaliar a situação. (407)

Os julgamentos foram interrompidos e emitiram-se perdões para aqueles que ainda estavam na prisão em maio de 1693. Embora esteja bem documentado que 19 pessoas foram enforcadas e Giles Corey esmagado até a morte, outras morreram na prisão aguardando julgamento e mais de 200 tiveram suas reputações danificadas, senão irremediavelmente arruinadas. Os acusadores jamais tiveram de prestar contas de seus atos, pois nenhum dos envolvidos duvidava da realidade das bruxas e do seu poder de prejudicar ou de Satanás e sua capacidade de enganar para destruir. Depois que a histeria diminuiu, estas pessoas continuaram com suas vidas como se nada tivesse acontecido.

Conclusão

Aqueles que enfrentaram as acusações, ainda que perdoados, como já mencionado, não tiveram a mesma sorte e viveram com o estigma daquele evento ou se mudaram para outro lugar. Três anos depois, em 1696, o Tribunal Geral determinou um dia de jejum e arrependimento para os julgamentos de janeiro de 1693. Os juízes que presidiram os julgamentos arrependeram-se publicamente e pediram perdão à comunidade. A partir de 1700, várias petições foram apresentadas por membros das famílias prejudicadas ao governo colonial de Massachusetts para que as condenações fossem anuladas e, em 1711, 22 pessoas acabaram sendo exoneradas, inclusive com a devida compensação financeira. Esse processo continuou nos dez anos seguintes, mas não abrangeu todos os condenados. De fato, a exoneração completa de todas as pessoas condenadas só foi concluída em 2001.

Os Julgamentos das Bruxas de Salém, como o evento mais tristemente célebre do seu tipo, geraram uma série de mitos a partir do momento em que as pessoas começaram a escrever a respeito, desde o início do século XVIII até os dias atuais. Entre os mais persistentes está o fato de que "bruxas" foram queimadas em Salém, embora não haja evidências para apoiar essa afirmação. Nenhuma "bruxa" queimou na fogueira em Salém; todas morreram enforcadas. Até recentemente, pensava-se que os condenados haviam sido enforcados em Gallows Hill, evocando imagens de uma sombria marcha da morte colina acima até o local da execução, mas o Projeto Gallows Hill, de 2017, desmascarou esse mito, estabelecendo que os enforcamentos ocorreram na parte inferior, numa área muito menos dramática conhecida como Proctor's Ledge.

Também se alegou que a maioria dos acusados consistia em mulheres pobres e marginalizadas, mas isso também foi contestado e desmascarado. As denúncias e condenações envolveram pessoas de todas as classes sociais, homens e mulheres - e, inclusive, dois cães - sem qualquer distinção. George Burroughs, o segundo ministro a renunciar na Vila de Salém, enfrentou acusações porque parecia possuir força sobrenatural; outra mulher acabou condenada porque seria capaz de caminhar pelas ruas poeirentas da vila sem sujar suas roupas; e Martha Corey, conforme já mencionado, enfrentou o tribunal por negar a existência da bruxaria.

Ao longo dos anos, muitas teorias surgiram para explicar a histeria e os julgamentos de Salém sobre bruxaria. Uma delas, popularizada na década de 1970, dá conta de que os colonos teriam sido envenenados por fungos na colheita de cevada de 1692, o que teria provocado o chamado ergotismo, que causa alucinações, mas isso não explica a continuidade dos processos ao longo do ano seguinte, nem o fato de que, mesmo posteriormente, muitos ainda acreditavam em bruxaria e na justiça aplicada pelos julgamentos. Este tipo de processo já havia sido realizado antes de 1692 e continuaria em épocas posteriores nas colônias. As tensões de classe entre a Vila e a Cidade de Salém também vêm sendo citadas como uma possível causa mas, ainda que tenham aumentado as tensões na época, não provocaram na verdade a onda de histeria. Das primeiras pessoas acusadas, somente Osborne tinha conexões com a Cidade de Salém e as outras duas moravam na vila.

A causa mais provável da histeria sobre bruxaria de 1692-1693 foi a crença religiosa, aliada às tensões sociais. Ninguém jamais saberá o que levou as meninas a fazer as denúncias que iniciaram o pânico mas, uma vez desencadeado, elas confirmaram o que os colonos já acreditavam. O dramaturgo americano Arthur Miller utilizou os julgamentos em Salém como uma alegoria das audiências do deputado norte-americano Joseph McCarthy na década de 1950 - que buscavam eliminar o comunismo nos Estados Unidos - em sua peça The Crucible [As Bruxas de Salém]. Ele chama a atenção dos perigos das ideologias que precisam do viés de confirmação para se desenvolver. Em ambos os casos, os acusadores operavam na crença da existência de agentes ameaçadores em seu meio, contra os quais precisavam se defender. O povo de Massachusetts acreditava em bruxaria porque a religião na América Colonial estimulava essa crença. Não precisavam do ergotismo ou coisa parecida; tudo o que necessitavam era uma manifestação física do que temiam para confirmar o que já sabiam ser verdade para, então, agir a respeito.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Joshua J. Mark é cofundador e diretor de conteúdos da World History Encyclopedia. Anteriormente, foi professor no Marist College (NY), onde lecionou história, filosofia, literatura e redação. Ele viajou bastante e morou na Grécia e na Alemanha.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2021, abril 13). Os Julgamentos das Bruxas de Salém [Salem Witch Trials]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-19620/os-julgamentos-das-bruxas-de-salem/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Os Julgamentos das Bruxas de Salém." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação abril 13, 2021. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-19620/os-julgamentos-das-bruxas-de-salem/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Os Julgamentos das Bruxas de Salém." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 13 abr 2021. Web. 21 dez 2024.