Maria Antonieta

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Harrison W. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 04 abril 2022
Disponível noutras línguas: Inglês, africâner, francês, espanhol, Turco
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Marie Antoinette in a Muslin Dress (by Élisabeth Vigée Le Brun, Public Domain)
Maria Antonieta num Vestido de Musselina
Élisabeth Vigée Le Brun (Public Domain)

Maria Antonieta (v. 1755-1793) foi a rainha da França durante os turbulentos anos finais do Ancien Régime (Antigo Regime) e a subsequente Revolução Francesa (1789-1799). Com a ascensão ao trono do marido, Luís XVI da França (r. 1774-1792) ela se tornou rainha aos 18 anos e carregaria nos ombros muito da culpa pelas perceptíveis deficiências morais da monarquia francesa.

Vida Pregressa

Ela nasceu em Viena, no dia 2 de Novembro de 1755, como Maria Antônia Josefa Joana, arquiduquesa da Áustria. Sua data de nascimento foi pouco auspiciosa, ocorrendo um dia após um grande terremoto matar 30.000 pessoas em Lisboa, um portento assustador do seu infortunado futuro. Mas seus pais, a Imperatriz dos Habsburgo Maria Teresa da Áustria (v. 1717-1780) e Francisco I, Imperador do Sacro Império Romano (v. 1708-1765), estavam no zênite de sua glória e não viam razão para deixar de celebrar o nascimento de sua décima quinta e penúltima criança, a futura rainha da França.

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A jovem arquiduquesa, afetuosamente apelidada “Madame Antônia” pela mãe, desfrutou de uma infância feliz, divertindo-se no inverno deslizando em trenós pelas colinas próximas do pavilhão familiar em Laxemburgo e passando os verões no conforto do Palácio Schönbrunn, em Viena. Foi no palácio que a jovem princesa se encontrou com a criança prodígio Wolfgang Amadeus Mozart, ambos com sete anos. Dali em diante ela manifestaria interesse pela música, tocando espineta e flauta e distinguindo-se na arte da dança. Numa família tão grande, Maria Antônia encontrou conforto na amizade de sua irmã, Maria Carolina, futura rainha de Nápoles e Sicília.

Após um casamento por procuração e a renúncia a qualquer reivindicação sobre territórios dos Habsburgos, Maria Antônia partiu para a França para se encontrar com o futuro Luís XVI.

Maria Teresa não poderia ser considerada uma mãe carinhosa e a morte de seu marido, em 1765, deixaria a imperatriz enlutada pelo resto da vida, um pesar o que com frequência se manifestava como insatisfação diante do comportamento das crianças. Esta complexa e distante relação com Maria Antônia, que era tanto uma peoa no jogo político quanto filha, pode ser melhor resumida com uma frase de Maria Antonieta, já adulta: “Amo a Imperatriz, mas tenho medo dela, mesmo à distância; quando escrevo para ela, nunca me sinto completamente à vontade” (Fraser, 22). Porém, para uma família tão importante quanto a dos Habsburgos, o dever viria sempre antes do amor filial e, portanto, Maria Antônia viu-se noiva do delfim da França em 1769.

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Uma aliança franco-austríaca era certamente algo controverso, uma vez que boa parte da população de ambos os países odiava-se mutuamente; antes da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), o próprio Rei Luís XV da França (r. 1715-1774) tinha sido inimigo de Maria Teresa. Ainda assim, após o conflito, o enfraquecido reino da França precisou ingressar, ainda que de forma ressentida, numa aliança de ocasião com a Áustria. As duas nações concordaram que tal aliança deveria ser solidificada através do matrimônio. Eventualmente decidiu-se que Maria Antônia se casaria com o neto de Luís XV, Luís-Augusto, Duque de Berry (v. 1754-1793), herdeiro e delfim da França com a morte de seu pai, em 1766. Após um casamento por procuração e a renúncia a qualquer reivindicação sobre territórios dos Habsburgos, Maria Antônia partiu para a França para se encontrar com o marido. Ela chegou a Versalhes em 14 de Maio de 1770, com apenas 14 anos. Junto com o título de delfina, adotou a versão francesa de seu nome: Maria Antonieta.

Delfina da França

A transição de arquiduquesa da Áustria para delfina francesa não foi fácil. Como se não bastasse seu francês nada brilhante, piorado pelas ocasionais frases em alemão, sua assimilação ficou mais difícil ainda pela estrita etiqueta da vida cortesã de Versalhes. Numa corte planejada especificamente para orbitar em torno da família real, Maria Antonieta descobriu que a privacidade não era um luxo permitido à realeza francesa. Os cortesãos observavam-na enquanto comia e um grupo de damas fazia-lhe companhia enquanto se vestia. Além disso, ela precisava se acostumar às minúcias do protocolo da corte e da moda de Versalhes, que consistia em generosas aplicações de cosméticos e pós capilares, uma combinação que o amigo austríaco Leopold Mozart descreveu como “insuportável aos olhos de um alemão honesto” (Fraser, 78).

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Mesmo assim, a delfina adolescente precisava assimilar tudo sem demora. A imperatriz, que permanecia em constante correspondência com a filha, esperava que sua prole trabalhasse em prol dos interesses dos Habsburgos. Maria Teresa demandava relatórios sobre nomeações ministeriais francesas e insistia que filha influenciasse a política externa francesa em favor da Áustria. Com frequência havia dificuldades nessa tarefa, especialmente em situações onde os interesses austríacos conflitavam com os da França, conforme ocorreu com a primeira Divisão da Polônia, em 1772, e a Guerra da Sucessão da Bavária, em 1778. A sombra constante de Maria Teresa não ajudou em nada à reputação de Maria Antonieta, acusada de ser leal demais à sua terra natal – o que a levou a ser chamada, com desprezo, de l'Autrichienne (a Austríaca).

Marie Antoinette in 1775
Maria Antonieta em 1775
Jean-Baptiste André Gautier-Dagoty (Public Domain)

A despeito de tudo isso, a delfina tornou-se popular durante seus primeiros anos na França. Jovem, bela e charmosa, sua primeira visita oficial a Paris, em 1773, foi um grande sucesso. A habilidosa graciosidade encantava as damas da corte, particularmente às tias do delfim, e ela se esforçou para se conectar com o marido também, acompanhando-o às caçadas que ele tanto apreciava. Mas havia também rivais, a principal delas Madame Du Barry, a amante principal de Luís XV, cuja influência sobre o idoso rei a tornou, na prática, regente da França.

A rivalidade começou quando Du Barry provocou a demissão do Duque de Choiseul, um dos arquitetos da aliança franco-austríaca, a quem Maria Antonieta considerava um amigo e aliado na corte. A delfina recusou-se a falar com Du Barry, o que teria causado um escândalo caso Maria Teresa não tivesse ordenado à filha que voltasse a fazê-lo. Maria Antonieta obedeceu, ainda que ressentida. No réveillon de 1772, ela disse uma frase bem pouco inspirada para Du Barry: “Há muitas pessoas em Versalhes hoje” (Fraser, 98). Não muito, mas o suficiente para evitar um escândalo. No entanto, Maria Antonieta permaneceu hostil e Du Barry seria exilada da corte dois dias após a ascensão de Luís XVI ao trono.

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Rainha da França

Em 10 de Maio de 1774, Luís XV morreu de varíola. Com sua morte, Luís-Augusto, de 19 anos, subiu ao trono como Luís XVI, rei da França e Navarra, com Maria Antonieta como sua rainha consorte. A coroação aconteceu em Reims um ano depois.

Louis XVI of France
Luís XVI da França
Joseph-Siffred Duplessis (Public Domain)

Após a cerimônia de coroação, persistia um sério problema com o casamento real: Maria Antonieta demorava a conceber um filho. De fato, em 1777, o casamento de sete anos do casal ainda não tinha sido consumado. Desde que produzir herdeiros era um papel essencial para qualquer rainha consorte, quando mais tempo Maria Antonieta continuasse sem dar à luz a uma criança, menos segura estaria sua posição. Os casamentos dos irmãos mais novos do rei, os condes da Provença e Artois, ameaçavam solapar sua influência caso resultassem em filhos antes do dela, um receio concretizado com o nascimento do filho de Artois, em 1775. Claramente, o rei e a rainha precisavam de alguma orientação. Ansioso para ver um meio-Habsburgo como herdeiro do trono francês, o irmão mais velho de Maria Antonieta, José II, Sacro Imperador Romano (r. 1765-1790) assumiu a responsabilidade de salvar o casamento da irmã.

José chegou à França incógnito em Abril de 1777. Ele se encontrou com o rei e a rainha, indagando a ambos por que o casamento não havia sido consumado. Embora houvesse rumores de que Luís XVI sofresse de fimose, uma condição que faria o ato sexual doloroso, José discerniu que era mais provavelmente uma questão da apatia de Luís em relação aos seus deveres matrimoniais. Numa carta ao seu irmão Leopold, José descreve zombeteiramente a estranha técnica sexual de Luís: "Ele introduz seu membro, fica lá sem se mexer por uns dois minutos, recua... e dá boa-noite" (Fraser, 156). José deve ter ensinado seu cunhado o meio correto de executar o ato, pois quando retornou a Viena recebeu cartas tanto de Luís quanto de Maria Antonieta, agradecendo pelos conselhos e anunciando que a rainha estava finalmente grávida. Parecia que, seja lá o que for que José dissera, havia funcionado. Dali em diante, Luís parou de ser "dois terços de um marido" (Fraser, 157).

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Maria Antonieta teve quatro crianças. O nascimento de uma filha, Maria-Teresa (1778) seria seguido pelo longamente antecipado delfim, Luís-José, que nasceu em 1781, e outro menino, Luís-Carlos, em 1785. A quarta criança, Sofia, nasceu em 1786 e viveu somente 11 meses; um precedente perturbador, já que somente a filha mais velha da rainha viveria até a idade adulta. A rainha era uma mãe afetuosa, que adorava cada um dos seus filhos. A família também incluía várias adoções.

Marie Antoinette and her Children
Maria Antonieta e seus filhos
Élisabeth Vigée Le Brun (Public Domain)

A repentina fertilidade da rainha despertou algumas suspeitas. Os escandalosos panfletos difamatórios (libelle), que atacavam Maria Antonieta desde que tinha se tornado rainha, começaram a espalhar rumores de que Luís XVI não era o pai das crianças reais. Era uma acusação perigosa numa forma de governo que derivava sua legitimidade de uma linhagem real válida. Embora a rainha tivesse tido um caso com o arrojado militar sueco Conde Axel von Fersen (1755-1810) desde 1783, muitos biógrafos, incluindo Antonia Fraser, rejeitam a ideia de que os filhos de Maria Antonieta tivessem outro pai que não o rei.

Naturalmente, os inimigos da monarquia e aqueles esperando ganhar dinheiro com os libelles repletos de bisbilhotices não se importavam com a verdade. Como era uma estrangeira e mulher, Maria Antonieta rapidamente se tornou um alvo favorito de rumores caluniosos. Ela foi comparada com mulheres notórias da história. Um dos panfletos a chamava de "mais sombria do que Agripina... mais libertina do que Messalina" (Furet, 258). Acusavam-na de múltiplos atos de desvios sexuais, desde promover orgias nos jardins de Versalhes até se engajar em romances lésbicos a portas fechadas. Os próprios libelles eram com frequência pornográficos e incluíam imagens de Maria Antonieta em situações obscenas. Com a exceção do seu relacionamento com Fersen, estas narrativas da promiscuidade da rainha eram mentiras deslavadas.

Ela foi considerada como símbolo dos gastos frívolos da coroa, o que lhe valeu o apelido de “Madame Déficit”.

A rainha também era acusada de ser uma perdulária sem limites. Era famosa por apreciar jogos de cartas e bilhar nas dependências do Petit Trianon, seu palácio pessoal, presente de casamento de Luís XVI. A jogatina de Maria Antonieta, combinada com os luxuosos vestidos da moda e mobília para seus apartamentos reais, despertava a desaprovação de muitos, já que o país continuava a descambar rumo à bancarrota. Ainda que a rainha dificilmente fosse a única com gastos elevados na residência real, passou a ser vista como símbolo dos gastos frívolos da coroa, o que lhe valeu o apelido de “Madame Déficit”. Apesar disso, é importante notar que Maria Antonieta também fazia doações para a caridade e se engajava em ações filantrópicas.

O caso do colar de diamantes, que veio à luz em 1785, parece ter sido o prego final no caixão da já abalada reputação da rainha. Mesmo que fosse uma vítima inocente do caso, que envolvia trapaceiros forjando sua assinatura para obter um valioso colar, Maria Antonieta ainda assim foi amplamente responsabilizada pelo escândalo que se seguiu. Suas despesas continuaram a ser alvo de escrutínio e exageros e todas as tentativas de melhorar sua imagem falharam. Às vésperas da Revolução, a rainha era tão desprezada que parou de aparecer em eventos públicos.

A Queda da Monarquia

Em 1788, o estado de rápida deterioração das finanças francesas forçou Luís XVI a programar uma reunião dos Estados Gerais para o ano seguinte. Na esperança de ganhar o tão necessário apoio da opinião pública, Maria Antonieta orquestrou o retorno do popular ministro das finanças, Jacques Necker (1732-1804). A nomeação de Necker mostrou-se uma vitória a curto prazo, pois conduziu à elevação da aprovação pública do governo, bem como a uma imediata alta na bolsa de valores. Entretanto, era muito tarde para conquistar o apoio do público de volta; ao liderar a procissão dos deputados dos Estados-Gerais em 4 de Maio de 1789, Maria Antonieta foi saudada com um silêncio gelado pelos mesmos espectadores que aclamaram os populares campeões do povo que vieram a seguir.

A rainha participou da abertura dos Estados Gerais, mas logo foi chamada de volta devido à piora do estado de saúde do doentio delfim. Em 4 de Junho, Luís-José morreu de tuberculose com apenas sete anos. A morte da segunda criança em dois anos (Sofia morrera em 1787) aumentou o pesar de Maria Antonieta, que ficou enlutada. Porém, o país parece nada ter notado, pois todos os olhares se voltavam para os Estados Gerais, onde o Terceiro Estado estava formando uma Assembleia Nacional e clamando por uma nova constituição.

The Opening of the Estates-General
A Abertura dos Estados-Gerais
Isidore-Stanislas Helman (Public Domain)

Em seguida à Queda da Bastilha, em 14 de Julho de 1789, a Assembleia aprovou os Decretos de Agosto, que desmantelaram o sistema feudal, e adotaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. À medida que a Assembleia Nacional desmontava o Ancien Régime a cada decreto, Luís XVI teimosamente lutava para preservar a autoridade real. Maria Antonieta, hostil à Revolução e descrita pelo Conde de Mirabeau (1749-1791) como "o único homem" com o qual o rei podia contar, permaneceu decididamente a seu lado (Schama, 533).

No dia 5 de Outubro de 1789, a Marcha das Mulheres para Versalhes transferiu a família real para o Palácio das Tulherias, em Paris, onde foram mantidos sob vigilância da milícia de cidadãos conhecida como Guarda Nacional, comandada pelo Marquês de Lafayette (1757-1834). Enquanto a Assembleia Nacional discutia os termos de uma nova monarquia constitucional, o influente Mirabeau argumentava em favor do rei, apelando para a manutenção da autoridade de Luís XVI. A morte de Mirabeau, em Abril de 1791, deixou o rei exposto e sem amigos na assembleia. Em junho, uma tentativa da família real de escapar de Paris falhou e o casal real foi escoltado de volta pela Guarda Nacional. Conhecido como a fuga para Varennes, o plano somente aumentou a desconfiança do público e o desdém por Luís XVI e sua esposa, cuja ambivalência diante da Revolução fazia muitos acreditarem que a rainha desejava se banhar no sangue dos franceses.

Após Varennes, a situação piorou ainda mais para a família de Maria Antonieta, posta sob estrita vigilância. A Declaração de Pillnitz, assinada pelo irmão da rainha, Leopoldo II, Sacro Imperador Romano (r. 1790-1792) e pelo Rei Frederico William da Prússia, ameaçava a França com invasão caso a família real sofresse algum dano. Em Abril de 1792, a França declarou oficialmente guerra à Áustria, que teve o apoio da Prússia, deflagrando as Guerras Revolucionárias Francesas (1792-1802). Esperançosa de um resgate pelas forças austro-prussianas, Maria Antonieta vazou segredos militares franceses em cartas para Fersen e para seu amigo, o Conde Mercy-Argenteau.

Marie Antoinette in 1791/1792
Maria Antonieta em 1791/1792
Alexander Kucharsky (Public Domain)

Em Julho, Áustria e Prússia divulgaram o Manifesto de Brunswick, que prometia a destruição total de Paris se qualquer coisa acontecesse à família real. Como resposta imediata, uma multidão invadiu o Palácio das Tulherias em 10 de Agosto. A família real se escondeu, mas a turba massacrou os Guardas Suíços. Três dias depois, a família real foi aprisionada na Torre do Templo.

Pouco mais de um mês depois, a arrasadora vitória do exército revolucionário francês sobre a Prússia, na Batalha de Valmy, encorajou a Convenção Nacional a abolir a monarquia e declarar a Primeira República Francesa. Agora conhecido simplesmente como Cidadão Luís Capeto, o marido de Maria Antonieta foi acusado de traição contra a República e julgado em Dezembro. Condenado à morte, foi guilhotinado em 21 de Janeiro de 1793.

Execução e Legado

A morte do marido deixou a antiga rainha devastada pelo pesar. Agora referida como "a Viúva Capeto", Maria Antonieta não conseguia sequer sair para os jardim para tomar ar fresco, pois para fazê-lo precisaria passar pelos aposentos agora vazios do rei. Como seu filho sobrevivente estava sendo reconhecido por emigrados realistas como Luís XVII, legítimo rei da França, Maria Antonieta foi separada dele em 3 de Julho de 1793. Os comissários que vieram buscá-lo justificaram-se com a alegação sem provas de que havia uma trama para sequestrar o menino. Por uma hora, Maria Antonieta recusou-se a entregar o filho, mesmo quando sua vida foi ameaçada. Rendeu-se somente quando as ameaças se estenderam à sua filha.

Nos meses seguintes à execução de Luís XVI, o destino de Maria Antonieta era incerto. Alguns argumentavam que ela deveria permanecer como refém ou talvez ser usada numa troca de prisioneiros, mas a ascensão dos jacobinos radicais no comando do infame Comitê de Segurança Pública selou seu destino. Em seguida ao fracasso da Trama do Cravo para libertá-la da prisão, a Viúva Capeto foi julgada pelo Tribunal Revolucionário em 14 de Outubro, sob a acusação de vários crimes, incluindo alta traição. Considerada culpada, foi condenada à morte e guilhotinada em 16 de Outubro de 1793. Suas últimas palavras, após acidentalmente pisar no pé do seu executor, foram "Perdão, senhor. Não fiz de propósito" (Fraser, 440).

O legado de Maria Antonieta é de uma figura trágica, vítima de seu tempo e das circunstâncias. As mentiras espalhadas sobre ela foram suficientes para manchar sua reputação tão completamente que alguns rumores persistem (por exemplo, não há evidência de que ela jamais tenha dito “Então que comam brioches”, embora a citação ainda lhe seja amplamente atribuída). Um bode expiatório para todos os erros da monarquia francesa, muitos viram sua morte como necessária para a continuidade da Revolução. A despeito disso, sua lenda persiste e a história de Maria Antonieta, com seu trágico final, continua a nos fascinar até os dias de hoje.

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Perguntas e respostas

Quem foi Maria Antonieta?

Maria Antonieta nasceu em 2 de Novembro de 1755 como Maria Antonia Josefa Joana, arquiduquesa da Áustria. A décima-quinta filha da imperatriz dos Habsburgos, Maria Teresa da Áustria (v. 1717-1780) e Francisco I, Imperador do Sacro Império Romano, Maria Antonieta (v. 1755-1793) foi a rainha da França durante os turbulentos anos finais do Ancien Régime e da subsequente Revolução Francesa (1789-1799).

O que tornou Maria Antonieta tão famosa?

Vítima da época e das circunstâncias, ela se transformou num bode expiatório de tudo o que havia de errado na monarquia francesa. As mentiras espalhadas sobre ela foram suficientes para manchar sua reputação tão completamente que alguns rumores ainda persistem.

Maria Antonieta teve quantos filhos?

Maria Antonieta teve quatro crianças: Maria-Teresa em 1778, Luís-José em 1781, Luís-Carlos em 1785 e Sofia em 1786. Somente sua filha mais velha sobreviveu até a idade adulta.

Por que Maria Antonieta foi executada?

Após a ascensão dos jacobinos radicais, durante o período do infame Comitê de Segurança Pública, o Tribunal Revolucionário a acusou de vários crimes, incluindo alta traição, pois muitos viam sua morte como necessária para a continuidade da Revolução.

Quais foram as últimas palavras de Maria Antonieta?

Suas últimas palavras, após acidentalmente pisar no pé do seu executor, foram "Perdão, senhor. Não fiz de propósito".

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Harrison W. Mark
Harrison Mark é graduado pela SUNY Oswego, onde estudou história e ciência política.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, H. W. (2022, abril 04). Maria Antonieta [Marie Antoinette]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20650/maria-antonieta/

Estilo Chicago

Mark, Harrison W.. "Maria Antonieta." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação abril 04, 2022. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20650/maria-antonieta/.

Estilo MLA

Mark, Harrison W.. "Maria Antonieta." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 04 abr 2022. Web. 21 dez 2024.