A Tomada da Bastilha

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Harrison W. Mark
por , traduzido por Elmer Marques
publicado em 02 maio 2022
Disponível noutras línguas: Inglês, africâner, francês, espanhol
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The Storming of the Bastille (by Jean-Pierre Houël, Public Domain)
A Tomada da Bastilha
Jean-Pierre Houël (Public Domain)

A Tomada da Bastilha (também conhecida como a Queda da Bastilha) foi um momento decisivo nos primeiros meses da Revolução Francesa (1789-1799). Em 14 de julho de 1789, a Bastilha, uma fortaleza e prisão política que simbolizava a opressão do Antigo Regime Francês, foi atacada por uma multidão que consistia principalmente de sans-culottes, que correspondiam às classes mais pobres da sociedade francesa. O aniversário da Tomada da Bastilha é até hoje celebrado na França como o feriado nacional do país.

O evento foi o resultado de múltiplas diferentes causas. Embora o catalisador do ataque tenha sido a demissão do popular Jacques Necker, um plebeu de Genebra, do cargo de ministro do rei Luís XVI da França (r. 1774-1792), os desequilíbrios sociais e as dificuldades financeiras vinham pressionando o povo francês por muitos anos. Percebia-se que o rei fazia esforço para desfazer os trabalhos dos Estados-Gerais de 1789 que, por sua vez, resultou na formação da Assembleia Nacional dominada pelos membros do Terceiro Estamento (também conhecido como Terceiro Estado). Combinado com o aumento no preço do pão, a população de Paris entrou em pânico, fazendo com que atacassem os símbolos da autoridade real, incluindo a sempre intimidadora Bastilha.

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Enquanto a Tomada da Bastilha foi significativa na medida em que viu a primeira intervenção de grande escala dos sans-culottes na Revolução, ela foi também um dos primeiros episódios de derramamento de sangue e de poder das massas populares cometido pelos revolucionários no que até então havia sido uma revolução relativamente pacífica e ordeira. O evento marcou um importante ponto de virada no qual os poderes do rei foram diminuídos e o processo de desmantelamento da monarquia começou.

30 mil tropas se concentraram ao redor de Paris, muitos deles soldados estrangeiros pagos pela monarquia francesa.

A tempestade que se aproxima

Na noite de 27 de junho, os céus de Paris estavam iluminados por fogos de artifício para celebrar a reconciliação dos três estamentos da sociedade francesa unidas na Assembleia Nacional. A 21 quilômetros dali, contudo, os céus de Versailles estavam “pesarosamente silenciosos” (Schama, 371). Luís XVI, herdeiro do legado do absolutismo, foi obrigado a sofrer a insolência do Terceiro Estamento (também chamado de Terceiro Estado), que estava naquele momento trabalhando em uma constituição que retiraria o poder de Versailles e o colocaria nas mãos do povo. A Assembleia, que havia se renomeado, em 9 de julho, como Assembleia Nacional Constituinte, estava agindo como se fosse ela quem estivesse no comando, algo que o rei não podia tolerar.

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Em 26 de junho, Luís XVI convocou seis regimentos reais para a região de Paris, e em 1º de julho ele convocou mais dez. Em pouco tempo, 30 mil tropas estavam concentradas ao redor de Paris, muitos deles soldados estrangeiros pagos pela monarquia francesa. Essa escalada ameaçadora era vista por muitos como a adoção, pelo rei, de medidas contrarrevolucionárias, um aviso aos petulantes membros da Assembleia. Não passou despercebido aos parisienses que aquelas tropas estrangeiras teriam provavelmente menos escrúpulos para atirar nos franceses que os soldados nascidos na França poderiam ter tido. Em 8 de julho, uma Assembleia inquieta pediu formalmente ao rei que removesse as tropas, mas o rei se recusou a fazê-lo, afirmando que seu propósito era apenas manter a ordem em Paris e proteger as atividades da Assembleia.

Louis XVI of France
Luís XVI da França
Joseph-Siffred Duplessis (Public Domain)

Ao mesmo tempo, o rei agiu contra os membros de seu próprio ministério, demitindo muitas figuras-chave e substituindo-as por ministros mais hostis à incipiente revolução. Jacques Necker, ministro-chefe e defensor do Terceiro Estamento, era o principal alvo. Culpado pelos conservadores em Versailles pelos fracassos dos Estados-Gerais, Necker atraiu a ira do Conde d’Artois, o irmão mais novo do rei, que se referia a ele como um “traidor estrangeiro” que deveria ser enforcado (Schama, 373). Sob as insistências de Artois e da rainha Maria Antonieta (1755-1793), Luís XVI demitiu Necker em 11 de julho de 1789, ordenando-lhe que se retirasse do país imediatamente. Parecia que Luís XVI estava apertando o cerco à Assembleia e seus apoiadores.

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Os trabalhadores mais pobres eram forçados a gastar até 80% de sua renda apenas para comprar pão.

Enquanto isso, Paris já estava em estado de agitação. Uma péssima colheita seguida por um inverno devastador fez com que o preço do pão atingisse a mais alta cotação em todo o século 18, atingindo o preço mais alto de todos os tempos em 14 de julho. Uma vez que o pão constituía-se em importante parcela da dieta comum dos franceses, os trabalhadores mais pobres eram forçados a gastar até 80% de sua renda apenas para comprar pão. Naturalmente, multidões furiosas começaram a se aglomerar. Alguns dias antes, em 27 de junho, cinco companhias semi-militares da Guarda Francesa receberam ordens para dispersar uma multidão raivosa devido ao preço do pão, mas os soldados não cumpriram a ordem e se amotinaram. Quando dez daqueles soldados foram presos por indisciplina, 4 mil parisienses invadiram a prisão e os libertaram. Essa agitação, alimentada pela presença de soldados reais, rapidamente iria se transformar em uma tempestade quando notícias de que Necker havia sido demitido chegaram à cidade.

Os tumultos de 12-13 de julho

O Palais-Royal, a residência do duque de Orleães em Paris, um apoiador da Revolução, havia se tornado o ponto de encontro favorito dos parisienses revolucionários. Foi aqui que as massas enfurecidas se reuniram em 12 de julho, quando a notícia da demissão de Necker e seu exílio tornou-se de conhecimento público. As paixões foram despertadas, alguns carregavam bustos de Necker, enquanto outros espancaram publicamente uma “mulher de qualidade” por ela ter cuspido em um retrato de Necker. À tarde, mais de 6 mil pessoas haviam se reunido no palácio, procurando por um lugar onde pudessem direcionar sua raiva.

Um propósito foi dado a eles por Camille Desmoulins (1760-1794), jornalista de 29 anos de idade. Saltando sobre uma mesa no Café Foy nos jardins do Palais-Royal, Desmoulins proferiu um empolgante discurso no qual ele elogiou Necker e enfatizou a ameaça dos soldados, cuja presença opressiva poderia levar a outro Massacre de São Bartolomeu. Empunhando uma pistola, Desmoulins proferiu um chamado às armas, afirmando que “eu prefiro morrer que ser submetido à servidão” (Schama, 382).

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Desmoulins Making a Call to Arms, 12 July 1789
O Chamado às Armas de Desmoulins, 12 de julho de 1789
by Pierre-Gabriel Berthault (Public Domain)

Com seu discurso, Desmoulins acendeu o barril de pólvora da multidão, que rapidamente tomou as ruas de Paris. Milhares de parisienses dirigiram-se à Champs-Élysées, alarmando os oficiais reais. A unidade de cavalaria - o Regimento Real Alemão - foi enviado para expulsar os manifestantes da Praça Luís XV (atualmente Praça da Concórdia), empurrando-os de volta para os jardins do Palácio das Tulherias. Os parisienses fizeram chover cadeiras, pedras e peças de escultura sobre os soldados da cavalaria, enquanto os soldados continuavam a atacar, ferindo diversas pessoas. Vendo que a multidão não recuaria, o comandante real relutantemente ordenou a retirada de todas as tropas para o Campo de Marte, a fim de evitar um banho de sangue.

No próximo dia, com grande parte da cidade nas mãos das massas, a verdadeira revolta começou. Mais de 40 postos de pedágio foram queimados, juntamente com os documentos e registros fiscais que neles se encontravam, e o Monastério de Saint-Lazare teve todos os seus gêneros alimentícios saqueados. Temendo retaliação imediata dos soldados reais, as pessoas começaram a invadir todos os armeiros e arsenais da cidade. Embora o Hotel de Ville, sede do governo da cidade de Paris, tenha autorizado a formação de uma milícia de cidadãos de Paris (mais tarde renomeada de Guarda Nacional) para defesa da cidade, isso não acalmou a multidão, que invadiu o arsenal no Inválidos na manhã do dia 14 de julho, fugindo com mais de 30 mil mosquetes. Sem munição, a multidão procurou por um local onde eles pudessem encontrá-la: a fortaleza da Bastilha.

A Bastilha: símbolo da tirania

Construída no século 14 para defender Paris contra os ingleses, a Bastilha era uma fortaleza em todos os sentidos da palavra. Com oito torres arredondadas, duas pontes levadiças, muralhas com dois metros e meio de espessura, a Bastilha pairava sobre a cidade como uma manifestação física do poder do Antigo Regime. Convertida em uma prisão estatal no começo do século 15, muitos dos prisioneiros lá mantidos haviam sido detidos por ordem expressa do rei, sendo-lhes negado qualquer processo judicial. A prisão era famosa por suas celas subterrâneas infestadas de pragas, e os horrores que aconteciam por trás de suas muralhas foram objeto de muita especulação. Memórias de antigos detentos tornaram-se leitura popular, o suficiente para amedrontar qualquer francês amante da liberdade.

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No entanto, em 1789 a Bastilha era praticamente um “tigre de papel”. As autoridades haviam apenas recentemente iniciado as conversas para fechar a prisão e transformá-la em um local público. Embora ela tenha sido temida no passado, a Bastilha passou a ser considerada um dos melhores lugares para ficar preso pelos prisioneiros da elite, com muitas de suas infames celas subterrâneas tendo caído em desuso. A muitos prisioneiros era permitido ter camas, mesas, fogões. A um dos presos, o infame escritor libertino marquês de Sade, foi permitido o luxo de ter um guarda-roupa completo e uma biblioteca com 133 volumes. Em 14 de julho de 1789, sete pessoas estavam presas na Bastilha, incluindo quatro falsificadores, um irlandês “lunático”, um jovem aristocrata degenerado, preso a pedido de sua família, e um homem que havia conspirado para assassinar Luís XV da França mais de 30 anos atrás.

Siege of the Bastille
O cerco à Bastilha
Claude Cholat (Public Domain)

Ainda assim, a ideia da Bastilha era mais importante que a realidade. As pessoas ainda estavam sendo arbitrariamente presas e levadas para prisões, uma prática simbolizada pela Bastilha. Assim, embora a multidão de aproximadamente mil parisienses tenha chegado até os muros da prisão ostensivamente para capturar as armas e a pólvora lá armazenadas, não foi coincidência que eles tenham ido para um lugar tão detestado como a Bastilha.

Invadindo a Bastilha

Bernard-René de Launay, diretor da Bastilha, havia nascido dentro dos muros da fortaleza da qual ele agora era responsável em defender. Ele tinha pouco à sua disposição que pudesse ajudá-lo naquela tarefa: sua guarnição consistia em 82 invalides - soldados veteranos incapazes de servir em campo - bem como 32 tropas suíças que haviam chegado como reforços. Canhões estavam dispostos no topo das muralhas, mas de Launay tinha apenas dois dias de suprimento de comida e nenhuma água, limitando sua capacidade de resistir a um cerco. O prêmio que a multidão buscava estava lá dentro: 250 barris de pólvora.

Às dez horas da manhã, enquanto a multidão se aglomerava do lado de fora, três representantes do Hotel de Ville - o equivalente à prefeitura de Paris - entraram na Bastilha, pedindo a de Launay para remover os canhões das muralhas e entregar a pólvora e as armas que se encontravam guardadas na Bastilha para a milícia de Paris. O diretor da fortaleza, convencido por seus oficiais que seria desonroso render-se sem ordens diretas, respondeu que ele não podia fazer nada sem permissão de Versailles. Tendo chegado a um impasse, os representantes deixaram a fortaleza para pedir maiores instruções de negociação a seus superiores.

Enquanto isso, a imensa e impaciente multidão fora das muralhas aproximava-se ainda mais, transbordando para o pátio exterior que era separado do pátio interno por um único muro, local onde se encontrava o verdadeiro portão que dava acesso à Bastilha. O muro separando os dois pátios continha uma pequena ponte levadiça. Meio hora depois de os representantes do Hotel de Ville haverem saído, dois homens escalaram o muro e cortaram as correntes da ponte levadiça. Ela caiu, matando um homem desavisado que estava embaixo dela. A multidão, acreditando que de Launay havia decidido deixá-los entrar, ingressaram no pátio interno às centenas. Os avisos dos soldados para se retirarem ou serem alvejados foram mal interpretados como encorajamento para se aproximarem ainda mais. Em pouco tempo, alguém entrou em pânico e um tiro foi disparado, seguido de novas rajadas.

No meio do caos, enquanto diversos revolucionários caíam, as pessoas começaram a acusar de Launay de atrair a multidão para o pátio interno de tal forma que eles pudessem ser mais facilmente massacrados. Os parisienses que estavam armados revidaram e atiraram de volta nos defensores da fortaleza, enquanto carroças cheias de esterco e palha foram incendiadas na frente do portão para dar à multidão uma cortina de fumaça. A luta se intensificou, e um representante acenando uma bandeira branca de trégua foi ignorado.

Perto das três horas da tarde, a multidão foi reforçada por companhias amotinadas da Guarda Francesa, dentre eles veteranos da Guerra de Independência dos Estados Unidos. Liderados por Pierre-Augustin Hulin, um ex-oficial subalterno, soldados rebelados trouxeram cinco canhões e miraram no portão da Bastilha. Esse foi o momento decisivo. De Launay, percebendo que os reforços reais não estavam vindo e que o portão poderia não resistir a um ataque da artilharia, ofereceu-se para capitular, ameaçando pôr fogo nos barris de pólvora e explodir a fortaleza inteira se seus termos não fossem aceitos. Quando a multidão recusou-se a aceitar aqueles termos, de Launay recuou. Um lenço branco foi levantado acima da Bastilha no lugar de uma bandeira de paz, e a segunda ponte levadiça foi baixada.

Storming of the Bastille and arrest of the Governor M. de Launay, July 14, 1789.
A Tomada da Bastilha e a prisão do diretor M. de Launay, 14 de julhho de 1789
Unknown Artist (Public Domain)

O exército de cidadãos imediatamente avançou pelo portão, libertando os prisioneiros e levando todas as armas e a pólvora que eles podiam encontrar. Os soldados suíços de de Launay haviam sabiamente tirado seus uniformes e foram equivocadamente confundidos como se fossem prisioneiros, garantindo assim que fossem bem tratados pela multidão. Muitos dos invalides não tiveram a mesma sorte. Um oficial chamado Béquard teve sua mão cortada enquanto abria o portão para a multidão. Erroneamente confundido como sendo o carcereiro, sua mão desfilou pelas ruas de Paris ainda segurando as chaves do portão. Mais tarde naquela noite, Béquard foi novamente confundido, desta vez como sendo o canhoneiro que havia dado o primeiro tiro nos manifestantes, e foi enforcado.

Também de Launay sofreu nas mãos da multidão. Acreditando que ele teria ordenado o massacre dos revoltosos, os revolucionários o levaram até o Hotel de Ville. Pelo caminho, ele foi insultado e muitos cuspiram nele, com seus captores fazendo paradas periódicas para espancá-lo. Ao chegar ao Hotel de Ville, seus captores pararam para discutir os métodos mais agonizantes com os quais eles o matariam. Quando um confeiteiro chamado Desnot sugeriu levá-lo para dentro antes de decidir seu destino, de Launay, farto do tormento que estava sofrendo, irrompeu gritando “Apenas me deixem morrer!” e, em seguida, chutou Desnot na virilha. Imediatamente, de Launay recebeu uma “chuva” de adagas, sabres e baionetas, antes que a multidão o crivasse com tiros de pistola. Depois de ter seu corpo jogado na sarjeta, Desnot saltou sobre ele e cortou sua cabeça fora com um canivete.

Quando Jacques de Flesselles, o prévôt des marchands (o equivalente ao prefeito da cidade) saiu do Hotel de Ville para ver o que estava causando aquela confusão, ele passou a ser acusado pela multidão de traidor e foi morto a tiros no próprio local. Sua cabeça decepada logo se juntou à cabeça de de Launay espetadas na ponta de lanças, e foram levadas para desfilar por Paris pela multidão que aplaudia, ria e cantava.

Ao todo, 82 revolucionários foram mortos durante a Tomada da Bastilha, com 15 outros morrendo posteriormente devido aos ferimentos. O evento marcou a primeira vez que os sans-culottes de Paris haviam tido um maior impacto na revolução, a qual até então havia sido um assunto da burguesia.

Consequências

Como diz a famosa anedota, quando Luís XVI perguntou se o ataque à Bastilha havia sido uma revolta, o duque de La Rochefoucauld respondeu: “Não, senhor, é uma revolução” (Schama, 420). De fato, era uma revolução. Os sans-culottes tinham mandado um recado e se recusavam a ser ignorados. Em 15 de julho, o rei anunciou a retirada das tropas da região de Paris sob muitos aplausos da Assembleia Nacional, e em 29 de julho ele reconvocou Necker para servir em seu ministério pela terceira vez.

The Heads of Launay and Flesselles
As cabeças de de Launay e Flesselles
Unknown Artist (Public Domain)

Na noite de 15 de julho, o rei e a rainha saudaram a multidão de uma sacada em Versalhes. O marquês de Lafayette (1757-1834) proferiu um discurso no qual ele assegurava à multidão que o rei havia sido enganado, que ele não tinha nenhuma má intenção e que havia retornado à sua plena benevolência para com o povo. Na mesma noite, Lafayette recebeu o comando da Guarda Nacional e Jean Sylvain Bailly, que havia sido o orquestrador do Juramento da Quadra de Tênis (em Portugal, também conhecido como Juramento do Jogo da Péla), foi nomeado prefeito de Paris.

Significativamente, nenhuma das nomeações havia sido feita pelo rei. No dia seguinte, o rei aceitou uma roseta revolucionária vermelha e azul de Bailly. Para simbolizar a reconciliação do rei com seu povo, Lafayette posteriormente adicionou o branco - a cor da dinastia dos Bourbon - ao design da roseta, criando assim o moderno padrão tricolor da bandeira francesa. No entanto, estava se tornando cada vez mais claro que Luís XVI estava perdendo poder. Nervoso com esse pensamento, o conde d’Artois fugiu de Versailles escondido na calada da noite do dia 16 de julho, levando com ele uma comitiva de monarquistas. Fugindo primeiro para a fronteira e depois para fora do país, Artois e seus seguidores se tornariam a primeira onde de exilados a deixar a França devido à Revolução.

Enquanto isso, em Paris, foi decidido que a Bastilha seria demolida para que não fosse recuperada pelas tropas reais. Com o trabalho de mil trabalhadores, até novembro daquele ano de 1789 a fortaleza havia sido inteiramente derrubada. Lafayette, mais tarde, daria de presente as chaves da Bastilha a George Washington, Presidente dos Estados Unidos, que a exibiria em sua casa de Mount Vernon.

Em 14 de julho de 1790, o primeiro aniversário da Tomada da Bastilha foi celebrado por todo o país como a Fête de la Fédération, com uma enorme celebração realizada no lugar onde ficava a Bastilha. Atualmente, 14 de julho, chamado de Fête Nationale Française (Celebração Nacional Francesa), ou “Dia da Bastilha”, como é conhecida em muitos países, é celebrado no aniversário da tomada da fortaleza em homenagem à Revolução Francesa, à união do povo francês e ao surgimento da democracia na França.

Enquanto a tomada da Bastilha foi significativa por ter colocado poder nas mãos dos sans-culottes e ser um dos primeiros grandes eventos da Revolução Francesa, ela foi também notável por iniciar o banho de sangue que seria a Revolução. Nove dias depois da queda da Bastilha, as mortes de de Launay e de Flesselles foram seguidas por assassinatos semelhantes de Bertier de Sauvignay, intendente de Paris, e de Foulon, um dos ministros que haviam substituído Necker no ministério do rei. Suas cabeças foram espetadas em lanças, a boca de Foulon foi enchida de capim para simbolizar seu aparente envolvimento em uma conspiração para causar fome ao povo. Ainda antes da introdução da guilhotina e d’O Reino do Terror, a Revolução já havia adquirido gosto por sangue.

A Tomada da Bastilha, portanto, marcou o surgimento da liberdade na França e o começo da violência pela qual a Revolução Francesa é tão infame. Devido à sua monumental importância para a evolução da Revolução, a Queda da Bastilha conquistou um lugar significativo na história ocidental e na história da ascensão das democracias ocidentais.

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Perguntas e respostas

O que era a Bastilha?

A Bastilha era uma fortaleza e uma prisão do estado construída no século 14 para defender Paris contra os ingleses. Durante a Revolução Francesa, ela havia se tornado um símbolo de opressão e tirania.

Quem eram os sete prisioneiros na Bastilha em 14 de julho de 1789?

Os sete prisioneiros na Bastilha incluíram quatro falsificadores, um irlandês “lunático”, um jovem aristocrata degenerado, preso a pedido de sua família, e um homem que havia conspirado para assassinar Luís XV da França mais de 30 anos atrás.

O que foi a Tomada da Bastilha?

A Tomada da Bastilha ocorreu quando uma multidão enfurecida de cidadãos franceses e soldados rebelados atacaram a Bastilha em 14 de julho de 1789. A fortaleza capitulou depois que os revolucionários apontaram canhões para seus portões.

Por que eles tomaram a Bastilha?

Aumento do preço do pão, concentração de soldados estrangeiros ao redor de Paris, medidas contrarrevolucionárias pelo rei, como a demissão de Jacques Necker, levaram o povo de Paris a se rebelar. Procurando por armas e pólvora, a multidão invadiu a Bastilha.

Por que a Tomada da Bastilha foi um ponto de virada na história da França?

A Tomada da Bastilha marcou um dos primeiros momentos no qual a população francesa tomou o poder em suas mãos,enquanto ela também foi o primeiro derramamento de sangue cometido pelos revolucionários franceses. O evento também foi significativo para a queda da monarquia.

Sobre o tradutor

Elmer Marques
Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Professor do curso de Direito da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, no Brasil.

Sobre o autor

Harrison W. Mark
Harrison Mark é graduado pela SUNY Oswego, onde estudou história e ciência política.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, H. W. (2022, maio 02). A Tomada da Bastilha [Storming of the Bastille]. (E. Marques, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20766/a-tomada-da-bastilha/

Estilo Chicago

Mark, Harrison W.. "A Tomada da Bastilha." Traduzido por Elmer Marques. World History Encyclopedia. Última modificação maio 02, 2022. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20766/a-tomada-da-bastilha/.

Estilo MLA

Mark, Harrison W.. "A Tomada da Bastilha." Traduzido por Elmer Marques. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 02 mai 2022. Web. 21 dez 2024.