Manifestação de 20 de Junho de 1792

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Harrison W. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 22 setembro 2022
Disponível noutras línguas: Inglês, francês
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The Demonstration of 20 June 1792 (by  Jean-Baptiste Vérité, Public Domain)
A Manifestação de 20 de Junho de 1792
 Jean-Baptiste Vérité (Public Domain)

A Manifestação de 20 de junho de 1792 foi uma tentativa final dos sans-culottes de Paris de reconciliar o rei Luís XVI da França (r. 1774-1792) com a Revolução Francesa (1789-99). Instigado pelo veto do rei aos decretos populares, o povo invadiu o Palácio das Tulherias e abordou Luís XVI, que os cumprimentou graciosamente, mas se manteve firme em suas decisões.

Luís XVI despertou a ira popular pela recusa em aderir às decisões da Assembleia Legislativa, bem como pela suspeita geral de que demonstrava apatia na defesa da França. As derrotas militares francesas nas primeiras semanas da Guerra da Primeira Coalizão (1792-97) contra a Áustria deixaram o público ansioso e os jornalistas e políticos inflamados se aproveitaram, congregando o público e armando-o com lanças.

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A Manifestação de 20 de Junho foi a última tentativa pacífica das classes baixas parisienses de transformar Luís XVI num governante mais atento, que ouvisse os desejos de seu povo. O fracasso do rei em aderir seria fatal. A manifestação, de maneira significativa, removeu qualquer aura de majestade que ainda restava na monarquia francesa e, assim, tornou possível a Invasão do Palácio das Tulherias, menos de dois meses depois, o sangrento evento que finalmente encerrou a monarquia.

Uma Cruzada Vacilante

As origens da Manifestação de 20 de Junho podem ser encontradas na declaração de guerra da França à Áustria, que ocorreu exatamente dois meses antes. Diante da Assembleia Legislativa, o próprio Luís XVI deu a declaração, em meio ao delirante aplauso dos deputados reunidos. À parte alguns poucos divergentes, como Maximilien Robespierre (1758-1794), parecia que todos queriam a guerra.

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Cerca de metade dos oficiais franceses havia fugido do país para se juntar aos inimigos da revolução.

A ascendente facção girondina queria garantir seu próprio domínio e a disseminação dos princípios da Revolução para todos os povos da Europa; uma "cruzada universal", nas palavras de seu líder, Jacques-Pierre Brissot. No lado oposto do espectro político, os feuillants, a facção monarquista constitucional, queria a guerra para amealhar influência através das vitórias no campo de batalha, o que lhes permitiria disputar o poder com os radicais girondinos e jacobinos. Mesmo Luís XVI queria o conflito, acreditando que um exército austríaco vitorioso poderia resgatá-lo de seu virtual aprisionamento pelos revolucionários, restaurando sua autoridade de outrora.

Ainda assim, o rei parecia estar arrependido, já que passou os dias posteriores à declaração imerso em um de seus acessos periódicos de melancolia. Sua esposa, Maria Antonieta (1755-1793) agia de maneira mais proativa. Através de cartas codificadas para seus contatos na Áustria, ela revelou segredos militares e movimentos de tropas dos franceses. A rainha revelou aos austríacos que os exércitos franceses dispunham de poucos suprimentos, lealdades divididas e tinham recebido ordem do ministro girondino de partir para a ofensiva. Seriam presas fáceis para os exércitos profissionais de seu sobrinho, Francisco II, Imperador Romano-Germânico (r. 1792-1806) e Imperador da Áustria (1804-1835).

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E, de fato, nas primeiras semanas da guerra parecia isso realmente aconteceria. As forças francesas foram divididas em três exércitos diferentes, com um total combinado de 150.000 homens. No comando estavam três generais que tinham construído suas reputações lutando as guerras do Ancien Régime: ao norte, o conde de Rochambeau, vitorioso em Yorktown; ao centro, Gilbert du Motier, marquês de Lafayette, apelidado de "herói de dois mundos"; ao sul, Nicolas Luckner. Eles chefiavam massas desorganizadas e indisciplinadas, corrompidas pela influência dos jacobinos antiaristocráticos. Além disso, os generais dispunham de poucos oficiais experientes, já que cerca de metade deles havia fugido do país para se juntar aos inimigos da revolução.

Em consequência, nas primeiras semanas da guerra, a determinação dos exércitos de cidadãos da França vacilava diante de qualquer pressão. Quase imediatamente, vários regimentos franceses, incluindo o célebre regimento Real Germânico, desertaram para o campo austríaco. Uma escaramuça em 29 de abril resultou no desbaratamento das forças francesas lideradas pelo general Théobald Dillon, irlandês de nascimento. Os franceses recuaram para Lille, onde, num evento famoso, massacraram Dillon, atribuindo a derrota à sua suposta condição de espião inimigo. Os assassinos o golpearam com baionetas até a morte no meio da cidade, antes de mutilar e queimar seu cadáver.

Murder of General Dillon
Assassinato do General Dillon
Joannes Bemme (Public Domain)

Naturalmente, o assassinato de Dillon deixou os demais generais franceses preocupados e alguns, como Rochambeau, renunciaram aos seus comandos. Outros, como Lafayette, não estavam dispostos a desistir tão facilmente. Um conhecido e amado herói do povo francês, Lafayette havia caído em desgraça após o Massacre do Campo de Marte, no verão anterior, quando guardas nacionais sob seu comando abriram fogo contra manifestantes republicanos. Lafayette culpou os jacobinos e outros grupos extremistas pelo massacre, por corromper a Revolução e por se infiltrarem entre os militares. Ele considerava o assassinato do general Dillon uma consequência inevitável da retórica jacobina e se preocupava que algo similar pudesse ocorrer em Paris.

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No início de maio, após poucas semanas de guerra, o general escreveu ao embaixador austríaco, conde Mercy d'Argenteau, propondo um cessar-fogo para que ele pudesse levar seu exército a Paris e erradicar a ameaça dos jacobinos. Os austríacos mostraram-se evasivos em sua resposta, mas os comandantes franceses se reuniram e decidiram suspender as hostilidades em 18 de maio; a Áustria estava perfeitamente de acordo com isso, pois a medida garantia-lhes mais tempo para que a Prússia, sua aliada, mobilizasse suas forças e se juntasse ao conflito.

Nesse meio tempo, os inimigos de Lafayette estavam mais atentos do que ele gostaria e muitos se sentiram ameaçados pelo cessar-fogo. Lafayette e outros oficiais aristocráticos foram denunciados por Robespierre, líder dos jacobinos. "Não confio nos generais", desdenhou ele. "A maior parte deles sente nostalgia dos velhos tempos" (Schama, 601). Com tensões tão elevadas, cada facção via as demais como os verdadeiros inimigos da França, mais do que os exércitos austríacos que se aproximavam. Por um breve instante, pode ter parecido que a guerra havia sido de fato um erro. Maria Antonieta, no entanto, não podia estar mais feliz com esse estado de coisas.

A Ascensão dos Sans-Culottes

Em Paris, nesse meio tempo, uma nova força política estava em ascensão, um grupo sempre presente mas que raramente havia influenciado os eventos desde a Queda da Bastilha (ou a Tomada da Bastilha), em 1789. Sans-culottes (literalmente, sem calções de seda) é o nome frequentemente atribuído aos revolucionários pobres da classe trabalhadora. A palavra sans-culotte em si mesma, que ficou na moda nessa época, significava uma antítese do agora depreciativo termo "aristocrata"; implicava que era virtuoso não possuir um item de vestuário tão aristocrático quanto os culottes. (Num toque de ironia, Robespierre, que mais tarde adotaria o papel de porta-voz efetivo dos sans-culottes, gostava de usá-los).

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Os sans-culottes parisienses estavam inquietos na primavera de 1792. A colheita anterior tinha sido decente, mas os alimentos ainda estavam escassos, em parte devido às recentes rebeliões de escravos na colônia francesa de Saint-Domingue (o início da Revolução Haitiana). A depreciação rápida do valor da moeda revolucionária assignat só tornou as coisas piores. Além disso, havia relatórios preocupantes das fronteiras, especialmente para um povo que temia uma invasão estrangeira há tanto tempo.

The Idealized Sans-Culotte
O Sans-Culotte Idealizado
Louis-Léopold Boilly (Public Domain)

À medida que a apreensão crescia, reapareceram os jornalistas sensacionalistas, atraídos para tais situações como mariposas para a chama. Eles tinham se aquietado nos meses anteriores, afastados em virtude das consequências do massacre do Campo de Marte, mas a ausência dos inimigos feuillants da capital deu-lhes mais confiança. Jean-Paul Marat, cuja propensão a se esconder nos esgotos resultara em desagradáveis problemas de pele, fazia ataques contra a corte real, que acusava, não tão incorretamente, de sabotar o esforço de guerra. Houve novos ataques contra os ricos, especialmente os burgueses, que Marat acusava de terem abandonado o povo. Jacques-René Hébert juntou-se às críticas ao rei, a quem se referia como "Louis le Faux" [Luís, o Falso], além de defender a distribuição de armas ao povo para que pudessem se defender por conta própria. "Às suas lanças, bons sans-culottes", escrevia Hébert, "deixem-nas afiadas para exterminar aristocratas" (Schama, 604).

Estes jornalistas, bem como o incitamento do Clube dos Cordeliers, exasperaram os plebeus parisienses. Para se distinguirem como patriotas, eles começaram a usar os barretes frígios vermelhos que ficaram associados à liberdade. Eles exigiram lanças, que tinham se tornado símbolos de protesto; uma das 48 seções de Paris até se renomeou como As Lanças. O prefeito de Paris, Jérôme Pétion, aprovou sua distribuição, temeroso de um ataque contra seus aliados girondinos. No início do verão de 1792, os sans-culottes estavam prontos para uma manifestação de algum tipo e só precisavam de uma justificativa. Ela logo surgiria, de forma inadvertida, proporcionada pelo desafortunado monarca francês.

O Veto Odiado

A história de como Luís XVI incorreu na fúria de Paris era tão velha quanto a Revolução em si: ele se recusou a consentir com os decretos populares. Em 27 de maio, a Assembleia Legislativa aprovou um decreto para a deportação dos padres refratários, religiosos católicos que continuaram leais ao papa e se recusaram a fazer juramentos de lealdade ao estado, conforme requerido pela Constituição Civil do Clero de 1790. Embora estes padres estivessem sendo alvo de suspeitas há tempos pelos revolucionários patrióticos, é possível que Brissot e seus aliados tenham aprovado deliberadamente o decreto para provocar o rei, cuja simpatia pelos religiosos era um segredo de polichinelo.

Dois dias depois, a assembleia decidiu dissolver a Guarda Constitucional real, um corpo de 6.000 guarda-costas criado em setembro do ano anterior. Estacionada nas Tulherias, a Guarda havia sido proposta por Antoine Barnave como uma forma de proteção da coroa contra a insurreição popular; sua dissolução, portanto, tornava-se bastante reveladora. Um terceiro decreto, aprovado em 8 de junho, determinava a implantação de um acampamento para 20.000 voluntários paramilitares das províncias, conhecidos como fédérés. Brissot e seus girondinos alegavam que tal força seria necessária para proteger Paris caso os austríacos invadissem; seus adversários políticos, os feuillants, argumentaram que se tratava de uma trama jacobina para sequestrar o rei em troca de resgate.

Portrait of Jacques-Pierre Brissot de Warville
Retrato de Jacques-Pierre Brissot de Warville
François Bonneville (Public Domain)

Em 11 de junho, Luís XVI consentiu com a dissolução da Guarda Constitucional, mas vetou os outros dois decretos. Isso alarmou os girondinos, que controlavam o ministério real desde antes da guerra. Jean-Marie Roland, o ministro do Interior, enviou-lhe uma carta de protesto, provavelmente escrita por sua esposa, a girondina politicamente ativa Madame Roland (1754-1793). Seja qual for o Roland que escreveu a carta, o documento continha críticas ao rei por usar o veto, afirmando que:

Esta não é a época de recuar ou contemporizar. A revolução está na mente do povo; será realizada e concretizada ao custo de derramamento de sangue, a não ser que a sabedoria antecipe os males que ainda é possível evitar [...] Sei que a austera linguagem da verdade raramente é bem-vinda perto do trono, mas também sei que porque é raramente ouvida que revoluções se tornam necessárias. (Schama, 605)

Talvez tenham sido os termos insolentes desta carta que levaram Luís XVI a demitir todo o gabinete girondino, dois dias depois. Combinado com os dois vetos, este insulto a uma facção tão popular foi demais para os parisienses. Uma manifestação foi logo planejada para 20 de junho, o mesma data em que ocorreu o juramento do Jogo de Péla e a Fuga para Varennes. Embora não se saiba exatamente quem a planejou, logo se tornou claro que as preparações aconteciam no Clube Jacobino e, no dia 16, praticamente todos em Paris sabiam que algo estava por vir.

A Manifestação

Em 20 de junho, a manifestação foi mobilizada em cada uma das seções de Paris por vários líderes dos sans-culottes: havia o publicitário Fournier, 'o Americano'; o cervejeiro Santerre; e Theroigne de Mericourt, líder do movimento republicano das mulheres. Ainda que estes líderes não fossem de forma alguma membros pobres da sociedade, eles também não pertenciam à burguesia, o que marcava um momento decisivo da Revolução.

À 1h30 da tarde, 10.000 pessoas estavam reunidas do lado de fora de Le Manège, o local de reunião da Assembleia. Eles exigiam entrar para que pudessem apresentar uma petição. Vendo que os manifestantes estavam armados com lanças, os deputados ficaram compreensivelmente relutantes em admiti-los, mas concordaram em autorizar a entrada de uma pequena delegação de sans-culottes. A multidão recusou a oferta, exigindo que todos tivessem a entrada permitida para realizar um desfile no prédio. Os deputados cederam. O desfile durou horas e muitos dos participantes ficaram bêbados.

The People Enter the Palace, 20 June 1792
O Povo Entra no Palácio, 20 de Junho de 1792
Jan Bulthuis/Johannes Allart (Public Domain)

À medida que as festividades prosseguiam, a multidão crescia, cercando Le Manège e o perímetro do Palácio das Tulherias, situado ao lado. Os portões dos jardins do palácio não estavam guardados nem trancados; foi apenas uma questão de tempo até que os sans-culottes entrassem. Temendo derramamento de sangue, os guardas do rei não fizeram nenhuma tentativa de impedir a multidão de entrar no palácio, uma decisão que desnorteou o jovem Napoleão Bonaparte, que aparentemente testemunhou o evento. "Que loucura", ele teria comentado com um amigo. "Como puderam permitir que aquela ralé entrasse? Por que não varreram quatrocentos ou quinhentos deles com canhões? O resto se retiraria muito rapidamente" (Roberts, 39).

Os manifestantes encontraram o rei no Salão de l'Oeil de Boeuf, acompanhado apenas por alguns atendentes e um punhado de guardas. Nas duas horas seguintes, eles o cercaram, vociferando ameaças e insultos e brandindo pistolas e facas diante do seu rosto. Um manifestante até carregava um coração de boi espetado em cima de uma lança, destinado a representar "o coração de um aristocrata", enquanto outro ostentava uma boneca manchada de sangue, rotulada como "Maria Antonieta na lanterna" (a maneira usual dos sans-culottes parisienses se livrarem de seus inimigos era enforcá-los nos postes de iluminação pública). Eles arengaram com ele, gritando "trema, tirano!" e criticaram seu poder de veto (Fraser, 368). Um manifestante até se dirigiu a ele como "monsieur" em vez de "Sua Majestade", uma quebra de protocolo que pareceu surpreender o rei mais do que qualquer uma das ameaças.

No entanto, o rei demonstrou uma tremenda compostura diante daquela multidão ameaçadora. Recusando-se a ser intimidado, ele brindou alegremente ao povo e à nação, jurando defender a constituição. Presenteado com um barrete frígio da liberdade, o rei o colocou na cabeça de forma obediente. Os monarquistas mais tarde se refeririam ao episódio como o maior momento de humilhação de Luís XVI, sua 'coroa de espinhos'; no entanto, pode-se argumentar que este foi seu melhor momento como rei. Durante todo o seu reinado, ele se mostrou indeciso e insípido, aparentemente distante das necessidades e desejos de seu povo; agora, conversava com eles de homem para homem, mesmo que apenas por algumas horas. No passado, cedera a todas as pressões; agora ele se manteve firme. Foi essa rara demonstração de determinação do rei que provavelmente evitou o derramamento de sangue naquele dia. Para mostrar que não estava assustado com a multidão, ele colocou a mão de um de seus granadeiros sobre o coração, dizendo: "Viu? Não palpita" (Schama, 607).

Louis XVI Wearing a Cap of Liberty
Luís XVI Vestindo um Gorro da Liberdade
Unknown (Public Domain)

Às 18h, o prefeito Pétion finalmente chegou ao palácio, pedindo desculpas ao rei e alegando que acabara de ouvir o que estava acontecendo. A essa mentira óbvia, Luís respondeu: "É surpreendente, já que vem acontecendo há algumas horas" (Schama, 609). Após plantarem uma árvore da liberdade no terreno do palácio, os manifestantes deixaram o local às 20h e Luís conseguiu voltar para junto de Maria Antonieta e seus filhos.

Consequências

Quando soube o que acontecera ao rei, Lafayette ficou lívido. Estava claro que ele tinha que fazer alguma coisa para que os monarquistas não perdessem o controle da Revolução para sempre. O general retornou apressadamente a Paris e compareceu perante a Assembleia em 28 de junho, onde foi recebido com aplausos. Ele culpou os jacobinos pelo ataque e exigiu sua dissolução imediata. Esta proposta foi negada, assim como a moção seguinte, que reprovava sua conduta.

Sem desanimar, Lafayette voltou a seu velho comando, a Guarda Nacional parisiense. Por algum tempo, parecia que os temores de Robespierre se concretizariam e Lafayette finalmente assumiria o controle do governo num golpe de Estado. Mas isso não aconteceu. Lafayette não dispunha do apoio ou influência que Napoleão desfrutaria mais tarde no bem-sucedido Golpe de 18 Brumário. De fato, Lafayette falhou em conseguir o apoio da Guarda Nacional e até da família real, a quem ele pretendia salvar. Maria Antonieta, em especial, odiava o general e duvidava de suas intenções. "Vejo muito bem que monsieur de Lafayette quer nos salvar", disse ela, "mas quem nos salvará de monsieur de Lafayette?" (Davidson, 93).

Rejeitado e humilhado, Lafayette voltou ao seu posto militar na Alsácia. A tentativa desesperada de ganhar o controle em Paris seria sua atuação final na Revolução Francesa. Ele tentou novamente convencer seu exército a marchar sobre a capital, mas os homens se recusaram. Talvez lembrando o destino do general Dillon, ele fugiu da França após a queda da monarquia, no dia 10 de agosto. Pouco tempo depois, Lafayette acabou preso nos Países Baixos austríacos e mantido como prisioneiro durante a maior parte do restante da Revolução.

Quanto à família real, a Manifestação de 20 de Junho marcou verdadeiramente o início do fim. A manifestação não conseguiu atingir seus objetivos imediatos, pois Luís XVI não retirou seus vetos nem reintegrou os ministros girondinos. Mas mostrou o poder dos sans-culottes e a fragilidade da monarquia. Embora daquela vez o povo de Paris tivesse vindo em paz, na oportunidade seguinte isso não ocorreu. A Invasão do Palácio das Tulherias, que ocorreu no dia 10 de agosto, culminaria com uma batalha sangrenta entre os furiosos parisienses e a Guarda Suíça do rei. Ela também resultou no fim da monarquia e colocou a França no caminho da sua primeira república.

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Perguntas e respostas

Por que a Manifestação de 20 de Junho de 1792 foi importante?

A Manifestação de 20 de Junho de 1792 foi o início do fim da monarquia francesa. Ao invadir o Palácio das Tulherias, o povo desmistificou a instituição da monarquia, o que levou a uma segunda invasão, mais sangrenta, no dia 10 de agosto.

O que aconteceu no dia 20 de junho de 1792 na França?

Em 20 de junho de 1792, uma multidão de 10.000 trabalhadores franceses, que se denominavam sans-culottes, invadiu o Palácio das Tulherias, em Paris, e cercou o rei Luís XVI da França.

O que causou a Manifestação de 20 de Junho de 1792?

A Manifestação de 20 de Junho de 1792 foi causada pelo descontentamento diante da invasão austríaca na Guerra da Primeira Coalizão, pelo veto do rei Luís XVI aos decretos populares da Assembleia Legislativa e pela demissão dos populares ministros girondinos do seu gabinete.

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Harrison W. Mark
Harrison Mark é graduado pela SUNY Oswego, onde estudou história e ciência política.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, H. W. (2022, setembro 22). Manifestação de 20 de Junho de 1792 [Demonstration of 20 June 1792]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-21065/manifestacao-de-20-de-junho-de-1792/

Estilo Chicago

Mark, Harrison W.. "Manifestação de 20 de Junho de 1792." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 22, 2022. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-21065/manifestacao-de-20-de-junho-de-1792/.

Estilo MLA

Mark, Harrison W.. "Manifestação de 20 de Junho de 1792." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 22 set 2022. Web. 21 nov 2024.