A Guerra Peninsular (1807-1814), também conhecida como Guerra da Independência Espanhola, foi um dos grandes conflitos das Guerras Napoleónicas (1803-1815), travado na Península Ibérica por Portugal, Espanha e Grã-Bretanha contra o Primeiro Império Francês, de Napoleão I (1804-1814; 1815). Continua sendo o episódio mais sangrento da história moderna de Espanha.
A guerra começou no mês de Outubro de 1807, em resultado da demora do Reino de Portugal em responder a uma demanda Francesa, uma demanda que o obrigava a cessar todas as suas relações comerciais com a Grã-Bretanha. A 30 de Novembro do mesmo ano, os soldados Franceses ocuparam Lisboa, obrigando a família real Portuguesa a procurar refúgio na sua colónia do Brasil, onde, exilada, estabeleceu um governo. Ansioso por controlar toda a Península Ibérica, Napoleão voltou-se contra o seu antigo aliado, a Espanha, depondo a Casa de Bourbon Espanhola e nomeando o seu irmão, José Bonaparte, rei de Espanha. Napoleão subestimara seriamente o patriotismo Espanhol. Após a sublevação do dia dois de Maio de 1808, grande parte do país revoltou-se contra a ocupação Francesa. Os Espanhóis conseguiram alcançar uma vitória precoce na Batalha de Bailén (16-19 de Julho de 1808), a qual ficaria conhecida como a primeira grande derrota de um exército imperial Francês. Por conseguinte, a Batalha de Bailén inspiraria, futuramente, novos movimentos de resistência Espanhola.
Nos cinco anos seguintes, centenas de milhares de soldados Franceses foram enviados para Espanha e para Portugal. A alocação de um número tão elevado de recursos militares para a Península Ibérica levou Napoleão a referir-se à Guerra Peninsular como a sua "úlcera Espanhola". A Guerra Peninsular ficou também caracterizada por uma guerra de guerrilha de uma eficácia brutal. Efectivamente, morreram mais soldados Franceses nas mãos de guerrilheiros independentistas do que em batalhas travadas entre tropas regulares. Embora a balança da guerra tenha, temporariamente, pendido para ambos os lados, o domínio Francês sobre a Espanha começou, a dada altura, a diminuir: a vitória de Sir Arthur Wellesley, Duque de Wellington (1769-1852) e do seu exército Britânico, Espanhol e Português na Batalha de Vitória (21 de Junho de 1813) selou finalmente o destino da Espanha de Bonaparte. O rei Fernando VII de Espanha, da Casa de Bourbon, recuperou o trono a 11 de Dezembro de 1813, enquanto o exército de Wellington prosseguia em direcção a França. As hostilidades cessaram após a primeira abdicação de Napoleão, em Abril de 1814.
Invasão de Portugal
Os Tratados de Tilsit, assinados no mês de Julho de 1807, permitiram a Napoleão alcançar o auge do seu poder. Ele passara os dois anos anteriores a triunfar sobre os exércitos da Áustria, da Prússia e da Rússia e governava agora grande parte da Europa Ocidental e da Europa Central. O seu domínio ia desde os Pirenéus até ao rio Niemen. Portugal e Espanha permaneciam fora do controlo de Napoleão. Embora nenhuma das nações representasse uma ameaça imediata ao Império Francês, cada uma delas tinha a capacidade de frustar o principal plano de Napoleão: derrotar a Grã-Bretanha.
A posição assumida por Portugal foi particularmente preocupante nesse âmbito. Tendo formado uma aliança com Inglaterra em 1373, Portugal era o mais antigo aliado da Grã-Bretanha no continente Europeu e as duas nações encontravam-se ainda fortemente ligadas pelo comércio. Além disso, navios de guerra Britânicos utilizaram portos Portugueses aquando das suas operações contra a França. Espanha, em contrapartida, era uma aliada de França, ainda que pouco fiável; em 1806, no início da Guerra da Quarta Coligação, o Primeiro-Ministro Espanhol, Manuel Godoy, emitiu uma preocupante proclamação, na qual alertava para a necessidade de derrotar um inimigo anónimo. Esse inimigo foi interpretado por muitos como sendo a França. Logo após a vitória Françesa na Batalha de Jena-Auerstedt, Godoy retirou a sua proclamação. O incidente levou Napoleão a suspeitar de que a Espanha pudesse estar a planear traí-lo. Contudo, teria de tratar de Portugal em primeiro lugar.
Em Julho de 1807, Napoleão lançou um ultimato ao governo Português, exigindo o fim das relações comerciais com a Grã-Bretanha e a adesão ao embargo em grande escala a todos os bens Britânicos, conhecido por Sistema Continental. Além disso, Napoleão também exigiu a Portugal a união da sua frota à frota Francesa, a detenção de todos os Britânicos presentes em território Português e uma declração de guerra formal, dirigida à Grã-Bretanha; se estas exigências não fossem cumpridas até ao primeiro dia de Outubro, a França daria início a uma invasão. O príncipe João, de Portugal, desempenhando o papel de regente no lugar da sua incapacitada mãe, a rainha Maria I, considerou impossível o cumprimento de tais exigências. Caso as cumprisse, Portugal seria atacado pela marinha Britânica. Caso não as cumprisse, Portugal seria esmagado pelo exército Francês. Ao invés de apresentar uma resposta ao ultimato de Napoleão, João hesitou, limitando-se a afirmar que era injusto, da parte de Napoleão, obrigar uma nação neutral a declarar guerra a um dos seus aliados.
Com o aproximar da data limite, o príncipe João perdeu o temperamento e concordou com a implementação de diversas medidas anti-Britânicas, mas era tarde demais. No dia 27 de Outubro de 1807, no Tratado de Fontainebleau, o qual decorreu em segredo, Napoleão e Godoy concordaram em invadir Portugal e efectuar a partição das suas terras. Nesse mês, o general Francês Jean-Andoche Junot conduziu um exército de 25,000 soldados até Portugal, passando por Espanha com a aprovação de Godoy; anónimo para Godoy, Junot foi encarregue de realizar mapas dos territórios Espanhóis pelos quais passava, para a preparação de uma futura invasão. No dia 30 de Novembro, Junot entra na capital Portuguesa, Lisboa, praticamente sem resistência. Não chegou, no entanto, a tempo de capturar os membros da Casa Real de Bragança, que haviam sido evacuados por navios de guerra Britânicos e levados para o Brasil. Incapaz de conter a frustração, Junot dá permissão aos seus soldados para pilhar Lisboa e exige aos Portugueses o pagamento de uma indemnização no valor de cem milhões de francos.
Ocupação de Espanha
Enquanto Portugal era progressivamente subjugado pela França, em Espanha, uma crise estava prestes a surgir. Embora o trono Espanhol fosse ocupado pelo rei Carlos IV, da Casa de Bourbon, era Godoy, o auto-intitulado "Príncipe da Paz", quem realmente detinha o poder. Outrora um soldado da Guarda Real, Godoy subira na vida e tornara-se no amante da rainha Maria Luisa. Godoy era agora odiado e temido tanto pelo povo como pela nobreza de Espanha. O filho e herdeiro de Carlos IV, o príncipe Fernando, ambicionava remover o seu incompetente pai do trono e retirar o poder a Godoy. Nos inícios de 1808, ambos os lados solicitaram a Napoleão a sua intervenção na resolução do conflito.
Em Fevereiro de 1808, 70,000 soldados Franceses atravessaram os Pirenéus. Combinando força e artimanha, os Franceses tomaram controlo das principais fortalezas Espanholas; numa ocasião, o governador Espanhol de Barcelona foi persuadido a permitir a entrada de um contigente de soldados Franceses "feridos" na sua cidadela. Na verdade, estes soldados Franceses não se encontravam feridos e, uma vez no interior da cidadela, ergueram-se das suas macas, livraram-se das mantas que os cobriam e mostraram aos Espanhóis a sua verdadeira face: a de granadeiros completamente armados e prontos a combater. Napoleão assegurou que esta infiltração de soldados Franceses em Espanha tinha como objectivo manter a paz no reino e preparar um ataque contra Gibraltar, território ocupado pelos Britânicos. O próprio Carlos IV disse aos seus ansiosos súbditos que não temessem a intervenção do "seu caro aliado, o imperador dos Franceses" (Mikaberidze, 254). Contudo, o povo Espanhol não pareceu acreditar nas palavras do seu monarca, culpando Godoy de entregar o seu país aos Franceses. No dia 18 de Março, uma turba de soldados e camponeses Espanhóis quase lincharam Godoy, em Aranjuez. A sua vida foi poupada pelo seu principal rival, o príncipe Fernando, que foi proclamado rei pela multidão revoltosa. Temendo uma repetição da Revolução Francesa, Carlos IV abdicou em favor do seu filho pouco tempo depois.
Carlos IV rapidamente se arrependeu de ter abdicado do trono e pediu a Napoleão que o ajudasse a recuperá-lo. Simultaneamente, o novo rei, Fernando VII, escreveu a Napoleão. Na sua carta, Fernando pedia a Napoleão a sua permissão para casar com uma das suas sobrinhas. Tal matrimónio permitiria a união das dinastias de Espanha e de França. Napoleão encontrava-se, então, numa encruzilhada; permitindo o matrimónio, ele podia deixar Fernando continuar a ser o líder fantoche de Espanha. Alternativamente, ele podia depôr a dinastia de Bourbon de forma definitiva, ao colocar um dos seus próprios homens no trono Espanhol. Napoleão escolheu a segunda opção. No início de Maio, Napoleão convidou Carlos IV e Fernando para uma conferência em Bayonne, para que pudessem encontrar uma resolução para o seu conflito. Logo após a sua chegada, Fernando foi intimidado e persuadido a abdicar em favor de seu pai. Assim que o fez, foi-lhe revelado que Carlos IV havia entregue a Napoleão o reino de Espanha. Carlos e Fernando foram ambos levados para a prisão, em França, onde passariam o resto das Guerras Napoleónicas. Entretanto, 20,000 soldados Frances, sob o comando do marechal Joachim Murat, ocuparam Madrid e Napoleão nomeou o seu irmão, José Bonaparte, rei de Espanha. Parecia que Napoleão tinha conseguido conquistar toda a Península Ibérica sem qualquer esforço, mas ele subestimara consideravelmente a determinação do povo Espanhol.
Revoltas
O que Napoleão foi incapaz de compreender foi que os Espanhóis eram um povo orgulhoso e patriótico, riquíssimo em história e tradição, que desdenhava os costumes estrangeiros. Os Espanhóis eram também católicos fervorosos; as políticas de descritianização levadas a cabo pela Revolução Francesa convenceram os Espanhóis de que os Franceses eram uns bárbaros sem Deus. A população Espanhola já se havia revoltado com a ocupação Francesa, mas as notícias de que o seu rei havia sido preso foram a última gota de água. No dia 2 de Maio de 1808, os cidadãos de Madrid saíram à rua e mataram 150 soldados Franceses. A revolta do Dos de Mayo foi brutalmente reprimida por Murat, que utilizou a formidável cavalaria dos Mamelucos para provocar a dispersão das turbas de Espanhóis. Nos dias que se seguiram à revolta, centenas de Espanhóis foram executados pelos esquadrões de fuzilamento franceses.
Contudo, isto foi apenas o início. Entre 20 e 27 de Maio, os governadores pró-Franceses de Badajoz, Cartagena e Cádiz foram assinados. Ao mesmo tempo, surgiram três juntas provinciais, que começaram a gerar exércitos de patriotas Espanhóis. A junta de Sevilha pediu assistência à Grã-Bretanha, o que levou os Britânicos a enviar um exército expedicionário para Península Ibérica, sob o comando de Sir Arthur Wellesley (futuro Duque de Wellington). Ainda assim, Napoleão revelava-se despreocupado. "Se eu pensasse que [esta guerra] me ia custar 80,000 homens, eu não teria arriscado," afirmou Napoleão de forma arrogante, "mas não me irá custar mais do que 12,000" (Chandler, 611).
Não faltaria muito até que Napoleão começasse a duvidar da sua própria confiança. Nas duas sucessivas Batalhas de Bruch (6 a 14 de Julho de 1808), a milícia Catalã conseguiu reter o avanço de 4,000 tropas Francesas nas cercanias de Barcelona e um exército Francês foi derrotado no Primeiro Cerco de Saragoça (15 de Junho a 14 de Agosto de 1808). Contudo, o maior golpe chegou na Batalha de Bailén (16 a 19 de Julho de 1808), na qual o Exército Espanhol de Andaluzia, sob o comando do general Francisco Javier Castaños, derrotou um exército imperial Francês, liderado pelo general Pierre Dupont, que se tornou num prisioneiro de guerra, juntamente com 18,000 dos seus homens. Napoleão, enfurecido com as notícias da derrota, afirmou que, desde o início do mundo, nunca houvera nada "tão estúpido, tão insensato ou tão cobarde" como a rendição do general Dupont (Chandler, 618). Ele tinha motivos para estar zangado; a Batalha de Bailén foi a primeira grande derrota dos Franceses nas Guerras Napoleónicas e, como consequência, dissipou o mito da invencibilidade Francesa. Bailén levou directamente a Áustria a iniciar os preparativos para uma nova guerra com a França, a Guerra da Quinta Coligação. (1809).
Entretanto, Sir Arthur Wellesley desembarca em Portugal com 14,000 homens. Depois de libertar Lisboa, Wellesley confronta o exército Francês do general Junot e alcança uma vitória decisiva na Batalha de Vimeiro (21 de Agosto de 1808). A seguir à sua derrota, Junot negoceia com os superiores de Wellesley, os generais Dalrymple e Burrard. Estes permitirão, aos 26,000 homens de Junot, o regresso a França, em troca da evacuação de Portugal. O facto de Junot ter sido deixado escapar tão facilmente provocou um escândalo na Grã Bretanha e Dalrymple, Burrard e Wellesley foram chamados; Sir John Moore passou a assumir o comando das tropas Britânicas em Portugal. De qualquer modo, as batalhas de Bailén e Vimeiro foram suficientes para causar a fuga de José Bonaparte de Madrid. O rei José ordenou ainda a uma retirada geral através do rio Ebro.
Napoleão intervém
Napoleão sabia que uma derrota em Espanha não era uma opção, uma vez que o seu império inteiro se fundamentava nos seus sucessos militares. Ele decidiu comandar, ele mesmo, o exército Francês. No Outono de 1808, Napoleão atravessou os Pirenéus com a sua nova Armée d'Espagne, composta por 278,000 homens. A ofensiva de Napoleão movimentou-se com a celeridade típica do imperador e, no espaço de um mês, ele derrotou os Espanhóis numa sucessão de batalhas em Espinosa de los Monteros e Gamonal (ambas travadas no dia 10 de Novembro), Tudela (23 de Novembro) e Somosierra (29 a 30 de Novembro). A 4 de Dezembro, Napoleão entrou triunfante em Madrid, reestabelecendo a autoridade Francesa e desmantelando os vestígios do Ancien Régime Espanhol.
Napoleão encarregou-se então de subjugar o resto do país. O marechal Jean Lannes foi enviado para supervisionar o Segundo Cerco de Saragoça (19 de Dezembro de 1808 a 20 de Fevereiro de 1809), o qual resultou numa vitória Francesa. Nesta batalha, 10,000 soldados Franceses perderam a vida. Do lado Espanhol, registaram-se 54,000 mortos, dois terços dos quais civis. Os Franceses também recuperaram o controlo da maior parte do centro e do norte de Espanha, enquanto Napoleão liderava, em pessoa, 80,000 homens, em busca do exército Britânico de Moore. Embora Napoleão estevesse ansioso de enfrentar os Britânicos numa batalha, as notícias da agressão Austríaca obrigaram-no a regressar a Paris. Como tal, o comando do seu exército passou para o marechal Jean-de-Dieu Soult. A 16 de Janeiro de 1809, a retaguarda de Moore conteve o avanço Francês na Batalha de Corunna, o que permitiu aos Britânicos evacuar o resto do exército Britânico através dos transportes da Armada Real; embora Moore tenha sido morto, a evacuação foi um sucesso.
Um Atoleiro Sangrento
Confiando nos seus marechais, Napoleão nunca mais voltaria à Península Ibérica. Napoleão cometera um erro. Os seus marechais disputavam-se constantemente entre si e frequentemente falhavam na coordenação das campanhas. Napoleão acreditava, ainda assim, que não seria difícil reconquistar a Península Ibérica e ordenou a Soult que voltasse a invadir Portugal. Com 23,000 homens, Soult abriu caminho em direcção ao Porto, mas a sua ofensiva foi rapidamente travada por Wellesley, que estava de volta em território Lusitano e comandava agora um exército Anglo-Português de 16,000 homens. Depois de perder a Segunda Batalha do Porto (12 de Maio de 1809), Soult foi expulso de Portugal. Wellesley prosseguiu em direcção a Espanha, onde aliou as suas forças às de um exército de 30,000 Espanhóis. O exército Aliado de Wellesley obteve mais uma vitória decisiva sobre 46,000 tropas Francesas, na sangrenta batalha de Talavera (27 a 28 de Julho). Graças a essa vitória, foi atribuído a Wellesley o título de Visconde de Wellington.
Talavera resultou numa vitória pírrica para os Aliados, levando Wellington a recuar o seu exército até um conjunto de linhas defensivas que atravessavam a península de Lisboa: as Linhas de Torres Vedras. Antecipando outra invasão Francesa de Portugal, Wellington decidiu assentar nas linhas defensivas, onde o seu exército foi reabastecido e reforçado pela Armada Real. As suas preparações defensivas foram justificadas, tendo em conta que Napoleão rapidamente se encarregou de enviar milhares de novas tropas Francesas para a Península Ibérica, o que desencadeou uma sucessão de vitórias Francesas; a ofensiva Francesa na Catalunha conduziu à captura de Girona no dia 10 de Dezembro de 1809. Simultaneamente, várias contraofensivas Espanholas falhavam no início de 1810. No dia 5 de Fevereiro de 1810, os Franceses deram iníco ao Cerco de Cádis, assento do governo provisório Espanhol: as Cortes de Cádis. Por essa altura, cerca de 300,000 soldados Franceses foram confrontados na Península Ibérica, o que causou uma grande pressão nos recursos militares do Império Francês.
Em 1810, o marechal Francês André Masséna foi encarregue de retirar Wellington de Portugal, mas foi vencido na Batalha do Buçaco (27 de Setembro de 1810) e foi obrigado a retirar para Espanha meses depois. Wellington lançou a sua própria ofensiva na Primavera seguinte, que culminou na inconclusiva Batalha de Albuera (16 de Maio de 1811). Esta batalha custou a Wellington cerca de 40% dos seus homens. Temporariamente impedido, Wellington esperou por novas reservas antes de lançar uma nova ofensiva, no ano seguinte. Depois de vencer a batalha do Cerco de Badajoz (16 de Março a 6 de Abril de 1812), Wellington confrontou o marechal Francês Auguste de Marmont na Batalha de Salamanca (22 de Julho de 1812). A batalha, que provou ser uma das maiores vitórias de Wellington, desferiu um golpe decisivo na posição Francesa em Espanha. No seguimento da Batalha de Salamanca, os Franceses viram-se obrigados a abandonar o cerco de Cádis e evacuaram, uma vez mais, Madrid, diminuindo assim, de forma significativa, o prestígio do governo de José Bonaparte. O sucesso Aliado levou as Cortes de Cádis a elaborar uma nova constituição em Março de 1812, constituição a qual foi influenciada pelos princípios da Época das Luzes.
Guerra de Guerrilha
A Guerra Peninsular destacou-se pela proeminência da guerra de guerrilha. Entre 35,000 e 55,000 guerrilheiros Espanhóis e Portugueses posicionaram-se nas montanhas, donde lançaram impiedosos ataques sobre as escoltas e linhas de comunicação Francesas. O campo era perfeito para emboscadas, o que significava que mensageiros e destacamentos Franceses isolados eram regularmente vítimas de ataques surpresa. O intenso ódio que os guerrilheiros continham relativamente aos invasores Franceses levava frequentemente a actos de grande selvageria, aquando das emboscadas. Os soldados Franceses capturados eram submetidos aos piores dos castigos, podendo ser mutilados, castrados, crucificados, flajelados ou até mesmo enterrados vivos. Embora os Franceses tratassem os guerrilheiros capturados com idêntica crueldade, o impacto psicológico de tais actos provocou grandes danos na moral Francesa; até mesmo o rei José receava sair da sua capital, com medo dos guerrilheiros.
Victória aliada
Nos finais de 1812, a França não se encontrava numa situação favorável. A invasão da Rússia tinha resultado na obliteração da Grande Armée e as nações da Europa estavam a começar a unir-se contra Napoleão na Guerra da Sexta Coligação (1813-1814). A Espanha de Bonaparte foi obrigada a defender-se sozinha. No início do ano de 1813, Wellington movimentou 121,000 tropas Britânicas, Espanholas e Portuguesas pelo norte de Portugal. No dia 21 de Junho do mesmo ano, Wellington enfrentou um exército Francês composto por 65,000 homens e comandado pelo rei José e pelo marechal Jean-Baptiste Jourdan, em Vitoria. A batalha resultou numa vitória aliada e o exército de Wellington perseguiu os Franceses até aos Pirenéus.
Depois de Vitoria, a Espanha de Bonaparte colapsou. Fernando VII foi libertado da prisão e foi-lhe devolvido o trono no dia 11 de Dezembro de 1813. Em Fevereiro de 1814, Wellington passou à ofensiva e invadiu o sul de França, combatendo na Batalha de Toulouse (10 de Abril de 1814) e na Batalha de Bayonne (14 de Abril). Dias depois, Napoleão abdicou e foi exilado em Elba. A Guerra Peninsular chegava ao fim.