Companhia Holandesa das Índias Orientais

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Kim Martins
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 31 outubro 2023
Disponível noutras línguas: Inglês, holandês, francês, alemão, italiano, Turco
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The VOC Wharf and Warehouse in Amsterdam (by Joseph Mulder, Public Domain)
O Cais e Armazém da VOC em Amsterdã
Joseph Mulder (Public Domain)

A Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) foi formada em 1602 pelos Staten-Generaal (Estados Gerais) da então República dos Sete Países Baixos Unidos. Ela recebeu um alvará que previa exclusividade no comércio com a Ásia e na aquisição de especiarias, tais como noz-moscada, macis e cravo-da-índia. As especiarias tinham alta demanda na Europa para temperar alimentos e fabricação de medicamentos e a companhia, com o tempo, ganhou o monopólio neste comércio.

Em meados da década de 1600, a Companhia Holandesa das Índias Orientais empregava aproximadamente 50.000 pessoas, tanto na Ásia quanto nos Países Baixos. Entre 1602 e 1799, quando foi formalmente dissolvida, seus navios fizeram cerca de 5.000 viagens entre os Países Baixos e as Índias Orientais, em busca das tão desejadas especiarias, transportando mais de um milhão de pessoas para a Ásia.

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Embora o propósito primário da companhia fosse o comércio, ela se tornou um poder colonial na Ásia do século XVII, com direito de firmar tratados, construir fortificações e conduzir operações militares. A VOC encerrou o monopólio português sobre o comércio de especiarias e, no seu auge, as ações da empresa valiam 78 milhões de florins (aproximadamente US$ 7,9 trilhões).

A Formação da Companhia Holandesa das Índias Orientais

A VOC foi uma fusão entre seis pequenas companhias particulares das Índias Orientais nos Países Baixos. Estas companhias comerciais haviam tentado penetrar no lucrativo comércio de especiarias controlado pelo Império Português, mas a feroz competição entre elas enfraqueceu os esforços holandeses de estabelecer uma rede comercial lucrativa o suficiente para desafiar os portugueses.

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O Heeren Zeventien (Dezessete Senhores) era o Conselho Diretor da VOC.

Em 1597, uma das seis companhias (Compagnie van Verre) enviou uma frota de quatro navios para as Índias Orientais sob o comando de Cornelis de Houtman (1565-1599), um marinheiro e comerciante holandês. Foi a primeira expedição holandesa para as Índias Orientais, e ainda que somente 87 dos 249 membros originais da tripulação tenham sobrevivido, a viagem mostrou a viabilidade de uma rota marítima para as Índias Orientais e que a Holanda podia desafiar os portugueses.

Baseando-se na viagem bem-sucedida de Houtman e para colocar um fim na rivalidade, os Estados Gerais, a mais alta instituição administrativa na república, uniram todas as seis companhias privadas numa simples sociedade de capital aberto. Em 20 de Março de 1602, a empresa recebeu um alvará com prazo de 21 anos e capital de 6,4 milhões de florins. O nome completo da companhia era Companhia Unida das Índias Orientais ou, em holandês, Vereenigde Oost-Indische Compagnie (VOC), conhecida na história como Companhia Holandesa das Índias Orientais. A VOC era essencialmente uma fusão imposta pelo estado às companhias marítimas privadas, conhecidas como voorcompagnie ou pré-companhias.

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Johan van Oldenbarnevelt
Johan van Oldenbarnevelt
Rijksmuseum (Public Domain)

O advogado e estadista Johan van Oldenbarnevelt (1547-1619) ajudou a persuadir os integrantes das seis companhias a se unir. Os holandeses estavam combatendo na Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648), a revolta das 17 províncias meridionais dos Países Baixos contra a Espanha. Estas províncias caíram sob controle espanhol em 1556 e ficaram conhecidas como os Países Baixos Espanhóis. Van Oldenbarnevelt via a Companhia Holandesa das Índias Orientais como um empreendimento econômico e uma maneira de financiar a luta para a independência holandesa. Embora van Oldenbarnevelt tenha sido executado por traição em 1619, aos 71 anos, ele é mencionado como um dos fundadores da companhia.

A Estrutura de Operação e Sistema Financeiro da VOC

Seis kamers ou câmaras formavam a VOC. Estas câmaras representavam as cidades portuárias de Amsterdã, Delft, Roterdã, Zeelândia (Middleburgo), Hoorn e Enkhuizen. Cada câmara dispunha de um conselho de diretores e o conselho central ou administração geral era conhecido como o Heeren Zeventien (Dezessete Senhores). Seu quartel-general situava-se em Amsterdã. O conselho de diretores consistia em oito diretores de Amsterdã, quatro de Zeelândia e um de cada uma das demais cidades (Delft, Roterdã, Hoornd e Enkhuizen). A vaga de número dezessete alternava-se entre as câmaras menores para contrapor a posição mais forte de Amsterdã e também para dar-lhes um grau de influência nas decisões.

A VOC encampou as frotas das companhias unidas, mas as seis câmaras eram altamente independentes, mantendo seus próprios armazéns e escritórios, equipando navios e recrutando mão de obra.

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O alvará da companhia tinha 46 artigos, e Artigo 10 permitia aos membros do público adquirir ações da VOC. Houve 1.143 investidores na “oferta pública inicial” de ações (IPO, em inglês), em Agosto de 1602. As pré-companhias já tinham levantado capital previamente de investidores privados. A VOC é considerada a primeira companhia de capital aberto da história, ao promover a oferta de ações ao público. Na realidade, a despeito do diretor rotativo, Amsterdã mantinha sua posição dominante, fornecendo 57% do capital total levantado, que totalizou 6,4 milhões de florins.

O alvará da VOC estipulava que a companhia seria liquidada ao final do prazo de dez anos, após o que o capital retornaria aos acionistas, que escolheriam então se queriam reinvestir na empresa sucessora. Devido ao sucesso comercial espetacular da VOC na Ásia, os Estados Gerais permitiram que a empresa ignorasse a liquidação estatutária em Julho de 1612.

Jan Pieterszoon Coen, Governor General of the Dutch East Indies
Jan Pieterszoon Coen, Governador-Geral das Índias Orientais Holandesas
Westfries Museum (Public Domain)

O sistema financeiro “rotativo” ou back-to-back da VOC inicialmente limitou a escala de suas operações. O fluxo de caixa de cada câmara dependia do sucesso da expedição anterior. Quando os navios retornavam à Europa, a carga era vendida com lucro e os ganhos reinvestidos em novas viagens. O financiamento back-to-back porém, tornou-se problemático. Se um navio fosse perdido no mar ou capturado pelos portugueses ou a demanda por especiarias declinasse (conforme ocorreu no final do século XVIII), a VOC sofria um problema imediato de fluxo de caixa.

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Até cerca de 1760, o lucro anual da companhia chegava a seis milhões de florins.

Este problema foi compreendido por Jan Pieterszoon Coen (1587-1629), funcionário da companhia e governador-geral da Ásia por dois mandatos (1619-1623 e 1627-1629). Coen argumentou que a VOC deveria buscar outros produtos além dos voltados para os mercados europeus nas rotas comerciais asiáticas e que deveria controlar posições-chave (tais como as Ilhas das Especiarias ou Molucas) com o uso de contingentes militares e postos avançados permanentes.

Alguns diretores da companhia opuseram-se a Coen, mas os Estados-Gerais exigiram que a VOC armasse seus navios e realizasse operações militares para rechaçar os portugueses e a ameaça crescente dos ingleses. Em 1609, por exemplo, William Keeling (1577-1619), um capitão da empresa, obteve permissão para instalar um posto comercial fortificado nas Ilhas Banda e adquirir noz-moscada dos bandaneses.

Dutch East India Company's Warehouse and Living Quarters
O Armazém e Alojamentos da Companhia Holandesa das Índias Orientais
Pieter van den Broecke (Public Domain)

A política de “comércio pelas armas” dos Estados Gerais levou diretores a submeter uma petição em 1617, argumentando que uma companhia comercial não deveria suportar o fardo financeiro dos interesses militares do país. Por volta de 1609, os custos militares da VOC chegavam a mais de 4.000.000 florins, incluindo construção de fortalezas, aquisição de navios (cada um custava 100.000 florins) e de canhões para equipá-los.

A VOC possuía uma frota de cerca de 150 navios, navegando via Cabo da Boa Esperança para as Índias Orientais e parando em vários portos para adquirir especiarias e outras mercadorias. Isso significava viagens de mais de três anos, período mínimo pelo qual a tripulação seria contratada, e com necessidade de reparos dispendiosos quando os navios retornavam. Também significava que as câmaras precisavam esperar mais tempo pela carga que seria vendida com lucro. A solução foi estabelecer uma base permanente na Ásia, criar relacionamentos comerciais sólidos e negociar melhores preços.

Batávia (atualmente Jacarta) tornou-se o principal centro administrativo e armazém da VOC em 1619.

O Império das Especiarias da VOC

Em 1605, uma frota da companhia, sob o comando do almirante Steven Van der Hagen (1563-1621) tomou a fortaleza portuguesa (Fortaleza Nossa Senhora da Anunciada) em Amboíno, nas Ilhas das Especiarias. Os holandeses a renomearam Kasteel Victoria e ela se tornou a base principal e entreposto (centro comercial) para a VOC na Ásia até 1619.

Esta ação estratégica assegurou o monopólio do comércio de cravo-da-índia, porque Amboíno se encontrava num ponto vital para as rotas comerciais eurasianas. A fortaleza recebeu um contingente de soldados e tratados foram assinados com os governantes locais para garantir o monopólio. Frederick de Houtman (1571-1627) foi nomeado primeiro governador-geral da VOC (1605-1611). Era irmão de Cornelis de Houtman e, em 1618, enquanto navegando na embarcação da companhia, o Dordrecht, uma porção da costa ocidental da Austrália foi descoberta acidentalmente.

Batávia (atualmente Jacarta) tornou-se o principal centro administrativo e armazém da VOC em 1619. Ela permaneceu como capital colonial das Índias Orientais Holandesas até 1942, quando os japoneses expulsaram os holandeses e mudaram seu nome para Jacarta. Jan Pieterszoon Coen percebeu a necessidade de um quartel-general para a companhia e um centro administrativo permanente, onde mercadorias pudessem ser estocadas e enviadas para a Europa. Ele acreditava que a força era necessária para expandir a influência da empresa. Com uma força de 17 navios e 1.000 soldados, Coen chegou em Maio de 1619 e atacou os reinos de Banten e Jayakarta, antes de incendiar a cidade de Jayakarta e construir Batávia sobre as ruínas.

Dutch East India Company Trading Regions
Regiões Comerciais da Companhia Holandesa das Índias Orientais
Nicolaas Visscher II Koninklijke Bibliotheek (Public Domain)

Coen era um administrador severo e sua estratégia consistia em capturar as Ilhas Banda e assegurar o monopólio de noz-moscada e macis. Em 1621, com uma frota de 13 navios, Coen, com 1655 soldados e 250 mercenários japoneses, desembarcou em Lontor (atualmente Banda Besar), a maior ilha do arquipélago. Os invasores incendiaram as casas dos bandaneses e mataram mais de 10.000 habitantes ou mais de 90% da população (embora os números variem). Esta ação é conhecida como o Massacre de Banda.

Em Maio de 1621, 44 Orang Kaya (líderes locais) foram mortos e os bandaneses capturados vendidos como escravos. O cultivo de noz-moscada nas Ilhas Banda, a partir de então, requereria a importação de trabalho escravo de Java. A Companhia Holandesa das Índias Orientais tinha o monopólio sobre a produção de noz-moscada e macis e, até cerca de 1760, o lucro anual da empresa alcançava seis milhões de florins.

O desenvolver uma extensa rede de comércio em toda a Ásia, o império de especiarias da VOC ampliou-se para:

  • Ceilão (Sri Lanka) - Em 1638, a companhia apossou-se da cidade portuária de Galle, no lado ocidental da ilha, e da região de plantações de canela. Os administradores da VOC estabeleceram-se em Colombo e passaram a exportar 8.000-10.000 fardos de canela anualmente.
  • Formosa (Taiwan) - Entre 1624 e 1662, a VOC manteve um povoado no Forte Zeelândia que se tornou a base para o comércio da companhia no Mar do Sul da China. Eles passaram a comercializar seda bruta, prata e ouro.
  • Vietnã – Um posto comercial em Hoi An foi fundado em 1633, quando os governantes Trinh concederam privilégios comerciais à companhia. Havia uma demanda crescente para a seda tonkinesa do Vietnã setentrional.
  • Índia – A VOC começou a negociar no subcontinente indiano em 1604 e construiu uma fábrica em Paliacate (Pazhaverkadu), na Costa de Coromandel, no sudeste da Índia. Outros postos foram estabelecidos em Surat, Bengala, Costa do Malabar e Concão para o comércio de seda, índigo e o tecido calico, altamente valorizado pelas holandesas.
  • Sião (Tailândia) - A principal presença da companhia situava-se em Ayutthaya. O Rei Ekathotsarot (1560-1610) concedeu terras para a VOC em 1606. Os holandeses construíram uma fábrica no local, reunindo produtos siameses, tais como camurça, chifres de búfalo, couro de boi e látex, que seriam vendidos no Japão.
  • Japão – O xogunato Tokugawa ou governo militar (1603-1867) restringiu as atividades da VOC a Dejima, uma pequena ilha na baía de Nagasaki. Dejima era uma ilha artificial construída para os portugueses, mas o xogunato expulsou os estrangeiros devido à política isolacionista. Os holandeses, porém, tiveram permissão de permanecer, mas foram transferidos para Dejima em 1641. Eles introduziram telescópios e microscópios no Japão, enquanto a venda das sedas tonkinesas resultou num lucro de 710.000 florins para a empresa.

As Explorações da VOC

A VOC buscava sempre novas oportunidades de negócios, o que a levou para águas desconhecidas. As duas principais viagens foram as de Abel Janszoon Tasman (1603-1659) e Willem de Vlamingh (1640-1698). Abel Tasman tornou-se capitão na Companhia Holandesa das Índias Orientais em 1634. O governador-geral em Batávia, Anthony van Diemen (1593-1645), queria expandir a influência holandesa na Ásia. A VOC também estava interessada em ouro e prata e numa rota marítima para o Chile através do Pacífico.

Abel Tasman comandou dois navios, Heemskerck e Zeehaen, partindo de Batávia em Agosto de 1642 para buscar terras não mapeadas ao sul (Terra Australis Incognita). Em Novembro, avistou a costa oeste da Tasmânia, um estado insular separado do território australiano que o explorador denominou Terra de Van Diemen. Navegando rumo leste, Tasman avistou a ilha sul da Nova Zelândia.

Abel Tasman
Abel Tasman
National Library of Australia (Public Domain)

Os holandeses já tinham mapeado vastas extensões da costa ocidental e setentrional da Austrália, mas a expedição de Tasman foi a primeira a se dirigir à região sul. Em 1644, Tasman novamente deixou Batávia com instruções da VOC de mapear a costa ocidental e setentrional da Austrália e avaliar oportunidades de negócio e potencial para a instalação de assentamentos holandeses. A VOC ficou desapontada porque a Nova Holanda (nome dado à Austrália pelos holandeses) não se tornou uma fonte potencial de riqueza.

Willem de Vlamingh foi enviado em 1696 para buscar dois navios da companhia, Ridderschap van Holland (Cavalheirismo da Holanda), que desaparecera na rota para Batávia em 1694, e Vergulde Draeck (Dragão Dourado), perdido em 1696. Ele também recebeu instruções para mapear partes da costa ocidental da Nova Holanda ainda não percorridas pelos holandeses. Embora nenhum traço dos navios perdidos fosse encontrado, de Vlamingh e sua tripulação mapearam 1.500 quilômetros da costa, desembarcaram na Ilha Rorrnest e se aventuraram pelo Rio Cisne acima, tornando-se os primeiros europeus a avistarem o cisne negro da Austrália Ocidental.

Willem de Vlamingh
Willem de Vlamingh
Australian National Maritime Museum, Sydney (Public Domain)

Em Fevereiro de 1697, Vlamingh achou um prato de latão deixado pelo explorador Dirk Hartog (1580-1621) em 1616, meio enterrado na areia da Ilha Dirk Hartog, na Austrália Ocidental. O prato foi substituído por um memorial com o registro da visita de Vlamingh no Geelvinck (Tentilhão Amarelo).

A VOC perdeu o interesse pela Austrália. Enviaram seus últimos navios, o Rijder e o Buis, para o continente australiano em 1756 para explorar o Golfo de Carpentária. Embora as viagens de Tasman e de Vlamingh não tenham trazido retorno em termos comerciais, a VOC desempenhou um importante papel na exploração e mapeamento da Austrália, muito antes que o capitão James Cook (1728-1779) tenha colocado os pés no litoral da Botany Bay, em 1770.

O Declínio da Companhia Holandesa das Índias Orientais

A VOC tem sido comparada a uma corporação moderna devido ao seu conselho de diretores, ações negociadas publicamente e alcance global. Foi uma empresa que manteve seu próprio exército, cunhava sua própria moeda, negociada tratados e agia como um estado colonial. Ainda assim, no final do século XVIII, a Companhia Holandesa das Índias Orientais faliu e o governo a dissolveu formalmente em 31 de Dezembro de 1799.

Dutch East India Company Coinage
Moeda da Companhia Holandesa das Índias Orientais
Svdmolen (GNU FDL)

As razões para o declínio da companhia incluem:

Altos custos administrativos – A VOC precisava empregar oficiais militares e soldados, além dos funcionários civis, gerando uma enorme despesa para a manutenção do seu monopólio comercial. Em 1766, por exemplo, o pagamento dos militares chegou a 12,2 milhões de florins.

Corrupção – Os funcionários da companhia na Ásia faziam negócios ilegais ou enchiam seus bolsos às custas da empresa. O salário anual do governador-geral somava 14.000 florins, mas Joan van Hoorn (1653-1711), que ocupou o cargo por cinco anos, de 1704 a 1709, voltou para casa com dez milhões de florins.

Rivalidade e Conflito – Os holandeses enfrentaram os ingleses e a Companhia Britânica das Índias Orientais (EIC), à medida que esta estabelecia seus postos comerciais na Ásia. Em 1623, os holandeses julgaram e executaram dez ingleses, nove japoneses e um comerciante português em Amboíno (atual Ambon) após terem confessado, sob tortura, sua traição e um plano para tomar a fortaleza local e matar o governador-geral. Este incidente, conhecido como o Massacre de Amboíno, com o tempo ajudou a desencadear as Guerras Anglo-Holandesas (1652-1784) - a Quarta Guerra resultou na destruição da frota holandesa pelos ingleses e no severo rompimento das rotas entre a Ásia e a Europa em 1780. Embora os holandeses implacavelmente eliminassem a competição estrangeira nas Ilhas das Especiarias, isso trouxe um custo econômico. A VOC também se envolveu em questões políticas financeiramente dispendiosas na região, particularmente nas guerras japonesas de sucessão (1703-1755).

Especiarias em baixa – Outros produtos, como o chá, café e açúcar ampliaram o mercado internacional e passaram a rivalizar com as especiarias em importância econômica. Novos alimentos e estilos de preparação emergiram e os temperos não mais eram um item de luxo tão cobiçado. Da mesma forma, o contrabando resultou em sementes e plantas cultivadas em todos os lugares. A noz-moscada, nativa das Ilhas das Especiarias, começou a ser cultivada no Caribe e os ingleses a levaram, junto com o cravo-da-índia, do sudeste da Ásia para a Índia.

O Legado da VOC

A Companhia Holandesa das Índias Orientais – uma empresa que existiu por quase 200 anos – foi mais do que um empreendimento comercial. A VOC revolucionou o comércio a longa distância, conectou o Oriente com o Ocidente através de uma eficiente cadeia de suprimentos que enviavam especiarias, porcelana, têxteis e outras mercadorias, e se tornou uma força colonial na Ásia.

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Perguntas e respostas

O que era a Companhia Holandesa das Índias Orientais?

A Companhia Holandesa das Índias Orientais, com frequência considerada a primeira companhia de capital aberto do mundo, foi formada em 1602, quando os Staten-Generaal (Estados Gerais) fundiram seis pequenas companhias privadas das Índias Orientais nos Países Baixos. O nome da companhia era Companhia Unida das Índias Orientais ou Vereenigde Oost-Indische Compagnie (VOC), conhecida na história como Companhia Holandesa das Índias Orientais.

O que fazia a Companhia Holandesa das Índias Orientais?

O propósito da Companhia Holandesa das Índias Orientais era o comércio, especialmente a obtenção do monopólio do negócio das especiarias na Ásia. No decurso de suas atividades comerciais, a companhia se tornou um poder colonial na Ásia do século XVII, com o direito de firmar tratados, construir fortificações e conduzir operações militares.

O que aconteceu com a Companhia Holandesa das Índias Orientais?

A Companhia Holandesa das Índias Orientais existiu por quase 200 anos, a partir de 1602, até sua dissolução pelo governo holandês, em 31 de Dezembro de 1799.

O que causou o declínio da Companhia Holandesa das Índias Orientais?

Vários fatores causaram o declínio da Companhia Holandesa das Índias Orientais: altos custos administrativos, corrupção, o considerável fardo de armar os navios da empresa para lutar contra rivais, tais como a Companhia Britânica das Índias Orientais (EIC), além da redução da demanda pelas especiarias ao final do século XVIII.

Bibliografia

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Kim Martins
A Kim é uma escritora freelancer sediada na Nova Zelândia. Ela tem uma Licenciatura em História e Mestrado em Ciência do Caos & Complexidade. Os seus interesses especiais são fábulas e mitologia, bem como a exploração do mundo antigo.

Citar este trabalho

Estilo APA

Martins, K. (2023, outubro 31). Companhia Holandesa das Índias Orientais [Dutch East India Company]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-22368/companhia-holandesa-das-indias-orientais/

Estilo Chicago

Martins, Kim. "Companhia Holandesa das Índias Orientais." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação outubro 31, 2023. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-22368/companhia-holandesa-das-indias-orientais/.

Estilo MLA

Martins, Kim. "Companhia Holandesa das Índias Orientais." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 31 out 2023. Web. 20 nov 2024.