
Adolf Eichmann (1906-1962), tenente-coronel da SS nazista, foi responsável pela organização do transporte de judeus e outras vítimas do nazismo para campos de concentração, de trabalho forçado e de extermínio. Eichmann teve um papel fundamental no Holocausto e morte de 6 milhões de judeus, mas conseguiu fugir depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45) para a América do Sul.
Vivendo sob uma identidade nova na Argentina, o passado de Eichmann finalmente o encontrou quando agentes de Israel o identificaram e o capturaram em 1960. Eichmann foi levado a Israel, onde enfrentou um julgamento por crimes contra a humanidade. Considerado culpado, Eichmann foi condenado à pena de morte por enforcamento. Sem se arrepender até o fim, ele foi executado em 31 de maio de 1962.
Juventude
Adolf Eichmann nasceu em Solingen, Alemanha, em 19 de março de 1906. Quando sua mãe morreu em 1910, sua família mudou-se para a Áustria. Em Linz, seu pai trabalhou como gerente de uma empresa de energia e bonde. Ironicamente, como se verá devido aos acontecimentos posteriores, Adolf era “ridicularizado devido à sua pele mais escura e sua baixa estatura, sendo chamado de “o pequeno judeu” (Boatner, 150). Seguindo a carreira de seu pai, ele se matriculou no Instituto Superior de Estudos Eletrotécnicos de Linz, mas desistiu dois anos depois. Adolf passou a trabalhar como representante comercial para diversas empresas de energia e construção, mas sua ambição era representar uma espécie de força muito diferente.
Um nazista austríaco
Em 1º de abril de 1932, Eichmann se filiou ao Partido Nazista austríaco. Nesse período ele se transformou: do garoto envergonhado e melancólico que ele havia sido em um “extrovertido, barulhento, alcoólatra e arrogante” (Boatner, 150). Em 1933, Eichmann se filiou à SS (Sturmabteilung), o grupo paramilitar de elite nazista, em setembro de 1934. Judeus, vagamente identificados pelas Leis de Nuremberg de 1935, eram considerados pelos nazistas como seu inimigo número um, culpados pelos problemas econômicos das décadas de 1920 e 1930 e considerados de uma raça inferior. Eichmann especializou-se em questões judaicas e brevemente visitou a Palestina em 1937. Em 1938, Eichmann dirigiu o Departamento de Imigração Judaica da SS em Viena. Adolf Hitler (1889-1945), o líder da Alemanha nazista, havia promovido a Anschluss - a anexação da Áustria pela Alemanha - naquele mesmo ano. Os planos foram colocados em prática para forçar o maior número possível de judeus a emigrar e deixar de viver no que foi denominado por Hitler de Terceiro Reich ou Grande Alemanha.
Eichmann se destacou no trabalho de expulsar judeus do Reich. Ele se tornou obcecado por metas, regularmente inspecionando sua equipe para verificar se ela cumpria sua quota e tudo funcionava tão eficientemente como deveria ser. Eichmann empregou todos os tipos de medida cruel, o que obrigou milhares de judeus a emigrarem contra sua vontade, frequentemente deixando para trás seus bens. O dinheiro obtido dos judeus mais ricos neste projeto foi usado para pagar os custos de transporte dos mais pobres. O sucesso de Eichmann em forçar o povo judeu a sair de Viena foi devidamente notado por Hitler. Com isso, em agosto de 1938, Eichmann foi transferido para Berlim, tornando-se diretor do Departamento Central do Reich para a Emigração Judaica. Em 1939, as políticas de emigração forçada de Eichmann e o próprio Eichmann foram vistos em Praga e, mais tarde, ele pessoalmente repetiria suas políticas na Hungria. Em dezembro de 1939, Eichmann filiou-se à Gestapo, a polícia secreta nazista.
Eichmann foi posto no comando do projeto secreto conhecido como Plano Madagascar, que consistia em deportar 4 milhões de judeus para a ilha de Madagascar (à época uma colônia francesa). O projeto incluía, com o típico estilo nazista de eficiência, exigir dos emigrantes que eles pagassem pelos custos de seu transporte. O Plano Madagascar seria abandonado devido à sua impraticabilidade e substituído por um projeto muito mais diabólico.
A solução final
Eichmann alcançou o posto de Obersturmbannführer ou tenente-coronel da SS. No outono de 1941, ele foi nomeado chefe da Seção IV 4b nazista da RSHA (sigla em inglês para Departamento Central da Segurança do Reich ou Reichssicherheitshauptamt em alemão). O aparentemente inofensivo nome da seção chefiada por Eichmann escondia sua real função de Departamento Central de Raça e Colonização, a qual era responsável por executar a Solução Final de Hitler, isto é, o extermínio de todos os judeus europeus. Eichmann tomou conhecimento da Solução Final quando ele compareceu à conferência de Wannsee (no subúrbio de Berlim), que foi presidida pelo chefe da RSHA e chefia imediata de Eichmann, Reinhard Heydrich (1904-1942), em 20 de janeiro de 1942. Eichmann redigiu a ata da conferência em Wannsee e se tornaria o principal tenente de Heydrich. Juntos, eles elaborariam um protocolo de operações diabólico. Os judeus presos seriam deportados de trem para o leste do Terceiro Reich, onde antes era a Polônia e territórios soviéticos, e seriam mantidos em campos de trabalho forçado. Os presos que não pudessem trabalhar (a grande maioria), seriam enviados para campos de extermínio, como o de Auschwitz. O plano, mantido em sigilo e sempre referido indiretamente dentro dos círculos nazistas, foi chamado de Solução Final em referências às diversas tentativas prévias feitas pelo regime nazista em remover da Grande Alemanha aqueles identificados como judeus.
Dr. Robert Kempner, durante suas pesquisas conduzidas enquanto era promotor de justiça nos Julgamentos de Nuremberg, realizados após o término da Segunda Guerra Mundial para julgar criminosos de guerra nazistas, descobriu um arquivo de documentos referentes à conferência de Wannsee. No fundo do arquivo foi encontrada uma nota simples: “Solução Final para a Questão Judaica”. A descoberta do arquivo foi tarde demais e não pôde ser utilizada nos Julgamentos de Nuremberg, mas essa primeira evidência documental vital sobre quando Hitler deu a ordem para o início do Holocausto foi usada em julgamentos subsequentes por crimes de guerra.
Em Wannsee, Heydrich alardeou que ele veria 11 milhões de judeus serem eliminados. Heydrich foi assassinado em Praga pela Resistência Tcheca em maio de 1942, o que não impediu que a Solução Final continuasse a ser executada. Eichmann foi muito importante nesse processo, como narrado pelo Dr. Wilhelm Höttle, um oficial da SS na RSHA:
Eu gostaria de descrever Eichmann, por assim dizer, como um transportador da morte, como um homem, basicamente, de mente pequena e um incrível talento organizacional. Primeiramente ele teve sucesso em se livrar dos judeus que queriam emigrar - dois terços dos judeus austríacos foram salvos dessa maneira. E exatamente da mesma maneira ele teve sucesso, posteriormente, uma vez que a ordem de extermínio estava em vigor, em enviar os judeus para os campos de extermínio… Eichmann fez tudo aquilo que lhe fora ordenado. Ele estava possuído em cumprir com seu dever. Ele tinha um certo complexo de inferioridade: até então, ele não havia conquistado muito em sua vida antes de ter ingressado na SS e queria mostrar o quão inteligente e trabalhador ele era. E essa era a pior coisa a seu respeito…
(Holmes, 318-9)
Aqueles que os nazistas identificavam como judeus, e outros chamados de inimigos de estado, como os povos ciganos, testemunhas de Jeová, maçons e homossexuais, eram colocados em trens e removidos das cidades. Para minimizar a resistência, garantias eram dadas de que os trens não estavam levando aquelas pessoas para os terríveis guetos, mas sim para uma nova e melhor vida. O próprio Eichmann dava essa garantia, por exemplo, prometendo a um grupo de judeus húngaros:
Judeus, vocês não têm nada com que se preocupar. Nós queremos apenas o melhor para vocês. Você partirão em breve e, realmente, serão enviados para um lugar muito agradável. Lá vocês irão trabalhar, suas esposas ficarão em casa e seus filhos irão para a escola. Vocês terão vidas maravilhosas.
(Bascomb, 6)
O destino real eram campos de trabalho forçado ou campos de extermínio na Alemanha e na Polônia, mas muitos morreram nos trens sufocados ou desidratados, tais eram as condições terríveis nas quais eles eram transportados. Parte da defesa que Eichmann posteriormente apresentaria contra as acusações de crimes contra a humanidade era que ele não havia matado pessoalmente ninguém ou que tivesse alguma relação com os campos de extermínio, mas apenas com o transporte de pessoas para aqueles campos. Contudo, as condições brutais do transporte férreo resultaram em milhares de mortos. Zeev Sapir, uma testemunha, relatou que todo mundo, homens, mulheres e crianças, eram despojados de suas roupas, quaisquer objetos de valor eram removidos e seus documentos rasgados. Qualquer um que resistisse era espancado. Sapir e outros 102 judeus eram então abarrotados em um vagão de gado construído para transportar apenas oito vacas. Era fornecido apenas um balde para servir como vaso sanitário e apenas um balde com água potável. A viagem durava quatro dias, e não eram fornecidas comida ou mais água. Sapir chegou em Auschwitz, mas muitas das pessoas em seu vagão morreram durante a viagem.
Campos como o Auschwitz-Birkenau foram intencionalmente desenhados para a exterminação em massa. As pessoas eram forçadas a entrar em câmaras de gás que comportavam até 2.000 pessoas que eram mortas por gás venenoso. Frequentemente elas eram informadas que iriam ser desinfectadas de piolhos em chuveiros localizados dentro das câmaras de morte. Outros prisioneiros retiravam os corpos das câmaras para deixá-los aptos a receber o próximo grupo. Malnutrição e doenças também causaram incontáveis mortes devido às terríveis condições de vida nos campos. Os horrores perpetrados naqueles campos estão bem documentados pelos prisioneiros sobreviventes, por aqueles que neles trabalhavam e por soldados dos Aliados que liberaram os campos ao final da guerra. Esses acontecimentos talvez não sejam possíveis de serem compreendido por pessoas que não os viveram. Mesmo aqueles que os testemunharam e sobreviveram a eles, em muitos casos, não puderam viver com aquilo que viram. Milhares de prisioneiros se jogaram contras as cercas eletrificadas, e um significativo número que conseguiu ser posteriormente libertado se suicidou para escapar da lembrança recorrente do horror.
Eichmann continuou com sua terrível missão. Ele viu que judeus e outros “inimigos” foram eliminados nos novos territórios capturados quando o exército alemão fazia avanços territoriais significativos. Isso era feito por esquadrões da morte móveis conhecidos como Einsatzgruppen, que reunia as pessoas para o transporte ou simplesmente executavam em massa vilas inteiras. O próprio Eichmann estimava que o Einsatzgruppen foi responsável por 2 milhões de mortes. Eichmann não tinha remorsos quanto à morte de crianças, uma vez que ele a considerava necessária para evitar o surgimento de uma nova geração que desejasse vingar a morte de seus pais. Eichmann certamente realizava seu trabalho com satisfação, o que era frequentemente notado por seus colegas da SS. Uma vez ele afirmou: “Vou pular rindo no meu túmulo, porque a sensação de ter cinco milhões de pessoas pesando na minha consciência é para mim uma fonte de extraordinária satisfação” (Boatner, 150). À medida que a matança prosseguia e os números aumentavam, Eichmann disse novamente a um de seus subordinados: “Eu morrerei feliz com a certeza de ter matado quase seis milhões de judeus” (ibid).
A fuga de Eichmann
Quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, Eichmann fugiu para os Alpes Austríacos com um grupo heterogêneo de subordinados da SS, soldados e alguns membros da Juventude Hitlerista. Suas ordens iniciais era estabelecer um grupo de resistência, mas ele recebeu uma última ordem: não atirar nas tropas dos Aliados. A guerra havia terminado. A Alemanha havia se rendido. Eichmann visitou sua esposa e três filhos nos arredores de Altaussee. Sabendo que ele seria perseguido como um criminoso de guerra, despediu-se de sua família e disse-lhes que entraria em contato assim que estivesse estabelecido em um lugar seguro. Àquela altura, os Aliados haviam formado unidades especiais para capturar criminosos de guerra. Tendo sido declarada lei marcial e postos de controle estabelecidos por todos os lados, Eichmann não poderia escapar por muito tempo.
Eichmann foi preso pelas forças aliadas quando se dirigia a Salzburg. Ele se apresentou com um nome falso e afirmou ser um membro da força aérea alemã. Ele foi preso em um campo de detenção administrado pelos Estados Unidos. Tratava-se de uma instalação rudimentar, com apenas uma cerca de arame. Eichmann escapou do campo de detenção e rumou para Salzburg. Ele foi preso novamente e detido no campo de Ober-Dachstetten, no sul da Alemanha. Novamente, ele não foi reconhecido e conseguiu escapar mais uma vez, dessa vez com a ajuda de companheiros da SS que também lá estavam presos. Certa noite, ao pular a cerca de arame farpado e correr para a floresta, Eichmann desapareceu sem deixar vestígios. Atualmente, sabe-se que ele trabalhou por diversos anos na Alemanha, primeiramente como lenhador e depois como granjeiro, ironicamente vendendo ovos de sua granja no mercado negro, a maioria para clientes judeus.
O resto do mundo não tinha certeza sobre o que havia acontecido com Eichmann. Nos Julgamentos de Nuremberg, seu companheiro nazista Ernst Kaltenbrunner (1903-1946) disse em seu interrogatório que Eichmann havia sido morto, descrevendo em detalhes as circunstâncias de sua morte, uma artimanha comum para evitar que companheiros nazistas fossem perseguidos. Em outra reviravolta, um grupo de vingança composto por judeus alegou ter apreendido Eichmann nos Alpes Austríacos e o executado a tiros. Também houve rumores de que Eichmann havia sido morto na Tchecoslováquia.
Na realidade, Eichmann estava vivendo sob uma falsa identidade na Alemanha, mas em 1950, ele decidiu que era muito perigoso continuar na Europa. Ajudado por simpatizantes do nazismo, Eichmann, como muitos outros criminosos nazistas, viajou ao longo de uma bem estabelecida rede de casas seguras na Alemanha, na Áustria, na Itália e, finalmente, em seu destino final, na Argentina. Eichmann conseguiu um novo passaporte e viajou na terceira classe de um navio desde Gênova até Buenos Aires em julho de 1950, carregando em seu bolso um souvenir do solo alemão. Mais uma vez - como já havia sido feito com outros famosos nazistas como Josef Mengele (1911-1979) - uma rede secreta de figuras importantes do governo argentino e da Igreja Católica na Europa obteve êxito em impedir que um criminoso de guerra fosse julgado pela justiça que merecia. Graças a essa rede nazista em sua nova pátria, Eichmann ganhou um emprego em uma fábrica da Volkswagen e depois em uma hidrelétrica. Em julho de 1952, a esposa e os filhos de Eichmann se juntaram a ele. A fim de evitar que seus filhos, descuidadamente, contassem a verdade para estranhos, Eichmann disse a eles que era seu tio.
A caçada por Eichmann
Eichmann pode ter conseguido escapar momentaneamente. A natureza sigilosa do Holocausto nos círculos nazistas, juntamente com a política deliberada de Eichmann de evitar ser fotografado, dificultou que o tenente-coronel da SS deixasse rastros. Entretanto, um homem em particular estava determinado a levar Eichmann e outros criminosos de guerra nazistas à justiça.
Simon Wiesenthal (1908-2005), ele próprio um sobrevivente dos campos de concentração nazistas, tornou-se conhecido como “caçador de nazistas”. Em sua pesquisa, ele percebeu que nome de Eichmann era citado regularmente nos testemunhos dos sobreviventes do Holocausto. Em 1953, Wiesenthal recebeu confirmação que Eichmann estava vivendo próximo a Buenos Aires sob o nome de Ricardo Klement. Wiesenthal passou essa informação para as autoridades israelenses, mas foi apenas em 1960 que o Mossad - a agência de inteligência israelense - elaborou um plano para sequestrar Eichmann e trazê-lo a Israel para ser julgado. Sequestrar Eichmann era uma ofensa à soberania da Argentina. Mesmo assim, os israelenses anunciaram sua captura em 11 de maio de 1960. A operação envolveu mais de dez agentes e semanas de preparação, mas Eichmann foi finalmente capturado quando descia de um ônibus no subúrbio de Buenos Aires. A hora do acerto de contas havia chegado.
Julgamento e Execução de Eichmann
Em um primeiro momento, Eichmann foi interrogado extensivamente, inclusive para que se descobrisse o paradeiro de outros fugitivos nazistas. Acreditando que ele teria a chance de receber apenas uma pena de prisão, Eichmann cooperou bastante com seus interrogadores. Eichmann foi julgado pela prática de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes contra o povo judeu. O julgamento durou de abril a agosto de 1961. O tribunal queria demonstrar não apenas a culpa de Eichmann, mas, como nos Julgamentos de Nuremberg, também revelar a complexa extensão dos horrores do Holocausto e, com isso, informar à nova geração o que havia acontecido durante o regime nazista. Testemunhas incluíam aqueles que haviam pessoalmente visto Eichmann em ação, exercendo seu papel na SS. O antigo oficial da SS foi mantido protegido no tribunal por um vidro à prova de bala. Eichmann não demonstrou estar arrependido de suas ações e, em todo caso, desculpava-se alegando que estava apenas seguindo ordens de seus superiores e que teria se envolvido apenas no transporte de pessoas para os campos, e não no que acontecia neles: “Eu tinha ordens mas não tinha nada a ver com aquele negócio”, ele disse (Cimino, 216). Eichmann apoiou sua defesa na alegação de que ele era uma mera peça burocrática em uma grande máquina de matar nazista.
Eichmann foi considerado culpado e sentenciado à morte. Foi a primeira vez que um tribunal de Israel aprovou e realmente aplicou esse tipo de sentença. O criminoso condenado, visivelmente abalado, deu uma resposta desconcertantemente inapropriada ao ouvir sua sentença: “Meu princípio orientador na vida tem sido o desejo de lutar pela realização de valores éticos” (Thomas, 124). Eichmann primeiro apelou do julgamento e depois por clemência, mas ambas as apelações foram rejeitadas. Eichmann não estava arrependido; ele comentou para um missionário protestante que o visitou em sua cela: “Eu não fiz nada errado. Eu não estou arrependido” (Bascomb, 318).
Adolf Eichmann foi enforcado à meia-noite do dia 31 de maio de 1962. Seu corpo foi cremado e as cinzas foram espalhadas em águas neutras do Mar Mediterrâneo. Assim como outras autoridades nazistas rés nos Julgamentos de Nuremberg, Eichmann havia impressionado o público apenas pela banalidade de sua personalidade e sua atitude de incompreensão com a enormidade dos horrores que ele havia sido responsável. De fato, um livro controverso foi publicado em 1963 sobre Eichmann por Hannah Arendt com o título Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Eichmann tinha, ao final, inadvertidamente ajudado o inimigo que ele havia se esforçado tanto em eliminar. Sua dramática captura e julgamento ajudou a aumentar o interesse em aprender sobre o Holocausto e, 17 anos depois de a guerra ter terminado, ajudar a assegurar que as atrocidades pelas quais ele havia sido responsável fossem novamente documentadas para que todos vissem, ajudando a assegurar que elas nunca fossem esquecidas.