Minotauro

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Brittany Garcia
por , traduzido por Jonas Tenfen
publicado em 01 setembro 2013
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol
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Minotaur (by Mark Cartwright, CC BY-NC-SA)
Minotauro
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Na mitologia grega, o Minotauro era um monstro com corpo de homem, mas cabeça e cauda de touro. O Minotauro era filho da rainha cretense Pasífae e de um majestoso touro. Devido à forma monstruosa de Minotauro, o rei de Minos ordenou ao artesão Dédalo e seu filho, Ícaro, que construíssem uma fortificação de corredores que causassem confusão, conhecido como Labirinto, para abrigar a fera. O Minotauro permaneceu no Labirinto recebendo oferendas anuais de jovens e donzelas para devorar. Ele acabou sendo morto pelo herói ateniense Teseu.

A palavra Minotauro é uma palavra composta que consiste no antigo nome grego “Μίνως” ou “Minos” e no substantivo “ταύρος” ou “touro”. Assim, a palavra Minotauro significa “Touro de Minos”. Enquanto que o nome de nascimento deste ente, Astério, em grego antigo “ἀστέριον”, significa “estrelado”, o que sugere uma associação com a constelação de Touro.

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Minos & o Touro que veio do Mar

Na mitologia grega, Minos foi um dos três filhos da união de Europa e Zeus – quando Zeus assumiu a forma de um touro. O marido de Europa era o rei de Creta, Astério, que cuidava dos meninos como se fossem seus. Quando Astério morreu, não estava claro qual dos três filhos deveria ascender ao poder. O nome dos três era Minos, Sarpedão e Radamanto. Era Minos, cujo nome em cretense significa rei, que estava destinado a ser o rei de Creta, embora sua ascensão ao poder tenha sido uma jornada difícil, afinal ele tinha de primeiramente se livrar de seus irmãos rivais. Minos, porém, tinha uma vantagem: alegava possuir o apoio e a autoridade dos deuses para governar e se gabava de que podia prová-lo, pois se orasse pedindo algo os deuses o atenderiam. Assim, um dia, enquanto fazia um sacrifício a Poseidon, ele rezou para que um touro aparecesse das profundezas do mar. Minos prometeu aos céus que sacrificaria o touro a Poseidon assim que ele aparecesse. Poseidon, então, produziu um touro magnífico a partir do mar; assim, a reivindicação de poder de Minos foi validada, pois ninguém ousou desafiar o favor dos deuses, muito menos do poderoso Poseidon que governava todos os mares. Como resultado da conquista do trono, Minos baniu seus irmãos de Creta. Os três irmãos seriam reunidos posteriormente, pois depois de morrerem foram nomeados juízes no Submundo. Era tarefa deles julgar os mortos, a fim de determinar onde ficaria seus destinos no Submundo baseado nos seus méritos em vida.

Rei Minos ordenou que Dédalo e Ícaro construíssem um grande Labirinto para abrigar o filho de sua esposa: Astério ou Minotauro.

Contudo, o rei Minos não cumpriu seu voto a Poseidon: ele guardou para si o majestoso touro cretense e sacrificou outro diferente ao deus. Irritado com o desrespeito de Minos, Poseidon conspirou para puni-lo por sua arrogância e húbris. De acordo com algumas versões do mito, é Poseidon quem pune Minos ao incutir na esposa do rei, Pasífae, uma paixão pelo touro que veio do mar. Em outra versão, segundo o autor romano Higino, é Vênus (Afrodite) quem amaldiçoa Pasífae, porque a rainha não demonstrava a devida piedade à deusa há algum tempo. A deusa puniu a rainha destinando-a uma paixão lasciva pelo majestoso touro que veio do mar. Em outra versão ainda, é contado como Poseidon, irritado com Minos, pediu ajuda a Afrodite no assunto e ela amaldiçoou Pasífae como um favor a Poseidon.

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Pasífe & o Nascimento do Minotauro

A rainha Pasífae, atormentada por desejos divinamente infligidos, procurou ajuda de Dédalo e Ícaro. Para Pasífae, Dédalo construiu uma vaca de madeira – mas com couro de verdade – e a dispôs sobre rodas. Dédalo, então, colocou a rainha Pasífae dentro da estrutura e a empurrou para a campina onde seu desejado touro pastava. Foi lá que ela conheceu e amou o touro, já que este pensava que a vaca de madeira era real. Foi desta união que nasceu o Minotauro.

A rainha deu o nome Astério (em homenagem ao padrasto do rei Minos), que o povo cretense sabia ser o verdadeiro nome do Minotauro. Ao ver a criança, o rei Minos descobriu a bestial traição de sua esposa e, como punição, escravizou Dédalo e Ícaro por suas participações, mas não tocou em Pasífae. Ela cuidou de Astério e foi capaz de alimentá-lo enquanto ele era um bezerro. A medida que crescia, se tornava cada vez mais feroz e monstruoso, e a rainha não pôde mais dar alimento ou cuidar dele. Astério não conseguiu encontrar uma fonte adequada de alimento, já que não era nem homem nem animal, e por isso começou a devorar pessoas. A fim de esconder o vergonhoso caso de sua esposa e seguindo o conselho de um oráculo, o rei Minos ordenou que um grande labirinto fosse construído para abrigar o filho de sua esposa: fosse ele Astério, fosse ele Minotauro.

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Minoan Rhyton
Ritão minoico
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Morte de Androgeu & Tributo de Atenas

Enquanto a construção do Labirinto estava em andamento, rei Minos soube que seu único filho humano (com Pasífae), chamado Androgeu, havia sido assassinado. Algumas fontes indicam que ele foi morto pelos atenienses por inveja do desempenho de Androgeu nos Jogos Panatenaicos; em versão diferente, o rei de Atenas, Egeu, ficou irritado com as vitórias de Androgeu e o enviou para matar o invencível Touro Maratoniano (ou seja, Androgeu acabou sendo morto indiretamente pelas ações dos atenienses).

Independente de como, Androgeu foi morto, e o rei Minos culpou os atenienses pela morte de seu único filho humano e pela destruição de sua linhagem familiar. Ele navegou contra os atenienses e os assediou até que concordassem em pagar o preço pela morte de seu filho. O tributo que o rei Minos exigiu de Atenas era de sete jovens e sete donzelas a cada nove anos (Há alguma contradição nas fontes sobre a frequência com que estas homenagens eram feitas, se a cada nove anos ou uma vez por ano). Esses tributos seriam então colocados no Labirinto para serem devorados pelo Minotauro. Em diversas fontes, os tributos – ou vítimas sacrificiais – eram escolhidos por sorteio apenas entre os jovens mais bonitos e as jovens virgens. Os atenienses consultaram o Oráculo de Delfos, que instruiu a cidade de Atenas a dar a Minos tudo o que ele exigisse. No entanto, segundo Catulo, o assassinato de Androgeu desencadeou uma praga cruel em Atenas. Somente quando o rei Egeu soube que, enviando tributos para Creta e obedecendo as exigências de Minos, Atenas seria salva. Relutantemente, os atenienses se submeteram aos termos e Minos regressou a Creta.

A Morte do Minotauro

Narra-se que Teseu, filho do rei Egeu, tenha se oferecido como voluntário para o terceiro tributo dos jovens. Ele se vangloriou para o pai e para toda Atenas que iria matar o Minotauro. Combinou que na viagem de volta levantaria velas brancas em seu barco se fosse vitorioso ou que faria a tripulação erguer as velas pretas caso falhasse e estivesse morto. Ao chegar em Creta, as filhas do rei Minos – Ariadne e Fedra – se apaixonaram perdidamente pelo jovem príncipe. Incapaz de lidar com o fato de que Teseu seria devorado pelo seu meio-irmão, Ariadne foi até Dédalo em busca de ajuda. Ela implorou ao artesão que lhe contasse como alguém poderia escapar de seu Labirinto. Depois de informada, Ariadne correu para contar o segredo a Teseu antes que ele entrasse no Labirinto. Seguindo as instruções de Dédalo, ela entregou a Teseu um novelo de linha para ajudá-lo a encontrar a saída. Ao entrar no Labirinto, Teseu amarrou uma ponta do barbante na porta e seguiu Labirinto adentro. Ele encontrou o Minotauro no canto mais distante da construção e o matou a socos (em outros relatos, ele utiliza a espada de Egeu para matá-lo). Ao contrário das vítimas anteriores do Labirinto, Teseu consegue encontrar a saída por causa do presente de Ariadne: simplesmente segue o fio de volta pelo labirinto para encontrar o caminho até as portas. Ele conduz os outros atenienses para fora e rapidamente navega para Atenas com Ariadne e Fedra.

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Minoan Bull Leaping
Taurocatapsia Minoica
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

A Jornada para Casa

Na jornada de volta para casa, Teseu abandona Ariadne na ilha de Naxos e continua a navegar para Atenas com sua futura esposa, Fedra. Em Naxos, Ariadne reflete sobre suas ações e ingenuidade ao ajudar no assassinato de seu irmão (o Minotauro) por Teseu, com quem ela pensou em se casar. Ariadne é descoberta em Naxos pelo deus Dionísio, com quem acaba se casando. Em algumas versões deste mito, Dionísio aparece a Teseu e lhe ordena que abandone Ariadne pois pretende se casar com ela.

Teseu estava radiante por estar quase em casa com sua nova esposa, Fedra, e distraidamente esquece de mudar a cor de suas velas de preto para branco. Seu pai, rei Egeu, ao ver as velas pretas de longe, fica triste e se suicida pulando de um penhasco no mar. É este ato que garante o lugar e Teseu como novo rei ateniense e explica a origem do nome ao mar Egeu.

Theseus & the Minotaur
Teseu & Minotauro
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Arte e Representações

O mito de Teseu e do Minotauro é visto em grande variedade e cerâmicas da antiguidade. A maioria das representações mostra Teseu em batalha com o Minotauro, que geralmente desempenha um papel submisso, se não derrotado. Era um tema popular para a arte, pois o próprio mito incorpora a luta básica entre o natural e o não natural, ou, o civilizado versus o incivilizado, que é um tema comum em muitas representações gregas. Existem também várias moedas de Creta que representam uma cabeça de touro e a construção do Labirinto no verso; isso sugere que pode haver algum fato neste mito do Labirinto e do Minotauro, provavelmente decorrente de uma combinação do culto ao touro em Creta e da complexidade arquitetônica de seus palácios.

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Bibliografia

Sobre o tradutor

Jonas Tenfen
Jonas é professor de ensino médio no Brasil. Ele dedica sua vida profissional à gramática e à literatura, e ele também trabalha como tradutor e redator.

Sobre o autor

Brittany Garcia
Brittany é escritora freelancer e professora de Latim Clássico e Grego Antigo. Ela mantém um blogue pessoal e uma página no Facebook sobre notícias do Mundo Antigo. É tradutora voluntária de latim para o Projeto Iris com o "Making Mars Speak Latin" da NASA.

Citar este trabalho

Estilo APA

Garcia, B. (2013, setembro 01). Minotauro [Minotaur]. (J. Tenfen, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-423/minotauro/

Estilo Chicago

Garcia, Brittany. "Minotauro." Traduzido por Jonas Tenfen. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 01, 2013. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-423/minotauro/.

Estilo MLA

Garcia, Brittany. "Minotauro." Traduzido por Jonas Tenfen. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 01 set 2013. Web. 21 dez 2024.