Perséfone

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Mark Cartwright
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 24 março 2016
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol, Turco
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Persephone & Hades (by Marie-Lan Nguyen, CC BY-SA)
Perséfone e Hades
Marie-Lan Nguyen (CC BY-SA)

Perséfone (também chamada Core) era a deusa grega da agricultura e vegetação, especialmente grãos, e a esposa de Hades, o governante do Submundo. Venerada em todo o mundo grego, tornou-se um elemento importante dos Mistérios de Elêusis e do festival Tesmofórias. Aparece com frequência em todas as formas da arte e literatura da Grécia.

Quais são os diferentes nomes de Perséfone?

Em muitos cultos antigos, a deusa, junto com sua mãe Deméter, é associada com a vegetação e grãos. Neste aspecto é quase sempre denominada de Core, que significa tanto “filha” quanto “donzela”. Na mitologia grega, a deusa, como esposa de Hades, é a Rainha do Submundo e assume sua outra denominação, Perséfone. Neste aspecto, é vista como protetora da vida além-túmulo, embora Hesíodo a descreva repetidamente como a “apavorante Perséfone” em sua Teogonia. Em vários outros mitos, Perséfone é a mãe de Dionísio (com Zeus, que também é seu pai) - ainda que Sêmele seja a candidata mais comum – e disputa com Afrodite as atenções do diabolicamente belo Adônis. As duas concordam em compartilhar o famoso amante em períodos alternados. No mundo romano a deusa era conhecida como Prosérpina.

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Hades sequestra Perséfone

De acordo com a mitologia, Hades, deus do Submundo, apaixonou-se pela bela Perséfone quando a viu pegando flores certo dia num prado. Ele então a colocou em sua carruagem para viver com ele no sombrio mundo subterrâneo. Em alguns relatos, Zeus consentiu com a abdução, tradicionalmente localizada na Sicília (famosa pelo solo fértil) ou Ásia.

Enquanto isso, Deméter buscava sua filha divina perdida por todos os cantos e, embora Hélios (ou Hermes) tenha lhe contado o destino de Perséfone, ela, apesar disso, continuou vagueando até que finalmente chegou a Elêusis. Neste local, disfarçada como uma senhora idosa, cuidou de Demofonte (ou Triptólemo, que depois presentearia a humanidade com os grãos, ensinando o seu cultivo), o filho de Metanira, esposa de Celeu, rei de Elêusis. Para recompensar a família por sua bondade, Deméter imortalizou Demofonte, colocando-o no fogo todas as noites. Porém, quando Metanira viu aquilo, ficou alarmada. Em resposta, Deméter revelou sua verdadeira identidade e exigiu que um templo fosse construído em sua honra. Este foi o início do famoso santuário de Elêusis.

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Perséfone poderia ter sido libertada do Submundo se não tivesse comido nada durante seu cativeiro mas, no último momento, Hades deu-lhe sementes de romã.

Uma vez completada a obra do templo, Deméter retirou-se do mundo e passou a viver dentro dele; ao mesmo tempo, desencadeou uma grande seca para convencer os outros deuses a libertar Perséfone do submundo. Com o crescimento do número de vítimas da estiagem, Zeus finalmente enviou Hermes para persuadir Hades a deixar que sua noiva ilegalmente obtida partisse. Antes de desistir dela, no entanto, o astuto Hades colocou uma semente de romã na boca da moça, sabendo que seu sabor divino seria um incentivo para que voltasse para ele. Em outras versões do mito, Perséfone poderia ser liberada caso não tivesse comido nada durante seu cativeiro mas, no último momento, Hades deu-lhe uma semente de romã. Finalmente fechou-se um acordo: Perséfone seria libertada mas voltaria para o mundo subterrâneo de Hades durante um terço do ano (em outros relatos, metade).

Qual é o significado do Mito de Hades-Perséfone?

A história de Deméter, Hades e Perséfone talvez simbolize as estações do ano e o ciclo perene da vida para a morte e para a vida novamente ou, em outras palavras, as mudanças que ocorrem do verão para o inverno e o retorno da vida na primavera, conforme pode ser constatado na agricultura. Este ciclo se tornou um dos rituais dos sagrados mistérios de Elêusis; de fato, os símbolos do culto eram espigas de trigo e uma tocha – lembranças da busca de Deméter por Perséfone e de que os rituais eram realizados à noite. Como todos os iniciados estavam presos a um juramento sagrado de não revelar os detalhes dos Mistérios, eles permanecem até hoje exatamente isso, um mistério.

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Eleusinian votive relief
Relevo Votivo Eleusino
Carole Raddato (CC BY-SA)

Outra interpretação do mito de Perséfone é a de que ele represente a estocagem de grãos no subsolo em parte do ano, feita pelos gregos para protegê-los do calor do verão. Em defesa deste argumento reside o fato de que no clima da Grécia, as sementes são semeadas no outono e rapidamente germinam para crescer durante todo o período de inverno. Portanto, o período de Perséfone em Hades não seria o equivalente do inverno na estação agrícola, mas sim ao verão. Qualquer que seja o significado exato, a associação entre Perséfone e agricultura está firmemente estabelecida em rituais, literatura e arte da Antiguidade. Finalmente, o mito da abdução de Hades pode também ser uma referência à prática dos gregos do casamento de meninas pouco depois dos dez anos de idade, uma perda para suas mães, assim como Deméter perdeu a companhia da filha.

Outros cultos de Perséfone

O culto de Perséfone na religião grega era especialmente forte na Sicília e Itália meridional e, além dos Mistérios em Elêusis havia santuários da deusa por todo o mundo grego, mais notavelmente em Lócris Epicefíria, Mantineia, Megalópolis e Esparta. Nestes locais havia festivais anuais celebrando o casamento de Perséfone e sua colheita de flores. A Tesmofória era uma celebração grega da deusa e de sua mãe. Exclusiva para mulheres, era realizada anualmente antes do período de semeadura, quando ocorriam sacrifícios e restos de porcos putrefatos eram misturados com as sementes. Perséfone, como Rainha do Submundo, recebia apelos frequentes em tabletes de maldições e em folhas de ouro com inscrições, sepultadas com os falecidos seguidores do Orfismo, que davam instruções de como se conduzir na vida além-túmulo.

Persephone Mosaic, Amphipolis
Mosaico com Perséfone, Anfípolis
Not Specified (Public Domain)

Como Perséfone é representada na Arte?

Perséfone raramente aparece na arte antes do século VI a.C. e quando isso ocorre é geralmente junto com Deméter; quase sempre ambas usam coroas e seguram uma tocha, cetro ou talos de grãos. Uma famosa placa em relevo de Elêusis retrata Deméter e Perséfone (segurando uma tocha) de cada lado de Triptólemo; está datada como sendo do século V a.C. Esta peça está em exibição permanente no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas. Na cerâmica ática com figuras vermelhas do período Clássico, Perséfone aparece com frequência sentada em seu trono com Hades.

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Afrescos da tumba real em Egeia (atual Vergina) em Pieria, na Macedônia, do século 4 a.C., mostram Hades abduzindo a deusa, o que explica que o local costume ser designado popularmente como “Túmulo de Perséfone”. Uma descoberta recente é um grande mosaico de seixos, medindo 4.5 por 3 metros, que decorava um túmulo do período helenístico em Anfípolis, novamente trazendo Hades sequestrando Perséfone numa carruagem conduzida por Hermes. A abdução de Perséfone também era um tema popular na escultura romana, especialmente em sarcófagos, assim como em pinturas a óleo dos séculos XVIII e XIX.

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Perguntas e respostas

Pelo que Perséfone era conhecida?

Perséfone é conhecida por ser a deusa grega da agricultura, grãos e vegetação. Ela foi alvo da célebre abdução pelo deus Hades e passou a viver parte do ano no Submundo.

Qual é o significado do mito de Perséfone?

O significado do mito de Perséfone é talvez a mudança das estações e o ciclo perene da vida e morte e da vida novamente, em particular as mudanças que ocorrem do verão para o inverno e o retorno da vida na primavera.

Perséfone estava apaixonada por Hades?

Perséfone não amava Hades, mas foi levada à força para o Submundo, governado pelo deus.

Bibliografia

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2016, março 24). Perséfone [Persephone]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-779/persefone/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Perséfone." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação março 24, 2016. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-779/persefone/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Perséfone." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 24 mar 2016. Web. 21 dez 2024.