Augusto é bem conhecido como o primeiro Imperador de Roma, mas, ainda mais do que isso, por se proclamar “Restaurador da República”. Ele acreditava em valores tradicionais como monogamia, castidade e piedade (virtude). Assim, introduziu várias reformas morais e políticas com o objetivo de aperfeiçoar a sociedade e desenvolver um novo estilo de vida e governo romanos. O fundamento de cada uma destas reformas era reviver a tradicional religião romana dentro do estado.
Restauração de Monumentos
Em primeiro lugar, Augusto restaurou monumentos públicos, especialmente os templos dos deuses, como parte da sua meta de promover o renascimento religioso. Também encomendou a construção de monumentos que exaltariam e estimulariam ainda mais a tradicional religião romana. Por exemplo, o Ara Pacis Augustae continha símbolos e cenas de cerimônias e ritos religiosos, bem como do próprio Augusto e de sua família romana “ideal” - tudo com o propósito de inspirar orgulho nos romanos. Após gerar um novo interesse na religião, Augusto tentou renovar as práticas de culto.
Reformas Religiosas
Para alcançar este objetivo, Augusto reviveu os sacerdócios e foi nomeado como pontifex maximus, tornando-se assim o líder secular e religioso do Império Romano. Ele reintroduziu cerimônias e festivais do passado, incluindo a cerimônia do Lustrum e o festival da Lupercália. Em 17 a.C., também reviveu os Ludi Secularae (Jogos Seculares), uma celebração religiosa que ocorria somente uma vez a cada 110 anos e que incluía sacrifícios e performances teatrais. Finalmente, Augusto criou o Culto Imperial para a veneração do Imperador como um deus. O culto espalhou-se por todo o Império em poucas décadas, passando a ser considerado como parte importante da religião romana.
Leis Sobre Impostos e Heranças
A meta de Augusto em restaurar monumentos públicos e reviver a religião não se limitava simplesmente à renovação da fé e do orgulho do Império Romano. Também dava ênfase à restauração dos padrões morais em Roma. Ele decretou reformas sociais para reforçar a moralidade, esforçando-se particularmente em estimular as famílias a ter filhos, além reprovar o adultério. Para isso, recompensou política e financeiramente as famílias com três ou mais filhos, especialmente do gênero masculino. Este incentivo se originava de sua crença de que havia muito poucas crianças legítimas, ou seja, nascidas de “casamentos apropriados”. Em compensação, Augusto penalizou os homens solteiros acima de 38 anos, impondo-lhes um imposto adicional que os demais não precisavam pagar. Eles também ficaram impedidos de receber heranças e de comparecer aos jogos públicos. Além do mais, a Lex Julia de maritandis ordinibus proibiu o celibato e os casamentos sem filhos, bem como tornou o casamento compulsório.
Leis Sobre Casamento e Divórcio
Augusto emendou as leis sobre divórcio para torná-las mais restritas. Antes disso, o divórcio ocorria de forma livre e sem complicações. Em acréscimo, após as reformas de Augusto, o adultério se tornou um crime civil, em vez de pessoal, sob a Lex Julia de adulteriis coercendis. Em outras palavras, transformou-se num crime contra o estado, o que significava que o estado (e não apenas o marido) podia levar uma adúltera ao tribunal se houvesse evidências suficientes. As penalidades para o adultério incluíam o banimento ou, algumas vezes, o marido ou pai de uma esposa adúltera podiam matá-la. A própria filha de Augusto, Júlia, foi banida por adultério após esta nova legislação. Seu exílio passou a ser numa desolada ilha chamada Pandataria (atual Ventotene).
Augusto também achava que as pessoas não deveriam interagir ou, especialmente, casar-se fora de sua própria classe social. Desta forma, ele criou leis que reinstituíram os assentos hierárquicos em teatros e anfiteatros. Por exemplo, os assentos da primeira fila estavam reservados para senadores, os seguintes para equestres e então os restantes divididos entre homens jovens, soldados e assim por diante.
Conclusão
Em resumo, Augusto foi visto como um salvador dos valores tradicionais romanos. Suas reformas políticas, sociais e morais contribuíram para trazer estabilidade e segurança e, talvez ainda mais importante, prosperidade para o mundo romano, que havia sido anteriormente agitado por tumultos internos e caos. Como resultado, o primeiro imperador de Roma veio a ser aceito como um dos deuses, legando um império unificado e pacífico que durou pelo menos 200 anos, antes que novas crises emergissem no século III d.C.