A Groenlândia foi atraída para a Era Viking e colonizada pelos vikings nórdicos no final da década de 980, com sua presença lá durando até o século XV. Apesar de sua geografia de gelo, os nórdicos conseguiram construir uma vida nessas terras implacáveis buscando bolsões verdejantes ao longo da costa sudoeste, fundando tanto o chamado assentamento oriental (localizado, confusamente, no sul da Groenlândia Ocidental) quanto o assentamento ocidental, cerca de 650 km mais ao norte ao longo da costa oeste, na atual região de Nuuk.
Cerca de 75% da imensa superfície da Groenlândia — que totaliza cerca de 1.350.000 km², tornando-a a maior ilha do mundo — é coberta por gelo, que se junta a placas de gelo flutuante ao longo das costas para fazer qualquer pessoa sã pensar duas vezes antes de se mudar para lá apenas por diversão. Geleiras e montanhas funcionam como limites naturais, tornando as viagens para o interior longe de serem fáceis. Com um clima predominantemente ártico, ostentando temperaturas médias abaixo de 10 °C nos meses mais quentes, com apenas algumas áreas acima disso, a Groenlândia não é exatamente ideal para o cultivo de alimentos básicos como grãos. Além disso, há poucas árvores.
Para sobreviver a essas condições, os nórdicos combinavam a criação de gado — pastoreio de gado — com a caça de criaturas como focas e caribus, enquanto também realizavam viagens de caça mais ao norte, para os campos de caça (em Nordsetur, Baía de Disko) para abater morsas, narvais e até ursos polares. A sociedade groenlandesa da Era Viking estava ancorada nas muitas fazendas que pontilhavam os assentamentos, com o cristianismo visivelmente presente nas igrejas que as acompanhavam. Essas fazendas também exportavam bens preciosos, como peles, couros e marfim de morsa, enquanto importavam luxos, bem como ferro. A competição manteve o poder entre um grupo de fazendeiros de elite, e nenhum órgão governamental estava presente. Porém, a Groenlândia ficou formalmente sob o domínio norueguês em 1261.
Este curso manteve os nórdicos groenlandeses até que, no decorrer do século XV, um silêncio misterioso se instalou e qualquer boate sobre eles não passava da ilha. Entre outros fatores, o clima ficando mais frio (por cortesia da chamada Pequena Era do Gelo, c. 1300-c. 1850) é geralmente visto como tendo desempenhado um papel em seu desaparecimento. Quando em 1721 o missionário norueguês Hans Egede foi o primeiro a navegar com sucesso no gelo à deriva desde o silêncio e realmente chegar ao antigo assentamento ocidental da Groenlândia, ele encontrou inuítes lá, mas nenhum sinal dos nórdicos.
Descoberta e assentamento inicial
Com a Islândia colonizada por vikings nórdicos no decorrer do século IX, o Atlântico Norte estava se tornando familiar para eles. Logo depois, o conhecimento de novas terras mais a oeste começou a chegar, primeiro por meio de Gunnbjörn Ulfsson, cujo navio foi desviado do curso ao ponto de avistar as ilhas da Groenlândia (em uma data desconhecida). Também sabemos que em 978. Snæbjörn Galti empreendeu uma expedição naquela direção também, mas que se transformou em um desastre.
O primeiro viking a realmente desembarcar na Groenlândia com seu coração ainda batendo – até onde sabemos – foi Erik, o Vermelho. Depois de ser exilado da Islândia por assassinato por volta de 982, ele contornou a ponta sul da Groenlândia para desembarcar no que se tornaria o assentamento oriental (Eystribyggð em nórdico antigo), em um fiorde que ele confiantemente chamou de Eriksfjord. Ele é o responsável por cunhar o nome Groenlândia, de acordo com A Saga de Erik, o Vermelho, porque pensou que "as pessoas seriam atraídas a irem lá se o nome fosse favorável" (2, como encontrado em A Saga dos Groelandeses, "The Sagas of Icelanders", 654). Ele voltou para a Islândia em 985 ou 986, reunindo pessoas para uma segunda expedição à Groenlândia. Com vários dias de navegação em condições difíceis, foi uma jornada complicada, como afirma o Landnámabók (Livro dos Assentamentos): "vinte e cinco navios navegaram para a Groenlândia de Breiðafjörður e Borgarfjörður, quatorze chegaram lá, alguns foram rechaçados e alguns se perderam" (The Oxford Illustrated History of the Vikings, 118). O assentamento havia começado.
Com sua costa leste sendo um deserto congelado, o apelo para os nórdicos estava nos fiordes do sudoeste interno da Groenlândia e nas terras costeiras vizinhas, que são, de fato, verdes e habitáveis — até mesmo semelhantes à Noruega em termos de paisagem, se não de clima — com as estratégias de subsistência certas e a quantidade certa de teimosia. Como a Islândia estava ficando um pouco lotada para proprietários de terras, a vasta natureza selvagem da Groenlândia deve ter sido atraente para aqueles que buscavam obter suas próprias propriedades.
A onda inicial de colonos vikings foi composta principalmente de chefes e fazendeiros ricos que possuíam seus próprios navios e acredita-se que somassem cerca de 500 indivíduos. Em uma era conhecida como tomada de terras (landnám), eles montaram fazendas nos fiordes internos de gado com os animais domésticos que trouxeram em seus navios, onde a terra era relativamente fértil. No assentamento ocidental (nórdico antigo: Vestribyggð), fundado na mesma época na atual região de Nuuk mais ao norte da costa oeste, o ambiente era um pouco hostil para uma economia de pasto adequada, mas oferecia bastante terra, bem como caça marinha, por exemplo, na forma de focas. Também se tornou a plataforma de lançamento para expedições à América do Norte ('Vinland'), onde Leif Erikson, filho de Erik, o Vermelho, fundou um assentamento viking em Newfoundland.
Agricultura
Há evidências de cerca de 500 fazendas no assentamento oriental, enquanto o assentamento ocidental contava com talvez 100. Elas não estavam necessariamente em um estado que indicasse operação contínua; algumas sugeriam um uso apenas periódico, dependendo do estado da vegetação. Estima-se que a comunidade nórdica na Groenlândia tivesse uma média de cerca de 1.400 pessoas, com um pico de mais de 2.000 indivíduos por volta de 1200.
Para essas fazendas, tudo era uma questão de localização, com os colonos procurando planícies de moreia perto dos fiordes, assim como vales com terras férteis. Erik, o Vermelho, que obviamente teve a primeira escolha, construiu sua fazenda em Brattahlíð (no assentamento oriental), no que ainda é um local agrícola absolutamente privilegiado na Groenlândia, confortavelmente situado na seção interna de um fiorde protegido da neblina costeira e das águas congelantes. Elevações mais altas, por outro lado, teriam sido presas fáceis para os elementos, mas ainda era possível sobreviver ao se concentrar mais na caça.
Gado, ovelhas e cabras — todos enviados de navio— se ajustaram às condições da Groenlândia e eram mantidos principalmente para leite e, portanto, queijo e manteiga, com lã de ovelha também sendo útil. Embora o gado tivesse que ser mantido dentro de casa por muitos meses, ovelhas e cabras conseguiam sobreviver do lado de fora. As fazendas eram administradas em um sistema de campo interno-campo externo, com os animais pastando nos campos externos durante o verão, enquanto os campos internos eram adubados ou mesmo irrigados na estação de crescimento. A maior parte da carne vinha da caça de caribus e focas, embora algumas das fazendas maiores também dependessem de seus rebanhos de gado.
Após o período de assentamento mais uniforme, as fazendas se diversificaram: fazendas maiores e de alto status defendiam casas longas e os edifícios eram bastante espalhados, enquanto fazendas menores eram mais centralizadas e mantinham suas casas, estábulos e celeiros tão próximos que era possível se mudar de um para o outro sem precisar sair — uma resposta às mudanças climáticas. As fazendas maiores frequentemente também tinham os melhores lugares com os melhores rendimentos, aumentando assim sua riqueza, permitindo-lhes manter um gado de prestígio, mas também bastante inútil, e consolidar seu lugar na elite com adições como salões de celebração e igrejas. Fazendas de todos os tamanhos parecem ter sido autossuficientes, contudo ainda faziam bom uso das oportunidades de caça em vez de depender apenas do gado.
Caça & comércio
A economia nórdica da Groenlândia estava enraizada nessa combinação de agricultura pastoril com caça e também pesca. Além de caçadas locais e viagens à costa para caçar focas migratórias na primavera e no outono, tanto fazendas individuais quanto grupos de fazendeiros organizavam viagens de caça de verão bem ao norte até a Baía de Disko, onde morsas, narvais e ursos polares podiam ser encontrados. Aqui, eles adquiriam peles preciosas, couros e marfim. Eles eram usados localmente para fazer roupas e sapatos e como uma forma de moeda. Além disso, também formavam as commodities de exportação mais importantes, conforme relatado pelo King's Mirror do século XIII, que descreve o contato da Groenlândia com o mundo exterior por volta do início do século:
Todos os itens com os quais eles podem ajudar o país, eles devem comprar de outros países, tanto ferro quanto a madeira com a qual constroem casas. As pessoas exportam esses produtos de lá: peles de cabra, peles de boi, peles de foca e a corda... que eles cortam do peixe chamado morsa e que é chamado de corda de pele, e suas presas... (King's Mirror, 17)
A madeira mencionada era usada apenas para construir as partes das casas que não podiam ser construídas em pedra; sobretudo em assentamentos futuros, os edifícios eram feitos puramente de pedra ou de pedra e turfa cortada. Pelo que as sagas islandesas nos contam, parece que o comércio era um assunto descentralizado, com comerciantes estrangeiros desembarcando perto de grandes fazendas, hospedando-se lá e negociando diretamente com os moradores locais, por meio dos quais os produtos eram então distribuídos. Isso deu às grandes fazendas ainda mais vantagens, e há evidências de pagamentos sendo feitos às maiores fazendas em Gardar, Erik's Brattahlíð e Sandnes, por exemplo. Como tal, uma economia monetária nunca teve espaço na Groenlândia Nórdica; controlar o comércio era o caminho para o poder.
O marfim de morsa, em especial, teve um desempenho excepcional nos mercados do norte da Europa. Durante o período de colonização, os groenlandeses navegavam para a Europa com seus produtos em seus próprios navios. No entanto, quando, a partir de 1261, a Groenlândia se tornou sujeita ao poder da Noruega, foram os mercadores noruegueses que assumiram o controle. A princípio, isso garantiu que o tráfego continuasse entre a Noruega e a Groenlândia, mas a partir do final do século XIV em diante, o número de navios noruegueses navegando para a Groenlândia diminuiu bastante, cessando completamente no final do século XV.
A Igreja
Os assentamentos nórdicos na Groenlândia parecem ter sido basicamente cristãos desde o início; nenhuma sepultura pagã foi encontrada, e há evidências de igrejas construídas durante o período de assentamento imediato. A Saga de Erik, o Vermelho, reforça o registro arqueológico ao afirmar que Leif Erikson foi encarregado pelo rei norueguês Olaf Tryggvason (r. 995-1000) de trazer o cristianismo para a Groenlândia por volta de 1000. Como a Groenlândia foi colonizada a partir da Islândia, que se tornou cristã por lei em 1000, com conversões tendo aumentado desde que Olaf Tryggvason ascendeu ao trono norueguês, não é muito exagero supor que os nórdicos pioneiros em navegar para a Groenlândia tenham levado o cristianismo com eles.
Posteriormente na sociedade groenlandesa, igrejas e cemitérios sempre estavam conectados a fazendas, e presume-se que até mesmo as primeiras famílias colonizadoras podem ter aderido a essa prática. Assim como na Islândia, as igrejas eram provavelmente de propriedade privada de fazendeiros, o que daria aos proprietários uma fonte de renda extra. Com o tempo, uma mudança pode ser vista: a multidão de pequenas igrejas diminui, com menos igrejas aparecendo, porém maiores, talvez mostrando uma crescente concentração de poder nas mãos de fazendeiros da elite.
Grandes igrejas paroquiais foram encontradas em Sandnes, undir Höfða e Herjólfsnes, enquanto uma igreja monástica ou convento ficava em Narsarsuaq. Mas foi somente no século XII que uma sede episcopal foi estabelecida na Groenlândia, em Gardar, onde uma igreja catedral foi construída no que já era a maior fazenda da ilha. Isso foi resultado dos noruegueses se intrometendo nos negócios da Groenlândia e, até onde as fontes escritas nos dizem, o bispado só foi mantido por estrangeiros.
Provavelmente prejudicada pela localização no meio do nada e pela quantidade incômoda de igrejas privadas, a Igreja Romana lutou para ganhar influência na Groenlândia durante o período de colonização. Na Islândia, onde a situação era semelhante, a igreja aumentou a pressão no século XIII, mas o destino da Groenlândia nessa questão permanece misterioso.
Contato com as culturas Dorset e Thule
Claro, os nórdicos não foram o único povo teimoso e habilidoso o suficiente para se adaptar às condições decididamente especiais da Groenlândia; já no século VIII, os falecidos esquimós paleo de Dorset fizeram seu caminho para o lado groenlandês da região do Estreito de Nares/Smith Sound, entre a Groenlândia e a Ilha Ellesmere do Canadá. Por volta de 1200, o povo da cultura Thule (os ancestrais dos inuítes) também se juntou, viajando do Alasca pelo Canadá até a Groenlândia e conhecendo o povo Dorset na região de Smith Sound entre c. 1200-1300. A cultura Dorset estava em declínio neste ponto e foi substituída pela crescente cultura Thule.
Durante este tempo, os nórdicos também realizaram expedições para os campos de caça do norte e podem ter esbarrado com ambas as culturas, como Jette Arneborg explica:
Descobertas arqueológicas e fontes escritas indicam alguma interação entre os povos Dorset, Thule e nórdico; a natureza dos contatos é, contudo, pouco conhecida, mas fontes escritas indicam o interesse nórdico nos skrælings [um termo nórdico antigo para esses povos] e uma explicação pode ser a troca de mercadorias. Os nórdicos podem ter adquirido marfim de morsa dos caçadores Paleo Esquimó e Inuíte em troca de metais. A maioria dos achados nórdicos encontrados no contexto da cultura Thule são metais (Viking World, 594).
Artefatos dessas culturas foram encontrados em contextos vikings e vice-versa, o que provavelmente indica que eles negociavam entre si, mas é difícil descobrir até que ponto. Parece que as mercadorias adquiridas das culturas Dorset e Thule fizeram sucesso no exterior e eram exportadas principalmente pelos vikings.
O povo Thule se expandiu ainda mais pela Groenlândia, alcançando o Estreito de Scoresby na costa leste por volta de 1300 e, posteriormente, avançando mais para o sul e sudoeste no final do século XIV. O assentamento ocidental dos vikings foi alcançado em meados do século XIV, coincidindo aproximadamente com os últimos sinais dos nórdicos naquela região; isso mais tarde geraria teorias de que o povo Thule teve uma participação na morte dos nórdicos, mas isso já foi descartado. O povo Thule também chegou perto do assentamento oriental nessa época, possivelmente vivendo ao longo da área costeira externa da região enquanto os nórdicos ocupavam os fiordes internos, mas apenas por uma ou duas gerações.
Fim misterioso
Durante os séculos XIV e XV, algo deu terrivelmente errado para os nórdicos groenlandeses. A última evidência escrita que temos deles é de 1424, quando um padre groenlandês escreveu uma carta na qual declara ter estado presente no casamento de um jovem casal no fiorde de Hvalsey (no assentamento oriental) em 1408. Após isso, um silêncio ensurdecedor se instalou. Restos de sepulturas mostram sinais de vida até por volta de 1450 para o assentamento oriental, enquanto o registro escrito e arqueológico sugere que o assentamento ocidental entrou em colapso em status de cidade fantasma já um século antes, em meados do século XIV.
Por volta dessa época, o gelo à deriva ao redor da Groenlândia havia se tornado tão ferozmente irritante que ninguém conseguiu chegar à ilha até que o missionário norueguês Hans Egede desembarcou no antigo assentamento ocidental em 1721. Aqui, ele encontrou apenas inuítes e nenhum nórdico. As primeiras teorias para explicar esse desaparecimento giravam em torno de um conflito imaginário com os inuítes, o isolamento da Groenlândia do cobertor de segurança que era a Europa e até mesmo a endogamia supostamente arruinando os espécimes físicos originalmente bons que eram os vikings, mas desde então todas foram descartadas por falta de evidências.
Surgiu o argumento da mudança climática, que se tornou a explicação única mais duradoura e que atribui à Pequena Era do Gelo que afetou a Groenlândia do século XIV (até c. 1850) o toque da morte. As geleiras se expandiram, as temperaturas caíram e o vento aumentou, o que, considerando o estado já superexplorado da vegetação, ajudou a causar erosão, enquanto o aumento do nível do mar também arrasou pastagens preciosas. O gelo marinho também teria entrado e saído das costas da Groenlândia, afetando tanto o comércio quanto a caça. Mesmo nos fiordes protegidos do sul da Groenlândia, os quais normalmente eram impulsionados por correntes marítimas quentes, o efeito foi sentido. Esqueletos mostram que os nórdicos foram diretamente impactados por essa mudança climática e uma mudança para uma dieta mais marinha também é visível. No geral, a Pequena Era do Gelo deve ter tido um impacto justo nos nórdicos groenlandeses.
Entretanto, a história não pode ter sido tão simples; a Pequena Era do Gelo não foi um estado de refrigeração constante, mas veio em ondas, e os inuítes ficaram bem durante todo o período, indicando que a cultura também poderia fazer a diferença. Ao contrário dos nórdicos, os inuítes também caçavam focas anelares através de buracos de respiração no gelo usando sua avançada tecnologia de caça com arpão. Além disso, eles também utilizavam mais partes da Groenlândia do que os nórdicos, que permaneceram dependentes de suas fazendas e pastagens. Estas, é claro, eram mais vulneráveis a ondas de frio, e o registro arqueológico mostra que os ocupantes de pelo menos algumas fazendas morreram ou passaram fome em vez de emigrar. Alguns podem ter emigrado, porém, com mais terras disponíveis na Europa, em geral devido ao despovoamento (algumas graças à praga em 1348, que provavelmente afetou a Groenlândia também, pelo menos de forma indireta, pela queda dos preços de exportação e talvez até diretamente). Os estudiosos concordam, todavia, que, em vez de ter havido um único perpetrador, a Era Viking na Groenlândia deve ter terminado por uma combinação de fatores, como esses.