Cavaleiros Medievais: 12 dos Melhores

11 dias restantes

Investir no ensino da História

Ao apoiar a nossa instituição de solidariedade World History Foundation, está a investir no futuro do ensino da História. O seu donativo ajuda-nos a capacitar a próxima geração com os conhecimentos e as competências de que necessita para compreender o mundo que a rodeia. Ajude-nos a começar o novo ano prontos a publicar informação histórica mais fiável e gratuita para todos.
$3029 / $10000

Artigo

Mark Cartwright
por , traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto
publicado em 19 junho 2018
Disponível noutras línguas: Inglês, Checo, francês, espanhol
Ouve este artigo
X
Imprimir artigo

Os cavaleiros da Europa medieval eram considerados os mais refinados e requintados combatentes da época e, mais importante, esperava-se que eles fossem puros de pensamento e ações, como exemplificado no código cavalheiresco que eles (usualmente) seguiam. Seguem-se 12 histórias de cavaleiros. As figuras lendárias baseiam-se, talvez, em cavaleiros históricos e todos eles se tornaram memoráveis, como a indistinta linha de verdade entre fato e ficção e a necessidade da humanidade em criar figuras maiores que a realidade, de um passado que se foi, quando o heroísmo e o cavalheirismo atingiram seu ápice.

Cavaleiros Lendários

São Jorge

O São Jorge da Igreja Ortodoxa Oriental tornou-se o santo patrono de todos os cavaleiros, por isso aparece em primeiro lugar nesta lista, mesmo que não tenha sido por si só, estritamente falando, um cavaleiro medieval. Esta figura lendária, baseada em um soldado do Exército Romano, martirizado em 303, na atual Lídia (moderna Lod, em Israel), devido às suas crenças cristãs, tornou-se um exemplo a ser seguido por todos os cavaleiros no período medieval. No século VIII a lenda de São Jorge alcançou a Europa e, no século XII, sua história já estava bem difundida: cavalgando seu cavalo branco, o Bayard, para a batalha contra um dragão que estava atormentando o povo da Líbia. Ao matar a criatura, perenizou a metáfora do bem contra o mal, cristãos contra não crentes. Neste processo, Jorge salvou uma princesa oferecida ao dragão como sacrifício e ao resgatá-la, tornou-se um símbolo para a proteção da Inocência.

Remover publicidades
Publicidade

Saint George
São Jorge
Nickolas Titkov (CC BY-SA)

De acordo com algumas lendas, Jorge possuía uma poderosa espada chamada Ascalon, fabricada pelo Ciclope da antiga Grécia, e uma brilhante armadura peitoral feita de aço líbio. No final do século XII, Richard I (ver abaixo) decidiu usar a cruz vermelha em um fundo branco, como na bandeira de São Jorge, nos uniformes dos soldados ingleses. A história de São Jorge foi popularizada posteriormente pela Legenda Áurea, do cronista italiano Jacobus de Voragine. O santo tornou-se, e ainda permanece, uma figura popular por toda a Europa: a primeira ordem secular de cavaleiros foi dedicada a ele na Hungria em 1326 e muitos países o têm como patrono, incluindo Inglaterra, Grécia, Rússia e muitas grandes cidades, incluindo Moscou e Beirute.

Sir Galahad

A lenda do Rei Arthur presente em muitos trabalhos literários dos séculos XII-XV forneceu estimulantes histórias de exemplo para todos os cavaleiros seguirem e diversos cavaleiros da Távola Redonda poderiam ter participado desta lista. Sir Lancelot foi um grande cavaleiro, mas, se o cavalheirismo é uma parte essencial da cavalaria, então sua infidelidade com Guinevere e traição ao Rei Arthur, o retiram da lista. Seu filho, Galahad, no entanto, é muitas vezes citado como o mais perfeito cavaleiro de todos. Com uma linhagem supostamente estendendo-se até ao Rei David, de fama bíblica, sua mãe, Elaine, era filha de Pelles, o mutilado Fisher King e guardião do Santo Graal (taça de Cristo na Última Ceia).

Remover publicidades
Publicidade

Sir Galahad
Sir Galahad
Arthur Hughes (Public Domain)

Certo dia, Galahad chegou a Camelot e convenceu o Rei Arthur de que ele era o escolhido para ser o primeiro a encontrar o Graal, sentando-se em segurança na Siege Perilous, a cadeira mágica vazia da Távola Redonda, da qual se dizia ser mortal para todos que nela se sentassem, menos para aquele que fosse encontrar o Graal, e o segundo a retirar a lendária espada da pedra. Agora feito cavaleiro, dizia-se que as armas de Sir Galahad tinham sido a lança que havia trespassado Jesus Cristo na Crucificação e a espada do Rei David. Seu escudo branco foi marcado com uma cruz traçada com o sangue de José de Arimatéa (que trouxe o Graal para a Europa). Sir Galahad era, além de brilhante participante de justas e que havia derrotado todos participantes (exceto seu pai), humilde, inocente e puro. De fato, Sir Galahad era o único cavaleiro considerado merecedor de buscar e encontrar o Graal, talvez uma alegoria do caminho do cristão para a salvação. Finalmente encontrou o Graal ou, pelo menos, conseguiu vê-lo, no castelo de Fisher King. Logo após, em algumas versões, o cavaleiro Galahad subiu aos céus, em outras, embarcou em uma odisseia na Terra Santa e em mais outras, novamente encontrou o Graal e, agora, levou-o com ele até a próxima vida

Siegfried

Siegfried é um lendário cavaleiro e príncipe alemão que aparece como herói no poema épico germânico Nibelungenlied. Mais mito que realidade, a figura se baseia nos antigos folclores alemão e nórdico, mas pode ter sido inspirado na figura de um cavaleiro franco do século VII ou mesmo um líder alemão que combateu valentemente contra os romanos no século I d.C. Igual a São Jorge, Siegfried aparece como uma versão higienizada e cavalheiresca de uma figura lendária mais antiga e, como Jorge, também, lidou com um enfadonho dragão e se saiu bem. O herói banhou-se no sangue da criatura morta e se tornou imune às armas, exceto uma pequena área no seu ombro coberta por uma folha.

Remover publicidades
Publicidade

Siegfried & Kriemhild
Siegfred e Kriemhild
Julius Schnorr von Carolsfeld (Public Domain)

O maior desafio para o cavaleiro germânico foi, no entanto, ganhar a mão de Kriemhild, uma princesa borgonhesa (Nibelung). Após um sonho que indicava que qualquer futuro marido encontraria uma morte violenta, a princesa resolveu não se aborrecer com matrimônio. Ela ficou indiferente com o relato de Siegfried de captura de ricos, com o assassinato do dragão e vitórias contra os dinamarqueses e saxões, quando combatendo pelo exército borgonhês. Enquanto isso, o rei borgonhês, Gunther, apaixonou-se por uma linda rainha chamada Brunhilde, a qual somente se casaria com o pretendente que pudesse derrotá-la em batalha, e por isso assumiu um compromisso com Siegfried. Este último deveria, após se tornar magicamente invisível, combater a rainha e o rei teria os créditos e a mão da rainha. Em troca, Siegfried poderia se casar com Kriemhild. Assim se passou até que um desentendimento entre as duas mulheres levou Kriemhild a revelar a trapaça de que Brunhilde foi vítima. O rei foi ultrajado e um de seus serviçais, Hagen, ao descobrir no herói um ponto fraco, matou Siegfried em uma caçada. Hagen teve seu merecido castigo, quando Kriemhild o matou com a espada de Siegfried.

Cavaleiros Históricos

Robert Guiscard - "O Habilidoso"

Robert Guiscard (c.1015-1085) foi um cavaleiro normando que combateu com sucesso contra os Impérios Bizantino e Árabe a partir de 1057, para criar seu próprio ducado no Sul da Itália e Sicília. As pretensões territoriais de Robert foram apoiadas pelo Papado em 1059 que reconheceu seu título de Duque da Apúlia, Calábria e Sicília. Ele ampliou seu controle da Itália quando capturou Bali em 1071, após três anos de sítio, Palermo em 1072 e Salerno em 1076. Ainda não satisfeito, Robert se apropriou de Corfu em 1081 e, logo em seguida, derrotou um exército liderado pelo Imperador bizantino Alexios I Komnenos (rein. 1081-1118) em Dirraquio (Dyrrachion), na Dalmácia. Em 1084 Robert conseguiu uma vitória contra uma força veneziana, os poderosos aliados dos bizantinos. Sempre ambicioso, o duque normando morreu quando a caminho para atacar e obter o maior prêmio de todos, Constantinopla, em 1085, não devido à batalha, mas de Febre Tifoide. Seu apelido de “o Habilidoso” deriva de seu sobrenome relacionado à palavra do Francês Arcaico viscard, significando “ardiloso como uma raposa”. O escritor italiano Dante Alighieri tinha Sir Robert como um dos grandes cavaleiros em sua Divina Comédia (c.1310).

Robert Guiscard
Robert Guiscard
Merry-Joseph Blondel (Public Domain)

Rodrigo Días de Vivar - "El Cid"

Rodrigo Diaz de Vivar (1043-1099), mais conhecido como El Cid, do árabe assid, significando “senhor”, foi um afamado cavaleiro e general espanhol, tão famoso que até sua espada tinha um nome: Tizona. Ele primeiro atingiu fama como comandante dos exércitos do Rei Ferdinando I de Castela e Leon (+1065), uma posição que atingiu aos 22 anos. Após uma disputa com um comandante rival em 1081, El Cid foi exilado e passou a servir ao Rei mouro al-Mu’tamin (rein.1081-1085) em Zaragoza. Após uma década de vitórias contra mouros rivais e reis espanhóis recebeu outro apelido, El Campeador (o Campeão).

Remover publicidades
Publicidade

Rodrigo Diaz de Vivar - El Cid
Rodrigo Días de Vivar - El Cid
Zarateman (Public Domain)

Decidindo que seria mais lucrativo combater para si mesmo, El Cid tomou Valência em 1090. Em teoria, ele ainda representava o rei espanhol Alfonso VI (rein. 1077-1109), porém El Cid era agora um governante independente. O grande general morreu em 1099, porém seu corpo desfilou perante seu exército para se precaver de um ataque árabe, exatamente como São Pedro havia instruído para El Cid se exibir, em seu leito de morte. O estratagema funcionou e Valência resistiu ao ataque violento, ainda que temporariamente, para mais tarde no mesmo ano, finalmente cair frente aos muçulmanos almorávidas. O corpo do grande comandante foi enterrado no Monastério de San Pedro em Castela. El Cid não fez falta somente a seus guerreiros, mas também seu cavalo, Bavieca que, de acordo com a lenda, nunca permitiu que alguém o cavalgasse, após a morte de seu mestre. Após sua morte, a lenda de El Cid somente cresceu, particularmente alimentada pelo poema épico de 1142, Cantar del Mio Cid (Canção do Meu Cid).

Sir William Marshal - "O Maior Cavaleiro que Já Existiu"

Sir William Marshal (c.1146-1219) foi um cavaleiro inglês afamado. Com seis anos, William foi dado como refém por seu pai quando o Rei Stephen (rein. 1135-1154) sitiou o castelo de sua família. Felizmente, tudo terminou bem para William, pois ficou sob a proteção real e se pôs na estrada para se tornar um cavaleiro. Além de impressionar com suas habilidades marciais, recebeu o carinhoso apelido de gaste-viande (glutão). Elevado à categoria de cavaleiro em 1166, Sir William amealhou fortuna através de suas vitórias no circuito de torneios medievais, desfrutando invictos 16 anos e mais de 500 capturas.

William Marshal Fighting Baldwin Guisnes
William Marshal Combatendo Baldwin Guisnes
Mathew Paris (Public Domain)

O ano de 1168 presenciou a primeira etapa na meteórica carreira política de Sir William quando Eleanor de Aquitânia empregou-o como instrutor em armas para seu filho Henry, o jovem rei. William serviu a Henry II da Inglaterra (rein.1154-1223), nas campanhas de 1188-1189 contra Philip II da França (rein.1180-1223), que havia se aliado aos dois filhos rebelados do Rei inglês, John e o futuro Richard I (ver abaixo). Em uma batalha ou sua consequência, William ficou frente a frente com Richard e, quando o príncipe estava jà vencido à sua frente, ele poupou sua vida, matando somente seu cavalo. Em 1189, Sir William adquiriu, por casamento, o título de Conde de Pembroke, com castelos no País de Gales. Enquanto Richard I se encontrava fora, em campanha, Sir William serviu no Conselho de Regência e foi feito Marechal da Inglaterra. Ele foi um dos criadores da Magna Carta em 1215 e Protetor do Reino e regente para o rei-criança Henry III (1216-1272). Aos 70 anos, William ainda estava combatendo e se saiu vitorioso na Batalha de Lincoln em 1217 contra barões ingleses rebelados e o futuro Rei francês Louis VIII (rein. 1223-1226). Após sua morte em 1219, Sir William foi investido como um Cavaleiro Templário e enterrado na Igreja do Templo, em Londres. O então Arcebispo de Canterbury justificadamente descreveu Sir William como “o maior dos cavaleiros que já viveu”.

Remover publicidades
Publicidade

Richard I - "Coração de Leão"

Richard I da Inglaterra, “Coração de Leão” ou Coeur de Lion (1157-1199) foi Rei da Inglaterra de 1189 a 1199. O primeiro sucesso de Richard veio em 1180 quando esmagou uma rebelião de barões na Aquitânia e conseguiu capturar o aparentemente inexpugnável Castelo de Taillebourg na França. Acumulando o apoio de dois reis franceses e encorajado por sua mãe Eleanor de Aquitânia, Richard rebelou-se por duas vezes contra seu pai Rei Henry II da Inglaterra (rein. 1154-1189), pois os complexos intercasamentos do período somente causou discórdias. Os assuntos estavam resolvidos quando Richard foi oficialmente nomeado sucessor de seu Pai, o que se deu em 1189.

Richard the Lionheart
Richard, o Coração de Leão
Merry-Joseph Blondel (Public Domain)

Como um dos líderes da Terceira Cruzada (1189-1192), justificou seu apelido ao capturar Messina (1190) e Chipre (1191). Acre, no Reino de Jerusalém, encontrava-se sob sítio já há cinco meses, porém foi finalmente tomada em 1191 por Richard, exatamente cinco semanas após sua chegada. Doente, na época, com escorbuto, o “Coração de Leão” fez com que seus homens, mesmo assim, o transportassem em uma padiola, para uma posição na qual pudesse disparar sua balestra. Em setembro do mesmo ano, o rei conseguiu outra vitória contra o exército árabe de Saladin (rein.1174-1193) em Arsuf. Finalmente, a Cruzada enfraqueceu-se e Jerusalém ainda permaneceu nas mãos árabes, mas, pelo menos, Richard negociou a passagem livre dos peregrinos cristãos para a Terra Santa.

O rei foi a personificação do monarca combatente, mas somente ficou cinco meses de seu reinado na Inglaterra. Um grande motivo para este pouco tempo, foi sua prisão pelo Sacro Imperador Romano Henry VI (rein.1190-1197) em 1192. Pago resgate dois anos depois, e ainda drenando os cofres do Estado até o fundo, Richard combateu contra Philip II da França, pois as nações lutavam pelo controle do Norte e Centro da França. O Rei Inglês foi morto por uma flecha enquanto lançava sítio ao Castelo de Châlus. Os três leões da cota de malha de Richard passaram a fazer parte, desde então, das armas da família Real Britânica.

Sir William Wallace

Sir William Wallace (c.1270-1305) foi um cavaleiro escocês e herói nacional que combateu pela independência de seu país do domínio da Inglaterra. Seu primeiro ataque de importância foi em Lanark, na Escócia, em 1297, quando o delegado do condado (xerife) foi morto – uma vingança por seu desrespeito à esposa de William, Marion, de acordo com a lenda. Ele e seus homens realizavam incursões contra as guarnições inglesas retirando-se, em seguida, para a segurança dos Highlands.

Sir William Wallace
Sir William Wallace
Kjetil Bjørnsrud (CC BY-SA)

O maior triunfo de William foi a retirada desordenada de um exército inglês muito maior na Batalha de Stirling em 1297. Usando os limites de uma estreita ponte que bloqueou o inimigo, mais de 100 cavaleiros ingleses foram mortos. William foi, então, feito cavaleiro (provavelmente) por Robert Bruce, futuro rei escocês (rein.1306-1329) e tornou-se o “Guardião” do governo escocês. Sir William conduziu incursões ao Norte da Inglaterra, mas foi derrotado por um forte exército inglês de cavalaria e arqueiros na Batalha de Falkirk em 1298. Sir William conseguiu escapar de ser capturado pelo Rei inglês Edward I (1272-1307) até 1305. A partir de então sua sorte acabou e, preso em Glasgow, foi arrastado para Londres onde enfrentou a mais abominável pena de morte que uma corte inglesa podia aplicar: ser enforcado, empalado e esquartejado.

Sir James Douglas - "O Douglas Preto"

Sir James Douglas (c.1286-1330) foi um cavaleiro escocês cujo aspecto cinzento da pele originou o apelido “O Douglas Preto” dado pelos ingleses, enquanto os escoceses, naturalmente, foram mais reconhecidos pelo herói e apelidaram-no de “Bom Sir James”. Em 1307, James capturou o Castelo Douglas, que anteriormente havia pertencido à sua família, mas que o Rei inglês o tomou de sua família e doou-o a um de seus leais nobres. Atacando o castelo no Domingo de Ramos, quando os defensores estavam todos na igreja, o escocês decapitou todos os sobreviventes e queimou seus corpos em uma imensa fogueira. A incursão ficou conhecida como “a despensa de Douglas”. Apreciando claramente dias significativos do calendário, Douglas capturou o Castelo de Roxburgh na Terça-feira de Carnaval de 1314, surpreendendo a guarnição novamente, que estava festejando a última noite antes da Quaresma.

Sir James Douglas
Sir James Douglas
Kim Traynor (CC BY-SA)

Sir James, há pouco feito cavaleiro, comandou, junto com Robert Bruce, a famosa vitória sobre as forças inglesas na Batalha de Bannockburn em 1314. Sir James realizou, incessantemente, incursões sobre o Norte da Inglaterra nos anos seguintes, sendo sua mais famosa vítima Robert Neville de Middleham, em 1318, conhecido pejorativamente como “o Pavão do Norte” pelos escoceses. Em 1327, Sir James quase capturou o Rei inglês Edward III (rein.1327-1377) durante uma das incursões típicas de guerrilha. Tido como vencedor em 70 combates, Douglas foi morto combatendo sarracenos na Andaluzia em 1330, quando estava a caminho da Terra Santa para lá enterrar o coração de Robert Bruce como havia prometido (o coração acabou enterrado na Melrose Abbey, na Escócia).

Bertrand du Guesclin - "A Águia da Bretanha"

Bertrand du Guesclin (c.1320-1380) foi um cavaleiro francês e herói nacional conhecido como a “Águia da Bretanha”. Ascendendo de sua humilde origem, Bertrand foi elevado a cavaleiro após seu sucesso em impedir uma incursão inglesa na Bretanha em 1354. Após feitos heroicos no campo de batalha como a robusta defesa de Rennes em 1357 e a vitória sobre o Rei Carlos II de Navarra (rein.1349-1387) na Batalha de Cocherel em 1364, que fez com que este último abandonasse sua pretensão ao Ducado da Borgonha, ele foi feito Guardião da França, uma posição que manteve por uma década a partir de 1370. Bertrand comandou o exército de seu país durante a Guerra dos Cem Anos com a Inglaterra (1337-1453). Os sucessos de Bertrand incluem a recaptura da Bretanha e um grande pedaço do sudoeste francês, onde era reconhecido por seu efetivo sucesso no uso de táticas de guerrilha. O bretão foi também talentoso em torneios, primeiro competindo como um desconhecido jovem cavaleiro e obtendo vitórias em 12 justas seguidas, de acordo com a lenda.

Robert Du Guesclin
Robert Du Guesclin
Emmanuel Fremiet (CC BY-SA)

Ocorreram dois sérios reveses na carreira de Bertrand, ou seja, ser capturado duas vezes pelos ingleses. Na primeira ocasião, foi Sir John Chandos que o aprisionou após a Batalha de Auray em 1364. Resgatado para sua liberdade como era típico naquele tempo, Bertrand foi capturado novamente em 1367 e libertado pelo pagamento de um resgate muito maior. Bertrand morreu de disenteria logo após seu bem-sucedido sítio de Châteaneuf-de-Randon em 1380. Ao grande cavaleiro foi dada a honra de receber uma tumba na Basílica de Saint-Denis, em Paris, junto com muitos reis franceses. Logo após sua morte, sua vida memorável e agitada foi comemorada na Chronique de Bertrand du Guesclin, pelo celebrado poeta francês Cuvelier.

Edward de Woodstock - "O Príncipe Negro"

Edward de Woodstock (1330-1376) foi o filho mais velho do Rei Edward III e foi Príncipe de Gales a partir de 1343 e o flagelo da nobreza francesa. Conhecido como “Edward, o Príncipe Negro” (a partir do século XVI) por seus incomuns escudo e armadura negros (ele teve seu primeiro conjunto de armadura com a idade de sete anos), Edward teve uma precoce pretensão à fama de cavaleiro quando combateu com firmeza e desembaraço no Batalha de Crécy em 1346. Ainda somente um rapazinho, Edward ajudou seu pai a obter uma famosa vitória contra um exército francês muitíssimo superior. Mais sucessos vieram contra o mesmo inimigo, à medida que a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) evoluía, notavelmente na Batalha de Poitiers em 1356, quando o Rei João II da França (rein. 1350-1364) foi ele mesmo capturado. Edward ganhou mais honra para seu cavalheiresco tratamento do monarca cativo e conseguiu uma reputação por sua generosidade, uma das qualidades chave de um nobre cavaleiro, ao distribuir ouro e títulos aos seus comandantes, bem como doando generosamente às igrejas, como para a Catedral de Canterbury. As incursões incendiárias e de pilhagem do príncipe (chevouchée) no Norte da França nada fizeram por sua popularidade ali, porém a tática era suficientemente comum nas guerras da época.

Tomb of Edward the Black Prince
Tumba de Edward, o Príncipe Negro
LBMO (CC BY-NC-ND)

C.1348, Edward e seu pai foram os membros fundadores da Ordem de Garter, o exclusivo clube de cavaleiros que ainda existe atualmente. As vitórias continuaram a chegar e, em 1367, Edward ainda trabalhava para capturar e vender por uma maciça soma de resgate um de seus rivais para o título de maior cavaleiro de todos os tempos, Bertrand du Guesclin, após a Batalha de Najera na Espanha. Quando morreu de disenteria em 1376, a nação lamentou e a história talvez tenha perdido um de seus maiores heróis, tivesse ele sido rei. Outro legado duradouro do Príncipe Negro foi seu uso de três penas de avestruz como seu emblema, ainda hoje, o símbolo do Príncipe de Gales.

Sir Henry Percy - "O Impulsivo"

Sir Henry Percy (1364-1403) foi o mais famoso membro da família Percy do Norte da Inglaterra. Sir Henry foi outro cavaleiro que desfrutou do sucesso tanto em torneios, como nos campos de batalha. Em 1377, foi elevado a cavaleiro com somente 13 anos, pelo Rei inglês Edward III e logo auxiliou seu pai a retomar o Castelo de Berwick dos escoceses, no ano seguinte. Em 1380 encontrava-se em campanha na Irlanda, e em 1383 encontrava-se em Cruzada contra os pagãos lituanos na Prússia. Dois anos mais tarde retornou patrulhando o litoral escocês após ter sido feito Administrador da Fronteira Leste por Richard II da Inglaterra (rein. 1377-1399).

Sir Henry Hotspur Percy
Sir Henry Hotspur Percy
Edmund Evans (Public Domain)

Sir Henry encontrava-se na Batalha de Otterburn na Escócia em 1388, um episódio lembrado para a posteridade em um poema do século XVIII do poeta Robert Burns. Os ingleses perderam e Sir Henry foi capturado e colocado para pagamento de resgate, que foi pago com dinheiro levantado pelo Rei e pelo Parlamento. Sir Henry foi nada mais que agradecido, e com seu pai conspirou contra Henry IV da Inglaterra (rein. 1399-1413) e isto após auxiliar o rei inglês conseguir seu trono, recapturando o Castelo de Conway dos enfadonhos galeses em 1401 e derrotando os ainda mais desagradáveis escoceses na Batalha de Homildon Hill em 1402. Os Percy ficaram ofendidos com a falta de gratidão de Henry, porém o hotspur (impulsivo) – assim chamado pelos escoceses devido à velocidade com a qual movimentava seus exércitos e atacava – morreu em batalha em Shrewburry combatendo as forças do rei em 1403. De acordo com a lenda, Sir Henry foi morto por uma flecha certeira que o atingiu na boca quando, momentaneamente, abriu seu visor. O rei não esqueceu sua deslealdade e o corpo de Henry foi esquartejado e sua cabeça colocada na ponta de uma lança nos portões de York, como uma advertência de que grandes cavaleiros precisam sempre servir ao seu soberano.

Remover publicidades
Publicidade

Perguntas e respostas

Quem eram os melhores cavaleiros da época medieval?

Os melhores cavaleiros eram os que pertenciam às ordens militares e, portanto, eram combatentes a tempo inteiro. As três principais ordens eram os Cavaleiros Templários, os Cavaleiros Hospitalários e os Cavaleiros Teutónicos. Entre os cavaleiros famosos contam-se o cavaleiro normando Robert Guiscard, o cavaleiro espanhol Rodrigo Díaz de Vivar (El Cid) e o cavaleiro inglês Sir William Marshal.

Quem foi o maior cavaleiro de todos os tempos?

A competição para determinar quem foi o maior cavaleiro é feroz, mas um bom candidato é Sir William Marshal (c. 1146-1219), que ganhou todos os torneios medievais em que participou ao longo de 16 anos de competição.

Quem eram os cavaleiros mais honrados?

É questionável se os cavaleiros medievais eram tão honrados como a sua reputação posterior sugere. Talvez os cavaleiros mais honrados sejam os das lendas, como São Jorge, Sir Galahad e o cavaleiro alemão Siegfried.

Sobre o tradutor

Jose Monteiro Queiroz-Neto
Monteiro é um pediatra aposentado interessado na história do Império Romano e da Idade Média. Tem como objetivo ampliar o conhecimento dos artigos da WH para o público de língua portuguesa. Atualmente reside em Santos, Brasil.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2018, junho 19). Cavaleiros Medievais: 12 dos Melhores [Medieval Knights: 12 of the Best]. (J. M. Queiroz-Neto, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1245/cavaleiros-medievais-12-dos-melhores/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Cavaleiros Medievais: 12 dos Melhores." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. Última modificação junho 19, 2018. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1245/cavaleiros-medievais-12-dos-melhores/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Cavaleiros Medievais: 12 dos Melhores." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 19 jun 2018. Web. 20 dez 2024.