O Sítio de Acre, 1189-1191

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Artigo

Mark Cartwright
por , traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto
publicado em 29 agosto 2018
Disponível noutras línguas: Inglês, francês
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Ao sitiar Acre, cidade localizada na costa norte de Israel, a Terceira Cruzada (1189-1192) realizou a sua primeira grande batalha. O prolongado sítio realizado pelo conjunto dos exércitos europeus contra a guarnição muçulmana, e próximo do exército de Saladin, sultão do Egito e Síria (sult. 1174-1193), durou de 1189 a 1191. Graças às suas impressionantes táticas, máquinas de sítio e liderança de homens como Richard I da Inglaterra (rein. 1189-1199), os cruzados tomaram a cidade em 12 de julho de 1191. Foi uma vitória estimulante, porém o exército de Saladin ficou intacto e os dois lados, dois meses depois, entrariam novamente em choque em Arsuf. Mais uma vez os cruzados saíram vencedores, porém, com cada novo embate, os exércitos ocidentais ficavam reduzidos, tanto que o objetivo de retomar Jerusalém escapou-lhes das mãos.

The Siege of Acre, 1189-91 CE
O Sítio de Acre, 1189-1191
Unknown Artist (Public Domain)

A Terceira Cruzada

Após a conquista de Jerusalém pelo líder muçulmano Saladin, em 1187, o ocidente lançou a Terceira Cruzada (1189-1192), com foco na reconquista da Cidade Santa. Saladin já havia assumido o controle de Damasco em 1174, Aleppo em 1183 e derrotado os estados latinos aliados na Batalha de Hattin em 1187. Com essas amplas conquistas, o líder muçulmano foi capaz de assumir o controle de cidades como Acre, Jafffa e Jerusalém. O Oriente Latino, como eram chamados os estados criados anteriormente pelos cruzados, quase todos haviam entrado em colapso e somente Tiro permaneceu nas mãos dos cristãos, sob o comando de Conrado de Montferrat.

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O Papa Gregório VIII (Pont. 1187) respondeu a estes desastres convocando a Terceira Cruzada, para retomar Jerusalém e as sagradas relíquias perdidas, como a Cruz Verdadeira. Os três mais importantes monarcas europeus aceitaram o desafio papal: o Sacro Imperador Romano, Frederick I Barbarossa, rei da Alemanha (rein. 1152-1190), Philip II da França (rein. 1180-1223) e Richard I, o Coração de Leão, da Inglaterra.

saladin rapidamente reforçou as fortificações de acre e fez dela uma das mais importantes guarnições e um alentado depósito de armas.

Três exércitos encabeçaram a ida para a Terra Santa. Frederick foi por terra, onde ocorreu um desastre total, com a morte do Imperador após cair de seu cavalo e se afogar, em 10 de junho de 1190, no Rio Saleph ao sul da Cilícia. Dos soldados que não retornaram penosamente e em desespero para casa, os que ficaram morreram devido a um surto de disenteria. Já os exércitos de Philip e Richard viajaram para o Oriente Médio por via marítima e, no caminho, Richard aproveitou para tomar a Sicília e Chipre. Assim, os cruzados chegaram em Acre no início de junho de 1191 e deram um necessário impulso para o sítio da cidade.

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Guy de Lusignan Sitia Acre

Antes de 1187, Acre era uma importante cidade costeira do Reino de Jerusalém, um dos estados criados pelos cruzados que haviam se estabelecido no Oriente Médio. O porto da cidade, construído sobre uma península, com seus lados oeste e sul protegidos pelo mar e os outros lados por muralhas maciças, havia caído, como Jerusalém, para Saladin. O líder muçulmano rapidamente reforçou as fortificações da cidade e fez dela um dos mais importantes depósitos de armas e proveu-a de guarnições reforçadas.

O nobre francês Guy de Lusignan, o rei do que restou do Reino de Jerusalém (rein. 1186-1192), decidiu realizar um ataque ao Acre em 1189. Considerando a precária posição dos latinos na região, um movimento audacioso, foi talvez motivado pela necessidade de realizar alguma retaliação contra as incursões dos muçulmanos. Era o momento de se aproveitar, devido a Saladin ainda se encontrar ocupado em manter seguros diversos castelos na região, notavelmente em Beaufort, sobre o qual também ocorria um sítio. Além disso, com seu rival Conrad de Montferrat no controle de Tiro, Guy era efetivamente um rei sem reino. Acre poderia dar-lhe uma base somente sua, com a qual poderia fazer valer direitos em quaisquer novos estados latinos recentemente criados, quando os prometidos exércitos cruzados chegassem à região.

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Saladin and Guy of Lusignan
Saladino e Guido de Lusinhão
Mark Cartwright (Public Domain)

Guy reunia algo como 7.000 homens de infantaria, 400 cavaleiros e uma pequena frota de Pisa, que saiu de Tiro para bloquear a região próxima a Acre em agosto de 1189. Infelizmente, os navios pisanos não conseguiram criar um bloqueio total do porto de Acre e mesmo avançar sobre a própria cidade, onde uma guarnição entrincheirada encontrava-se resistindo acima de suas possibilidades graças à presença de algumas tropas de elite de Saladin. O ataque direto inicial de Guy sobre a cidade foi repelido e ele montou acampamento fortificado em uma pequena montanha, Monte Toron, a leste da cidade. Um sítio era o próximo passo, mas, pelo menos, Guy podia receber reforços constantes de Tiro, graças à liberdade de movimento de sua frota. Em setembro de 1189, os sitiadores foram reforçados pela chegada de 12.000 tropas da Dinamarca, Alemanha, Inglaterra, França, Frísia e Flandres. Não era o principal exército cruzado, mas, de qualquer maneira, uma significativa ajuda.

quando saladin reuniu um suficiente exército de campo para o que tinha em mente, os sitiadores tornaram-se os sitiados.

Por fim, Guy cercou os lados em terra de Acre com uma dupla linha de posições fortificadas, porém não conseguiu grandes progressos na ameaça à cidade. Os franceses logo ser viram seriamente ameaçados devido a uma força de auxílio enviada por Saladin utilizando tropas de estados vassalos na Síria e Jazira. O cauteloso Saladin permitiu que os latinos atingissem o Acre, adiando um ataque direto ao exército inimigo, à medida que era mobilizado a partir de Tiro. No entanto, quando havia reunido um suficiente exército de campo para seu objetivo, os sitiantes tornaram-se os sitiados. Saladin lançou um ataque direto, que falhou, sobre o acampamento fortificado de Guy, em 15 de setembro de 1189. Em 4 de outubro o exército cristão devolveu o favor e lançou um assalto completo ao acampamento de Saladin. Com pesadas baixas de ambos os lados, nenhum dos dois lados saiu do embate em vantagem.

O exército latino, embora tivesse de repelir ataques mais diretos sobre suas linhas pelo exército em solo de Saladin, ambos os exércitos postaram-se em uma posição de imobilidade, um impasse, sem possibilidade de vitória para nenhum dos lados, seguindo-se uma espécie de guerra de trincheira. Uma testemunha ocular relatou o horror das condições:

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Enquanto nosso povo se esforçava para cavar trincheiras, os turcos revezavam-se para perturbá-los incessantemente, do amanhecer ao anoitecer... o ar estava negro com a chuva de dardos e flechas incontáveis e sem estimativa... não poucos deles [recém-chegados por mar] logo morriam devido ao fétido ar, poluído com o mal odor dos cadáveres, e gastos em ansiosas noites passadas em guarda, exaustos por outras obrigações e necessidades. Não havia repouso, nem tempo para respirar. (Citado em Tyerman, 413)

As cruéis condições do inverno trouxeram, de certa forma, um cessar-fogo, houve mesmo episódios de jogos entre os dois lados, cantarem juntos e trocarem convites para jantar durante as frequentes calmarias, porém a doença, tão frequente na guerra medieval, demonstrou ser, de todos, o inimigo mais perigoso. Mesmo a esposa de Guy, a Rainha Sibylla e suas duas irmãs, morreram por doença no outono de 1190.

Map of The Latin East, 1190 CE
Mapa do Oriente Latino, 1190
Mapmaster (CC BY-SA)

Na primavera de 1190, mais navios chegaram trazendo reforços para os cruzados. Enquanto isto, Saladin também estava recebendo reforços e a queda de Beaufort em 2 de abril de 1190 significou que, a partir de agora, as atenções poderiam se concentrar em Acre. As balizas do jogo estavam erguidas. Em 5 de maio de 1190, o exército cristão atacou a cidade com três imensas máquinas de sítio, porém todas foram destruídas pelo fogo grego dos defensores, um líquido altamente inflamável lançado em jato sob pressão sobre tudo que pudesse ser queimado. Uma pequena flotilha de navios egípcios conseguiu evitar a frota cristã e suprir a cidade. Os atacantes foram, no entanto, animados pela chegada de um contingente de tropas francesas, sob o comando de Henry de Champagne, em 28 de julho de 1190. Seguiram-se mais ataques e contra-ataques entre os dois lados, porém sem qualquer resultado decisivo.

Um grupo do antes poderoso exército de Frederick, sob o comando do Duque Leopold da Áustria, chegou em 7 de outubro de 1190, porém não foi suficiente. Outro inverno chegou e com ele um novo e arrastado impasse. Ciente da chegada dos reis europeus e seus grandes exércitos, Saladin realizou uma nova pressão para quebrar o anel dos exércitos cruzados envolvendo Acre em 13 de fevereiro de 1191. As linhas foram rompidas e as defesas da cidade sustentadas por novas tropas com um novo comandante, mas foi isto um ganho temporário e o cruzados fecharam novamente a armadilha. Parecia tudo de volta à estaca zero.

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Os ocidentais se sentiram bastante felizes ao verem, finalmente, a chegada de Philip e Richard em junho de 1191, este último com uma frota de 200 navios transportando alimentos, equipamentos e, talvez, 17.000 homens. Juntos com as tropas destes dois reis, chegaram outras pequenas forças de vários nobres. A grande frota cruzada foi capaz de bloquear o grosso da frota de Saladin, algo como 70 navios egípcios. Saladin reforçou seu exército em terra para enfrentar a crescente ameaça dos recém-chegados. Acre transformou-se no crucial envolvimento da Terceira Cruzada.

A Queda de Acre

Saladin pagou um preço alto pela falta de unidade dos estados muçulmanos. O Sultão precisava de navios aliados para quebrar o bloqueio naval em Acre, porém o Califa almóada do Marrocos se recusou a enviar ajuda. Para piorar, os navios cruzados encontravam facilmente portos para se reabastecerem na costa Norte-africana e cada vez mais chegavam em Acre. Quando uma frota genovesa aportou na metade de junho, o equilíbrio se rompeu definitivamente a favor dos cruzados. Se Saladin quisesse manter Acre, ele teria de usar somente os exércitos em terra. Mesmo assim, ele veio a perder o apoio de seu próprio sobrinho Taqi al-Din, que se retirou para se dedicar à sua própria conquista no sudoeste da Turquia.

Os exércitos cruzados, totalizando 25.000 homens, trouxeram enormes catapultas de sítio para acrescentar ao exército de Guy – os nomes dessas máquinas, “Mau Vizinho” e “Lança Pedras de Deus”, indicam o poder delas – e Richard também ergueu ali uma torre de sítio. As muralhas de Acre foram marteladas implacavelmente pois Richard, em particular, incitou os sitiadores aos maiores esforços, atirando, ele mesmo, com seu arco estando deitado em sua maca, na ocasião em que sofreu breve doença, possivelmente escorbuto. Outra importante estratégia foi a oferta de dinheiro por Richard para incentivar os sapadores a minar as muralhas defensivas por baixo – duas moedas de ouro (mais tarde elevadas para três e, depois, quatro) para cada pedra removida das defesas. A Torre Maledicta, ou Torre Amaldiçoada, que ficava no ângulo formado por duas linhas de muralhas, acabou destruída pelos sapadores, embora os defensores se mostrassem resolutos mesmo entre as ruínas.

Medieval Trebuchet
Trebuchet Medieval
Quistnix (CC BY-SA)

Enquanto isto, Saladin segurou a pressão por terra, mas, após um ataque final, coordenado entre a guarnição da cidade e o exército em terra de Saladin falhasse, a cidade capitulou em 12 de julho de 1191. A guarnição de Acre se rendeu, incluindo o acordo para ceder 70 navios muçulmanos no porto, sem o consentimento de Saladin. Um mensageiro chegou até ele, nadando, informando das intenções da guarnição sobre a entrega dos navios, mas o fato já havia se consumado. Saladin, então, retirou seu exército para al-Kharruba, diversos quilômetros ao sul de Acre.

Do lado dos cruzados, correu alguma confusão logo após a batalha. O Duque Leopold, sentindo-se como representante do Sacro Império Romano, permitiu que seus homens desfraldassem sua bandeira acima das muralhas capturadas. Richard, sendo um rei e não um simples duque (e também responsável pelo sucesso), determinou a remoção da bandeira (ou seu homens agiram por iniciativa própria). A bandeira foi, sem nenhuma cerimônia, lançada no fosso do Acre, deixando somente o estandarte do rei inglês desfraldado. Leopold ficou aborrecido com este desprezo e, em seguida, passou a manter relações frias com o “Coração de Leão”. O Duque foi responsável por organizar a famosa captura do rei para resgate, em nome de Henry VI, o novo Sacro Imperador Romano, quando o rei inglês retornava da Cruzada.

Massacre dos Prisioneiros

mais de 2.500 prisioneiros, incluindo mulheres e crianças, foram sumariamente executados por ordem de Richard, em 20 de agosto de 1191.

Um episódio ainda mais controverso do que a questão das bandeiras, foi o tratamento de Richard aos habitantes da cidade. 2.500 prisioneiros (ou talvez 3.000, dependendo das fontes), incluindo mulheres e crianças, foram sumariamente executados por ordem de Richard em 20 de agosto de 1191. Outros prisioneiros já haviam sido trocados entre os dois lados, incluindo alguns nobres que podiam ser lucrativamente resgatados, porém, ao que parece, houve um atraso, por algum motivo, e a relíquia da Verdadeira Cruz não foi devolvida como prometido. À vista disso o rei inglês suspeitou que a indecisão do inimigo significaria que Saladin poderia estar melhor se preparando para o próximo confronto, à medida que os cruzados se dirigissem para o sul. Os prisioneiros amarrados foram impiedosamente eliminados usando-se espadas, lanças e mesmo pedras. Embora algumas das tropas remanescentes de Saladin tentassem intervir, não conseguiram evitar o massacre. Saladin fora notavelmente generoso com seus prisioneiros em anos anteriores, embora não sentisse, de todo, escrúpulo em executar quaisquer cavaleiros pertencentes às ordens militares. O contraste no tratamento dos prisioneiros civis foi gritante, mesmo que alguém tenha argumentado que Richard não poderia mesmo ter permitido dar liberdade a eles, no momento em que estava iniciando uma marcha na direção sul. O raciocínio foi que poderia deixar seu exército aberto a um ataque pela retaguarda, caso os prisioneiros, em liberdade, se organizassem em uma força de combate.

Consequências

Guy de Lusignan foi feito o novo rei de Chipre, que foi vendido por Richard aos Cavaleiros Templários para conseguir mais dinheiro para a Cruzada. Infelizmente, Philip foi obrigado a retornar para casa em agosto de 1191, devido a problemas políticos em Flandres que ameaçavam seu trono. Ainda mais, Acre foi uma excelente captura, embora com muitas perdas em homens e recursos para este ganho. O exército cruzado estava pronto para marchar para o sul e se envolver em um desafio muito maior, a tomada de Jerusalém. Parecia que a maré estava favorável e Acre foi uma vitória que elevou o moral, da mesma maneira que foi uma significativa perda para Saladin, não tanto em homens ou materiais, mas certamente para sua cuidadosamente cultivada aura de invencibilidade.

A partir então, o exército ocidental passou a ser continuamente assediado, pelos muçulmanos, em sua marcha para o sul. Os dois lados se defrontaram novamente em setembro, na Batalha de Arsuf. Embora tenham conseguido uma vitória fosse contra Saladin, os cruzados ficaram tão reduzidos em suas forças e as condições do tempo tão ruins, que um sítio à Cidade Santa foi abandonado. Este trabalho deveria ser completado ao se convocar a Quarta Cruzada em 1202, a qual, neste caso, novamente teve seu curso determinado por prêmios em outros lugares e, ao invés de tomarem Jerusalém, atacaram Constantinopla em 1204.

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Sobre o tradutor

Jose Monteiro Queiroz-Neto
Monteiro é um pediatra aposentado interessado na história do Império Romano e da Idade Média. Tem como objetivo ampliar o conhecimento dos artigos da WH para o público de língua portuguesa. Atualmente reside em Santos, Brasil.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

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Estilo APA

Cartwright, M. (2018, agosto 29). O Sítio de Acre, 1189-1191 [The Siege of Acre, 1189-91 CE]. (J. M. Queiroz-Neto, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1263/o-sitio-de-acre-1189-1191/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "O Sítio de Acre, 1189-1191." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. Última modificação agosto 29, 2018. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1263/o-sitio-de-acre-1189-1191/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "O Sítio de Acre, 1189-1191." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 29 ago 2018. Web. 21 dez 2024.