Os Exércitos das Cruzadas

10 dias restantes

Investir no ensino da História

Ao apoiar a nossa instituição de solidariedade World History Foundation, está a investir no futuro do ensino da História. O seu donativo ajuda-nos a capacitar a próxima geração com os conhecimentos e as competências de que necessita para compreender o mundo que a rodeia. Ajude-nos a começar o novo ano prontos a publicar informação histórica mais fiável e gratuita para todos.
$3081 / $10000

Artigo

Mark Cartwright
por , traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto
publicado em 15 novembro 2018
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, italiano, espanhol
Ouve este artigo
X
Imprimir artigo

Os Exércitos das Cruzadas (século XI-XV), que presenciaram cristãos e muçulmanos lutarem pelo controle de territórios no Oriente Médio e em outros lugares, podiam envolver 100.000 homens de cada um dos lados, vindos de toda a Europa, para os exércitos cristãos, e de toda a Ásia Ocidental e Norte da África, para os muçulmanos. Os cristãos tinham a vantagem de terem cavaleiros bem protegidos por armadura e disciplinados, enquanto os muçulmanos frequentemente faziam uso de cavalaria ligeira e arqueiros com grande efeito. Com o passar do tempo, os dois lados aprenderam um com o outro, adotando armamentos e táticas em seu benefício. Volumosos recursos foram investidos nas Cruzadas em ambos os lados e os exércitos cristãos obtiveram sucesso na Ibéria e no Báltico, mas, na arena que tinha maior importância, a Terra Santa, foram, talvez, as táticas superiores e maior preocupação com a logística, que asseguraram aos exércitos dos vários estados muçulmanos finalmente eliminarem a ameaça cristã.

Second Crusade Battle Scene
Cena de Batalha da Segunda Cruzada
Unknown Artist (Public Domain)

Exércitos Europeus

Os Exércitos das Cruzadas (século XI-XV), que presenciaram cristãos e muçulmanos lutarem pelo controle de territórios no Oriente Médio e em outros lugares, podiam envolver 100.000 homens de cada um dos lados, vindos de toda a Europa, para os exércitos cristãos, e de toda a Ásia Ocidental e Norte da África, para os muçulmanos. Os cristãos tinham a vantagem de terem cavaleiros bem protegidos por armadura e disciplinados, enquanto os muçulmanos frequentemente faziam uso de cavalaria ligeira e arqueiros com grande efeito. Com o passar do tempo, os dois lados aprenderam um com o outro, adotando armamentos e táticas em seu benefício. Volumosos recursos foram investidos nas Cruzadas em ambos os lados e os exércitos cristãos obtiveram sucesso na Ibéria e no Báltico, mas, na arena que tinha maior importância, a Terra Santa, foram, talvez, as táticas superiores e maior preocupação com a logística, que asseguraram aos exércitos dos vários estados muçulmanos finalmente eliminarem a ameaça cristã.

Remover publicidades
Publicidade
Os cavaleiros das ordens militares algumas vezes se empolgavam muito no campo de batalha, porém o valor e dedicação deles à causa cruzada é indiscutível.

O transporte dos exércitos até o local onde se fariam necessários era, na maior parte das vezes, realizado por navios dos estados italianos de Gênova, Pisa e Veneza. Algumas vezes estas cidades forneciam tropas e navios para um serviço ativo na própria campanha. Naturalmente, um exército no campo, contado em dezenas de milhares de combatentes, exigia um bom número de pessoal não combatente, tais como encarregados de bagagens, operários, carpinteiros, cozinheiros e sacerdotes, já os cavaleiros traziam seus próprios escudeiros e servos pessoais.

Os Estados Cruzados

O Principado de Antioquia, o Condado de Edessa, o Condado de Trípoli e o Reino de Jerusalém constituíam o que se denomina de Estados Cruzados. Comandado (em teoria) pelo Reino de Jerusalém, os estados reuniam seus próprios exércitos, fundamentados nos arrendatários feudais, nos homens livres e nos mercenários. Os governantes muitas vezes doavam propriedades aos nobres em troca de uma quota fixa de homens de combate em época de guerra. Os Estados Cruzados não podiam se apoiar no recrutamento da população local, pois a maioria era muçulmana e não possuía nenhum treinamento. Além do mais, contando com uma pequena população ocidental, os Estados Cruzados encontravam-se perpetuamente com baixo número de combatentes – quando muito, conseguiam reunir no máximo uns 1500 cavaleiros, por exemplo – e ficaram dependentes em extremo das Ordens Militares na região. O emprego de mercenários, obviamente, dependia da disponibilidade de fundos, o que era conseguido pelas doações, ocasionais, dos monarcas europeus aos Estados Cruzados. Estes monarcas preferiam gastar com esta assistência ao invés de se verem obrigados a enviar um exército para cumprir com a obrigação moral que tinham como soberanos cristãos para defender a Terra Santa. Outro problema surgido refere-se status de relativa igualdade entre os barões e o rei do Reino de Jerusalém. Esta paridade levou a muita briga e desavenças entre eles, até mesmo ocasiões de um ou mais Estado Cruzado temporariamente optar pela neutralidade, ao invés de apoiar a causa comum de defesa.

Remover publicidades
Publicidade

As Ordens Militares

Constituídas inicialmente para proteger fisicamente e oferecer cuidado médico para peregrinos que viajavam através da Terra Santa, as Ordens Militares, como Cavaleiros Templários, Cavaleiros Hospitalários e Cavaleiros Teutônicos, logo evoluíram para se firmarem como uma inestimável presença militar na região. Os cavaleiros das Ordens Militares, que levavam uma vida semelhante à dos monges, eram recrutados na Europa e se deslocavam quase sempre pelos mais perigosos caminhos e desfiladeiros, recebiam os castelos mais valiosos estrategicamente para serem guarnecidos e forneciam centenas de cavaleiros para a maioria dos exércitos cruzados de campanha. Recebendo um treinamento de excelência e contando com os melhores equipamentos, constituíam a força de elite dos cruzados e eram frequentemente executados quando capturados, o que testemunha o respeito que seus oponentes tinham por eles – em síntese, muito hábeis e fanáticos, podiam voltar para qualquer campo de batalha no futuro. O único senão das ordens eram a total independência de que se revestiam, algumas vezes resultando em discussões sérias com governantes dos Estados Cruzados e líderes dos exércitos cruzados a respeito de estratégia e alianças. Os cavaleiros das Ordens Militares ficavam, ocasionalmente, um tanto entusiasmados no campo de batalha e podiam se precipitar em cargas sem apoio, mas o valor e a dedicação deles à causa da Cruzada são indiscutíveis. Outras Ordens Militares logo se disseminaram pela Europa, especialmente na Península Ibérica durante a Reconquista contra os mouros muçulmanos e as três grandes já mencionadas espalharam seus tentáculos de poder por toda a Europa Continental. Os Cavaleiros Teutônicos foram especialmente eficazes e criaram seu próprio estado na Prússia, durante a Cruzada do Norte contra os pagãos europeus.

Medieval Great Sword
Grande Espada Medieval
The Metropolitan Museum of Art (Copyright)

O Império Bizantino

No século XII, o Império Bizantino encontrava-se em declínio e seu exército refletia esta situação, pois estava quase todo composto por mercenários. No entanto, à época da Primeira Cruzada, o Imperador bizantino Alexios I Komnenos (rein. 1081-1118) conseguia reunir um exército de uns 70.000 homens quando exigido. Nas primeiras Cruzadas, o Império contribuiu mesmo para os exércitos cruzados (antes de se tornar vítima da Quarta Cruzada, 1202-1204), fornecendo várias unidades de seus mercenários, os quais incluíam cavalaria ligeira turca, os Guardas Varangianos (ou Varegues de descendentes anglo-saxônicos e vikings, que empunhavam pesados machados de batalha), os sérvios, os húngaros e a infantaria rus. Todos eram altamente organizados e bem treinados, especialmente úteis para os engenheiros bizantinos aportando inestimável habilidade para a guerra de sítio.

Remover publicidades
Publicidade

Exércitos Muçulmanos - Os Turcos Seljúcidas

Os exércitos muçulmanos geralmente seguiam um padrão de recrutamento semelhante ao dos exércitos europeus e eram constituídos por uma elite de guarda-costas (askars), recrutamentos feudais de cidades-chave como Mosul, Aleppo e Damasco, tropas aliadas, voluntários e mercenários. Contavam com unidades de cavalaria, que incluíam arqueiros montados, e infantaria armada com lanças, arcos ou balestras e protegidos, no mais das vezes, por um escudo circular. A cavalaria seljúcida tipicamente vestia-se com uma armadura lamelar, feita pela sobreposição de camadas de pequenos ferros ou placas de couro endurecido.

Era uma tática comum seljúcida ao enfrentar o inimigo, desferir uma barragem letal de flechas e, em seguida, retirar-se o mais rápido possível para minimizar perdas.

Os seljúcidas dominaram o oeste da Ásia a partir da metade do século XI e seus exércitos se notabilizaram pelos grandes contingentes de arqueiros montados extremamente hábeis. Era uma tática comum ao enfrentar o inimigo, desferir uma barragem letal de flechas e, em seguida, retirar-se o mais rápido possível para minimizar perdas. Com algum sucesso ou sorte, o inimigo poderia ficar tentado a lançar uma arriscada carga de cavalaria em perseguição, quando então os arqueiros poderiam retornar e novamente atacar ou disparar uma barreira de fogo sobre o inimigo, colocados em uma posição de emboscada.

Os Fatimidas

O Califado Fatimida (909-1171) encontrava-se no Egito e se apoiava fortemente em tropas mercenárias, porém sua grande riqueza assegurava-lhes a possibilidade de preencher exércitos com enormes contingentes de infantaria razoavelmente bem treinados e bem equipados, incluindo um grande número de arqueiros sudaneses. A cavalaria era, no geral, composta por um mix de cimitarras empunhadas por árabes, beduínos e berberes. O exército fatimida poderia ter sido o melhor exército no mundo muçulmano da época, porém eram eles um tanto fora do passo comparado aos cruzados em termos de armamentos, armaduras e táticas. Seus sucessores, os aiubidas, no entanto, logo os alcançaram.

Remover publicidades
Publicidade

The Battle of Hattin, 1187 CE
A Batalha de Hattin, 1187
Unknown Artist (Public Domain)

Os Aiubidas

A Dinastia Aiubida (1171-1260) foi criada pelo grande líder muçulmano Saladin, o Sultão do Egito e Síria (sult. 1174- 1193). Assumindo os exércitos dos fatimidas, Saladin elevou em muito a sua eficiência e selecionou como sua principal força de elite uns 1.000 guerreiros curdos, os mamelucos, que eram treinados desde a infância e que possuíam fortes laços de obediência aos seus treinadores-comandantes. Havia também, um significativo contingente de turcos kipchaks, guerreiros escravos vindos das estepes russas. O restante do exército era composto por tropas convocadas pelos governadores regionais por todo o Império Aiubida no Egito, Síria e Jazira (Norte do Iraque). A infantaria de Saladin era particularmente notada por sua disciplina, uma característica, na época, somente associada às unidades de elite da cavalaria.

Os Mamelucos

Como já notado, os mamelucos formavam uma parte vital dos exércitos aiubidas e se tornaram tão experientes na guerra que acabaram por destituir seus mestres na metade do século XIII, formando o Sultanato Mameluco (1250-1517). Empregavam como mercenários em seus exércitos, beduínos, turcos, armênios e curdos, com números tão grandes de combatentes, que os cruzados ficavam extremamente cautelosos a entrar em batalhas diretas com eles. A cavalaria mameluca fazia uso de capacetes de metal contendo gravados versos do Corão, vestiam uma peça de cota de malha sob a metade inferior de suas faces e conduziam um escudo em formato de pipa. Outra característica interessante do exército de campo mameluco eram os múltiplos conjuntos de músicos, que tocavam trompetes e tambores, contribuindo para criar pânico entre o inimigo, especialmente nos cavalos. O corpo de guarda-costas pessoal do sultão tinha sua própria banda composta por 4 tocadores de oboés (hautbois), 20 de trompetes e 44 de tambores.

Os Mouros

Os mouros, que controlavam a maior parte da metade sul da Península Ibérica e enfrentaram os cruzados da Reconquista, utilizavam-se da tática de bater-correr, com uma cavalaria levemente armada, com lança e dardo. Mesmo as tropas de infantaria, tipicamente a linha de ferente de uma unidade, arremessava dardos, enquanto o restante se armava com lanças longas. Os berberes portavam um distintivo escudo em forma de coração, a adarga, enquanto a cavalaria moura utilizava-se de um escudo em forma de pipa semelhante à sua contrapartida europeia.

Remover publicidades
Publicidade

The Siege of Damietta, 1218-19 CE
O Sítio de Damietta, 1218-1219
Cornelis Claesz van Wieringen (Public Domain)

Os Otomanos

No final do século XIV, surgiu um novo inimigo, identificado como um legítimo alvo para uma Cruzada: os Turcos Otomanos. Os otomanos possuíam duas unidades de elite dignas de nota: os Guardas Janízaros, que eram corpos de arqueiros de infantaria formado por cristãos recrutados, treinados desde a infância, e a elite siphalis, que era uma unidade de cavalaria a cujos membros era dada a promessa de usufruírem do direito a uma propriedade rural e rendas de impostos, por quaisquer sucessos no campo de batalha. Os otomanos também faziam uso de armas de fogo com pólvora desde o século XV. Alguns de seus canhões eram imensos, medindo 9 metros (30 pés) de comprimento e capazes de atirar uma bola pesando 500 kg (1100 lbs) a uma distância de 1.500 metros (1.600 jardas).

Organização e Táticas

Os exércitos cruzados organizavam-se em Divisões, cada uma liderada por um Comandante Sênior, do qual se esperava seguir o plano de batalha pré-planejado e as ordens do Comandante Geral de Campo. A comunicação era conseguida através de bandeiras (especialmente usadas como pontos de reunião) ou ordens verbais, mas no barulho, poeira e caos da batalha, era mais seguro que todos evitassem a tentação de cargas precipitadas sem o adequado apoio. Não que isto fosse sempre evitado, como muitas derrotas durante as Cruzadas foram amplamente devidas a um elemento de um exército assumindo um elevadíssimo risco em uma ação independente.

Em termos de tática, a infantaria era tipicamente armada com lanças e balestras e protegida por armadura acolchoada. Eram dispostas em combate para formar um cerco protetor à sua cavalaria pesada. A ideia era que devia-se proteger os cavalos de serem feridos pelos mísseis inimigos utilizando-se de uma barreira protetora, constituída pelos mais descartáveis homens da infantaria. A mesma estratégia era usada quando um exército cruzado se encontrava em deslocamento. Na batalha, a infantaria era dividida em pequenas companhias, enquanto os cavaleiros tipicamente operavam em grupos de 20-25.

Cavaleiros eram a elite dos exércitos cruzados. Protegidos por cota de malha e, depois, por armadura de placa, em um cavalo protegido de modo semelhante, podiam carregar contra o inimigo em uma formação compacta com lanças e rompendo as linhas inimigas e cortando os oponentes com suas longas espadas. Sargentos, posição um nível abaixo dos cavaleiros, podem também formar unidades de cavalaria, porém eram também usados como infantaria. Inicialmente, cavalaria pesada trouxe brilhantes vitórias para os europeus, mas, depois de um tempo, os exércitos muçulmanos se adaptaram e mesmo adotaram algumas de suas táticas, com os aiubidas lançando a campo suas próprias unidades de cavalaria pesada, por exemplo.

Siege of Lisbon, 1147 CE
Sítio de Lisboa, 1147
Roque Gameiro (Public Domain)

Os cavaleiros constituíam somente 10% do total de um exército cruzado e a cavalaria pesada exigia tanto terreno razoavelmente nivelado e seco para operar com eficiência. Consequentemente, um corpo de infantaria bem disciplinado e numericamente superior, armado com balestras podia, algumas vezes, fazer frente a eles em batalha. Deve-se lembrar que as guerras das Cruzadas, na maior parte das vezes, envolviam sítios de cidades fortificadas, sendo raras as batalhas de campo, e tão importantes e sérias eram as fichas envolvida nelas, que a derrota em um único dia podia descrever o final de uma campanha particular. Além disso, uma tática favorita dos muçulmanos era atormentar o inimigo com cavalaria ligeira e arqueiros montados, de modo que os cavaleiros nunca tinham a chance de realizar uma carga disciplinada contra linhas inimigas maciças. Tudo considerado, o papel dos cavaleiros fortemente encouraçados não era inteiramente tão importante a influenciar uma vitória, como a literatura e lendas subsequentes nos teriam feito acreditar.

Como observado, a guerra de sítio constituiu a maior parte das guerras da Cruzada para, em seguida, ver os cavaleiros se lançarem à frente com todo mundo e pusesse uma cidade ou acampamento fortificado a seus pés o mais rapidamente possível. Tanto os exércitos cristãos, como os muçulmanos, encontravam-se ora como atacantes, ora como defensores, através de muitas campanhas. Catapultas lançavam pesadas pedras e mísseis flamejantes contras os defensores. Algumas vezes, também, projéteis de uma natureza mais psicológica, como cabeças decapitadas eram arremessadas sobre as muralhas. Havia mesmo comandantes inescrupulosos que apoiavam o lançamento de corpos humanos e de animais doentes de volta para o colo do inimigo. Torres de sítio e aríetes permitiam um ataque direto sobre as próprias muralhas. Minar as muralhas era uma tática na qual engenheiros especializados cavavam túneis e os incendiava para abalar as fundações das torres, fazer]] com que desabassem. Enquanto isso, os defensores atiravam rochas e líquidos inflamáveis contra os atacantes e lançavam cargas de cavalaria pesada para tumultuar o acampamento dos atacantes.

Logística

A logística sempre foi um aspecto crucial da guerra, podendo levar a uma derrota ou vitória, independente das habilidades de combate de um exército e dos conhecimentos de estratégia de um comandante. Infelizmente para os cruzados, a Europa medieval tinha há muito perdido a qualificação na logística de batalha, que veio a desaparecer após a dissolução do Império Romano. As habilidades seriam reaprendidas na Idade Média, especialmente considerando que viver fora de casa não era comumente uma opção, tendo em conta o ambiente inclemente e árido e o terreno desconhecido. Muitos exércitos cruzados foram derrotados simplesmente porque não encontraram comida e água adequadas, com homens morrendo de escorbuto e fome. Outro frequente assassino eram as doenças bacterianas, especialmente comuns nos imundos acampamentos dos exércitos sitiadores, tipicamente sem um adequado tratamento sanitário, água potável e cuidado adequado com os cadáveres.

A falta de planejamento uma frente de combate frequentemente se tornava evidente com os sítios dos cruzados sendo conduzidos sem equipamentos de adequados ou mesmo navegar em rios em barcos não confiáveis. Houve exceções: Richard I da Inglaterra (1189-1199) foi um meticuloso planejador e não somente ele embarcou catapultas para o Oriente Médio, mas também os pesados projéteis de pedra necessários como munição. Os exércitos dos Estados Cruzados saiam-se bem melhor neste aspecto da guerra, com colunas e cadeias de suprimento implantadas repetidamente. Já os líderes europeus chegavam a campo simplesmente ignorando os desafios particulares do terreno onde esperavam conquistar vitória. Os muçulmanos, ao contrário, encontravam-se muito melhores neste quesito e mantinham uma excelente coluna de suprimentos ao se utilizarem de mulas e camelos, incluindo médicos e equipamento médico. Além disso, os exércitos muçulmanos pioravam muito a situação dos cruzados arruinando os poços de água, reunindo e ocultando o gado e destruindo as plantações. Finalmente, um aspecto do mundo muçulmano que demonstrou ser útil durante as Cruzadas foram os bem estabelecidos sistemas de comunicações, composto por postos colocados de tempos em tempos e espalhados pela região, conectados por pombos-correios bem treinados. Com as mensagens sendo transportadas por asas, em distâncias de até 1.500 km, os movimentos do inimigo podiam ser rapidamente informados e as respostas adequadamente planejadas e executadas.

Remover publicidades
Publicidade

Sobre o tradutor

Jose Monteiro Queiroz-Neto
Monteiro é um pediatra aposentado interessado na história do Império Romano e da Idade Média. Tem como objetivo ampliar o conhecimento dos artigos da WH para o público de língua portuguesa. Atualmente reside em Santos, Brasil.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2018, novembro 15). Os Exércitos das Cruzadas [The Armies of the Crusades]. (J. M. Queiroz-Neto, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1281/os-exercitos-das-cruzadas/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Os Exércitos das Cruzadas." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. Última modificação novembro 15, 2018. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1281/os-exercitos-das-cruzadas/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Os Exércitos das Cruzadas." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 15 nov 2018. Web. 21 dez 2024.