O Impacto da Conquista Normanda da Inglaterra

Artigo

Mark Cartwright
por , traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto
publicado em 23 janeiro 2019
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol
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Cinco anos (1066-1071) foi o tempo que William, o Conquistador (rein. 1066-1087) demorou para consolidar a conquista normanda na Inglaterra. Árduas batalhas, construção de castelos, redistribuição de terras e tática de terra queimada, asseguraram que os normandos tinham vindo para ficar. A conquista viu a elite normanda substituir a dos anglo-saxões e assumir as terras do país, a reestruturação da Igreja, a introdução de uma nova arquitetura na forma de castelos em elevações e com muralhas, catedrais romanescas, disseminação do feudalismo, absorção pela língua inglesa de centenas de novas palavras francesas e uma grande quantidad mudanças duradouras, as quais se combinaram para fazer da invasão normanda um divisor de águas na história inglesa.

Conquista: De Hastings a Ely

A conquista da Inglaterra pelos normandos iniciou-se com a Batalha de Hastings em 1066, quando Rei Harold Godwinson (ou Harold II, rein. jan-out 1066) foi morto e se encerrou com William, o Conquistador derrotando os rebeldes anglo-saxônicos na Abadia de Ely, na East Anglia, em 1071. Neste meio tempo, William defenderia, mais ou menos constantemente, suas fronteiras com Gales e a Escócia, conyeria duas invasões da Irlanda, comandadas pelos filhos de Harold e debelaria três rebeliões em York.

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Old Sarum, Wiltshire
Old Sarum, Wiltshire
Mark Edwards (CC BY-SA)

As consequências da conquista normanda foram muitas e variadas. Mais ainda, alguns efeitos foram muito mais duradouros que outros. É também verdade que a sociedade inglesa já se encontrava em expansão em seu caminho na história antes de William, o Conquistador, ter chegado e, portanto, não se encontra sempre claro quais mudanças políticas, sociais e econômicas da Idade Média tiveram suas raízes na invasão normanda ou o que poderia muito bem ter se dado sob um regime anglo-saxônico continuado. Ainda assim, a seguinte lista apresenta um sumário naquilo que a maioria dos historiadores concordam como as mais importantes mudanças que a conquista normanda trouxe para a Inglaterra:

  • A elite rural anglo-saxônica foi quase que totalmente substituída pelos normandos.
  • O aparelho de governo ficou muito mais centralizado, com o poder e a riqueza mantidos em pouquíssimas mãos.
  • A maioria dos bispos anglo-saxões foram substituídos por bispos normandos e muitas sedes de dioceses foram transferidas para centros urbanos.
  • Foram introduzidos os castelos tipo motte and bailey (castelos sobre uma elevação e cercado por muralhas) o que remodelou o modo da guerra na Inglaterra, reduzindo a necessidade de combates de campo em grande escala, devido ao elevado risco.
  • O sistema de feudalismo progrediu quando William cedeu terras em troca de serviço militar (em pessoa ou por uma força de cavaleiros pagos pelo proprietário de terras).
  • O manorialismo progrediu e se espalhou, regime em que as pessoas trabalhavam nas propriedades de seus senhores em benefício próprio.
  • O Norte da Inglaterra permaneceu devastado por um longo tempo após os saques de Willam de 1069-1070.
  • Criação do Domesday Book, um catálogo detalhado e sistematizado de terra e riqueza na Inglaterra, compilado em 1086-1087.
  • Acentuado incremento do contato e, especialmente, do comércio entre a Inglaterra e a Europa Continental.
  • Os dois países, França e Inglaterra, ficaram historicamente entrelaçados, principalmente devido à mudança na propriedade da terra, ou seja, os nobres normandos passaram a possuir terras nos dois países.
  • A sintaxe e o vocabulário da linguagem anglo-saxônica germânica foram significativamente influenciados pela língua francesa.

A Elite Governante

A conquista normanda da Inglaterra não foi o caso de uma população invadindo as terras de outra, mas, ao contrário, foi a retirada a força de uma elite governante por outra. Não houve movimento significativo de população rural normanda atravessando o canal para se reassentar na Inglaterra, na época um país com uma população de 1,5-2 milhões de pessoas. Embora, em outra direção, guerreiros anglo-saxões fugiram, em grande número, para a Escandinávia após Hastings e alguns foram parar na elitista Guarda Varangiana dos Imperadores bizantinos.

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William the Conqueror, Bayeux Tapestry
Guilherme, o Conquistador, Tapeçaria Bayeux
Myrabella (Public Domain)

A falta de uma chegada de dezenas de milhares de normandos não foi, evidentemente, um consolo para a aristocracia anglo-saxônica, pois 20 anos após Hastings, havia somente dois poderosos anglo-saxões proprietários de terras na Inglaterra. Alguns 200 nobres normandos, 100 bispos e monastérios, receberam as propriedades que se encontravam nas mãos de 4.000 proprietários anglo-saxões antes de 1066. Para assegurar que os nobres normandos não abusassem de seu poder (e, assim, ameaçar o próprio William), foram mantidas muitas das antigas ferramentas de governança anglo-saxãs, notavelmente os xerifes, que governavam em nome do rei os distritos e condados nos quais a Inglaterra havia sido tradicionalmente dividida. Os xerifes também foram substituídos por normandos, que forneciam um contrapeso aos proprietários de terra normandos em suas jurisdições.

A corte real e o governo ficaram mais centralizados, Mais que em qualquer outro reino na europa, graças à ppropriedade das terras e recursos ficarem nas mãos de relativamente poucas famílias normandas.

Seguindo o mesmo exemplo, a Igreja sofreu reestruturação com a indicação de bispos normandos – incluindo, em 1070, os principais arcebispos de Canterbury (para Lanfranc) e York (pata Thomas) – tanto que, por volta de 1087, havia somente dois bispos anglo-saxões. Outra mudança significativa foi a tansferência de muitas sedes de dioceses – a igreja principal ou catedral – para regiões urbanas (Dorchester para Lincoln, Lichfield para Chester e Sherborne). Essas mudanças forneceram a William um maior controle administrativo e militar da Igreja, mas, ao mesmo tempo, beneficiou a própria Igreja ao trazer os bispos mais próximos das novas populações urbanas.

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A corte real e o governo ficaram mais centralizados, de fato, muito mais que em qualquer outro reino na Europa graças à propriedade de terra e recursos nas mãos de relativamente poucas famílias normandas. Embora William tivesse distribuído as terras aos apoiadores leais a ele, no entanto, não receberam nenhum poder político com as terras. Em um sentido físico, o governo não estava centralizado porque William não possuía uma residência permanente, preferindo viajar pelo seu reino e visitando regularmente a Normandia. O Tesouro permaneceu em Winchester e ficou recheado devido à imposição de pesados impostos por Wiilliam por todo o reino.

Castelos em Elevações e com Muralhas (Motte and Bailey Castles)

Os normandos foram guerreiros muito bem-sucedidos e a importância que davam à cavalaria e aos arqueiros iriam afetar os exércitos ingleses a partir de então. Talvez e ainda mais significativa foi a construção de fortes e castelos, com guarnições, por toda a Inglaterra. Os castelos não eram de todo desconhecidos na Inglaterra anteriormente à conquista, mas eram eles usados somente como um reduto defensivo, ao invés de um elemento para controlar uma área geográfica. William embarcou em uma corrida para construção de castelos imediatamente após Hastings, pois ele bem conhecia que uma guarnição de cavalaria protegida seria o método mais efetivo de controle administrativo e militar em seu novo reino. Da Cornwall à Northumbria, os normandos construiriam mais de 65 grandes castelos e outros 500 menores nas décadas após Hastings.

Os normandos não somente introduziram um novo conceito no uso do castelo, mas também de arquitetura militar para as Ilhas Britânicas: o castelo em elevação e com muralha. Motte era uma elevação (morro) sobre a qual construía-se uma torre fortificada e bailey era um pátio cercado por uma paliçada de madeira que ocupava uma área em volta da base do morro. Toda a estrutura era ainda protegida por um fosso ou vala que a circundava. Estes castelos foram construídos tanto em áreas rurais, como urbanas, e, em muitos casos, seriam convertidos em versões de pedra nos princípios do século XII. Um bom exemplo sobrevivente é o Castelo Rising em Norfolk, porém outros, mais famosos ainda permanecem nos dias de hoje, originalmente construções normandas, como a Torre de Londres, Castelo Dover, em Kent, e Clifford’s Tower, em York. Catedrais normandas no estilo romanesco foram construídas (por exemplo, em York, Durham, Canterbury, Winchester e Lincoln), com a pedra branca de Caen, uma escolha especialmente popular de material, usado, também, para a Torre de Londres.

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Motte and Bailey Castle Diagram
Diagrama de um Castelo de mota
Jon Cane (CC BY-NC-SA)

Domesday, Feudalismo e Camponeses

Inexistiu sentimento de nacionalismo ultrajado após a conquista normanda – tal conceito é uma ideia mais moderna – desse modo, os camponeses não sentiram que poderiam estar, de algum modo, perdendo seu país. E nem houve qualquer ódio específico a respeito dos normandos, pois os ingleses reuniam todos os aliados de William em um único grupo – bretões e angevinos falavam, simplesmente, a língua francesa. Na Idade Média, eram considerados estrangeiros tantos os visitantes de uma cidade distante como os vindos de outro país. Os camponeses somente deviam lealdade aos seus senhores e às suas próprias comunidades locais, no entanto isto pode ter muito bem resultado em alguma antipatia quando um senhor era trocado por um nobre normando, naquelas situações em que tinham afeição ao senhor anglo-saxão. Certamente, que os normandos foram vistos como outros estrangeiros, um sentimento somente fortalecido pelas barreiras linguísticas e o rei, pelo menos inicialmente, assegurou lealdade pela imposição de pesadas penalidades a qualquer discordância. Por exemplo, se um normando fosse assassinado, então a cidade mais próxima era incendiada – uma política muito pouco provável de conquistar qualquer afeição.

Ao mesmo tempo, foram editadas novas leis para assegurar que os normandos não abusassem de seus poderes, como o assassinato de um não-rebelde ou para ganhos pessoais, bem como a introdução do julgamento por combate para defesa da própria inocência. Essencialmente, aos cidadãos era exigido juramento de lealdade ao rei, recebendo em troca a proteção legal caso fossem tratados injustamente. Algumas das novas leis tiveram longa duração, como o favorecimento do primogênito nas reivindicações de herança, enquanto outras eram altamente impopulares, como a retirada por William do direito de caça em certas áreas, notavelmente a New Forest (floresta no sul da Inglaterra, n/t). Caçadores ilegais eram severamente punidos e podiam esperar perderem a visão ou sofrerem mutilação se fossem pegos. Outra importante mudança devido a novas leis com relação à escravidão, essencialmente eliminada da Inglaterra por volta de 1130, tal como fora na Normandia.

Map of Domesday Book Circuits
Mapa dos Circuitos de Levantamentos de Dados do Domesday Book
XrysD (CC BY-SA)

Foi no Norte da Inglaterra a área em que prevaleceu o ódio aos normandos. Após as rebeliões contra o governo de William em 1067 e 1068, o rei passou o inverno de 1069-1070 assolando todo o Norte de seu reino da costa leste a oeste. Isso envolvia perseguição aos rebeldes, assassinato e mutilação entre os camponeses e queima de plantações, criação de animais e destruição de equipamentos agrários, o que resultou em uma devastadora fome. Como revela o Domesday Book (veja abaixo), grande parte das terras do Norte encontravam-se devastadas e foram catalogadas como sem valor. Foi necessário mais de um século para que a região se recuperasse.

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O Domesday Book foi compilado por ordem de William em 1086-1087, provavelmente para orientar a cobrança de impostos, orientando exatamente quem possuía o que na Inglaterra, após as mortes de muitos nobres anglo-saxões no curso da conquista e entregar as novas propriedades e títulos pelo rei aos seus adeptos. De fato, o Domesday Book revela a reformulação total da propriedade rural e poder na Inglaterra realizada por William. O Domesday Book constitui a mais compreensiva pesquisa jamais realizada em qualquer reino da Idade Média e se encontra cheio de volumosas estatísticas para os historiadores modernos, tais como a revelação de que 90% da população vivia nas regiões rurais do país e 75% da população era constituída por servos (trabalhadores não-livres).

Uma consequência das políticas de William para a terra foi o desenvolvimento (mas não a origem) do feudalismo. Isso se deu porque William considerava todas as terras na Inglaterra como sua propriedade pessoal, entregando parcelas de terra (feudos) aos nobres (vassalos), os quais, em troca, deviam prover serviço militar a ele quando fosse necessário, durante uma guerra ou para guarnecer castelos e fortalezas. Mas esse serviço não precisava ser, necessariamente, prestado em pessoa, mas o nobre teria de providenciar um certo número de cavaleiros, dependendo do tamanho do feudo. O nobre podia ter camponeses livres ou servos (ou vilães) trabalhando em suas terras e o senhor ficava com os produtos desse trabalho. Se um nobre possuísse uma grande propriedade, ele podia alugá-la a um nobre de classe inferior o qual, por sua vez, possuía camponeses que trabalhavam aquela terra para ele, criando, assim, uma elaborada hierarquia da propriedade da terra. Sob os normandos, os eclesiásticos proprietários de terras, como os monastérios, também se viam obrigados a fornecer cavaleiros para o serviço militar.

Castle Rising Castle
Castelo Rising Castle
Elliot Brown (CC BY)

O sistema manorial desenvolveu-se a partir de sua primitiva forma sob os normandos. O manorialismo deriva seu nome da palavra manor, a menor faixa de terra que poderia sustentar um só família. Por motivos administrativos, as propriedades eram divididas nestas unidades. Naturalmente, um senhor poderoso podia possuir muitas centenas de manors, tanto em um só lugar, como em lugares diferentes. Cada unidade de terra podia ter trabalhadores livres e não-livres, sendo que as rendas desse trabalho iam para o proprietário da terra, enquanto os trabalhadores se sustentavam cultivando um pequeno pedaço de terra emprestado as eles pelo senhor. Acompanhando a política de William de repartir as propriedades e redistribuí-las, o manorialismo tornou-se muito mais disseminado na Inglaterra.

Comércio e Relações Internacionais

As histórias e mesmo as culturas da França e Inglaterra, tornaram-se muito mais entrelaçadas nas décadas posteriores à conquista. Mesmo como Rei da Inglaterra, William permaneceu Duque da Normandia (e, por isso, tinha de prestar vassalagem ao Rei da França). As casas reais ficaram ainda mais interconectadas após os reinados dos dois filhos de William (William II Rufus, rein. 1087-1100 e Henry I, rein. 1100-1135) e as guerras civis que irromperam entre rivais ao trono inglês a partir de 1135. Um efeito colateral desses contatos íntimos foi a significativa modificação, com o passar do tempo, da língua germano-anglo-saxônica, tanto na sintaxe, como no vocabulário, por influência da língua francesa. Que essa mudança ocorreu mesmo entre o campesinato iletrado é testemunhado pelo fato de que o francês era comumente ouvido falar por toda parte.

Uma área específica das relações internacionais que apresentou grande crescimento foi o comércio. Antes da conquista, a Inglaterra possuía um limitado comércio com a Escandinávia, mas, à medida que essa região entrava em declínio, a partir do século XI, e devido aos extensos contatos dos normandos por toda a Europa (a Inglaterra não foi o único lugar por eles conquistado), o comércio com o Continente elevou-se enormemente. Comerciantes também se transferiram do Continente, notavelmente para lugares onde lhes foram fornecidos favoráveis arranjos aduaneiros. Lugares como Londres, Southampton e Nottingham atraíam muitos comerciantes franceses colonizadores, incluindo outros grupos, como os comerciantes judeus vindos de Rouen. Os bens iam e vinham através do Canal Inglês, como, por exemplo, maciças quantidades de lã inglesa exportadas para Flandres e vinho importado da França (ao que tudo indica, não era o melhor o vinho oferecido).

Conclusão

A conquista normanda da Inglaterra, portanto, teve consequências significativas e duradouras tanto para o conquistado, como para os conquistadores. O destino dos dois países, Inglaterra e França, ficou inexoravelmente unido nos séculos seguintes, à medida que a Inglaterra se tornou um reino mais forte e mais unido de dentro das Ilhas Britânicas e um participante influente nas políticas européias e, a seguir, nas guerras. Mesmo nos dias de hoje, nomes de pessoas e lugares, por toda Inglaterra, lembram a duradoura influência que os normandos trouxeram a partir de 1066.

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Sobre o tradutor

Jose Monteiro Queiroz-Neto
Monteiro é um pediatra aposentado interessado na história do Império Romano e da Idade Média. Tem como objetivo ampliar o conhecimento dos artigos da WH para o público de língua portuguesa. Atualmente reside em Santos, Brasil.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

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Estilo APA

Cartwright, M. (2019, janeiro 23). O Impacto da Conquista Normanda da Inglaterra [The Impact of the Norman Conquest of England]. (J. M. Queiroz-Neto, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1323/o-impacto-da-conquista-normanda-da-inglaterra/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "O Impacto da Conquista Normanda da Inglaterra." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. Última modificação janeiro 23, 2019. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1323/o-impacto-da-conquista-normanda-da-inglaterra/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "O Impacto da Conquista Normanda da Inglaterra." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 23 jan 2019. Web. 21 nov 2024.