Os lobos do mar, denominação dada com desprezo pelas autoridades espanholas, eram corsários que, com o consentimento e, em certas ocasiões, com o apoio e financiamento de Elizabeth I da Inglaterra (r. 1558-1603), atacaram e saquearam povoações coloniais e navios espanhóis que transportavam tesouros na segunda metade do século XVI. Apenas com uma licença real para distingui-los dos piratas, marinheiros como Sir Francis Drake (c. 1540-1596) e Sir Walter Raleigh (c. 1552-1618) ficaram - assim como seus patrocinadores - imensamente ricos. Elizabeth e seu reino, impedidos de comerciar legitimamente com as colônias do Novo Mundo devido ao monopólio estabelecido por Filipe II da Espanha (r. 1556-1598), voltaram-se para o roubo para persuadir o rei espanhol a alterar sua política. À medida que as relações anglo espanholas se deterioravam, os corsários tornaram-se uma ferramenta útil para reduzir a riqueza da Espanha, prejudicando os planos de Filipe de construir a Armada com a qual esperava invadir a Inglaterra. Embora em alguns aspectos muito bem-sucedidos, especialmente no caso do grande navio do tesouro Madre de Deus (Mãe de Deus), os corsários não atuavam em conjunto o suficiente para representar uma ameaça séria e contínua à navegação espanhola, que começou a enviar comboios armados com bons resultados. Por umas poucas décadas, no entanto, os rápidos navios ingleses, eriçados com canhões e capitaneados por aventureiros audaciosos, causaram pânico em alto mar.
O Novo Mundo
O imenso império espanhol nas Américas era uma tentadora fonte de riqueza para as potências europeias rivais. Os espanhóis pilharam ouro, prata e pedras preciosas dos muitos povos conquistados no continente e enviavam estas preciosas cargas para a Europa em navios do tesouro, frequentemente numa frota anual por vezes chamada frota da plata (do espanhol para prata, plata). Também havia navios do tesouro provenientes da Ásia - os Galeões de Manila - carregados com as valiosas especiarias, porcelanas finas e outros produtos preciosos, principalmente quando Filipe II também se tornou rei de Portugal, em 1580. O segundo motivo de cobiça era a oportunidade de negociar tanto com povos indígenas das Américas quanto com colonizadores espanhóis. Como Filipe queria manter seus rivais afastados desta segunda fonte de riqueza, monarcas como Elizabeth I da Inglaterra voltaram-se para a primeira alternativa. O comércio pacífico até foi tentado por marinheiros como John Hawkins durante a década de 1560, mas o ataque a San Juan D'Ulloa, o porto de Vera Cruz, no México, ao final do qual só restaram dois dos navios de Hawkins, demonstrou claramente que os espanhóis não abririam mão de seu monopólio nas Américas para outras nações, mesmo que não conseguissem atender às demandas coloniais, em particular por escravos e tecidos.
Ao pilhar os navios de tesouros de Filipe e as povoações coloniais, a Inglaterra poderia ficar mais rica, a Espanha rival mais pobre e o rei espanhol talvez permitisse o livre comércio no Atlântico Ocidental. Para alcançar este objetivo, Elizabeth não somente ignorou aos atos de pirataria dos seus súditos, mas os encorajou ativamente. Este encorajamento veio em várias diferentes formas, como ordens secretas; licenças oficiais para navegar navios corsários armados (letters of marque); dinheiro para a aquisição de navios e armazéns; o uso de navios da Marinha Real; e a recompensa em forma de títulos e propriedades para quem fosse bem sucedido. A rainha frequentemente investia em sociedades por ações criadas com o propósito específico de financiar expedições corsárias. Algumas viagens também incluíam exploração de novos territórios ou novas rotas de comércio, como a Passagem Noroeste, uma possível conexão entre a América do Norte e a Ásia. É discutível, porém, se Elizabeth realmente desejava criar novas colônias, especialmente quando ela podia se apropriar de imediato dos recursos de um monarca rival.
Além disso, não havia muito a perder. Por umas poucas milhares de libras ou alguns velhos navios, a rainha poderia obter lucros elevados das expedições que resultavam em porões repletos de cargas preciosas. Este tipo de guerra econômica era, com certeza, mais barata do que financiar grandes exércitos terrestres. Ainda que o que ela chamava de seu “baú do tesouro” pudesse ser irregular, reduzia o fardo dos impostos sobre seus súditos. Em alguns anos, os lucros do corso excediam a arrecadação anual da Inglaterra em meados do século XVI. E ainda havia outra vantagem: os marinheiros ganhavam experiência marítima e mantinham seus navios sempre ocupados, o que os deixava prontos para a ação em emergências nacionais, como a invasão da Armada Espanhola, em 1588. Ao mesmo tempo, o poderio naval de Filipe ficaria cada vez mais enfraquecido.
Ainda que irritado com estes roubos, o rei espanhol estava ocupado demais em manter seu império europeu intacto e dificilmente iria à guerra por causa de uns poucos corsários. Por fim, Filipe lançou um assalto à Inglaterra com a Armada Espanhola, mas isso ocorreu devido a vários motivos, dos quais os lobos do mar eram apenas mais um. Em meados da década de 1580, havia em média 150 expedições inglesas anuais de corso, a maioria delas em pequena escala. À medida que a guerra anglo-espanhola se arrastava, o comércio legítimo tornou-se progressivamente mais difícil e os mercadores voltaram-se para os lucros provenientes do financiamento aos corsários.
Os Capitães
Curiosamente, muitos dos lobos do mar de Elizabeth vieram do condado inglês de Devon e tinham parentesco consanguíneo ou pelo matrimônio. Histórias familiares e a cultura marítima local podem ter inspirado os jovens a seguir as trilhas dos pais e comandar as embarcações corsárias. Estes capitães tanto podiam ser grandes servos da sua soberana quanto causadores de prejuízos, conforme explica o historiador S. Bridgen:
Fora do alcance da terra firme, capitães podiam escolher ser mercadores, piratas ou exploradores, ou cada um deles sucessivamente. Uma vez no mar, quem poderia obrigá-los? No minúsculo mundo de um navio, capitães possuem poderes monárquicos, até mesmo tirânicos, se puderem evitar que suas tripulações se amotinem. (278)
Havia poucos escrúpulos sobre os riscos envolvidos na atividade ou na responsabilização pelas autoridades. Como Walter Raleigh afirmou certa vez, “Você já ouviu de alguém que fosse pirata por milhões?” (Williams, 225). Em outras palavras, dada as enormes quantidades de riquezas em jogo, os corsários eram obviamente parte de um mecanismo estatal e não ladrões comuns.
Os audaciosos lobos do mar de Elizabeth às vezes eram impulsivos ao nível da estupidez. Sua bravata talvez tivesse origem na negligência generalizada de Filipe com seus tesouros. As embarcações espanholas, planejadas em sua maioria para o transporte, não para o combate, costumavam ser alvos fáceis para os ágeis e bem armados navios ingleses (e os de outras nações, como França e Holanda). Alguns dos melhores navios espanhóis estavam armados e os maiores portos do Novo Mundo possuíam fortalezas e baterias costeiras, mas a navegação pelo alto-mar era arriscada, com muitas oportunidades para os corsários e piratas de verdade exercerem seu negócio ilegal.
Francis Drake
Entre os lobos do mar, o capitão mais famoso foi Sir Francis Drake, que não somente acreditava ser o corso uma política viável e estratégia econômica, mas também um meio de empreender uma guerra religiosa entre a Inglaterra protestante e a Espanha católica. Ao rondar o Atlântico e o Caribe capturando navios de tesouro, Drake recebeu o apelido de "El Draque" ("O Dragão") dos espanhóis. Entre seus ataques mais célebres estão o assalto ao povoado de Nombre de Dios e a captura de uma caravana de prata no Panamá, em 1573. Para ilustrar a transição entre exploração e o corso, Drake completou a circum-navegação do globo entre 1577 e 1580.
Numa viagem épica a bordo de seu navio de 150 toneladas, o Golden Hind (Corça Dourada), Drake atacou embarcações nas ilhas do Cabo Verde, navegou para a costa da América do Sul, chegou ao Pacífico, onde ataques de surpresa atingiram povoações coloniais espanholas, tais como a de Valparaíso, com novas pilhagens de navios de tesouros. Foram elaborados mapas do litoral percorrido e, em Março de 1579, veio o maior prêmio da viagem: o navio Nuestra Senhora de la Concepción (Nossa Senhora da Conceição, também chamado de Cacafuego). Foram necessários seis dias para esvaziar a carga de ouro e prata do Cacafuego [em inglês, fanfarrão, pessoa explosiva].
Em seu caminho ao longo da costa da Nicarágua, Guatemala e México, Drake capturou ainda mais navios e espólios. O marinheiro explorou a possível existência da Passagem Noroeste para a Ásia e em seguida retornou ao sul, desembarcando próximo ao que é hoje São Francisco, onde tomou posse da terra em nome da rainha, chamando-a de "Nova Albion" (uma reivindicação deixada de lado posteriormente). O intrépido marinheiro cruzou o Pacífico e chegou às Índias Ocidentais (Indonésia e Filipinas), onde embarcou valiosas especiarias. Ele escapou de encalhar num recife, cruzou o Oceano Índico, circundou o Cabo da Boa Esperança e retornou a Plymouth, na Inglaterra, após uma viagem de dois anos e nove meses. O valor estimado da carga totalizou cerca de 600.000 libras, mais do que o dobro da arrecadação anual do país. Elizabeth ficou deliciada com seu lobo do mar favorito e o nomeou cavaleiro a bordo do Golden Hind. Tamanho reconhecimento era uma mensagem clara a Filipe que os lobos do mar eram representantes de sua monarca e bastante diferentes dos piratas de todas as nacionalidades (ingleses inclusive) que rondavam os mares. Drake tornou-se o homem mais rico da Inglaterra em termos de dinheiro vivo, além de uma inspiração para todos os demais corsários e um herói nacional duradouro. O Golden Hind ainda estava em exposição pública um século depois de sua viagem mais famosa.
Através da década de 1580, Drake continuou suas expedições, promovendo audaciosas incursões em áreas espanholas prósperas, como Cabo Verde, Santo Domingo, Cuba, Colômbia, Flórida e Hispaniola (atual Haiti). Em 1587, o capitão ilustrou a utilidade dos corsários na defesa nacional ao destruir 31 navios espanhóis, capturar seis e inutilizar suprimentos valiosos para a Armada Espanhola, tudo num só ataque surpresa em Cádiz.
Walter Raleigh
Além de capitão corsário, Walter Raleigh também tinha veia de colonizador. Ele organizou três expedições para formar uma colônia na costa da América do Norte, na década de 1580. Esperava-se que o povoado pudesse servir como base para atacar frotas espanholas no Caribe. A colônia de Roanoke, na Virgínia, foi abandonada, mas as expedições foram notabilizadas por introduzir o tabaco e a batata na Inglaterra. Em duas expedições fracassadas, em 1595 e 1617, Raleigh tentou encontrar a mítica cidade de ouro de El Dorado, na América do Sul. O marinheiro-cortesão envolveu-se no segundo ataque surpresa a Cádiz, em 1596, que destruiu 50 navios espanhóis, mas acabou passando a maior parte dos seus anos finais na Torre de Londres após cair em desgraça junto ao rei Jaime I da Inglaterra (r. 1603-1625). Lá, ele escreveu sua celebrada History of the World (História do Mundo).
A maior contribuição de Raleigh para o livro de recortes de memórias dos lobos do mar de Elizabeth foi a captura do navio de tesouro português Madre de Deus (ou Madre de Dios), no arquipélago dos Açores, em 1592. Foi o maior carregamento capturado até então pelos corsários elizabetanos. Raleigh financiou a expedição (mas não estava lá em pessoa) que tomou o navio, carregado com produtos das Índias Ocidentais destinados a Filipe da Espanha. A carraca [tipo de galeão], armada com 32 canhões, tinha uma tripulação de 700 homens, mas acabou dominada pelos navios ingleses atuando em conjunto. A carga de 500 toneladas consistia em ouro, prata, pérolas, joias, fardos de tecidos finos e rolos de seda, peles de animais exóticos, peças de cristal, porcelana chinesa, especiarias, marfim e ébano em estado bruto e perfumes. Somente a rainha recebeu cerca de 80.000 libras de produtos, nada mal para um investimento de 3.000 libras. A ação inspirou os lobos do mar a manter seus ataques, ainda que o Madre de Deus jamais fosse igualado.
As Tripulações
Nas mal ventiladas, superlotadas e nem sempre limpas embarcações do período, um marinheiro corria maior risco de morte por doenças do que por um tiro de canhão espanhol. De fato, as baixas costumavam ser tão altas que um navio por vezes precisava ser abandonado pela falta de homens para navegá-lo. A grande atração, claro, e a razão pela qual os marinheiros encaravam os perigos do mar, doenças e combates, era a possibilidade de ganhos elevados através da pilhagem. Com exceção da carga (que era dividida entre o capitão, oficiais e investidores, com uma pequena porcentagem dividida entre o restante da tripulação), eles tinham permissão de tomar o que quisessem dos navios capturados. Na verdade, era bastante difícil controlar quem pegava o quê após a tomada de uma embarcação, e uma pequena porção de moedas de ouro ou mesmo joias poderiam encerrar as preocupações financeiras dos tripulantes pelo resto de suas vidas. Em consequência, equipar uma expedição de corso era bem mais fácil do que reunir uma tripulação para um navio onde não houvesse chance de espólios. A atração dos tesouros era tão popular que começou a haver falta de marinheiros para barcos de pesca nos portos ingleses.
Os Fracassos
Também houve muitos fracassos nas expedições. O corsário John Oxenham (c. 1535-1580) tentou tomar o controle do Panamá, através do qual a prata saqueada da América do Sul era transportada em comboios de mulas. Desembarcando no istmo em 1576, conseguiu manter a região por um ano, mas sua frota acabou destruída e os ingleses capturados pelos espanhóis. Os vencedores enforcaram a maior parte das tripulações lá mesmo e o restante passou a trabalhar como escravos de galé. Enquanto isso, Oxenham, preso em Lima, no Peru, foi torturado para confessar quais os planos da Inglaterra para o Pacífico e depois executado em 1580.
Outro desastre foi a perda do Revenge (Vingança), comandado na ocasião por Sir Richard Grenville (1542-1591). Como era costume entre os lobos do mar, Grenville tinha várias ocupações: membro do Parlamento, soldado, fazendeiro e marinheiro. Tornou-se lembrado, no entanto, pela sua corajosa, ainda que inútil, defesa de seu navio, atacado por uma frota de 56 embarcações espanholas nos Açores, em 1591. O capitão estava se escondendo nas ilhas, esperando surpreender navios de tesouro espanhol, mas acabou sendo descoberto pelos inimigos. Os demais navios ingleses fugiram e Grenville acabou isolado. Lutando valentemente por mais de 15 horas, o Revenge causou muitos danos, mas finalmente sucumbiu, ganhando um status lendário no folclore marítimo inglês.
Quando os corsários se envolviam em operações militares estatais, nem sempre tinham sucesso. Entre os dois maiores fracassos estão a Expedição Drake-Norris de 1589 e a última viagem de Drake ao Caribe, em 1595. A primeira consistiu numa enorme frota de 150 navios que tentou capturar Lisboa, mas terminou em debandada e sem pilhagens significativas. O segundo desastre resultou na morte de Drake, que tentou pela última vez "chamuscar as barbas do rei" [esta expressão inglesa, singe the king’s beard, virou sinônimo, na época, dos ataques às povoações coloniais e portos espanhóis]. Encontrando uma forte resistência espanhola em Porto Rico, o capitão ainda conseguiu pequenos progressos contra outros povoados e navios bem armados, mas morreu de disenteria em meio à viagem. Haveria outros corsários, mas isso trouxe o fim de uma era.
Limitações e Declínio
O corso como uma política de estado apresentava alguns problemas sérios. Não havia muita coordenação entre as expedições de corsários e os capitães. Entre os integrantes de uma mesma frota havia objetivos conflitantes, pois uma vez que o capitão tivesse adquirido o butim que ele e seus investidores esperavam, frequentemente voltava para casa. Outra questão era a ausência de qualquer valor estratégico duradouro numa política deste tipo: lucrar num ano não tinha efeito algum nas chances de lucrar no próximo. Havia também competição por parte de corsários e piratas franceses e holandeses. Além disso, os espanhóis sabiam perfeitamente que os ingleses tinham poucos escrúpulos quando espólios valiosos estavam em jogo. Conforme observou o embaixador Guzman de Silva, os ingleses "... têm bons navios e são um pessoal ganancioso, com mais liberdade do que seria melhor para eles" (Williams, 43). Em consequência, os espanhóis reagiram à ameaça imposta pelos corsários e tomaram medidas para minimizar seus danos. As povoações coloniais receberam fortificações mais poderosas, além de baterias costeiras. Ainda que Filipe estivesse reduzido a navegar seus navios da prata em épocas inoportunas do ano (o que levava a mais naufrágios devido às tempestades), com o tempo, o uso de escoltas fortemente armadas e navios novos e mais rápidos, reunidos em comboios para aumentar a proteção foram bastante efetivos a partir do início da década de 1590 e, por volta de 1595, Filipe novamente possuía uma marinha completa para patrulhar os oceanos.
Por fim, o comércio pacífico e duradouro tornou-se muito mais lucrativo do que atacar navios no mar e, com isso, os corsários entraram em declínio. No entanto, pirataria em si alcançaria seu auge em meados do século XVII e início do século XVIII, quando o surgimento dos impérios coloniais europeus viesse a trazer novas tentações para os marinheiros aventureiros, ansiosos por ganhos fáceis. A riqueza real, porém, encontrava-se no comércio internacional e, assim, grandes companhias comerciais foram criadas, tais como a gigante colonial Companhia das Índias Orientais, fundada em 1600.
Foram os lobos do mar, no entanto, que lançaram as fundações e mostraram que a Inglaterra, ainda que distante do restante da Europa, poderia gradativamente construir um império mundial conectado por suas forças navais. Os marinheiros ingleses passaram a dispor de um conhecimento muito maior dos ventos e marés, combinado com mapas bem mais precisos e instrumentos de navegação confiáveis. Além disso, os lobos do mar trouxeram mudanças sociais. Aqueles que conseguiram riqueza do corso ascenderam na escala social, adquiriram propriedades e investiram em empreendimentos comerciais e negócios que se tornariam amplamente conhecidos. Além desta opulência, novos produtos foram introduzidos e adotados pelos ingleses de todas as classes, em especial o tabaco, açúcar de cana, pimenta e cravo-da-índia. Talvez não seja coincidência, portanto, que um galeão elizabetano apareça na cunhagem da rainha e tenha permanecido em vários tipos de moedas inglesas até 1971.