A Escravidão na Agricultura de Plantation

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Artigo

James Hancock
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 23 setembro 2021
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, italiano
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Os primeiros latifúndios de cana-de-açúcar, cacau, tabaco e algodão tinham sua mão de obra composta por escravos africanos submetidos por senhores europeus. Quando a escravidão foi quase completamente abolida em meados do século XIX, o núcleo da agricultura de plantation (monoculturas de exportação) transferiu-se das Américas para a região do Indo-Pacífico, onde povos indígenas e servidores por contrato cultivavam cana-de-açúcar, chá, café e borracha.

Slaves Cutting the Sugar Cane
Escravos Cortando Cana-de-Açúcar
William Clark (Public Domain)

Ao final do século XIX, novos latifúndios ressurgiram na América Central, nos quais, em sua maioria, servos maias contratados colhiam banana e café. No século corrente, a agricultura de plantation concentra-se no Laos, Myanmar e nas grandes ilhas de Sumatra, Bornéu e Nova Guiné. A mão de obra, em sua maior parte, consiste em trabalho forçado local.

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Atlântico (1432-1850)

Os primeiros latifúndios de cana-de-açúcar foram instalados em 1432, após a colonização portuguesa da ilha da Madeira, na costa atlântica do Norte da África. Os portugueses descobriram o Brasil em 1500 e não levou muito tempo para implantar o plantio de cana-de-açúcar na região. O primeiro açúcar foi produzido em 1518 e, por volta do final do século XVI, o Brasil português havia se tornado o principal fornecedor do produto para os mercados europeus.

Por volta de meados do século XVI, a escravidão africana predominava nas fazendas de açúcar do Brasil.

Os primeiros trabalhadores nas fazendas insulares foram muçulmanos norte-africanos e os guanches locais. Quando restaram poucos guanches, graças às doenças e excesso de trabalho, escravos africanos os substituíram. No Brasil, os portugueses começaram a subjugar os tupis locais para trabalhar em minas e cultivar os campos; porém, os indígenas mostraram-se mal adaptados à rotina sedentária do estilo de vida das fazendas e, em especial, escravos pouco dispostos a cooperar. Estavam sujeitos às doenças ocidentais e descobriram ser relativamente fácil fugir e se esconder na floresta densa. A solução portuguesa para este problema veio com a escravidão africana. Em meados do século XVI, escravos africanos predominavam nos latifúndios de açúcar brasileiros, embora a escravização dos povos indígenas continuasse até o século XVII.

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Posteriormente, a indústria brasileira do açúcar encontrou uma forte concorrência do Caribe, primeiro da minúscula ilha de Barbados e depois no conjunto de ilhas controladas por britânicos, franceses e holandeses, como a britânica Antígua e Nevis, as francesas Martinica, Guadalupe e Santo Domingo (atual Haiti) e nas áreas controladas por britânicos e franceses em St. Kitts. A Jamaica britânica se transformaia na joia da coroa da produção caribenha de açúcar, após um longo e difícil período de colonização. Os primeiros europeus na Jamaica foram os espanhóis, em 1510, mas ela não se tornou um grande produtor de açúcar até a invasão britânica, em 1655.

A elevação da produção de açúcar através do Caribe promoveu o aumento maciço do uso de escravos africanos. As ilhas do Caribe eram habitadas quando os europeus chegaram - entre os mais numerosos ocupantes estavam os aruaques (arawaks ou tainos), encontrados na maioria das Grandes Antilhas (Cuba, Jamaica, Hispaniola e Puerto Rico) e os caribenhos que residiam nas Antilhas Menores. Dentro de umas poucas décadas após a chegada de Cristóvão Colombo (1451-1506), os tainos estavam quase extintos, devido ao tratamento brutal e cruel e à suscetibilidade às doenças trazidas pelos europeus.

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Grinding Sugar Cane in a Windmill
Moagem de Cana-de-Açúcar em um Moinho de Vento
William Clark (Public Domain)

O cacau foi a segunda cultura de plantation a surgir no Brasil depois do açúcar. Crescia naturalmente em abundância na Amazônia brasileira e nas províncias do Grão Pará e Maranhão. Até cerca de 1640, o cacau consumido pelo europeus era colhido na natureza no Sudeste do Brasil por grupos de trabalho de índios tupi, administrados por missionários jesuítas. A planta também foi inicialmente cultivada pelos jesuítas nos jardins das missões da capital colonial de Salvador, no atual estado da Bahia, na segunda metade do século XVII, junto com a cana-de-açúcar. Em 1679, o rei Pedro II de Portugal (r. 1683-1706) lançou uma diretiva que estimulava os proprietários de terras brasileiros a plantar árvores de cacau e, assim, implantaram-se os primeiros latifúndios no sul da Bahia, usando trabalho escravo. O cultivo de cacau tornou-se da maior importância para a Bahia e a Amazônia, no Brasil equatorial, ambos sob governo colonial português e, após 1822, sob o governo independente do Brasil. Assim como na cana-de-açúcar, os escravos africanos desempenhavam um papel central na coleta e processamento desta commodity.

O tabaco tornou-se uma cultura importante na América do Norte no século XVI. Um mercador holandês trouxe os primeiros 20 africanos em 1619 e muitos mais se seguiram, pois os holandeses estavam mais do que desejosos em trocar escravos por tabaco, que podiam vender com lucro na Europa.

Com a insaciável necessidade de algodão cru para as fábricas durante a Revolução Industrial Britânica, a produção de algodão na América do Norte manteve sua expansão, indo das colônias originais da Carolina do Sul, Virgínia e Geórgia para o vasto e rico Delta do Mississipi. Por volta do início do século XIX, a cultura do algodão dominava no Sul dos Estados Unidos, levando à realocação do excedente de populações escravas dos estados fumageiros do sudeste.

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Harvesting Coffee in Brazil
Colheita de Café no Brasil
Johann Moritz Rugendas (CC BY-NC-SA)

O café também se tornou uma das principais culturas do Brasil, por volta do mesmo período em que o algodão começava a predominar nos Estados Unidos. Por volta de 1850, o café tinha quase desalojado a cana-de-açúcar na região de São Paulo. Naquela época, quatro vezes mais escravos trabalhavam nas culturas de café do que nas de açúcar. Na segunda metade do século XIX, os proprietários de latifúndios brasileiros começaram a atrair europeus pobres (principalmente italianos) para trabalhar nas plantações como colonos. Eles recebiam uma casa, uma pequena porção de terra para suas culturas de subsistência e certa quantidade de cafezais para cuidar, colher e processar. Os colonos, de fato, eram servidores por contrato, que precisavam pagar o custo da viagem e quaisquer adiantamentos antes de poder deixar as fazendas. A maior parte delas ostentava guardas armados que mantinham os arrendatários em seus lugares e na linha.

Inicialmente foram uns poucos milhares de imigrantes no período de 1850 a 1870 mas, entre 1884 e 1914, mais de um milhão desembarcou no país. O governo brasileiro estimulou fortemente esta migração, começando a custear os custos de transporte em 1884. Sob o sistema de colonos, a produção de café experimentou um rápido crescimento no Brasil, indo de 5,5 milhões de sacas em 1890 para 16 milhões em 1901.

África (1820-1910)

Café e cacau foram introduzidos em São Tomé e Príncipe como culturas de plantation (roças) do Brasil, uns poucos anos antes deste país conquistar a independência de Portugal. As ilhas tinham uma indústria açucareira próspera até o século XVII, quando o Brasil as eclipsou. Nesse ínterim, São Tomé e Príncipe tinham se tornado um grande entreposto de escravos africanos capturados no continente. Inicialmente, o café recebeu a maior atenção, mas só podia ser cultivado em maiores altitudes, deixando subutilizada grande parte de uma rica terra agrícola. As plantações de cacau cresceram progressivamente por todo o século XIX e, no final deste século, São Tomé detinha o título de maior produtor mundial de cacau. Cerca de 70.000 escravos foram trazidos para São Tomé da vizinha África entre 1880 e 1908. Quando a escravidão foi legalmente abolida em 1875, os portugueses optaram por trabalhadores contratados de Angola, Cabo Verde e Moçambique. Infelizmente, as condições de vida e de trabalho destes servidores por contrato eram pouco melhores do que as dos escravos.

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Historical Map of São Tomé
Mapa Histórico de São Tomé
Johannes Vingboons (Public Domain)

Para preencher a cota de mão de obra nas fazendas das ilhas havia três métodos principais:

  • Induzir africanos analfabetos a “assinar” contratos de trabalho de servidão a longo prazo.
  • Manipular o sistema colonial penal de forma a permitir a deportação de pequenos criminosos para São Tomé e Príncipe, como condenados a trabalhos forçados.
  • Aquisição de escravos na África Portuguesa, mascarada por burocratas corruptos que fingiam ignorar a situação em troca de suborno.

O resultado era a criação de uma força de trabalho de verdadeiros prisioneiros, que diferia da escravidão tradicional somente em nome, não em seus efeitos.

Indonésia (1870-1950)

Apesar da agricultura de plantation crescer rapidamente nas Américas a partir do início do século XVI até meados do século XIX, o sistema não vingou na Ásia. Portugueses, holandeses e britânicos focavam em forçar os pequenos produtores rurais a fornecer commodities, em vez de implantar latifúndios para produzir suas próprias culturas. Os holandeses, em particular, assumiram o controle de grandes áreas de produção de noz-moscada, cravo-da-índia, açúcar e café, através da escravidão por corveia.

Como a indústria do açúcar se desvaneceu após a abolição da escravatura na década de 1830, os holandeses aproveitaram a oportunidade para implantar em Java um vasto sistema de cultivo voltado para a sua produção, com milhões de habitantes locais forçados a trabalhar no processamento e transporte do produto. O sistema tornou-se massivo; em certo ponto de meados do século XIX, a produção de açúcar em Java respondia por um terço dos rendimentos governamentais holandeses e 4 por centro do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Java se transformou numa das colônias mais lucrativas do mundo em termos financeiros.

Early Modern Sugar Processing Equipment
Equipamento para Processamento de Açúcar do Período Inicial da Era Moderna
Dan Lundberg (CC BY-SA)

Em 1870, uma lei agrária foi aprovada na República Holandesa, abolindo o trabalho forçado e permitindo que companhias privadas arrendassem terras em áreas esparsamente habitadas. Isso levou ao investimento internacional disseminado em grandes latifúndios e a uma grande expansão, no final do século XIX, da produção de café, chá e tabaco na região ocidental de Java e na vizinha Sumatra. Borracha, óleo de palma e sisal também começaram a ser produzidos na virada do século XX.

Com o tempo, as unidades familiares forçadas deram lugar aos servidores por contrato para formação de mão de obra. Os latifúndios da Indonésia passaram a depender do recrutamento em massa de camponeses analfabetos de Java e Singapura, que tecnicamente estavam livres para contratação e também eram pagos pelo trabalho. Porém, uma vez que tivessem assinado o contrato, não mais podiam optar pelo local ou pelo tipo de trabalho que fariam. Alguns eram levados para o Caribe, onde descobriam ser impossível economizar o suficiente para pagar pela passagem de volta. Executavam trabalhos pesados e, se tentassem fugir, recebiam severas punições. Os proprietários dos latifúndios utilizavam um amplo arsenal de truques para forçá-los a assinar novos contratos, incluindo a tomada de empréstimos, estimulando perdas em apostas e fornecendo bebidas alcoólicas e até mesmo ópio.

Índia e Sri Lanka (1840-1920)

Na década de 1840, os britânicos descobriram que o chá crescia bem no Planalto de Kandyan de Sri Lanka, e então começaram a desmatar a floresta tropical para instalar latifúndios. Os plantadores britânicos utilizavam os aldeões cingaleses como força de trabalho para desmatar a floresta, mas preferiram o povo tamil, da Índia meridional, como servidores sob contrato (coolies) no trabalho de cultivo. Os trabalhadores eram recrutados por sirdars, que também atuavam nas plantações e costumavam ser enviados aos seus povoados natais para atrair novos recrutas à custa de algum dinheiro. Após a chegada, organizavam-se os coolies em grupos de trabalho sob um kangany, que servia como intermediário entre a administração da fazenda e os agricultores. Os kanganies recebiam bônus diários para cada trabalhador e com frequência eram os responsáveis pelo pagamento de salários.

Os primeiros acres de plantações de borracha (hevea) foram estabelecidos na virada do século XVIII.

Os britânicos começaram a instalar enormes plantações de chá na Índia em meados do século XIX e, ao final do século, na vizinha Sri Lanka (na época denominada Ceilão). Quando uma praga começou a dizimar as plantações de café, os proprietários voltaram suas atenções para o chá e depois para a borracha. Os primeiros acres de plantações de borracha (hevea) foram estabelecidos na virada do século XVIII em Sri Lanka e na Península Malaia e, em 1912, havia mais de um milhão de acres desta cultura.

Vários sistemas de recrutamento de mão de obra emergiram, incluindo a contratação por dia de habitantes locais e estrangeiros. Porém, a mão de obra disponível era muito pequena e flexível para dar conta das exigências do sistema de plantation. Tornou-se muito mais comum empregar servidores sob contrato de localidades distantes, nas quais a fome, superpopulação ou pobreza deixaram a população desesperada por qualquer tipo de trabalho. Os maiores centros de recrutamento localizaram-se inicialmente na China, depois na Índia e, de forma mais limitada, em Java. Na Papua Nova Guiné australiana, os proprietários de latifúndios mostraram-se relutantes em importar indianos e chineses e, em vez disso, criaram impostos sobre os locais, forçando-os a trabalhar nas fazendas, já que não dispunham de outra fonte de recursos.

América Central (1860-1920)

Na década de 1860, descobriu-se que o café adaptava-se bem ao planalto de Verapaz, na costa do Pacífico da Guatemala, e numerosos grandes latifúndios foram estabelecidos em terras antes ocupadas pelos maias, subsequentemente forçados a trabalhar na colheita do café. Mesmo aqueles que tinham se mudado para o altiplano para evitar os colonos foram forçados a retornar para os cafezais durante a estação de colheita. Muitos morreram de gripe ou cólera, e quem sobreviveu levou as doenças de volta aos seus povoados. O povo guatemalteco formou guerrilhas, mas os guerrilheiros foram caçados e assassinados pelas tropas do presidente Barrios (mandato 1873-85); quem ajudou os rebeldes terminou sendo reassentado à força. Toda a Guatemala transformou-se quase numa colônia penal, dominada por um enorme exército e milícias locais a postos, mas a economia do café do país teve enorme crescimento.

Economias baseadas no cultivo de café e no trabalho forçado de povos originários também surgiram no México, El Salvador, Nicarágua e Honduras. Apenas na Costa Rica os nativos não constituíam a principal força de trabalho, pois a maioria dos maias já havia sido exterminada durante a invasão espanhola. Da mesma forma que na Guatemala, muitos países da região se tornaram campos de batalha sangrentos quando os maias oprimidos se rebelaram.

Coffee Plantation
Plantação de Café
Eli Duke (CC BY-SA)

O sisal (Agave sisalana) ou henequém também se tornou uma cultura importante no noroeste do Yucatán, em meados do século XIX, quando as haciendas (fazendas) de gado começaram a plantá-lo para exportação aos Estados Unidos. A indústria de fibra de henequém levou à criação de um sistema de trabalho semelhante à escravidão, no qual os trabalhadores ficaram presos a dívidas e proibidos de abandonar seus empregadores. Como seria de se esperar, a força de trabalho majoritária compunha-se de povos locais desesperadamente pobres. Em 1840, um terço destas pessoas viviam em fazendas mas, por volta de 1910, 75% dos residentes rurais de Yucatán viviam nelas.

Os trabalhadores das fazendas de henequém recebiam moradia e emprego, mas os salários raramente cobriam suas despesas. Através de toda a década de 1840, eles recebiam 16-17 centavos de dólar por dia em alimentos e salários e rapidamente ficavam endividados, pois cobrava-se pela maioria das demais necessidades. Estas dívidas impediam que deixassem as haciendas. Em 1882, o governo de Yucatán aprovou uma lei segundo a qual os fazendeiros que abrigassem um trabalhador fugitivo poderiam ser presos, o que levou ao surgimento de caçadores de recompensas na região.

Com o amanhecer do século XX, a América Central começou a produzir bananas em latifúndios para os mercados norte-americano e de outras nações ocidentais. Grandes companhias multinacionais de frutas, tais como Dole, Del Monte e Chiquita, na prática assumiram o controle das operações na América Latina, ocupando suas terras agrícolas e manipulando funcionários governamentais. Os trabalhadores contratados para os latifúndios eram camponeses sem-terra, que recebiam melhores salários do que aqueles que labutavam nas plantações de açúcar e café, mas ainda assim com um tratamento equivalente ao de escravos. Os administradores dos campos agiam quase como feitores, e realmente muitos vinham do sul dos Estados Unidos, saudosos da escravidão anterior à Guerra Civil. À medida que o século se desenrolava, os trabalhadores bananeiros se tornaram cada vez mais insatisfeitos com suas brutais condições de trabalho. Assim começou uma longa e tortuosa história de revoltas trabalhistas violentas e represálias sangrentas pelas companhias de banana, ditadores locais e até dos militares norte-americanos. Por toda a década de 1920, as revoltas trabalhistas se espalharam pelas repúblicas da América Central.

Indonésia e Malásia (2000-hoje)

No século XXI, povos originários e servidores por contrato estão sendo forçados novamente a colher café, borracha, mandioca e especialmente óleo de palma, mantendo a velha marca registrada da agricultura de plantation. O óleo de palma é encontrado nos dias atuais em provavelmente metade da comida processada e produtos domésticos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Europa. Houve um renascimento da agricultura de plantation no Cambodja, Laos e Myanmar e nas grandes ilhas de Sumatra, Bornéu e Nova Guiné, impulsionados pelos mesmos fatores de cem anos atrás – altos preços de commodities e acesso à terra barata.

Oil Palm Harvester
Cultivo de Óleo de Palma
CIFOR (CC BY-NC-ND)

Vastas extensões de floresta tropical estão sendo desmatadas para os latifúndios de óleo de palma nos dois maiores países produtores, Indonésia e Malásia. A diversidade de espécies de pássaros e borboletas diminuiu 75% onde esta devastação ocorreu, e os orangotangos e tigres de Sumatra encontram-se à beira da extinção. Os latifúndios substituem sistematicamente a floresta tropical e o povo local que dependia dela não tem outra alternativa a não ser de trabalhar nas plantações. Eles labutam sob o clima tropical e em condições degradantes por magros salários, que mal permitem sustentar suas famílias. Em muitos casos, as crianças se juntam a eles em suas árduas tarefas, sem pagamento. Os governos locais fazem muito pouco para combater esta exploração humana e ambiental, desfrutando dos subornos e lucros provenientes da indústria de óleo de palma.

O amplo crescimento do sistema de plantation não está restrito ao óleo de palma. Estimulados pelo crescimento exponencial da indústria de biocombustíveis, grandes corporações estão adquirindo enormes porções de terra em países como Guatemala, Malawi, Moçambique e em outros lugares para estabelecer plantações de cana-de-açúcar. Estas chamadas apropriações de terras contam com apoio governamental para desalojar povos originários e destruir seus habitats nativos. As aquisições de terra em larga escala apresentam benefícios a curto prazo para as comunidades locais na forma de empregos e capital para o desenvolvimento rural, mas destroem sistemas sociais locais e os deixam dependentes de estrangeiros para seu sustento. E, assim, a história se repete.

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Bibliografia

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

James Hancock
James F. Hancock é um escritor freelancer e professor emérito da Michigan State University. Possui especial interesse na pesquisa da evolução da cultura agrícola e história do comércio. Seus livros incluem "Spices, Scents and Silk" (CABI) e "Plantation Crops" (Routledge).

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Estilo APA

Hancock, J. (2021, setembro 23). A Escravidão na Agricultura de Plantation [Slavery in Plantation Agriculture]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1837/a-escravidao-na-agricultura-de-plantation/

Estilo Chicago

Hancock, James. "A Escravidão na Agricultura de Plantation." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 23, 2021. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1837/a-escravidao-na-agricultura-de-plantation/.

Estilo MLA

Hancock, James. "A Escravidão na Agricultura de Plantation." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 23 set 2021. Web. 20 dez 2024.