Entrevista: Roma - A Estratégia do Império, por James Lacey

Artigo

Kelly Macquire
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 08 agosto 2022
Disponível noutras línguas: Inglês
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Nesta entrevista, a Enciclopédia da História Mundial conversa com o autor James Lacey sobre seu novo livro, Rome - Strategy of Empire [Roma - A Estratégia do Império], publicado pela Oxford University Press.

Kelly: Você pode nos contar um pouco sobre sua formação?

James: Às vezes, quando as pessoas me perguntam sobre minha formação, parece que não consigo manter um emprego, mas vou descrevê-la do começo ao fim. Passei aproximadamente uma dúzia de anos no Exército dos Estados Unidos, como oficial de infantaria, na ativa, na 82ª Divisão Aerotransportada da 101ª Divisão Aerotransportada. Grande parte desse período na Alemanha, depois em vários quartéis-generais principais e, então, saí quando os russos pegaram seus brinquedos e foram para casa. Pensei que fosse o fim, mas não percebi a quantidade de emoção que teríamos na era pós-soviética. Depois de me aposentar na reserva, trabalhei em vários empregos na região de Wall Street e na própria Wall Street por mais uns doze anos. No 911 [Nine-eleven, ou seja, o dia do atentado às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001] meu escritório ficava no 82º andar do World Trade Center. Fui para casa naquela noite e pensei: Vou mudar de vida. Já tinha deixado o exército, trabalhando no mundo dos negócios e, então, chegara a hora dos meus primeiros amores: escrever e história.

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Rome: Strategy of Empire
Roma - A Estratégia do Império
Kelly Macquire (Copyright)

Consegui um emprego redigindo editoriais para o New York Post e New York Sun. Uma semana depois, almocei com o editor da revista Time. Disse que gostaria de trabalhar na Time e ele respondeu, claro. Assim, fui para a revista, o que parece aborrecer muitos jornalistas que passam sua vida inteira tentando fazer algo semelhante. A Operação Liberdade para o Iraque estava em preparativos. Falei que queria fazer parte da equipe que iria, mas disseram que todos os escolhidos faziam parte do escritório de Washington e não havia mais vagas. Mas eu podia conseguir a minha. Ainda tinha muitos contatos no exército e eles então disseram que, se eu pudesse conseguir minha vaga através dos militares, poderia ir. Assim, fui incorporado numa brigada. Tinha sido um comandante de companhia e o comandante da brigada e eu tínhamos sido comandantes juntos, então foi uma experiência interessante. Quando voltei, decidi escrever um livro sobre a guerra. Mas Rick Atkinson chegou na frente na unidade em que eu estava. Assim, fui pesquisar mais e isso me levou ao Institute of Defence Analysis [Instituto de Análise de Defesa], um think tank [instituição que produz análises, pesquisas e recomendações para políticas públicas] que atua na área militar. Fiquei ali por cerca de sete anos, pesquisando e escrevendo sobre vários tópicos estratégicos.

Havia muitos soldados disponíveis para contratação, mas Roma simplesmente não podia mais custeá-los.

Enquanto estava lá, consegui meu PhD em história. Meu principal objetivo era ensinar história. Um emprego surgiu no Marine Corps War College [Faculdade de Guerra do Corpo de Fuzileiros Navais], meu PhD tinha sido completado há oito dias e eles me contrataram. Tenho trabalhado lá há cerca de doze anos. Tive uma eclética série de experiências. Para escrever este livro, foi ótimo. Há muitas pessoas que estudaram a história romana - que, em muitos aspectos, é uma história militar -, que não compreendem como as forças armadas funcionam. Como exércitos, soldados e oficiais pensam. Tive décadas desta experiência. Há muito mais sobre estratégia do que apenas o lado militar. Compreendo como a economia global funciona. É parte do meu trabalho. Meu PhD abordou, na verdade, a economia da Segunda Guerra Mundial e, reunindo a economia, a questão militar e outros aspectos, pude contar uma história que realmente ainda não havia sido relatada. Edward Luttwak escreveu The Grand Strategy in a Roman Empire [A Grande Estratégia no Império Romano], mas ele só foi até o terceiro século e não abordou nada depois disso. Ainda houve mais 200 anos do Império Romano antes que ocorresse a queda do Império Romano do Ocidente.

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Decidi então que, quando fosse minha vez, iria abordar a coisa toda. Ele escreveu basicamente sobre a estrutura militar do império. Roma não perdeu seu império porque seus soldados pararam de lutar. Perdeu porque deixou de lado o que realmente importava, seu núcleo econômico, e não conseguiu mais pagar pelos soldados. Havia muitos soldados disponíveis, mas Roma simplesmente não podia mais pagá-los. Assim, todos os meus empregos me deram uma perspectiva que penso estar faltando no debate se Roma tinha uma estratégia ou não.

The Provinces of the Roman Empire under Augustus
As Províncias do Império Romano sob Augusto
Simeon Netchev (CC BY-NC-ND)

Kelly: Você diria que seu livro é focado na estratégia militar em toda a história da Roma Antiga?

James: Não é limitado aos militares. Não se pode falar sobre estratégia romana sem se concentrar nos aspectos militares. Mas passei muito tempo pesquisando a economia que dá sustentação; a diplomacia romana, que é muito importante; a infraestrutura de Roma; e as transições de governos. Existem muitos aspectos envolvidos na criação de uma estratégia. A solução simples, caminhos e meios. O que você quer fazer? Como quer fazer e, então, com o que vai fazê-lo?

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A razão realmente crucial pela qual decidi a levar isso adiante é que tinha lido sobre Roma toda minha vida, sou um historiador profissional, mas um amador em termos de história romana. Passei a ler toneladas de livros, quase todo o material clássico disponível. Mas há um enorme número de profissionais, historiadores da Antiguidade que se especializaram em Roma desde seus primórdios, e que conhecem o material perfeitamente. Quando Luttwak escreveu seu livro, ele abordou um tópico que nenhum deles havia pensado antes. Roma tinha uma estratégia? Me parece que Luttwak foi encarado como uma espécie de vírus entre os acadêmicos: "Você é um estrategista e faz assessoria e consultoria militar. Não sabe nada sobre Roma e, portanto, entendeu tudo errado". Esta foi a incrível opinião consensual entre os historiadores especializados na Roma antiga. Há exceções, algumas bem notáveis. A história antiga em Cambridge tem sido refeita nas últimas duas décadas e contam com um capítulo no qual dizem, basicamente, que Roma era incapaz de pensamento estratégico. Não somente não tinham uma estratégia, mas nem sequer conseguiam pensar estrategicamente. Isso me incomodou: fazer tal afirmação quando se constata que Roma gastava mais da metade de suas receitas com suas forças armadas, marinha, legiões e todas as fortalezas ao longo do perímetro das fronteiras. Ou seja, estavam gastando 50% do seu produto interno bruto ou perto disso, todos os anos, numa estratégia para se assegurar de que o que estava do outro lado da fronteira continuasse lá. Não deixá-los entrar no Império. Ninguém em 500 anos parou e perguntou: por que estamos fazendo isso, ou será que estamos fazendo corretamente? Do ponto de vista puramente do senso comum, aquilo me parecia incorreto.

Tive então a chance de escrever um capítulo de um livro. Foi tão difícil de elaborar quanto um livro inteiro, porque não havia pesquisado profundamente. Apenas presumi que Luttwak estava errado porque todos me disseram isso. Então, comecei a pesquisar para o capítulo e percebi: Luttwak estava certo em vários pontos. Sua obra tem 40 anos. Em minha opinião, ele sistematizou demais sua análise e não nos conta as razões por trás das ações. Ele afirma: aqui está o que fizeram e isso é estratégico e, assim, eles deviam ter uma estratégia. Mas realmente não se entende o que estava impulsionando essa estratégia. Por que eles tomaram tais decisões neste século e outras no século seguinte? O que mudou com o tempo? 500 anos de império, não se trata de uma situação estática. As coisas não mudavam tão rápido quanto no século XXI. Mas, enfim, são 500 anos. Se voltarmos no tempo 500 anos, Henrique VIII da Inglaterra ainda estava no trono. Nicolau Copérnico estava descobrindo que o sol podia ser o centro do universo. É um tempo considerável para mudanças. Roma mudou, o império mudou e sua estratégia se alterou com o tempo.

Mas os próprios historiadores dizem: Roma nem sequer compreendia a geografia do mundo ou do seu império e, se você não entende de geografia, como pode pensar em estratégia? Isso provavelmente foi analisado exaustivamente, todos os aspectos dos combates e das guerras, o que sabiam sobre geografia e o que não sabiam. Esta análise e os debates podem ter sido abrangentes, mas parecem ter concluído que não compreendiam muita geografia e o que sabiam não era suficiente para formar uma concepção estratégica que pudesse ser executada no âmbito do império. A base para esta conclusão são os mapas que chegaram até nós e os chamados itinerários. Eles parecem mapas de ferrovias, como os do metrô de Nova York ou os mapas ferroviários de Londres: parada, parada, parada. Não se sabe nada do que havia nos intervalos. Há somente uma série de paradas. Os historiadores dizem que não se pode planejar uma estratégia baseada em quantos dias leva para ir de Roma para Ravena, de Ravena para Viena e de lá para qualquer lugar que se queira, porque isso era tudo o que se dispunha. Pareciam diários de viagem. Se você deixa Roma atualmente para caminhar até Ravena, levará 16 dias, e haverá uma pequena linha entre as duas cidades, que pode ser de meia polegada ou dez polegadas. Eles não se importavam com esse espaço e se limitavam a escrever o número ao lado da linha, 16. Assim, você sabe que levava 16 dias para percorrer essa distância.

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A economia de Roma não podia sustentar aquele nível de mobilização além das fronteiras do império por um longo período de tempo.

O consenso dos historiadores é que você não pode usar itinerários para elaborar estratégias. Ora, pensei, então é melhor vocês dizerem aos estrategistas do século XXI dos EUA para pararem de fazer isso, porque é exatamente o que usamos. São chamados de nodos. Ao invés de pontos num mapa, são vários nodos, ferroviários ou marítimos. Os militares romanos só se importavam realmente com a geografia num mapa no que se referia ao ponto mais avançado onde estavam combatendo. Assim, tudo o que importava para os romanos era: tenho 30 legiões, das quais oito ao longo do Rio Reno. Vou deslocar quatro delas de quatro cidades e enviá-las para Antioquia. Quando eles consultam o itinerário, trata-se de uma marcha de dez dias desta cidade para aquela cidade, seis dias para outra, e imediatamente sabem com exatidão quanto tempo leva para que as legiões cheguem ao seu destino. A única coisa que se precisa fazer agora é enviar mensagens antecipadamente aos governadores das províncias.

Os itinerários, longe de serem inúteis, algo que jamais se usaria para formular uma estratégia, acabaram sendo exatamente o que é necessário para a estratégia militar. Por si só, isso elimina 90% da argumentação de que os romanos não conseguiam elaborar estratégias. Existem jogos de guerra que custam cinquenta ou cem dólares, baseados no Império Romano, e cada um deles é de um ponto a outro. É como uma rede hub and spoke [sistema radial utilizado em transportes e logística], porque é como se pensa sobre estratégia. Minha contribuição para este campo de conhecimento é esta: vocês fizeram um ótimo trabalho contando-me o que aconteceu na história romana. Estou de pé sobre os ombros de gigantes que eu relaciono no livro. Peguei todo o conhecimento construído por mais de 200 anos e vou sobrepô-lo ao que conheço sobre estratégia e economia de guerra e como pensamos sobre tais aspectos na atualidade, porque a estratégia nunca muda.

Augustan Roman Triumph
Triunfo Romano de Augusto
Ancient History Magazine/ Karwansaray Publishers (Copyright)

Kelly: É incrível que apenas uma faceta da estratégia moderna, as forças armadas, já poderia fazer uma diferença tão grande na compreensão da estratégia no Império Romano.

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James: Não segui uma receita específica, mas a estratégia não muda se você está profundamente imbuído neste tipo de pensamento. O que os romanos fizeram, ou Napoleão Bonaparte, e o que adotamos atualmente pode ser resumido em certas categorias. Sempre se diz que a natureza da guerra nunca muda, mas suas características podem mudar e a tecnologia também. Veja uma coisa interessante. Além das fronteiras do império, Roma podia enviar cerca de 50.000 homens do exército romano e mantê-los por algum tempo. Se queria fazer um esforço maior, podia chegar a 150 ou 200.000, mas não conseguia aguentar tais números. A economia de Roma não podia sustentar esse nível de mobilização além das fronteiras do império por um longo período de tempo. Estes números nunca mudaram.

O número máximo de tropas no ponto mais distante não mudou desde os tempos antigos. O custo aumentou mas, em relação ao PIB, permanece o mesmo. Se você está olhando para a estratégia romana e entende isso, pode usar este contexto para pensar sobre a estratégia dos Estados Unidos ou da China, ou de qualquer outro país. Há certas lições primordiais. Primeiro, fique de olho no que é realmente importante. Roma nunca deixou de lado seu princípio central. Além da borda do império temos essa fronteira. Não é uma linha, trata-se mais de uma zona, mas tudo do outro lado é provavelmente muito ruim e não devemos deixá-los entrar. E, se conseguirem, a coisa mais importante a seguir é que devemos proteger nosso núcleo econômico e, nesse caso, podemos vencer. Não importam os contratempos; se nosso núcleo econômico permanecer forte, poderemos retornar. Até o final, eles nunca realmente perderam de vista esses princípios.

Havia algo que prejudicava repetidamente e, se eles pudessem ter percebido, Roma teria sobrevivido, pelo que sabemos: as transições de governo. Eles nunca acertaram nesse aspecto. A República Romana entrou em colapso porque as legiões de Roma se tornaram leais a quem lhes pagava, os seus generais. Sua lealdade não era mais voltada para Roma em si. Em consequência, temos uma guerra civil brutal e, em seguida, o império, e as legiões passam a jurar lealdade ao império. A coisa mais perigosa que você podia ser no império, na minha opinião, é um general romano bem-sucedido, porque você se transforma numa ameaça ao imperador, marchando com suas legiões em direção a Roma. Havia uma boa razão para este receio, já que, ao longo de 500 anos, isso aconteceu em várias ocasiões. Quando um general se revoltava, não importava qual a estratégia adotada por Roma, quais ameaças externas haviam, tudo ficava em segundo plano porque a preocupação principal voltava-se para derrotar o usurpador. E as legiões romanas marchavam e lutavam. Se Roma pudesse ter evitado essas transições e guerras civis sangrentas que aconteciam de forma recorrente, não haveria poder além das fronteiras que representassem um desafio. Mesmo os hunos não poderiam desafiar um império romano unificado e pronto para enfrentá-los no campo de batalha.

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James Lacey
James Lacey
James Lacey (Copyright)

No terceiro século, com crise após crise, temos o início de uma crise climática, as temperaturas esfriam e epidemias irrompem. As invasões bárbaras acontecem em todas as frentes. O império persa, que foi o império parto por muito tempo antes de ser substituído pelos sassânidas, estava muito mais ativo, orientado para a guerra e buscando expansão. O caminho mais fácil para isso era invadir o império romano. Parecia que Roma iria colapsar. Eles perderam toda a Gália, principalmente a região que hoje é a França. Perdeu-se o Egito e o império estava em colapso, mas eles mantiveram aquele núcleo. Itália, Norte da África, as províncias do Danúbio, o centro econômico e a região onde havia o melhor recrutamento de soldados, os Bálcãs. E assim eles se recuperaram, derrotaram os inimigos e tiveram outros 200 anos de existência. Mas então, na crise final do início do século V, todos os bárbaros cruzam a fronteira, e ainda por cima Átila, o Huno, está trazendo seu exército. Os romanos preferem focar em Átila e, com isso, os vândalos, com talvez 10 a 15.000 guerreiros no máximo, chegam à Espanha. Eles atravessam o estreito de Gibraltar e invadem a África. Alguns anos depois, conquistam todo o norte do continente. Trata-se do centro econômico do Império Romano. Com tudo perdido, Roma finalmente olhou para o norte e disse, quem se importa com os malditos hunos? Não nos importamos mais. Precisamos recuperar a África. Mas não conseguiram. O Império Bizantino eventualmente conseguiu, mas nesse meio tempo era uma terra devastada. Roma tinha perdido seus grãos. As frotas romanas estavam na África do Norte. A base tributária romana ficava ali. Eles perderam tudo.

Isso não aconteceu no Império do Oriente, que tem uma vida muito mais longa porque os bárbaros não conseguiram se lançar sobre Constantinopla. O núcleo econômico do oriente, que inclui todo o Levante e todos os territórios até o Egito - a província mais rica do império -, jamais é tocado até as invasões dos árabes do sul. Se Roma pudesse ter controlado seu núcleo econômico, seria quase invencível. Mas os romanos perderam a bola de vista e disseram, cara, esses hunos parecem perigosos, vamos nos concentrar neles - e então perderam o norte da África. Seu tempo tinha terminado.

A espinha financeira do império estava rachada e não podemos deixar de lado a sua importância. O Império Romano era incrivelmente rico, se comparado com a República, porque enriquecia cada vez mais todos os anos. Antes dele e da Pax Romana, o Mediterrâneo era uma zona de guerra. Conflitos em todos os cantos, cidades-estados lutando contra cidades-estados, pequenas províncias e pequenos estados combatendo entre si. Roma chegou e anunciou: vocês lutaram conosco e nós vencemos. A partir de agora, não lutarão com mais ninguém. Ou seja, mesmo quando Roma não estava em processo de conquista, seu poder era muito grande.

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Mas pense nisso em termos econômicos. Vamos dizer que um fazendeiro tenha construído um bom sistema de irrigação e um moinho e está ganhando algum dinheiro dos outros fazendeiros, que trazem seus grãos para a moagem. Daí há uma guerra, bem naquela região, e os soldados destroem o moinho, arruínam o sistema de irrigação e, de repente, o conflito acaba. O fazendeiro vai reconstruir tudo? Numa situação de conflito constante? Talvez ele até decida fazê-lo, mas mesmo assim, além arcar com o custo elevado da reconstrução, não fez nenhum progresso. Apenas retrocedeu para onde estava antes da guerra. Então, mais 20 anos depois, o fazendeiro pensa: estou começando a progredir, talvez construa um segundo moinho. Ops. Começa uma nova guerra. Em vez disso, no entanto, o fazendeiro tem a Pax Romana. 500 anos de paz no núcleo do império. As legiões podem estar lutando o tempo todo nas fronteiras, mas todo o núcleo do Império Romano está em paz.

Não podemos entender os romanos atualmente. Tentar imaginar como os romanos pensavam é literalmente impossível. Mesmo seus inimigos, os bárbaros, considerados como selvagens, quando tudo terminava, olhavam para os campos de batalha romanos com desgosto e ficavam enojados. Tanta selvageria. Porque os romanos não apenas matavam, eles retalhavam e jogavam as entranhas dos inimigos por toda parte. Era uma festa sangrenta. Qual é o esporte predileto dos romanos? Bem, ver os leões devorarem cristãos ou qualquer outra coisa que os leões quisessem devorar. Sua mentalidade era completamente diferente da nossa. Não havia sentimentalismo na família romana. Um pai romano tinha o poder de matar qualquer familiar e ninguém poderia questioná-lo. Ele era o Deus da família. Este é o tipo de mentalidade com a qual você está lidando. Mas, numa época violenta, é preciso esse tipo de gente para dizer: parem de lutar. Se realmente querem brigar com alguém, venham nos enfrentar. E tudo mundo pensava: melhor não enfrentá-los. Mas voltemos ao nosso fazendeiro. Ele vai construir um moinho, um sistema de irrigação e instalações de armazenamento e elas vão durar para sempre, porque ninguém está marchando para destruí-los. Isso levou a um enorme crescimento econômico. O lado militar do império se tornou cada vez mais fácil de custear.

Kelly: Muito obrigado por conversar conosco, foi ótimo conversar com você sobre seu novo livro, Rome: Strategy of Empire.

James: Foi ótimo conversar com vocês.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Kelly Macquire
Kelly é formada pela Monash University e completou seu BA (Honours) em História Antiga e Arqueologia, com foco em iconografia e status em enterros de Pylos. Ela tem uma paixão pela mitologia e pela Idade do Bronze Egeia.

Citar este trabalho

Estilo APA

Macquire, K. (2022, agosto 08). Entrevista: Roma - A Estratégia do Império, por James Lacey [Interview: Rome Strategy of Empire by James Lacey]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-2052/entrevista-roma---a-estrategia-do-imperio-por-jame/

Estilo Chicago

Macquire, Kelly. "Entrevista: Roma - A Estratégia do Império, por James Lacey." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação agosto 08, 2022. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-2052/entrevista-roma---a-estrategia-do-imperio-por-jame/.

Estilo MLA

Macquire, Kelly. "Entrevista: Roma - A Estratégia do Império, por James Lacey." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 08 ago 2022. Web. 02 mar 2025.