Panteão Maia

Artigo

Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 07 julho 2012
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol
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O panteão dos maias é uma vasta coleção de divindades veneradas nas regiões de Yucatán, Quintana Roo, Campeche, Tabasco e Chiapas, no México, e ao sul, na Guatemala, Belize, El Salvador e Honduras. Esses deuses moldavam a vida e os rituais das pessoas, estabeleciam a ordem e proporcionavam a esperança na vida após a morte.

Nem todos as divindades eram veneradas em todas as cidades-estado dos maias (pelo menos, não com o mesmo nome), mas o tipo de deus e o que simbolizava para o povo parecem ter sido universalmente reconhecidos. Um exemplo disso pode ser visto nos diferentes nomes dados ao submundo pelos maias yucatecas do norte e os maias quiché do sul. Os quichés chamavam seu submundo de Xibalba, enquanto os yucatecas se referiam ao mesmo lugar como Metnal. Embora os nomes fossem diferentes, traziam as mesmas características do sombrio "lugar do terror" que as almas precisavam percorrer após a morte.

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Outro exemplo encontra-se nos mitos da criação, nos quais, para os quichés, treze deuses estavam envolvidos na criação de seres humanos a partir do milho, enquanto que, para os yucatecas, eram apenas dois. Ainda assim, trata-se da mesma a mensagem: os deuses lutaram para criar seres humanos, assim como os humanos batalham pela sobrevivência e por suas próprias tentativas de criação e, também, que a vida vem da terra (aqui, na forma de milho, o alimento básico da dieta maia) que, portanto, deve ser honrada e respeitada.

Pakal the Great & Xibalba
Pacal, o Grande e Xibalba
Marcellina Rodriguez (Copyright)

Os deuses se envolviam em todos os aspectos da vida dos maias. Eles controlavam o clima, a colheita, ditavam o cônjuge, presidiam todos os nascimentos e estavam presentes na morte. Como os deuses eram retratados como vesgos, as mães balançavam uma conta sobre a testa de seus filhos para que olhos da criança envesgassem. Da mesma forma, amarrava-se as cabeças das crianças, especialmente as do sexo masculino, a fim de alongar a testa, numa emulação aos deuses - especialmente a figura muito popular do Deus do Milho. As vestimentas usadas pela nobreza, e especialmente as dos governantes das cidades, imitavam a indumentária dos deuses. A maneira pela qual se planejava as cidades e a precisão com que se construíam os templos centrais seguia com rigor o que se entendia como o caminho dos deuses.

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O grande Templo de Kukulcán, em Chichén Itzá, baseia-se no calendário secular (o Haab) de 365 dias, mas também é projetado, de forma muito específica, para fazer o deus conhecido como a Serpente Emplumada voltar à terra duas vezes por ano. Nos dois equinócios, a cada ano, as pessoas ainda se reúnem para este evento. Os degraus do Templo de Kukulcán (também conhecido como El Castillo) descem abruptamente do topo da pirâmide até as cabeças de serpente de pedra, na base da escadaria. Precisamente nos equinócios, o sol lança uma sombra que lembra uma serpente movendo-se lentamente ao longo da escadaria até as cabeças de pedra, criando a imagem da serpente emplumada retornando à terra. Kukulcán (também conhecido como Gucumatz e, em sua denominação mais famosa, Quetzalcoatl) era o deus mais popular entre os maias e não surpreende que, ainda hoje, muitos descendentes dos maias e outras pessoas se reúnam no templo duas vezes por ano para receber as bênçãos do seu retorno.

Havia mais de 250 divindades no panteão dos maias.

Havia mais de 250 divindades no panteão dos maias e, devido à queima em massa de seus livros pelo bispo Diego de Landa, em 1562, muitas informações sobre os deuses (e a cultura maia) se perderam de maneira irremediável. O texto religioso quiché maia chamado Popol Vuh traz um conjunto de nomes para os deuses diferentes dos adotados pelos yucatecas.

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Alguns deuses permanecem não identificados, enquanto a proveniência de outros não é clara ou se confundiu com outras divindades ou com conceitos cristãos. Não há muito acordo entre os estudiosos sobre a idade e o prestígio do "rei" dos deuses, Hunab Ku, por exemplo; enquanto alguns lhe dão uma linhagem antiga, outros defendem seu status pós-conquista. Alguns estudiosos defendem de forma inflexível sua definição de uma determinada divindade, enquanto outros sustentam uma visão oposta e, de fato, há fortes evidências para apoiar ambos os lados. A lista seguinte, portanto, não é de forma alguma abrangente de forma a definir cada deus que os antigos maias veneravam em cada região, vila ou cidade, mas uma tentativa de abranger os detalhes conhecidos até o momento, com a esperança de fazê-lo de maneira concisa.

"A"

Deus da morte cujo nome ainda desconhecemos. Ele é retratado governando uma parte do submundo, cercado pelos ossos de seus súditos. Seus símbolos são uma caveira e uma faca de obsidiana, ambos relacionados à prática do sacrifício humano.

Acan

Deus da intoxicação, do vinho e da arte de preparar balche (uma espécie de hidromel forte). Seu nome significa "arroto" ou "gemido" e ele está associado ao deus da embriaguez dos maias lacandon, chamado Bohr (também conhecido como Bol).

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Acat

Divindade da arte da tatuagem e padroeiro dos tatuadores, está associado ao crescimento e desenvolvimento dos fetos. Também costuma ser designado pelos nomes Acat-Cib e Ah-Kat.

Ah-Bolom-Tzacab

Deus da agricultura caracterizado pelo nariz em forma de folha (também conhecido como Ah-Bolon-Dz'acab).

Ah-Cancum

Deus da caça.

Ah-Chun-Caan

Divindade tutelar que proporcionava proteção ao nascer e ao pôr do sol.

Ah-Chuy-Kat

Deus menor da guerra cujo nome significa Destruidor de Fogo.

Ah-Ciliz

Divindade relacionada aos eclipses solares.

Ah-Cun-Can

Deus guerreiro conhecido como Encantador de Serpentes.

Ah-Cuxtal

Deus do nascimento. Seu nome significa "Ganhou a Vida" e ele era responsável pela entrega segura de bebês no reino terreno, tanto física quanto espiritualmente. Depois do parto, lavava as mãos e em seguida passava para o próximo nascimento.

Ahau-Chamahez

Um dos dois grandes deuses da medicina e da cura (com Cit-Bolon-Tun), conhecido como o Senhor do Dente Mágico.

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Ahluic

Deus dos mercadores e da riqueza material, com frequência retratado como membro de uma tríade com os deuses Chac e Hobnil.

Ahmucen-Cab

Deus criador que, de acordo com a história da criação do Chilam Balam, cobriu os rostos dos treze deuses do dia, permitindo que fossem capturados pelos nove deuses da noite. Durante este cativeiro, ele espalhou sementes e colocou pedregulhos em toda a terra que surgiu da escuridão. Este ato de criação acabou sendo desfeito e refeito pelos Bacabs.

Ah-Hulneb

Deus menor da água.

Ah-Kin

Deus que representa um aspecto do deus sol (K’inich Ahau) e controla a seca e a doença (também conhecido como Ah-Kinchil).

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Ah-Kumix-Unicob

Deuses menores da água que cuidavam dos cenotes e lagoas.

Ah-Mun

Deus da fertilidade e proteção que também personificava o milho.

Ah-Muzencab

Divindades que presidiam e cuidavam das abelhas. Eles também estão associados aos espíritos elementais do ar.

Ah-Patnar-Unicob

Deuses elementais da água. Eram os senhores da Cerimônia da Chuva de Oito Dias, na qual recebiam homenagens.

Ah-Pekku

Deus do trovão.

Ah-Puch

Deus da morte, escuridão e desastre, mas também da regeneração, partos e inícios. De acordo com os quichés, ele governava o submundo de Xibalba e, de acordo com os yucatecas, era um dos muitos Senhores de Metnal. Ele está associado a Cizin, Yom Cimil/Yum Cimil (embora Cizin pareça ser consistentemente imaginado de forma mais sombria).

Ah-Tabai

Deus da caça e protetor dos animais.

Ah-Uaynih

Deusa do sono, especialmente útil para adormecer os homens.

Ah-Uncir-Dz'acab

Deus da cura natural.

Ah-Uuc-Ticab

Deus ctônico [que vive no mundo subterrâneo].

Ah-Wink-Ir-Masa

Deusa da natureza, protetora dos animais selvagens e associada aos cervos.

Ah-Xoc-Xin

Deus da poesia e da música, representava um dos aspectos do deus do sol, K’inich Ahau.

Ahau-Chamahez

Deus da medicina e da cura.

Ahau-Kin

Aspecto do deus sol, também conhecido como Senhor Jaguar ou Senhor do Submundo.

Ahmakiq

Deus da agricultura e das culturas cultivadas.

Ahulane

Deus da guerra, associado ao arco e flecha e conhecido como O Arqueiro.

Ajbit

Um dos treze deuses que auxiliaram a criação de seres humanos a partir do milho, após duas tentativas fracassadas.

Ajtzak

Um dos treze deuses envolvidos nas tentativas de criar a humanidade.

Akhushtal

Deusa do parto.

Akna

Título aplicado a Akhushtal, entre outras deusas, significando "Nossa Mãe" e estreitamente associado às divindades relacionadas à fertilidade e ao parto.

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Alaghom-Naom-Tzentel

Deusa do pensamento e do intelecto, também designada como Ixtat-Ix.

Alom

Um dos treze deuses que participaram da criação dos seres humanos. Após a terceira tentativa bem-sucedida, ficou conhecido como Hunahpu-Guch.

Bacabs

Os quatro deuses dos ventos e dos pontos cardeais que sustentam os quatro cantos do mundo. Para os yucatecas, são conhecidos como Muluc (do leste), Kan (do sul), Ix (do norte) e Cauac (do oeste). Muluc e Kan geravam energias positivas, enquanto Ix e Cauac tinham caráter negativo. Essa confluência de energias negativas e positivas permitiu que os primeiros deuses criassem os seres humanos e os mundos físico e não físico. Estão associados às divindades Acat, Akna, Backlum Chamm e Chin.

Backlum Chaam

Um dos Bacabs ou um aspecto dos Bacabs, é o deus da sexualidade masculina.

B'alam

Divindades Jaguar que protegem as comunidades contra ameaças externas. Também guardam e protegem pessoas na vida cotidiana.

B 'alams

Na tradição dos quichés, os B'alams eram os quatro deuses que tornaram possível a criação do homem, após duas tentativas fracassadas. Eram conhecidos como B'alam Agab (Jaguar Noturno), B' alam Quitze (Jaguar Sorridente), Iqi B'alam (Jaguar Negro) e Mahucatah (Agora Não). De acordo com um dos mitos, as outras divindades ficaram com ciúmes de suas habilidades e, assim, obscureceram sua visão, tornando-os mortais.

Bitol

Um dos treze deuses que participaram da criação dos seres humanos. Após a terceira tentativa bem-sucedida, passou a ser conhecido como Ixmacane (trata-se da versão inicial de Ixmacane, um deus posterior).

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Bolon-D 'zacab

Deus do relâmpago e padroeiro da colheita.

Bolontiku

Grupo de nove seres ctônicos do submundo associados à regeneração.

Buluc-Chabtan

Também conhecido como `Deus F', trata-se de um deus da guerra, violência e morte, venerado com o sacrifício regular de seres humanos. No Códice de Dresden, aparece sendo comido por larvas. Além disso, é retratado incendiando casas, matando pessoas e assando-as em espetos sobre o fogo.

Cabaguil

Um dos treze deuses que ajudaram na criação dos seres humanos. Seu nome significa "Coração do Céu".

Cabrakan

Também conhecido como Cabracan/Caprakan, era o deus dos terremotos e montanhas. Filho dos deuses Vucub Caquix e Chimalmat, desempenha um papel significativo no início do Popol Vuh ao ser derrotado pelos Heróis Gêmeos, assim como seu irmão, Zipacna.

Cacoch

Deus criador que preside a criatividade e a comunicação (especialmente em relação às comunicações divinas).

Cakulha

Deus menor dos relâmpagos que, com seu irmão Coyopa, auxilia a divindade suprema dos relâmpagos, Yaluk, a criar as tempestades enviadas pelo padroeiro da chuva, Chac.

Camalotz

Servo de Alom que, após a segunda tentativa de criação, decapitou a maioria das pessoas no mundo para que os deuses pudessem começar de novo. Seu nome significa "Sangrador Repentino".

Camazotz

Deus morcego de Xibalba que se alimenta de sangue. No Popol Vuh, ele arranca a cabeça de um dos Heróis Gêmeos, Hun Hunahpu, que é então revivido por seu irmão. Derrotado, acabou expulso da criação.

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Camaxtli

Deus do destino, conhecido pelos astecas como Mixcoatl ou Mixcoatl-Camaxtli. Associado à guerra, caça e criação, tinha ainda o crédito por trazer o fogo à terra.

Caprakan

Ver Cabrakan.

Cauac

Um dos quatro Bacabs, Cauac controla o ponto cardeal oeste e o vento oeste. Também conhecido como Zac-Cimi.

Chac

Deus supremo das tempestades e da chuva, associado à agricultura e à fertilidade. Conhecido como o Senhor das Chuvas e dos Ventos, cuidava de importantes fontes de água, como cenotes, poços, riachos e nascentes. Muito popular, Chac (ou Chak) costumava ser alvo frequente de orações e sacrifícios para cortejar seu favor e o dos quatro chacs menores. Um senhor do céu e ferrenho inimigo de Camazotz de Xibalba, era considerado uma divindade carinhosa, embora imprevisível.

Chacs

Quatro espíritos do clima, localizados em cada um dos cantos do mundo, que estavam sob o comando do grande deus Chac e cumpriam suas ordens.

Chac-Uayab-Xoc

Protetor dos peixes e padroeiro dos pescadores.

Chamer

Um dos deuses da morte e regeneração de Xibalba.

Chen

Deusa do milho, da magia e conselheira dos reis, também conhecida como Chin. Ela também estava intimamente associada a relacionamentos homoeróticos e homossexualidade. De acordo com o padre Bartolomeu de Las Casas, ela introduzia a homossexualidade aos nobres maias, que encorajavam seus filhos a entrar em casamentos homossexuais. Associada com a lua, algumas vezes aparece retratada como uma divindade masculina.

Chicchan

Quatro deuses da chuva, dos quatro cantos do mundo, associados aos Bacabs.

Chin

Amplamente conhecida como a deusa maia da homossexualidade. Ver Chen.

Chirakan-Ixmucane

Deusa criadora, formada a partir dos quatro criadores anteriores e listada entre as treze divindades que se envolveram inicialmente na criação dos seres humanos.

Cit-Bolon-Tum

Um dos dois grandes deuses curandeiros (com Ahau-Chamahez).

Cizin

Também conhecido como, ou associado aos nomes Kisim, Kisen, Yom Cimil, Yum Cimil e Ah Puch, ele era um deus da morte que vivia em Xibalba (Metnal para os yucatecas), frequentemente retratado como um esqueleto humano dançante fumando um cigarro. Ele é ainda identificado por seu "colar da morte" de olhos humanos, que pendem de suas terminações nervosas. Cizin aparecia repentinamente e sem aviso, mas sempre acompanhado por um odor desagradável e, por isso, também costumava ser chamado de "O Fedorento". Ao contrário de outros deuses cujos aspectos compartilha, não está associado à regeneração ou renascimento. Mantém as almas das pessoas ruins no submundo, onde são submetidas a seus tormentos e truques. Após a conquista espanhola, tornou-se estreitamente identificado com o demônio cristão.

Colel Cab

Deusa da terra que cuida especialmente das abelhas. Ainda costuma ser invocada pelos Guardiões dos Dias em cânticos, com o propósito de evitar ataques, remediar problemas nas colmeias e auxiliar os apicultores.

Colop-U-Uichikin

Deus do céu, particularmente de eclipses.

Cotzbalam

Um servo de Alom que seguiu Camalotz após a segunda tentativa fracassada de criar a humanidade e devorou os corpos dos decapitados. Seu nome significa "Jaguar Esmagador".

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Coyopa

Deus menor do som e do trovão, que atua com seu irmão, Cakulha, sob a liderança do deus supremo do relâmpago, Yaluk, para criar as tempestades enviadas pelo deus da chuva, Chac.

Cuchumaquic

Senhor de Xibalba cujo nome significa "Coletor de Sangue". Pai da deusa Xquic e avô dos Heróis Gêmeos, Hunahpu and Xbalanque.

Cum Hau

Deus da morte e regeneração que vivia em Xibalba.

"E"

Deus agrícola cujo nome ainda não é conhecido.

Ekchuah

Deus também conhecido como Ek Ahau e, anteriormente, como apenas "Deus M". Padroeiro e protetor dos viajantes, mercadores e guerreiros, costuma ser retratado como um homem de pele escura, carregando uma bolsa sobre um dos ombros. Também é reconhecido como padroeiro e protetor do cacau e produtos relacionados.

El Gran Dios

"O Grande Deus", o deus dos cristãos que morava no sétimo nível acima da terra. Em algumas histórias, ele está associado a Hunab Ku. Trata-se de uma adição tardia e pós-conquista espanhola ao panteão maia.

"F"

Deus da guerra associado ao sacrifício humano e repetidas vitórias sobre Ekchuah. Também chamado de Buluc-Chabtan.

Ver Buluc-Chabtan.

Quatrocentos Garotos

Divindades padroeiras do álcool e, mais tarde, das Plêiades. No Popol Vuh, os Quatrocentos Garotos eram jovens que desejavam construir uma cabana na praia, mas não conseguiam levantar a enorme árvore cortada para servir como a principal coluna de apoio. Pediram então ajuda ao gigante Zipacna, que estava deitado nas proximidades. Zipacna concordou em usar sua grande força para mover a árvore, mas zombou dos meninos por sua fraqueza e incapacidade de fazê-lo. Os meninos decidiram que Zipacna deveria ser morto, mas o gigante ouviu o plano, fingiu-se de morto e os matou. Eles ascenderam aos céus e podem ser vistos atualmente como o aglomerado estelar conhecido como Plêiades. Zipacna, por seu turno, acabou sendo morto pelos Heróis Gêmeos.

Gucumatz

Este deus é um dos mais importantes, se não o mais importante, no panteão dos maias. O nome Gucumatz (também Gukumatz) é a designação dos quichés para o deus conhecido pelos yucatecas como Kukulcán e no idioma náuatle como Quetzalcoatl ("a serpente emplumada" ou "a serpente quetzal-penas"), venerado já no primeiro século a.C. na grande cidade de Teotihuacan. Trata-se de uma das treze divindades que formaram o mundo e criaram os seres humanos. De Gucumatz, os humanos aprenderam as regras da lei, agricultura, alfabetização, artes, medicina, arquitetura, construção, caça, pesca e todos os outros aspectos da civilização. Conta-se que ele veio do mar, transmitiu ao povo seus dons e governou sabiamente sobre eles, e depois voltou para o mar, prometendo voltar um dia. Deus dos quatro elementos, também representava a mistura do bem e do mal, da luz e das trevas e, assim, tornou-se uma figura central em muitos dos mitos dos maias, retratado, de várias formas, em praticamente todas as cidades-estado. Como Kukulcán, ele é a grande serpente emplumada que desce os degraus do templo El Castillo, em Chichén Itzá, nos equinócios de primavera e outono do hemisfério norte e acredita-se que traga energia positiva para a terra e para quem estiver presente durante a descida.

Gucup Cakix

Essa divindade, também conhecida como Vucub-Caquix (que significa "Sete Araras"), é retratada no Popol Vuh como um pássaro-demônio arrogante que fingia ser o sol e a lua e, assim, desequilibrava a vida até ser derrotado por Hunahpu e Xbalanque, os Heróis Gêmeos. Pai de Cabrakan e Zipacna, também derrotados pelos famosos gêmeos.

Hacha 'kyum

Deus astral que criou as estrelas espalhando areia no céu. Divindade padroeira dos maias lacandons.

Hapikern

Divindade adversária, Hapikern é a serpente que cinge o mundo e está perpetuamente em guerra com seu irmão, Nohochacyum, o grande deus da criação e proteção, e está fadada a ser destruída por esse deus numa batalha final. Seus outros irmãos, Usukun, Uyitzin e Yantho, são inimigos da humanidade, e outro irmão, Xamaniqinqu, tornou-se o padroeiro dos mercadores e viajantes.

Heróis Gêmeos

Hunahpu e Xbalanque (também chamado de Ixbalanque) são os dois grandes heróis míticos dos maias, cuja história é preservada no Popol Vuh. Eles nasceram da deusa virgem Xquic, que engravidou depois que a cabeça decepada do pai dos gêmeos, Hun Hunahpu, pendurada numa cabaceira de Xibalba, cuspiu em sua mão. Criados por sua mãe e pela avó, os gêmeos se tornaram destaques no "jogo dos deuses", Poc-a-Toc, o jogo de bola da Mesoamérica. Uma vez atingindo a idade adulta, vingaram-se dos Senhores de Xibalba, que haviam assassinado seu pai e tio, aceitando um convite para o submundo, onde uma série de armadilhas e testes os aguardavam. Eles escaparam das armadilhas e ciladas armadas para eles e derrotaram as forças do caos e das trevas. Tentaram então trazer Hun Hunahpu de volta à vida e, embora tivessem conseguido juntar seu corpo e reanimá-lo, não havia possibilidade de trazê-lo de volta à terra. Os gêmeos lhe prometeram, no entanto, que os humanos orariam a ele em busca de esperança e conforto e que seria lembrado e honrado. A promessa foi mantida, já que Hun Hunahpu tornou-se o deus do milho, figura de morte-e-renascimento que aparece na terra como esta planta. Ascendendo de Xibalba, eles queriam parar no mundo médio da terra, mas continuaram subindo pela árvore do mundo em direção ao paraíso onde, mesmo assim, prosseguiram em sua ascensão, tornando-se o sol e a lua (em outra versão, os deuses os recompensam pela vitória transformando-os no sol e na lua). Acredita-se que os Heróis Gêmeos representem a legitimidade da classe dominante maia, ainda que esta teoria seja contestada. Não há dúvidas, no entanto, sobre a popularidade da história entre os maias, pois os gêmeos são retratados em obras de arte por toda a região, geralmente disputando seu famoso jogo. Com base nestas pinturas, parece claro que havia muitas lendas relativas aos heróis gêmeos que acabaram perdidas e, portanto, o Popol Vuh é o único texto remanescente.

Hobnil

Deus da agricultura e prosperidade e membro de uma tríade, junto com as divindades Ahluic e Chac.

Hozanek

Deus do sul, associado ao Bacab Cauac e à cor amarela. Trata-se do filho do grande casal Itzamna e Ixchel.

Hun-Batz

Um dos dois meio-irmãos dos Heróis Gêmeos (o outro sendo Hun-Chowen) também conhecido como "Macaco Bugio" e retratado como este animal. Junto com seu irmão, é o padroeiro dos artistas e escribas.

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Hun-Came

Também conhecido como Hun-Cane, trata-se de um senhor do submundo que, junto com Gucup Cakix, matou Hun Hunahpu, o pai dos Heróis Gêmeos, e acabou sendo morto por eles.

Hun-Chowen

Um dos dois meio-irmãos dos Heróis Gêmeos (o outro sendo Hun-Batz), é retratado como um macaco bugio. Junto com seu irmão, é o padroeiro dos artistas e escribas.

Hunab Ku

Enquanto Gucumatz era o deus mais popular, Hunab Ku aparece como a divindade suprema do panteão maia, conhecido como "Deus Único". Embora alguns estudiosos confirmem sua antiguidade, ele parece mais provavelmente um conceito que surgiu após a cristianização dos maias durante a conquista espanhola e, portanto, assemelha-se muito ao Deus cristão. Invisível e sem forma, seu aspecto pode ser estimado a partir da associação ao deus Itzamna, mencionado como seu filho. Hunab Ku é o marido de Ixazalvoh, a mãe divina, associada à água, vida e tecelagem. Algumas inscrições referem-se a esta divindade como "Os Olhos e Ouvidos do Sol", para substanciar a afirmação de que, como o deus cristão, ele é onipresente e sabe tudo.

Hun-Hunahpu

Também conhecido como o Deus do Milho, Hun-Hunahpu morreu, mas, após ser reconstituído por seus filhos, retornou à vida como o milho e, assim, tornou-se uma figura de morte-e-renascimento. Seus filhos são os Heróis Gêmeos, Hunahpu e Xbalanque. Os semideuses Hun-Hunahpu e seu irmão gêmeo, Vucub Hunahpu, após a criação do mundo, tornaram-se proficientes no jogo de bola dos deuses, Poc-a-Toc. Os senhores de Xibalba, no mundo subterrâneo, ficaram furiosos com o barulho dos gêmeos disputando uma partida e elaboraram um plano para se livrar deles. Eles convidaram os jovens para jogar uma partida de Poc-a-Toc em Xibalba. Antes que o jogo pudesse começar, no entanto, os gêmeos foram enganados e mortos. Os senhores do submundo colocaram a cabeça de Hun-Hunahpu no tronco de uma cabaceira, que ficou repleta de frutos estranhos. A jovem virgem Xquiq encontrou a árvore e, quando pegou o fruto, a cabeça disse-lhe para abrir a palma da mão. A cabeça de Hun Hunahpu cuspiu na mão da donzela e ela engravidou de Hunahpu e Xbalanque. Em seguida, foi enviada por Hun Hunahpu para morar com a mãe deste, Xumucane.

Hunahpu

Um dos grandes Heróis Gêmeos que aparecem com destaque nos mitos maias e no Popol Vuh. Filho de Hun Hunahpu e Xquiq, Hunahpu é o deus da noite que restaura as estrelas no céu e, com seu irmão, Xbalanque, derrotou os senhores de Xibalba e criou a ordem na terra. Está associado ao sol e, em alguns mitos, personifica o próprio sol.

Hunahpu-Gutch

Nome adotado pelo deus Alom após a terceira e bem-sucedida tentativa de criar seres humanos.

Hunahpu-Utiu

Uma das treze divindades que contribuíram para a criação dos seres humanos.

Hun-Nal-Ye

Deus da água salgada, do mar e o padroeiro dos tubarões.

Huracán

Também conhecido como "Coração do Céu" e "Perneta", Huracán é um deus das tempestades. No Popol Vuh, ele é o criador supremo da terra, concebe o mundo, participa da criação dos seres humanos e envia o grande dilúvio para destruir suas criações inferiores. Costuma ser mencionado ainda como Senhor do Redemoinho e recebe o crédito como um dos deuses (às vezes o único) a conceder a dádiva do fogo aos humanos.

"I"

Uma deusa primitiva da água que governa o mar, nascentes e poços da qual se desconhece o nome, mas acredita-se que possivelmente seja `Ixik'.

Itzamna

Considerado o fundador da cultura maia, padroeiro e protetor dos sacerdotes e escribas, Itzamna (ou Itzam Ná) é um deus extremamente importante e popular. Como Gucumatz, ele ensinou ao povo as artes da alfabetização, medicina, ciência, arte, escultura e agricultura. Criou e organizou o calendário, além de instruir os humanos no cultivo adequado de milho e cacau. Esta divindade criadora e curativa pode, inclusive, ressuscitar os mortos. Em escritos posteriores pós-colombianos, costuma ser referido como o filho de Hunab Ku e assume muitas das características associadas à figura de Jesus Cristo. Está associado ao profeta Zamna, que trouxe os escritos sagrados para a cidade de Izamal, sob o comando da grande deusa, e também com K'inich Ahau, o deus do sol. Num dos mitos, aparece como o pai dos Bacabs.

Itzam-Ye

Também conhecido como Itzam-Yeh, O Pássaro Serpente, O Pássaro Celestial e O Caminho de Itzamna, Itzam-Ye era uma divindade em forma de pássaro que se aninhava no tronco da grande árvore ceiba, a Árvore do Mundo, que conectava o submundo com o mundo médio (terra) e o mundo superior. De seu galho, Itzam-Ye podia ver toda a criação e sabia todos os segredos dos três planos de existência. Imagens do deus pássaro na árvore sagrada aparecem em muitos sítios maias e, geralmente, gravadas em templos e santuários onde os Guardiães dos Dias entoavam seus cânticos e lançavam feitiços que protegiam o mundo do caos e mantinham a ordem. Mestre do mundo espiritual, Itzam-Ye era bem instruído naquilo que, atualmente, seria considerado como feitiçaria e artes mágicas.

Ixazaluoh

Deusa associada à água e tecelagem.

Ixazalvoh

Mãe divina e consorte de Hunab Ku, trata-se da deusa da água, vida e tecelagem. Também governa a sexualidade feminina e o parto, além de ter poderes de cura. Seus oráculos são considerados importantes canais para as mensagens divinas ao povo.

Ixbalanque

Um dos grandes Heróis Gêmeos, cujas aventuras são relatadas no Popol Vuh. Ver Xbalanque.

Ixchel

Conhecida popularmente nos dias atuais como a "deusa do arco-íris", já que seu nome pode ser traduzido como "Senhora Arco-íris", está associada com diversos aspectos da vida e cosmologia. Embora as imagens nos tempos modernos quase universalmente a retratem como uma jovem atraente, com cabelos longos e escuros, sentada sobre ou perto de um arco-íris, as antigas imagens maias consistentemente a mostram como uma mulher velha e rechonchuda, com feições afiadas e orelhas de onça-pintada, em geral usando um capacete com uma serpente viva saltando e carregando um jarro de água. Ixchel (também chamada de Yx Chebel Yax) tem sido associada à chamada "deusa O" do Códice de Dresden, obviamente uma divindade da chuva, e por isso é considerada uma deusa da chuva, talvez uma consorte de Chac. Porém, também está associada à guerra, pois algumas vezes aparece nas imagens antigas com garras e cercada ou adornada com ossos. Diego de Landa relatou que ela era a “deusa de fazer filhos” e também da medicina. As evidências sugerem que os guardiões dos dias e médicos consultavam Ixchel em suas artes, mas, ao mesmo tempo, ela está associada por meio de outras evidências à lua e à mutabilidade e, ainda, à tecelagem e às artes. De acordo com um mito de Verapaz, ela era a consorte de Itzamna e lhe deu treze filhos. Qualquer que fosse sua principal procedência, tratava-se de uma divindade bastante venerada pelas mulheres e, especialmente, por aquelas que estavam grávidas ou desejavam engravidar. Extremamente popular, seu santuário na ilha de Cozumel tornou-se um dos locais de peregrinação mais importantes para os antigos maias. A ilha, chamada por Hernán Cortés de Isla Mujeres (Ilha das mulheres), recebeu este nome devido ao grande número de estátuas de deusa encontradas lá, entre as quais as de Ixchel. Santuários para Ixchel ainda podem ser vistos em todo o Yucatán nos dias atuais, especialmente em Cozumel, onde sua imagem se confundiu com a da Virgem Maria e as duas agora compartilham a veneração e as orações das mulheres que continuam a fazer peregrinações à ilha.

Ixcuiname

Deusa das quatro idades da mulher (embora não esteja claro se isso significa os quatro épocas em que as mulheres existiram ou os quatro estágios na vida de uma mulher: criança, donzela, mãe e idosa). Seu nome é interpretado como "Quatro Irmãs" ou "Quatro Faces". Também está associada aos quatro deuses criadores Alom, Bitol, Qaholom e Tzacol e, através desse relacionamento, ficou conhecida como Chirakan-Ixmucane, uma das treze divindades que criaram os seres humanos.

Ixmacane

Um dos treze deuses que participaram da criação dos seres humanos, seu nome é a forma final da divindade originalmente chamada Bitol (embora este mesmo nome tenha sido aplicado a outros deuses em sua "forma final" após a criação).

Ixmucane

Um dos treze deuses que participaram da criação dos seres humanos, de acordo com uma versão do mito. Também uma versão do nome Xumucane, a avó dos famosos heróis gêmeos, que, com seu marido, Xpiayoc, criou os humanos a partir do milho. O casal é considerado como as divindades mais antigas e sábias do panteão maia.

Ixpiyacoc

Nome do deus criador Tzacol que, após a terceira tentativa bem-sucedida de criar seres humanos, se dividiu em duas entidades separadas e se tornou Tzacol e Ixpiyacoc. Também uma grafia alternativa de Xpiayoc, o marido de Xumucane, que ajudou na criação de seres humanos a partir do milho.

Ixtab

Também conhecida como "Mulher da Corda", Ixtab era a deusa dos suicídios e, particularmente, daqueles que morriam por enforcamento. Ela aparece no Códice de Dresden como o cadáver em decomposição de uma mulher, pendurada num laço nos céus. Como se considerava o suicídio uma opção de vida honrosa entre os maias, a morte autoinfligida garantia uma passagem instantânea para o paraíso, contornando o submundo sombrio e perigoso de Xibalba. Ixtab escoltaria tais almas para o paraíso, onde desfrutariam do prazer eterno, cercados por outras almas abençoadas, como aquelas que morreram em batalha, no parto, como vítimas sacrificiais ou numa partida de Poc-a-Toc.

Ix-Tub-Tun

Divindade em forma de serpente que cospe pedras preciosas e está associada à chuva.

"K"

Nome pelo qual o deus K 'awi (ou K'awill) era conhecido anteriormente. Trata-se do padroeiro da realeza, majestade e nobreza.

Kan

Um dos principais Bacabs, Kan era conhecido como o Defensor do Sul.

Kan-U-Uayeyab

Padroeiro das cidades e guardião das comunidades urbanas.

Kan-Xib-Yui

Um dos deuses criadores que, às vezes, é mencionado como um dos treze originais que criaram os seres humanos. Em sua origem, provavelmente se tratava de uma divindade da fertilidade local que terminou por ser incluída como um deus da criação, mas que não aparece em todas as listas dos treze criadores.

Kianto

Também conhecido como Kiant, ele é o deus das influências indesejadas, principalmente as doenças e os estrangeiros.

Kichigonai

Criador do dia e o deus da luz na tradição quiché.

K’inich Ahau

Deus solar, conhecido como o "Rosto do Sol" e algumas vezes referido como K’inich Ajaw. Relacionado à cura e medicina. Acredita-se que o deus tardio Hunab Ku seja uma combinação de K’inich Ahau com o Deus cristão. Em alguns mitos iniciais, aparece como o consorte da deusa Ixazalvoh, ainda que as histórias pós-conquista coloquem a divina mãe com Hunab Ku.

K’inich Kakmo

Deus padroeiro da cidade de Izamal, esta divindade solar é representada pela arara.

Kisin

Outro denominação para Cisin, o deus da morte mais frequentemente retratado, mas também o nome de um deus dos terremotos, associado à inimizade contínua entre Nohochacyum e Hapikern e a Tríade Yantho.

Kukulcán

Ver Gucumatz

"L"

Deus da noite, das trevas e da madrugada, cujo nome ainda não é conhecido.

Deus do Milho

Figura divina moribunda e renascida, que assume a forma de Hun Hunahpu, morto pelos Senhores de Xibalba e trazido de volta à vida por seus filhos, os Heróis Gêmeos, e que emerge do submundo como o milho. O deus do Milho “Tonsurado” ou o deus do Milho “Foliado” são imagens comuns encontradas em toda a região. Em suas representações, aparece como eternamente jovem e bonito, com a cabeça alongada, lembrando uma espiga; cabelos longos e esvoaçantes, como as estigmas do milho; e ornamentado com jade, que simboliza o talo da planta.

Yum Caax
Yum Caax
SJu (CC BY-SA)

Mam

Um título de respeito, que significa "Avô", aplicado a várias divindades maias diferentes, incluindo espíritos da terra e das montanhas e os quatro Bacabs. O deus conhecido como Mam Maximon é um deus pós-conquista de viajantes, comerciantes, bruxaria e má sorte, que se confunde com a figura cristã de Judas e, nos tempos modernos, faz parte da programação de celebrações da Semana Santa.

Manik

Deus do sacrifício, das vítimas sacrificiais e do sofrimento purificador.

Mitnal

Também conhecido como Metnal, trata-se do termo dos yucatecas para o submundo e corresponde ao Xibalba dos quiché. De acordo com o Popol Vuh, Mitnal era uma terra escura, fluindo com rios de sangue e pus, povoada por divindades com nomes como Dentes Sangrentos, Garras Sangrentas e Sarna Voadora, entre outros.

Mulac

Um dos quatro Bacabs, conhecido como "Defensor do Oriente".

Naum

Deus que criou a mente e a consciência humanas.

Nacon

Deus da guerra.

Nohochacyum

Divindade criadora-destruidora, irmão do deus da morte, Cizin (ou, possivelmente, outro deus dos terremotos também conhecido como Cizin). Ele é o inimigo jurado da serpente do mundo, Hapikern, e conta-se que, no fim dos dias, vai destruí-la, sufocando-a. Em algumas versões desta história, a vida na Terra é destruída no processo. Este deus está relacionado, em algumas histórias, a Usukan, Uyitzin, Yantho e Hapikern, que desejam o mal aos seres humanos. Também irmão de Xamaniqinqu, o deus padroeiro dos viajantes e comerciantes.

Och-Kan

Também conhecido como Ochan e Ahacan, ele é a grande Serpente da Visão dos maias. Os guardiães dos dias (ou xamãs) precisam ter a experiência da Serpente da Visão em primeira mão para compreender o reino com o qual estão lidando e finalizar a iniciação nos mistérios. A presença de Och-Kan era anunciada por um deus arauto chamado Uc-Zip em Xibalba.

Deuses Remadores

Duas divindades que remam a canoa divina pelo submundo e sobem ao céu. Ficam em lados opostos da embarcação: o Remador Velho Jaguar na frente e o Remador Velha Arraia na parte de trás. Eles participaram da construção do Braseiro Cósmico para os deuses, no início da criação, e são imaginados como símbolos da noite e dia, luz e escuridão e a eterna dança dos opostos. Também costumam representar a Via Láctea.

Pawahtuun

Deus do calendário, associado aos quatro Bacabs e ao final do ano. Ele se posiciona nos quatro cantos do céu e, assim, sustenta o mundo.

Poxlom

Deus das doenças.

Qaholom

Um dos deuses participantes da criação dos seres humanos, junto com Alom, Bitol e Tzacol.

Q'uq'umatz

Ver Gucumatz

Tecumbalam

Grande pássaro enviado para quebrar os ossos e rasgar os músculos dos seres humanos que desagradaram aos deuses e foram destruídos no grande dilúvio enviado por Huracán.

Tepeu

Um dos deuses criadores que participou, às vezes com Gucumatz e Huracán, na criação de seres humanos.

Tlacolotl

Deus do mal, daqueles que praticam o mal e dos lugares escuros onde os planos malignos são feitos. Os maias também atribuíam os terremotos a ele.

Tohil

Deus do fogo e padroeiro da cidade quiché de Q'umarka.

Tzacol

Um dos treze deuses que participaram da criação dos seres humanos. Após a terceira e bem-sucedida tentativa, ele se dividiu em duas divindades separadas, Tzacol e Ixpiyacoc.

Tzultacaj

Também conhecido como Tzuultaq'ah, era o deus das montanhas e vales.

Uc-Zip

Um deus arauto dos Senhores de Xibalba que anunciava a chegada da grande Serpente da Visão Och-Kan.

Usukan

Deus temível, que odeia seres humanos e tem os terremotos como seus servos na tentativa de destruir a vida humana. Irmão de Hapikern, a serpente que circunda o mundo e que também se mostra hostil à humanidade. Quase sempre relacionado junto com Uyitzin e Yantho, no que ficou conhecido como a Tríade Yantho de "vilões" sobrenaturais. Xamaniqinqu, deus dos viajantes e mercadores, é outro irmão.

Uyitzin

Integrante da tríade fraternal com Usukan e Yantho, três irmãos que odeiam a humanidade e são inimigos do deus Nohochacyum, que às vezes também aparece como seu irmão, assim como Xamaniqinqu.

Serpente da Visão

Deus-serpente místico de grande importância para os maias, pois conhecia os segredos do universo e podia transmitir esses segredos a um guardião dos dias (xamã). Ver Och-Kan.

Voltan
Divindade ctônica que era o senhor dos tambores. Não tem relação com Votan, um deus frequentemente invocado no movimento moderno da "Nova Era", mas que não tem presença no antigo panteão maia. Voltan parece ter sido um mortal que foi deificado por seus grandes feitos e se casou com a deusa Ixchel.

Vukub-Cakix

Deus pássaro gigante, com dentes de esmeralda, que lutou e foi derrotado por Hun Hunahpu e Vukub Hunahpu, pai e tio dos Heróis Gêmeos. Também conhecido como Vucub-Caquix.

Vukubcane

Senhor do submundo Metnal (Xibalba) mencionado no Popol Vuh.

Ways

Na crença maia, cada dia tem sua própria energia e essa energia vai ajudar ou prejudicar nosso caminho. Os Ways (Wayobs) são uma espécie de espíritos protetores, cuja energia auxilia e orienta através do curso dos dias e, assim, da própria vida. Cada pessoa tem um way, conforme sua espiritualidade individual. Tais espíritos podem ser manifestar fisicamente, como um animal, para servir de guia e, neste aspecto, são reconhecidos como Totens ou Guias Totêmicos. Eles também se comunicam através dos sonhos, no qual quem sonha é levado ao Wayib (Lugar do Sonho), onde a alma pode se comunicar diretamente com seu way. Até os deuses maias têm um way atribuído a eles, que guia e orienta sua energia, desde que estejam abertos a tal orientação.

Árvore do Mundo

A grande Árvore da Vida ceiba (também conhecida como Yaxche), que tem suas raízes no submundo, cresce através do mundo médio (terra) e tem seus ramos no paraíso. A Árvore do Mundo cresce através dos nove níveis de Xibalba, passa pela terra e continua através dos treze níveis até Tamoanchan (paraíso). A base da árvore do mundo cresce a partir da casca rachada da Tartaruga Cósmica e o tronco pode ser visto como a Via Láctea, numa orientação norte-sul. No eixo da Árvore do Mundo está o deus-pássaro Itzam-Ye, que conhece todos os segredos dos três planos de existência.

Witzob

Os maias acreditavam que os deuses viviam nas montanhas e Witzob significa "montanha", no caso a montanha sagrada dos deuses, em Tamoanchán. As montanhas não eram consideradas como simples massas de rocha inerte, porém, mas sim como algo vivo, imbuído com a mesma energia espiritual que perpassava os seres humanos e todas as coisas vivas. Devido à sua altura, as montanhas tornaram-se manifestações de poder espiritual e influência. Os famosos templos da região maia, desde Chichén Itzá até Altun Ha, representam montanhas artificiais, construídas especificamente para fazer com que o deus padroeiro daquela cidade em particular, e seus amigos e atendentes, sintam-se em casa.

Xamaniqinqu

Deus padroeiro dos mercadores e viajantes, das energias do norte e do ponto cardeal norte e irmão de Nohochacyum, Yantho, Usukun e Uyitzin. Também conhecido como Xaman Ek.

Xbalanque

Um dos grandes Heróis Gêmeos que aparecem com destaque nos mitos dos maias e no Popol Vuh. Filho de Hun Hunahpu e Xquiq, Xbalanque é considerado o gêmeo guerreiro, que lidera o caminho através do submundo e, com seu irmão Hunahpu, derrota os senhores de Xibalba para criar ordem na terra. Está associado à lua e, em algumas histórias, é a própria lua.

Xecotcovach

Pássaro que serve ao deus Alom. Seu nome significa "Arrancador de Olhos do Rosto" e ele participou da destruição dos seres humanos inferiores da segunda tentativa de criação, arrancando seus olhos.

Xibalba

Termo dos quichés para o submundo, que corresponde ao Metnal dos yucatecas. O nome significa "Lugar do Terror". imaginado como local de moradia de seres sombrios, reservados, perigosos e hostis aos humanos. Na morte, a alma do indivíduo precisava passar por Xibalba antes de chegar ao paraíso e, se essa alma fosse particularmente imprópria, não conseguiria escapar, ficando à mercê de várias divindades, como Cizin, pela eternidade. Ao mesmo tempo, no entanto, deve-se notar que vários dos Senhores de Xibalba estão associados à regeneração e ao renascimento e, de forma alguma, Xibalba pode ser equiparado ao conceito cristão de inferno.

Maya Urn with Jaguar Figure & Skulls
Urna Maia com Figura de Jaguar e Crânios
Walters Art Museum (CC BY-SA)

Xumucane e Xpiayoc

Deuses mais antigos do panteão maia, são os pais de Hun Hunahpu e Vucub Hunahpu, avós dos Heróis Gêmeos, o casal divino e os primeiros guardiões dos dias que ajudaram a criar os seres humanos. De acordo com os quichés, após os treze deuses da criação terem falhado em suas tentativas de criar a humanidade, eles consultaram o casal para descobrir o que haviam feito de errado. Indagaram ao casal divino qual seria o meio adequado para a modelagem dos humanos. Os dois guardiões dos dias consultaram o calendário sagrado e disseram que a madeira parecia um material adequado mas, quando os humanos de madeira ficaram prontos, não atenderam aos objetivos. Podiam andar e falar, mas não tinham respeito pelos deuses e não conseguiam consultar o calendário; assim, os deuses os destruíram numa grande enchente. Em seguida, Xumucane moeu o milho branco e amarelo e lavou as mãos, guardando a água para preparar um caldo sagrado com o qual deu vida aos humanos a partir do milho, dando origem à humanidade atual. Xumucane é a bisavó e Xpiayoc o bisavô de todos os seres humanos. Também ficou conhecida como a parteira divina, responsável por todos os nascimentos, além de casamenteira divina, encarregada de arranjar todos os matrimônios. Como os dois primeiros guardiões dos dias, eles estão intimamente associados ao calendário sagrado.

Xquiq

Também conhecida como Deusa da Lua de Sangue e Donzela de Sangue, ela é filha de Cuchumaquic, um dos Senhores de Xibalba, e a mãe virgem dos Heróis Gêmeos, Hunahpu e Xbalanque. Depois que os Senhores de Xibalba assassinaram Hun Hunahpu e Vucub Hunahpu, eles colocaram a cabeça decepada de Hun Hunahpu no tronco de uma cabaceira do submundo, como um sinal de alerta para aqueles que quisessem enganá-los. Xquiq foi atraída pelo estranho fruto da árvore e, ao se aproximar, foi abordada pela cabeça de Hun Hunahpu, que então cuspiu em na palma da mão da deusa. Ela engravidou dos gêmeos heróis e, seguindo o comando de Hun Hunahpu, deixou Xibalba e se apresentou à mãe dele, Xumucane. Depois de passar por testes para confirmar sua identidade, ela deu à luz os gêmeos, que foram criados principalmente pela avó. Identificada com a lua minguante (como Xumucane com a lua crescente), também está relacionada ao planeta Vênus e descrita como deusa da fertilidade e da maternidade.

Yaluk

Deus supremo do relâmpago, que cria as tempestades enviadas pelo deus da chuva, Chac. Recebe assistência de duas divindades fraternais, Coyopa e Cakulha.

Yantho

Deus hostil à à humanidade e geralmente relacionado a seus irmãos, Usukun e Uyitzin, numa tríade que despreza os seres humanos e se alegra com seu sofrimento. A tríade está associada aos terremotos e destruição em geral, mas também são irmãos do benevolente Nohochacyum; do deus dos mercadores e viajantes, Xamaniqinqu; e da serpente que circunda o mundo, Hapikern.

Yaxche

A Árvore do Mundo, também conhecida como a Árvore da Vida. Ver Árvore do Mundo.

Yumbalamob

Espíritos protetores que habitam o primeiro nível logo acima da terra e atuam como guardiões e protetores dos cristãos. À luz do dia são invisíveis, mas, à noite, eles se posicionam nas cruzes que os fiéis ergueram fora de suas casas e ficam de guarda. Empunhando facas de obsidiana, eles cortam os ventos que danificariam uma aldeia cristã e, também com tais facas, afastam os perigos da selva circundante e enviam mensagens uns aos outros.

Yum Caax

O deus das matas, da natureza, do cacau, das plantas e da caça. Também conhecido como Yom Caax, Yum Kaax e Yum Ka'ax, era regularmente invocado pelos agricultores antes da limpeza dos terrenos para o cultivo. Trata-se de um deus benevolente, que protege as plantas e animais utilizados pelos humanos para seu sustento. Ele é capaz de guiar a flecha dos caçadores para uma presa especial ou virá-la na direção do próprio caçador, caso não receba a devida reverência e respeito.

Yum Cimil

Um dos Senhores de Xibalba, intimamente associado a Ah Puch e Cizin. Como Cizin, ele usa uma gola de olhos pendurados e costuma ser retratado como um ser esquelético, com ossos adornando suas roupas esfarrapadas.

Yumchakob

Também conhecidas como Nukuchyumchakob, são divindades idosas de cabelos brancos, encarregadas de dispensar a chuva. Os Yumchakob são gentis com os seres humanos e adoram fumar charutos. Estão associados a Kukulkán e, de acordo com alguns estudiosos, o grande deus já foi um deles antes de descer à terra. No Yucatán pós-conquista, passaram a ser retratados como morando no sexto nível acima da terra, logo abaixo de El Gran Dios, o deus cristão.

Zac-Cimi

Um dos quatro Bacabs. Ver Cauac.

Zipacna

Gigante arrogante cuja história é contada no Popol Vuh. Filho de Vucub Caquix e Chimalmat e irmão de Cabrakan, caracterizava-se, como o resto de sua família, pela arrogância. Ficou famoso por dois eventos: o conto dos Quatrocentos Garotos e sua morte nas mãos dos Heróis Gêmeos, Hunahpu e Xbalanque, que conseguiram atirar uma montanha sobre ele. Ver Quatrocentos Garotos.

Zotz

Deus dos morcegos, cavernas e padroeiro da tribo Tzotzil.

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Perguntas e respostas

Quantos deuses tinham os maias?

Os maias veneravam mais de 250 divindades em seu panteão.

Quem é o deus maia da criação?

Para os quiché do sul, treze deuses se envolveram na criação dos seres humanos a partir do milho, enquanto os yucatecas do norte citam apenas dois.

Quem é o deus supremo dos maias?

Hunab Ku é considerada a divindade suprema do panteão dos maias, conhecido como o "Deus Único".

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Joshua J. Mark é cofundador e diretor de conteúdos da World History Encyclopedia. Anteriormente, foi professor no Marist College (NY), onde lecionou história, filosofia, literatura e redação. Ele viajou bastante e morou na Grécia e na Alemanha.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2012, julho 07). Panteão Maia [The Mayan Pantheon: The Many Gods of the Maya]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-415/panteao-maia/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Panteão Maia." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação julho 07, 2012. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-415/panteao-maia/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Panteão Maia." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 07 jul 2012. Web. 21 fev 2025.