A civilização de Nazca floresceu no Peru meridional entre 200 a.C. e 600 d.C. e entre seus legados mais famosos estão os geoglifos e as linhas – conhecidos em conjunto como as Linhas de Nazca - situados ao longo da costa sul do Peru e norte do Chile. As imagens trazem desenhos estilizados de animais, plantas e humanos ou linhas simples que conectam locais sagrados ou indicam fontes de água.
As linhas de Nazca, desenhadas através de desertos e colinas, foram feitas por muitos séculos e, embora seu propósito exato ainda seja debatido, a teoria mais amplamente aceita é que serviam como caminhos percorridos em ritos religiosos e procissões. As linhas de Nazca estão listadas pela Unesco como um Patrimônio Histórico Mundial.
Projetos e Dimensões
Era fácil e rápido produzir as linhas pela remoção das rochas superficiais, oxidadas e mais escuras, que se estendem pelo chão mais claro do deserto dos pampas. A aridez da região as preservou bem (embora o Sol possa escurecer a areia mais clara com o tempo) e muitas ainda estão claramente visíveis atualmente. A maior parte das figuras é visível somente do ar, mas algumas foram feitas em vertentes de colinas e, assim, podem ser visualizados do chão.
Existem linhas simples - tanto retas quanto curvas - ou agrupadas e cruzando-se em complicadas configurações. A largura e comprimento podem variar - uma das mais longas tem 20 quilômetros. O comprimento total estimado de todas as linhas chega a 1.300 quilômetros. As que são utilizadas para esboçar uma forma específica compõem-se geralmente de uma linha contínua. As figuras podem ser formas geométricas, tais como triângulos, espirais, trapezoides, setas e zigue-zagues. Como exemplos de formas de animais podem ser citados o beija-flor, condor, macaco, lhama, pato, lagarto, aranha e até uma baleia orca. Árvores, plantas e flores, tais como os cactos, também podem ser encontrados, assim como figuras humanas (especialmente nas vertentes das colinas) e objetos como tripés, teares e leques. Muitas formas ainda estão por ser identificadas. A escala das figuras pode ser imensa e muitas são pelo menos do tamanho de campos de futebol.
A criação destas enormes figuras tornou-se possível através da cuidadosa transposição de modelos em pequena escala, aumentando suas proporções. No total, mais de 300 exemplos de figuras geométricas, animais e humanas foram identificadas, abrangendo, junto com os locais propositalmente limpos, uma área de mais de 640 quilômetros quadrados de deserto.
Propósito
O exato propósito das linhas ainda é muito debatido entre acadêmicos e público em geral. As propostas variam desde mapas astronômicos relevantes para o calendário agrícola a indicadores de rotas sagradas entre os locais religiosos de Nazca, um dispositivo comum em outras culturas antigas da América do Sul. Aquelas nas vertentes das colinas podem ter indicado a direção para os viajantes – e terminaram ser utilizadas desta forma, intencionalmente ou não. As linhas que criam formas nunca se cruzam e geralmente os pontos de partida são diferentes dos finais, indicando que talvez tenham servido como trajetos percorridos durante cerimônias religiosas periódicas. De fato, uma destas linhas conduz diretamente a uma pequena cabana. Sugestões mais fantásticas propõem que as linhas representam a ação de visitantes de outros planetas, mas estas são geralmente rejeitadas pela completa falta de evidências e a facilidade com que as figuras podem ser criadas - um dos experimentos demonstrou que uma pequena equipe poderia limpar 16.000 metros quadrados do deserto numa semana.
Talvez o mais óbvio propósito das linhas seja o desejo dos habitantes de Nazca de mostrar sua reverência pelo mundo natural e homenagear seus deuses, especialmente aqueles que controlavam o clima, tão vital para uma agricultura bem-sucedida nas planícies áridas do Peru. Em apoio a esta visão está o fato de que muitas figuras também aparecem nos tecidos e decoração das cerâmicas de Nazca. Além disso, muitas das linhas retas irradiam-se de colinas e montanhas e outras fontes de água (62 pontos foram identificados); as formas trapezoides com frequência "apontam" na direção de uma fonte de água; e os dois principais sítios da civilização Nazca, Ventilla e Cahuachi, estavam conectados por uma das linhas.
Conclusão
Talvez o verdadeiro propósito das linhas de Nazca seja uma combinação de algumas das sugestões mencionadas acima. É fato que as linhas aparecem em maiores números nas proximidades de povoados e cursos de rios e que foram feitas ao longo de vários séculos. Elas podem ser facilmente desenhadas por um único indivíduo em poucos dias e, com frequência, novas figuras se sobrepõem e ignoram as antigas, o que sugere fortemente uma falta de planejamento unificado de longo prazo. Portanto, pode-se concluir que foram feitas por diferentes grupos, em épocas diversas, e serviam a mais do que um simples objetivo.