A Alimentação e Agricultura dos Maias

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Artigo

Mark Cartwright
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 24 abril 2015
Disponível noutras línguas: Inglês, bósnio, francês, espanhol
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Para os maias, uma produção de alimentos confiável era tão importante para seu bem-estar que o ciclo agrícola relacionava-se estreitamente à astronomia e religião. Eles promoviam rituais e cerimônias importantes em honra dos trabalhadores especializados, desde apicultores a pescadores; e o milho, alimento indispensável da dieta mesoamericana, tinha seu próprio deus. Como seria de se esperar numa sociedade agrícola, 90% da população maia era composta de agricultores. A administração da terra e dos recursos naturais trazia uma colheita mais confiável e dieta variada, permitindo o crescimento econômico. Isso deu condições para o florescimento da cultura maia mas, com o tempo, o esgotamento da terra, uma população sempre crescente e períodos de seca prolongada podem ter levado ao colapso desta civilização.

Yum Caax
Yum Caax
SJu (CC BY-SA)

O Deus do Milho

Uma das mais importantes divindades maias, talvez a maior de todas, era o "Jovem Deus do Milho". Tipicamente retratado com uma cabeça em forma de espiga de milho, ele costumava aparecer na mitologia maia como um deus da criação. Após descer ao submundo, ele reapareceu com a árvore do mundo, que marca o centro da terra e fixa os quatro pontos cardeais. A árvore do mundo era, de fato, visualizada algumas vezes como um pé de milho. Um dos nomes do deus do milho maia era Yum Caax ("Senhor dos Campos na Colheita"); em outros locais, como em Palenque, chamava-se Hun-Nale-Ye ("O Germinado Revelado"). Se qualquer outra prova da reverência maia pelo milho fosse necessária, bastaria consultar o texto religioso Popol Vuh, no qual os antepassados da humanidade são descritos como sendo feitos de milho. Outros alimentos importantes, além do milho, tinham seus próprios deuses, como, por exemplo, Ek Chuah (também chamado Deus M), considerado como o deus do cacau; e, já que a água exercia um papel tão vital para as plantações, o deus da chuva, Chac, ganhava proeminência especial, ainda mais em tempos de seca.

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Para maximizar a produtividade, as culturas eram plantadas juntas, como feijões e abóboras em campos de milho.

Os Métodos Agrícolas dos Maias

A qualidade e quantidade de terra agricultável em torno das cidades maias variava dependendo da localização. Nas planícies de regiões de Petén e Puuk, por exemplo, havia solo relativamente fértil, mas restrito a pequenas áreas. Uma técnica para aumentar a fertilidade do solo era o uso de campos elevados, especialmente próximo de cursos d'água e planícies inundáveis. Nestas áreas, construíam-se terraços com muros de pedra para coletar depósitos de terra fértil. As florestas eram desmatadas para abrir espaço para a agricultura, mas a fertilidade destas áreas rapidamente declinava, requerendo queimadas para rejuvenescer a terra após dois anos de plantio, o que, por sua vez, exigia em média mais 5-7 anos de espera antes de novas semeaduras. Uma necessidade similar de recuperação dos campos ocorria nas regiões montanhosas, nas quais os terrenos precisavam descansar por pelo menos 15 anos. Para maximizar a produtividade, plantava-se mais de uma cultura, como, por exemplo, feijões e abóboras em campos de milho – os primeiros cresciam subindo pelos talos do milharal e a segunda ajudava a reduzir a erosão do solo.

As cidades sem acesso a grandes áreas de terra agricultável recorreriam ao comércio com seus vizinhos mais produtivos. Por exemplo, escravos, sal, mel e produtos de alto valor, como metais, plumas e conchas seriam trocadas por produtos agrícolas. Não está clara a forma de distribuição dos terrenos maiores, como ocorria da transmissão das áreas agrícolas entre gerações e o nível de administração estatal na produção. Sabe-se, porém, que muitas residências particulares dos maias tinham pequenos jardins nos quais alimentos eram cultivados, especialmente vegetais e frutas. Uma vez colhidos, os produtos alimentícios ficaram armazenados em cavaletes acima do solo e em depósitos subterrâneos.

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A gestão hídrica era outra necessidade, especialmente em algumas cidades maias, durante os invernos secos e verões quentes. Armazenava-se a água em sumidouros criados por cavernas desmoronadas e conhecidos como tz'onot (que se tornou, numa corruptela do espanhol, o cenote) e algumas vezes levados aos campos através de canais. Também se escavavam cisternas (chultunob), tipicamente em formato de garrafa e com amplos paramentos em argamassa em torno das entradas para maximizar a coleta de água da chuva.

A Alimentação e Culturas dos Maias

O milho (milpa) era uma das mais culturas mais importantes, assim como raízes (mandioca), além de feijões, abóbora, amaranto e pimenta chili. Os maias cozinhavam o milho em água e lima e o comiam como uma papa, misturado com pimenta chili (saka') na primeira refeição do dia, ou então faziam uma massa para assar numa pedra chata (metate) como tortilhas ou bolos achatados (pekwah) e, finalmente, como tamales [pamonhas] - recheados e assados embrulhados em folhas.

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Maya kakau glyph
Glifo Maia do Cacau
VVVladimir (Public Domain)

Os animais caçados incluíam cervos, porcos do mato, perus, codornas, patos, mutuns, jacus, cuatás, bugios, tapires e tatus. Os cães também eram engordados com milho e comidos. Pescava-se com redes, armadilhas e varas e, como em certas culturas asiáticas, cormorões treinados eram usados para ajudar a capturar os peixes: o pescoço dos cormorões era amarrado, de modo que as aves não conseguiam engolir os peixes maiores e então os traziam para o pescador. Preparava-se a carne e peixe tipicamente em cozidos, junto com vários vegetais e pimentas. Consumia-se o peixe seco e salgado ou tostado sobre uma fogueira.

Entre as frutas consumidas incluíam-se a goiaba, mamão papaia, abacate (avocado), anona e fruta-do-conde. Chocolate espumante e mel contavam-se entre as sobremesas mais populares. Outro drinque popular era a cerveja pulque, conhecida entre os maias como chih, produzida a partir do suco fermentado do agave.

Entre as árvores mais usadas para madeira estavam o sapotizeiro e o guaimaro. A cabaça era cultivada para fazer recipientes da casca da fruta, dura mas leve. Valorizava-se o copal pela sua resina, que era queimada como incenso e usada para a borracha. Finalmente, o algodão também era cultivado, especialmente na província de Yucatán, famosa por seus tecidos finos.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

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Estilo APA

Cartwright, M. (2015, abril 24). A Alimentação e Agricultura dos Maias [Maya Food & Agriculture]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-802/a-alimentacao-e-agricultura-dos-maias/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "A Alimentação e Agricultura dos Maias." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação abril 24, 2015. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-802/a-alimentacao-e-agricultura-dos-maias/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "A Alimentação e Agricultura dos Maias." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 24 abr 2015. Web. 21 dez 2024.