Deuses Egípcios: A Lista Completa

Artigo

Joshua J. Mark
por , traduzido por Matheus Kunitz Daniel
publicado em 14 abril 2016
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Os deuses e deusas do Antigo Egito foram uma parte importante da vida cotidiana das pessoas por mais de 3000 anos. Havia mais de 2000 divindades no panteão egípcio, muitos deles são bem conhecidos ainda hoje, como Ísis, Osíris, Hórus, Amom, Rá, Hator, Bastet, Thoth, Anúbis, Ptah, entre outros. Mas, muitos deles são bem menos conhecidos, porém, não deixam de ter sua importância.

Os deuses mais famosos se tornaram divindades de todo o estado egípcio, enquanto outros eram associados à uma região específica, um ritual ou à uma função. A deusa Kebehut, por exemplo, é uma divindade pouco conhecida que oferecia água fresca para as almas dos mortos enquanto esperavam o julgamento no além e Seshat era a deusa da escrita e de ações específicas que a faziam ser ofuscada por Thoth, o deus da escrita mais conhecido e patrono dos escribas.

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A cultura do Antigo Egito surgiu da compreensão dessas divindades e do papel vital que desempenhavam na jornada imortal de cada ser humano. A historiadora Margaret Bunson escreveu:

Os numerosos deuses do Egito eram os pontos de foco dos ritos de culto e das práticas religiosas pessoais da nação. Eles também desempenhavam um papel nos grandes rituais mortuários e na crença egípcia da felicidade eterna após a morte. (98)

Os deuses evoluíram de um sistema de crença animista para um no qual era altamente antropomórfico e imerso em magia. Heka era o deus da magia e medicina, mas, também era a força primordial, precedendo todos os outros deuses, que possibilitou o ato da criação e sustentou a vida mortal e divina. O valor central da cultura egípcia foi a Maat (harmonia e equilíbrio), representados pela deusa de mesmo nome e sua pena branca de avestruz, e foi Heka quem deu poderes à Maat, assim como ele deu a todas as outras divindades.

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Heka era a manifestação do heka (magia), no qual era entendido como leis naturais que hoje seriam consideradas sobrenaturais, mas, para os egípcios, eram simplesmente como o mundo e o universo funcionavam. Os deuses forneciam às pessoas todas as dádivas, mas era o heka que lhes permite fazer isto.

Todos esses deuses tinham nomes, personalidades e características próprias. Usavam diferentes tipos de roupas, consideravam sagrados diferentes objetos, presidiam seus domínios de influência e reagiam de forma muito individualista aos eventos. Cada divindade tinha sua própria área de atuação, mas eram frequentemente associados a diversas esferas da vida humana.

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Hator, por exemplo, foi a deusa da música, dança e dos bêbados, mas também, era compreendida como uma Deusa-Mãe antiga. Associada à Via Láctea, como uma reflexão divina do rio Nilo e, em sua encarnação anterior, Sekhmet, foi uma destruidora. A deusa Neite foi originalmente a deusa da guerra que se tornou a epítome da Deusa-Mãe. Uma figura carinhosa, a quem os deuses voltavam para resolver suas disputas. Muitos deuses e deusas, como Seth ou Sélquis, se transformaram ao longo do tempo para assumir outros papéis e responsabilidades.

Essas transformações algumas vezes foram dramáticas, como no caso de Seth que foi de deus protetor e herói para um vilão e o primeiro assassino do mundo. Sélquis foi, muito provavelmente, a primeira Deusa-Mãe, e seu papel posterior como protetora contra criaturas venenosas (especialmente escorpiões) e guardiã das mulheres e crianças reflete essas características. Bunson escreveu:

Os egípcios não tinham problemas com uma infinidade de deuses e raramente deixavam de lado velhas divindades em favor de novas. As características e os papéis de vários deuses eram unidos para reconciliar diferentes crenças, costumes ou ideais. Por razões políticas e religiosas, por exemplo, o deus tebano Amom, que foi considerado a mais poderosa divindade no Império Novo, foi unido a Rá, um deus do sol cujo culto datava dos primórdios do Egito. A adoração dos deuses do Egito evoluiu ao longo do tempo, à medida que grandes cultos se desenvolveram em escala local e depois nacional. (99)

A lista a seguir, dos deuses e deusas do Antigo Egito, é derivada de inúmeros trabalhos sobre o assunto no qual segue a bibliografia logo abaixo. Todas as tentativas foram feitas para criar uma lista abrangente, mas divindades regionais menores foram omitidas se seu papel parece incerto ou se foram transformadas em deuses maiores. Quando um deus maior evoluiu de uma divindade menor, estará descrito.

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Estão também incluídos conceitos, como o Campo de Juncos ou o Lago dos Lírios, que eram regiões no além associadas aos deuses. As definições das características dos deuses e os papéis que desempenharam são sintetizadas para maior clareza, mas deve-se notar que nem toda divindade foi compreendida da mesma forma ao longo da história do Egito.

Osíris, por exemplo, era mais provável um deus da fertilidade no Período Pré-dinástico do Egito (c. 6000-3150 a.C.) mas, já era compreendido como o Primeiro Rei no Período Dinástico Inicial (c. 3150-2613 a.C.) e foi o deus mais popular no Egito durante o Império Novo (1570-1069 a.C.) ao mesmo tempo em que Amom era considerado o Rei dos Deuses. Embora esses desenvolvimentos às vezes sejam observados abaixo, os deuses são geralmente descritos nos papéis pelos quais eram mais conhecidos no auge de sua popularidade.

Índice

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U W Y Z

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A

- Um deus anteriormente da lua que evoluiu para Iá (também conhecido como Iah ou Yah) e, por fim, para Khonsu.

Aken – Guardião do barco que transportava as almas através do Lago dos Lírios para o Campo de Juncos no além. Ele dormiu até que Hraf-Haf, o mal-humorado Barqueiro Divino, precisou dele. Seu nome só aparece no Livro dos Mortos.

Aker – O horizonte divino, guardião de todo o horizonte no além. Ele protegia a barca solar de Rá quando ela saía e entrava do submundo ao amanhecer e anoitecer.

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Almas de Nekhen e Pe - Espíritos protetores considerados as almas ancestrais da cidade de Nekhen, no Alto Egito (também conhecida como Hieracômpolis), e da cidade de Pe, no Baixo Egito (também conhecida como Buto). Esses espíritos uniam simbolicamente o Alto e o Baixo Egito e serviam ao rei em vida e após a morte. Enquanto o rei vivia, ele era identificado com Hórus, a quem as almas encorajavam, e quando o rei morria, ele se associava a Osíris, a quem as almas lamentavam e honravam. As almas de Pe são representadas como homens com cabeças de falcão, e as de Nekhen como homens com cabeças de chacal. Ambos são vistos em inscrições tumulares dos reis ajoelhados para honrar a chegada do rei falecido no além.

Amenhotep, Filho de Haku – Deus da cura e da sabedoria. Junto de Hardedef e Imotepe, foi um dos poucos seres humanos a serem divinizados pelos egípcios. Ele foi o arquiteto real de Amenhotep III (1386-1353 a.C.). Ele era considerado tão inteligente que, após sua morte, foi divinizado. Ele tinha um grande templo no oeste de Tebas e um centro de cura em Deir Elbari.

Amentet (Imentet) – Uma deusa que recebia com comida e bebida os mortos na vida após a morte. Conhecida como “Aquela do Oeste”, Amentet era a consorte do Barqueiro Divino. Ela vivia em uma árvore próxima aos portões do submundo. Filha de Hator e Hórus.

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Am-Heh – Um deus no submundo que vivia em um lago de fogo, conhecido como “devorador de milhões” e “devorador da eternidade”.

Ammit (Ammut) – “Devoradora de Almas”, uma deusa com cabeça de crocodilo, tronco de leopardo e traseiro de hipopótamo. Ela sentava sob a balança da justiça no Salão da Verdade no além e devorava os corações daquelas almas que foram justificadas por Osíris.

Amom (Amom-Rá) – Deus do Sol e do ar. Um dos deuses mais poderosos e populares do Antigo Egito, patrono da cidade de Tebas, onde ele foi cultuado como parte da Tríade Tebana de Amom, Mut e Khonsu. Em alguns períodos, era o supremo rei dos deuses, embora originalmente fosse um deus menor da fertilidade. Durante o Império Novo ele foi considerado o deus mais poderoso do Egito e sua adoração beirou o monoteísmo. Outros deuses eram até mesmo considerados meras expressões de Amom nessa época. Seu sacerdócio era o mais poderoso do Egito e a posição de Esposa de Deus de Amom, dada às mulheres reais, era quase igual à do faraó.

Amonete – A contraparte feminina de Amom, membra da Ogdóade.

Anate – Deusa da fertilidade, sexualidade, amor e da guerra. Foi originalmente da Síria ou de Canaã. Em alguns textos ela é descrita como a Mãe dos Deuses enquanto em outros ela é uma virgem e, ainda em outros, como sendo sensual e erótica, descrita como a mais bela deusa. Em uma versão de As Contendas de Hórus e Seth, ela é dada como uma consorte de Seth por sugestão de Neite. Frequentemente comparada a Afrodite da Grécia, Astarte da Fenícia, Inana da Mesopotâmia e Sauska dos hititas.

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Andjety – Deus antigo da fertilidade associado à cidade de Busiris (Andjet). Seu nome significad “Ele de Andjet” associado ao símbolo djed. Com o tempo foi absorvido por Osíris e seu nome foi associado com este deus.

Anhur (Han-Her) – Também conhecido por Onúris pelos gregos. Deus da guerra e patrono do exército egípcio. Ver Onúris.

Anta – Uma versão da Deusa-Mãe Mut cultuada em Tânis como consorte de Amom.

Anti – Um Deus-Falcão do Alto Egito, às vezes associado à Anat.

Anúbis – Deus da morte associado ao embalsamento. Filho de Néftis e Osíris, e pai de Kebechet. Anúbis é retratado como um homem com uma cabeça de cachorro ou chacal carregando um cajado. Ele guiava as almas dos mortos ao Salão da Verdade e fazia parte do ritual da Pesagem do Coração da Alma no além. Foi provavelmente o deus original dos mortos antes que esse papel fosse dado a Osíris, quando ele foi feito filho de Osíris.

Anuke – Originalmente deusa da guerra e uma das divindades mais antigas do Egito, às vezes consorte de Anhur, deus da guerra. Ela veio a ser associada à Néftis e, em um grau menor, à Ísis e em alguns textos é dita como sua irmã mais nova. Representações antigas mostram-na em traje de batalha segurando um arco e flecha, mas foi transformada em Deusa-Mãe e numa figura carinhosa. Os gregos a associam à Héstia.

Anúquis (Anuquete) – Deusa da fertilidade e a catarata do rio Nilo em Assuã.

Apedemak – Um deus da guerra representado como um leão, originalmente acreditava-se ser de Núbia.

Apep (Apófis) – Apep, a serpente celestial, atacava a barca do Sol de Rá toda noite enquanto ela atravessava o submundo em direção ao amanhecer. Os deuses e as almas justificadas ajudavam Rá a afastar a serpente. O ritual conhecido como A Derrubada de Apófis era realizado nos templos para ajudar os deuses e as almas que já partiram a proteger a barca e garantir a chegada do dia.

Ápis – O Touro Divino cultuado em Mênfis como uma encarnação do deus Ptah. Um dos primeiros deuses do Antigo Egito, retratado na Paleta de Narmer (3150 a.C.). O Culto de Ápis foi um dos mais importantes e duradouros na história da cultura egípcia.

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Arensnuphis – Companheiro da deusa Ísis e cultuado primeiramente no local sagrado dela em Filas. Ele era retratado como um leão ou um homem com um cocar de penas. Originalmente de Núbia.

Asclépio – Um deus da cura dos gregos que também era cultuado no Egito, em Sacará, e identificado com a divindade Imotepe. Seu símbolo que, provavelmente derivava do deus Heka, era um cajado com uma serpente enrolada em volta, associada nos dias atuais com a cura e a profissão médica, conhecido como O Bastão de Asclépio.

Ash – Deus do deserto líbio, uma divindade gentil que fornecia o oásis para os viajantes.

Astarte – Deusa fenícia da fertilidade e sexualidade, frequentemente comparada a Afrodite dos gregos, Inana/Ishtar da Mesopotâmia e Sauska dos hititas, referida como deus do Céu. Na mitologia egípcia ela é dada como consorte de Seth, junto de Anat, pela deusa Neite.

Aton (Aten) – O disco solar, originalmente uma divindade do Sol que foi elevado pelo faraó Akhenaton (1353 – 1336 a.C.) à posição de deus único, criador do universo.

Atum (Rá) – O deus-sol, senhor supremo dos deuses, primeiro deus da Enéada (tribunal dos nove deuses), criador do universo e dos seres humanos. Atum (Rá) é o primeiro ser divino que ficou no monte primordial em meio ao caos e recorre às forças mágicas de Heka para criar todos os outros deuses, seres humanos e a vida na Terra.

Auf (Efu-Rá) – Um aspecto de Atum (Rá).

B

Baal – Deus da tempestade originário da Fenícia. Seu nome significa “Senhor” e ele foi uma divindade importante em Canaã, cultuado no Egito apenas no período posterior ao Novo Reino (1570-1069 a.C.)

Ba’alat Gebal – Deusa fenícia da cidade de Biblos, uma divindade protetora. Incorporada à adoração egípcia através de sua associação ao papiro, que veio de Biblos.

Babi (Baba) – Era um deus da virilidade, retratado como um babuíno e simbolizava a sexualidade masculina.

Banebdjedet – Um deus da fertilidade/virilidade que aparece como um carneiro ou um homem com cabeça de carneiro, associado à cidade de Mendes, também pode ser outro nome para Osíris.

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Ba-Pef – Deus do terror, especificamente do terror espiritual. Seu nome pode ser traduzido como “aquela alma”. Ele vivia na Casa da Aflição no além e era conhecido por afligir o rei do Egito. Ele nunca teve um templo de adoração, mas, existiu um Culto de Ba-Pef para acalmar o deus e proteger o rei.

Barqueiro Celestial (Hraf-Haf) – “Aquele Que Olha Para Trás”, o barqueiro mal-humorado que transportava as almas dos mortos justificados através do Lago dos Lírios até as margens do paraíso no Campo de Juncos. Hraf-Haf era grosseiro e desagradável e a alma tinha que encontrar uma forma de ser cortês para que pudesse chegar ao paraíso. Hraf-Haf é retratado como um homem em um barco com sua cabeça virada para a parte de trás de seu corpo.

Bastet (Bast) – A bela deusa dos gatos, segredos das mulheres, partos, fertilidade e protetora do lar e da lareira contra o mal e o infortúnio. Ela era filha de Rá e muito associada à Hator. Bastet foi uma das divindades mais populares do Antigo Egito. Homens e mulheres a veneravam igualmente e carregavam talismãs de seu culto. Ela foi tão universalmente cultuada que, em 525 a.C., os persas usaram a devoção egípcia à Bastet em sua vantagem para vencer a Batalha de Pelúsio. Eles pintaram imagens de Bastet em seus escudos e conduziram animais na frente de seu exército, pois sabiam que os egípcios iriam preferir se render do que ofender a deusa. Ela é retratada com um gato ou uma mulher com a cabeça de um gato, e seu principal centro de culto ficava em Bubástis.

Bate – Uma antiga deusa vaca associada à fertilidade e o sucesso. Ela é uma das mais antigas deusas egípcias datando do início do Período Pré-dinástico (c. 6000-3150 a.C.). Bate é retratada como uma vaca ou uma mulher com orelhas e chifres de vaca, e é muito provável que seja ela na imagem no topo da Paleta de Narmer (c. 3150 a.C.) já que era associada ao sucesso do rei. Ela abençoava as pessoas devido sua habilidade de ver tanto o passado quanto o futuro. Com o passar do tempo, foi absorvida por Hator que tomou suas características.

Bennu – Uma divindade ave mais conhecido como o Pássaro Bennu, o pássaro divino da criação e inspiração para a fênix grega. O Pássaro Bennu estava intimamente associado a Atum, Rá e Osíris. Estava presente no alvorecer da criação como uma versão de Atum (Rá) onde voou sobre as águas primordiais e despertou a criação com seu choro. Posteriormente, determinou o que seria e não seria incluído na criação. Ele era associado a Osíris através da imagem do renascimento, pois o pássaro estava intimamente ligado ao Sol, morria a cada noite e nascia novamente na manhã seguinte.

Bes (Aha ou Bisu) – Deus do parto, fertilidade, sexualidade, humor e guerra. Popularmente conhecido como Deus-Anão. Ele é um dos deuses mais populares na história egípcia, protegia mulheres e crianças, afastava o mal, e lutava pela ordem divina e justiça. Ele era frequentemente representado mais como um espírito (um “demônio”, embora não no sentido moderno da palavra) do que uma divindade, mas era cultuado como um deus e estava presente em diversos itens dos lares egípcios. Como na mobília, espelhos e cabos de facas. Sua consorte era Taweret, a deusa hipopótamo do parto e da fertilidade. Bes era retratado como um anão barbado com longas orelhas, genitais proeminentes, pernas arqueadas e sacudindo um chocalho. Ele é sempre mostrado em uma posição de proteção, de frente, observando seus protegidos.

Beset – A versão feminina de Bes invocada em magia cerimonial. Como um deus protetor, Bes também afastava a magia negra, fantasmas, espíritos e demônios. Sua versão feminina era chamada para combater essas forças.

Buchis – Expressão do Ka (força vital/eu astral) do deus Montu na forma de um touro vivo. Representado como um touro correndo.

C

Campo de Juncos – O paraíso egípcio no além onde a alma podia entrar depois de passar no julgamento e ser justificado por Osíris. Era um reflexo direto da vida na Terra, onde se continuava a aproveitar tudo como antes, mas sem doenças, decepções ou ameaça de morte.

Campo de Oferendas – Uma região no além dedicada a Osíris, localizada no Oeste. Em algumas escrituras é o sinônimo do Campo de Juncos.

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D

Dedun – Um deus protetor de recursos, especificamente de bens vindos da Núbia. Originalmente uma divindade núbia.

Denwen – Uma divindade serpente na forma de um dragão cercado por chamas. Ele tinha poder sobre o fogo e era forte o suficiente para destruir os deuses. Nos Textos das Pirâmides, ele tenta matar todos os deuses com seu sopro de fogo, mas é dominado pelo espírito do rei morto que salvou a criação.

Deusas das Árvores - Várias deusas egípcias conhecidas estavam associadas a árvores, principalmente Ísis, Hator e Nut. Deuses masculinos às vezes eram ligados a certas árvores, mas apenas em mitos ou imagens específicas. Hator era muito associada à árvore de sicômoro e conhecida como "Senhora do Sicômoro", mas Ísis também estava ligada a essa árvore. A prática de enterrar um corpo em um caixão de madeira era vista como um retorno do falecido ao ventre da Deusa-Mãe.

Deuses Estelares - Deuses e deusas identificados com o céu noturno. Na época do Império Médio (2040-1782 a.C.), os egípcios haviam identificado cinco dos planetas, que chamavam de "Estrelas que Não Descansam" e associaram a deuses: chamavam Mercúrio de "Sebegu" (uma forma do deus Seth); Vênus ("Aquele que Cruza" e "Deus da Manhã"); Marte ("Hórus do Horizonte" e "Hórus, o Vermelho"); Júpiter ("Hórus que Limita as Duas Terras"); Saturno ("Hórus, o Touro dos Céus"). Além disso, a estrela Sírius estava associada a Sothis e depois a Ísis, enquanto Órion representava o deus Sah, "Pai dos Deuses". O aparecimento de Sírius anunciava a inundação do Nilo, a promessa de fertilidade e representava a natureza cíclica da existência, portanto, passou a ser ligado a Osíris, o deus que morre e revive, e a Ísis, aquela que o revive. As estrelas eram então chamadas de "Seguidores de Osíris", que navegavam pelo céu noturno de acordo com um padrão divino. Sah e Sothis nos céus refletiam o casal divino Osíris e Ísis, e o deus Sopdu (filho de Sothis), a forma astral de Hórus. Assim, o céu noturno contava as histórias mais significativas da cultura egípcia e garantia às pessoas uma eternidade na presença dos deuses quando olhavam para as estrelas.

Divindades das Cavernas – Um grupo de deuses sem nome viviam em cavernas no submundo e puniam os espíritos pecaminosos e ajudavam as almas dos mortos justificados. Eles são mencionados no Feitiço 168 do Livro dos Mortos egípcio e são representados por serpentes ou seres semelhantes a serpentes. O feitiço é popularmente conhecido como “Feitiço das Doze Cavernas” e faz menção às oferendas que deveriam ser deixadas para eles. O povo do Egito deixava tigelas de oferendas em cavernas para eles.

Divindades do Julgamento – Ver Quarenta e Dois Juízes.

Duamutef – Um dos Quatro Filhos de Hórus, um deus protetor do vaso canópico que contém o estômago. Ele presidia o leste, tinha a forma de chacal e era vigiado pela deusa Neite.

E

Enéada – Os nove deuses cultuados em Heliópolis que formavam o tribunal no Mito de Osíris: Atum, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Osíris, Ísis, Néftis e Seth. Esses nove deuses decidem quem entre Hórus e Seth deve governar na história As Contendas de Hórus e Seth. Eles eram conhecidos como A Grande Enéada. Houve também uma Pequena Enéada venerada em Heliópolis composta por divindades menores.

F

Fetket – O mordomo do Deus-Sol Rá que o servia bebidas, deus patrono dos garçons de bar.

Filhos de Hórus - Ver Quatro Filhos de Hórus.

G

Geb – Deus da Terra e das coisas que crescem. Geb é filho de Shu e Tefnut, e marido de Nut, o céu.

Gengen Wer – O ganso celestial cujo nome significa “Grande Grasnador”. Ele esteve presente no alvorecer da criação e guardou (ou chocava) o ovo celestial contendo a força vital. Ele é um deus protetor que foi cultuado muito cedo na história do Egito. Os seguidores de Gengen Wer se identificaram com seus atributos protetores e usavam talismãs lembrando-os de respeitar a vida e honrar a Terra.

H

- Um deus protetor, Senhor do Deserto Ocidental, também conhecido como Senhor dos Líbios. Era o deus do deserto a oeste do Egito, filho do deus Iaau, que provavelmente também era um deus do deserto. Há protegia contra os líbios e abria oásis para viajantes no deserto. Era representado como um jovem forte com o símbolo do deserto sobre a cabeça.

Hapi - Deus da fertilidade e do limo do Nilo, associado à inundação que fazia o rio transbordar, depositando a terra fértil essencial para as plantações. Hapi era um deus muito antigo, cujo nome pode ter se originado do próprio rio, personificando o Nilo durante a cheia. Ele é retratado como um homem com seios e barriga grandes, simbolizando fertilidade e abundância.

Hapy – Também conhecido como Hapi, um deus protetor, um dos Quatro Filhos de Hórus, que guardava o vaso canópico contendo os pulmões. Presidia o norte, tinha a forma de um babuíno e era protegido por Néftis.

Hardedef - Filho do rei Quéops (2589–2566 a.C.), que escreveu um livro chamado Instruções em Sabedoria. A obra era tão brilhante que foi considerada divina, e ele foi deificado após a morte.

Haroeris - Nome grego para a versão celeste de Hórus, o Velho (também chamado de Hórus, o Grande), que aparecia no mundo terreno como um falcão.

Harpócrates - Nome grego e romano para Hórus, o Menino, filho de Osíris e Ísis. Representado como um menino alado com o dedo nos lábios, era venerado na Grécia como deus dos segredos, do silêncio e da confidencialidade.

Hatmehit - Deusa-Peixe venerada no Delta, na região de Mendes. Seu nome significa "A Primeira entre os Peixes" e surgiu do símbolo totêmico da região.

Hator - Uma das divindades mais conhecidas, populares e importantes do Egito Antigo. Filha de Rá e, em algumas histórias, esposa de Hórus, o Velho. Uma deusa muito antiga, foi enviada por Rá para destruir a humanidade por seus pecados. Porém, os outros deuses imploraram para que Rá a detivesse antes que todos os humanos fossem exterminados. Rá então preparou um tonel de cerveja tingida de vermelho (parecendo sangue) e a deixou em Dendera. Hator, em seu frenesi, bebeu, adormeceu e acordou como a deusa benevolente, amiga de todos. Era a padroeira da alegria, inspiração, celebração, amor, saúde feminina, parto e até da embriaguez – um de seus nomes era "A Senhora da Embriaguez". Acreditava-se que ela vivia em sicômoros, sendo também chamada de "A Senhora do Sicômoro". Na vida após a morte, ela guiava as almas dos mortos e era uma das protetoras da barca solar de Rá contra Apep. Os gregos a associavam a Afrodite. Era representada como uma vaca ou uma mulher com cabeça de vaca e suas características foram absorvidas mais tarde por Ísis.

Hator-Nebet-Hetepet - Uma versão de Hator como Mãe Divina, cultuada em Heliópolis. Representava a "mão" ativa do deus supremo Atum (Rá).

Haurun - Deus protetor associado à Grande Esfinge de Gizé. Originalmente um deus cananeu ligado à destruição que plantou a árvore da morte. Foi transformado em deus da cura quando trazido ao Egito por trabalhadores e mercadores cananeus e sírios. Sua associação com a Esfinge de Gizé veio destes trabalhadores estrangeiros que acreditavam que a Esfinge representava Haurun e construíram um santuário em sua homenagem em frente
à estátua. Era chamado de "O Pastor Vitorioso" devido a um feitiço de proteção usado por caçadores.

Hedetet - Deusa dos escorpiões e protetora contra seu veneno, uma versão antiga de Sélquis.

Heh e Hauhet - Deus e deusa do infinito e da eternidade. Heh era representado como um sapo, e Hauhet como uma serpente. Seus nomes significam "infinito", e faziam parte da Ogdóade (grupo de oito deuses primordiais).

Heka - Um dos deuses mais antigos e importantes do Egito. Patrono da magia e da medicina, mas também era a força primordial do universo. Existia antes dos deuses e participou da criação. Mais tarde, foi visto como filho de Khnum e Menhit, formando uma tríade em Latópolis. Ele era representado como um homem carregando um cajado e uma faca, e os médicos eram chamados de "Sacerdotes de Heka". A magia era uma parte integral da prática médica no Antigo Egito, e assim, Heka se tornou uma divindade importante para os médicos. Ele matou duas serpentes e as enrolou em um cajado como símbolo de seu poder, símbolo este que (na verdade, foi emprestado pelos sumérios) os gregos adaptaram para o caduceu de Hermes. Nos dias atuais o caduceu é frequentemente confundido com o Bastão de Asclépio na iconografia relacionada à profissão médica.

Hequet - Deusa da fertilidade e do parto, representada como um sapo ou uma mulher com cabeça de sapo.

Heret-Kau - Deusa protetora cujo nome significa "Aquela que Está Acima dos Espíritos". Cultuada no Antigo Império (c. 2613-2181 a.C), era um espírito da vida que também protegia as almas na vida após a morte. Seus atributos foram depois absorvidos por Ísis.

Herishaf - Deus da fertilidade representado como um homem com cabeça de carneiro. Cultuado desde o Período Dinástico Antigo (c. 3150-2613 a.C.), foi depois associado a Atum (Rá) e Osíris que absorveram seus atributos.

Heset - Deusa da comida e da bebida, ligada à cerveja e ao prazer. Foi uma deusa antiga representada como uma vaca com uma bandeja de comida nos chifres e leite fluindo de suas tetas. A cerveja era chamada de "o leite de Heset". Seus atributos foram incorporados por Hator. Ele fez parte da Tríade de Heliópolis junto de Mnevis e Anúbis.

Hetepes-Sekhus - Personificação do Olho de Rá, aparecendo como uma deusa-serpente no além a morte que destrói os inimigos de Osíris. É retratada junto a crocodilos.

Hórus - Um deus ave que se tornou uma das mais importantes divindades do Egito. Associado ao sol, céu e poder. Ligado aos faraós desde a Primeira Dinastia (c. 3150-2890). Embora o nome “Hórus” possa se referir a uma série de divindades aves, ele designa principalmente duas: Hórus, o Velho, um dos primeiros cinco deuses nascidos no início da criação, e Hórus, o Jovem, que era filho de Osíris e Ísis. Após o aumento da popularidade do Mito de Osíris, Hórus, o Jovem, tornou-se um dos deuses mais importantes do Egito. Na história, depois que Osíris é assassinado por seu irmão Seth, Hórus é criado por sua mãe nos pântanos do Delta. Quando ele atinge a maioridade, ele luta contra seu tio pelo reino e vence, restaurando a ordem na terra. Os faraós do Egito, com algumas exceções, se ligaram a Hórus em vida e a Osíris na morte. O faraó era considerado a encarnação viva de Hórus e, por meio dele, o deus deu todas as coisas boas ao seu povo. Ele geralmente é retratado como um homem com cabeça de falcão, mas é representado por muitas imagens diferentes. Seus símbolos são o Olho de Hórus e o falcão.

Hu - Deus da palavra falada, personificação da primeira palavra dita por Atum (Rá) no alvorecer da criação. Associado a Sia e Heka. Sia representava o coração, Hu a língua e Heka sua força subjacente que lhes dava seu poder. Hu é frequentemente visto como uma representação do poder de Heka ou Atum e é retratado em textos funerários guiando a alma para o além.

I

Iá (Yah) - Um deus da lua que figura proeminente no calendário egípcio. Na história da criação do mundo, Atum fica irritado com o relacionamento íntimo entre Geb (terra) e Nut (céu) e os separa, declarando que Nut não poderia dar à luz seus filhos em nenhum dia do ano. O deus Toth apareceu e apostou com Iá por cinco dias de luz da lua. Ele venceu e dividiu as horas de luar em dias que, como não faziam parte do ano decretado por Atum, permitiram que Nut desse à luz. Ela então gerou os primeiros cinco deuses: Osíris, Ísis, Seth, Néftis e Hórus, o Velho, em julho. Os egípcios regulavam seu calendário com esses cinco dias mágicos. Iá mais tarde foi absorvido pelo deus Khonsu.

Iabet - Deusa da fertilidade e do renascimento, conhecida como "Aquela do Leste" e às vezes associada a Amenet ("Aquela do Oeste"). Iabet presidia os desertos orientais e, com o tempo, passou a personificá-los. Ela também era chamada de "A Purificadora de Rá", pois banhava o sol antes que ele aparecesse no céu do amanhecer e personificava a frescura do sol matinal. Ela mais tarde foi absorvida por Ísis.

Ihy - Deus da música e da alegria, especificamente do som do sistro (instrumento musical). Filho de Hator e Hórus, o Velho. Era cultuado junto com Hator em Dendera e invocado em festivais. Seu nascimento é celebrado em inscrições nas paredes das casas de nascimento em Dendera, na crença de que a alegria e a música deveriam receber as crianças ao nascer. Representado como uma criança segurando um sistro.

Imhotep - O vizir do rei Djoser (c. 2670 a.C.), que projetou e construiu a Pirâmide de Degraus. Viveu por volta de 2667–2600 a.C. e foi um polímata, especialista em diversas áreas. Seu nome significa "Aquele que Vem em Paz" e, após sua morte, foi deificado como deus da sabedoria e da medicina. Os gregos o identificaram como Asclépio, e ele era invocado em feitiços de cura. Seus tratados médicos afirmavam, contra a crença convencional, que as doenças tinham origem natural e não eram um castigo dos deuses.

Imsety - Um deus protetor, um dos Quatro Filhos de Hórus, que guardava o vaso canópico contendo o fígado. Presidia o sul, tinha a forma de um homem e era protegido por Ísis.

Ipy - Uma deusa-mãe associada, em alguns textos, à mãe de Osíris, também conhecida como Opet e "A Grande Opet". Ela é representada como um hipopótamo ou uma combinação de hipopótamo, crocodilo, mulher e leão, geralmente com cabeça de leão, corpo de hipopótamo, braços humanos e pés de leão. Era chamada de "Senhora da Proteção Mágica" e é mencionada pela primeira vez nos Textos das Pirâmides como protetora e nutridora do rei.

Ishtar - A deusa mesopotâmica do amor, sexualidade e guerra. Originalmente era Inanna para os sumérios e acádios, tornando-se Ishtar para os assírios e influenciando o desenvolvimento de outras deusas semelhantes, como Afrodite (gregos), Astarte (fenícios), Hator (egípcios) e Shaushka (hititas). Foi introduzida no Egito provavelmente através do comércio no Período Dinástico Antigo (c. 3150–2613 a.C.), mas ganhou destaque após a conquista assíria do Egito por Assurbanipal em 666 a.C.

Ísis - A deusa mais poderosa e popular da história egípcia. Associada a praticamente todos os aspectos da vida humana, ela foi elevada à posição de divindade suprema, "Mãe dos Deuses", que cuidava tanto dos outros deuses quanto dos seres humanos. Ela é a segunda dos Primeiros Cinco Deuses (Osíris, Ísis, Seth, Néftis e Hórus, o Velho), irmã-esposa de Osíris, mãe de Hórus, o Jovem, e simbolicamente entendida como a mãe de todo faraó. Seu nome egípcio, Eset, significa "Deusa do Trono", devido à sua associação com a realeza. Também era chamada de Weret-Kekau, "A Grande Magia", por causa de seus poderes incríveis. Ela protegia os vivos e aparecia aos mortos para guiá-los em segurança para o paraíso. Após a conquista do Egito por Alexandre, o Grande (331 a.C.), seu culto se espalhou para a Grécia e depois para Roma. Durante o Império Romano, ela era venerada em todo o território da Europa, da Britânia à Anatólia. O Culto de Ísis foi o maior rival da nova religião, o cristianismo, entre os séculos IV e VI d.C., e sua iconografia e crenças foram incorporadas à nova fé. A imagem da Virgem Maria com o menino Jesus deriva diretamente de Ísis segurando Hórus, e a figura de Jesus como o "Deus que Morre e Ressuscita" é uma versão de Osíris.

Ísis-Eutéria - Uma versão grega posterior de Ísis, cultuada no Egito, cujas lágrimas — quando ela chorava por Osíris — eram consideradas a causa da inundação do Rio Nilo.

Iusaaset - Uma deusa-mãe muito antiga, chamada de "Avó dos Deuses" e ligada a Atum na criação do mundo. Ela é representada no Período Dinástico Antigo (c. 3150–2613 a.C.) como uma mulher com o ureu e o disco solar na cabeça, segurando um cetro e o ankh (símbolo da vida). Estava associada à árvore de acácia, a "Árvore da Vida", considerada a mais antiga do Egito. Era conhecida como "Senhora da Acácia", um epíteto depois atribuído a Hator. Os gregos a chamavam de Saosis.

Iw - Uma deusa da criação cultuada em Heliópolis, associada a Hator e Atum, combinando as qualidades de Hator, Nebet e Hetepet.

J

Júpiter-Amom – A versão romana de Zeus-Amom, rei dos deuses, cultuado no Oásis de Siuá no Egito.

K

Kagemni - Um vizir do rei Snefru (c. 2613–2589 a.C.) que escreveu o texto de sabedoria conhecido como Instruções de Kagemni. O livro era considerado tão importante que era leitura obrigatória para os filhos da realeza. Ele foi deificado após a morte e venerado como um deus da sabedoria.

Kebehut (Kebehwet ou Qebet) - Ela era originalmente uma deusa-serpente celestial que se tornou conhecida como filha de Anúbis e uma divindade funerária. Ela fornecia água pura e fresca às almas dos falecidos enquanto aguardavam julgamento no Salão da Verdade. Estava associada a Néftis como uma amiga dos mortos.

Kek e Kauket - Deuses da obscuridade e da noite, membros da Ogdóade de Hermópolis. Kek e Kauket eram os aspectos masculino e feminino da escuridão, mas não estavam associados ao mal. Kek era o deus das horas que antecediam o amanhecer e era conhecido como "Aquele que Traz a Luz", pois guiava a barca solar de Rá do submundo para o céu. Kauket, seu complemento feminino, era representada como uma mulher com cabeça de serpente e chamada de "Aquela que Traz a Escuridão", presidindo o crepúsculo, quando o sol se punha, e guiando a barca solar para o submundo.

Khentekhtai (Khente-Khtai) - Era um deus-crocodilo venerado na Quarta Dinastia (c. 2613–2498 a.C.) na cidade de Athribis. Seu nome e atributos protetores foram mais tarde absorvidos por Hórus.

Khentiamenti (Khentiamentiu) - Um deus da fertilidade de Abidos que se tornou uma divindade funerária. Seu nome significa "O Primeiro dos Ocidentais" (também chamado de "O Mais Importante dos Ocidentais"), referindo-se ao seu papel como deus dos mortos (associado ao oeste). Seu nome e características foram posteriormente incorporados por Osíris.

Khepri - Uma expressão de Rá, o deus do sol, em sua forma matinal, representado pelo escaravelho.

Kherty (Cherti) - Era um deus do submundo com cabeça de carneiro que transportava os mortos em sua última jornada para a vida após a morte. No Antigo Império (c. 2613–2181 a.C.), dizia-se que ele governava o além junto com Osíris. Kherty reinava sobre a entrada e os corredores que levavam ao Salão da Verdade, enquanto Osíris governava o Salão e o Campo de Juncos. Os mortos eram recebidos por outras divindades ao chegarem ao além e depois levados ao Salão da Verdade para serem julgados por Kherty. Nesse papel, ele era benevolente, mas algumas inscrições sugerem que ele era um inimigo da ordem que ameaçava o rei falecido ao entrar no submundo. Por outro lado, também era retratado como protetor do rei.

Khnum (Khenmu) - Conhecido como "O Grande Oleiro", Khnum era um deus antigo do Alto Egito, provavelmente originário da Núbia. Nos mitos mais antigos, ele era o deus que moldava os seres humanos a partir da argila do Rio Nilo e os erguia para que a luz de Rá brilhasse sobre eles, dando-lhes vida. Os humanos eram então colocados em um útero, de onde nasciam na terra. Khnum é representado como um deus com cabeça de carneiro, simbolizando virilidade e fertilidade. Ele formava uma tríade com as deusas Anuket e Satis em Elefantina, na fronteira do Egito com a Núbia. Associado ao deus Kherty, outro deus com cabeça de carneiro, mas uma entidade completamente diferente. Ele é o patrono dos oleiros e dos que trabalham com cerâmica.

Khonsu (Kons, Chonsu, Khensu ou Chons) - Seu nome significa "O Viajante", e ele era o deus da lua. Formava uma das tríades mais importantes e influentes de Tebas, junto com seu pai, Amom, e sua mãe, Mut. Ele é representado como uma múmia segurando o cajado e o mangual, com um ureu e um disco lunar na cabeça. Khonsu substituiu o antigo deus Montu como filho de Mut e também assumiu suas qualidades protetoras. Durante o Império Novo (1570–1069 a.C.), ele era extremamente popular e venerado como o maior entre os deuses depois de Amom. Estava associado à cura, e acreditava-se que imagens de Khonsu tinham o poder milagroso de curar os doentes instantaneamente.

L

Lago das Flores (Lago dos Lírios) - O corpo de água no além que as almas dos mortos justificados atravessavam para alcançar o paraíso no Campo de Juncos. No Livro dos Mortos, as almas justificadas são descritas como podendo nadar e se regozijar às margens desse lago.

M

Maahés (Mahes, Mihos ou Mysis) - Um poderoso deus solar e protetor dos inocentes, representado como um homem com cabeça de leão portando uma faca longa ou como um leão. Seu nome está ligado à deusa da harmonia e verdade, Maat, e pode significar "Verdadeiro perante Maat". Essa interpretação é provável, pois seus outros nomes incluem "Senhor do Massacre" e "O Senhor Escarlate", referindo-se ao seu papel de punir os que violavam a ordem sagrada presidida pela deusa. Geralmente considerado filho de Bastet, também é referido como filho de Sekhmet – o que faz sentido, já que ambas estão associadas a felinos/leões. Possivelmente era um aspecto do deus Nefertum (também filho de Bastet) e formava uma tríade com Nefertum e Imhotep em Mênfis. Associado pelos gregos às Fúrias, devido à sua natureza vingativa.

Maat - Deusa da verdade, justiça e harmonia, uma das divindades mais importantes do panteão egípcio. Ela colocou as estrelas no céu e regulou as estações. Personificava o princípio da maat (harmonia), central para a cultura do Egito Antigo. Maat acompanhava as pessoas em vida, estava presente na forma da Pena da Verdade durante o julgamento da alma no além e permanecia como uma presença no paraíso do Campo de Juncos. É representada como uma mulher usando uma coroa com uma pena de avestruz. A palavra maat significa "aquilo que é reto", e o conceito de harmonia permeava todos os aspectos da vida egípcia. Tudo tinha seu momento apropriado dentro da maat, mas todas as ações precisavam ser reconhecidas e realizadas no tempo certo.

Mafdet (Mefdet) - Uma das primeiras deusas da justiça, que proferia julgamentos e executava punições com rapidez. Seu nome significa "Aquela que Corre", pela velocidade com que aplicava a justiça. É a primeira divindade felina do Egito, antecedendo Bastet e Sekhmet. Protegia as pessoas de picadas venenosas, especialmente de escorpiões, precedendo Sélquis, que mais tarde assumiu esse papel. Todos os atributos de Mafdet foram absorvidos por outras deusas, mas ela continuou popular desde o Período Dinástico Antigo (c. 3150–2613 a.C.) até o Império Novo (1570–1069 a.C.), quando aparece como juíza no além. É representada como uma mulher com cabeça de gato, guepardo, leopardo ou lince, segurando uma corda e a lâmina do carrasco.

Mandulis (Marul ou Merwel) - Uma divindade solar núbia venerada pelos egípcios em Filae e Kalabsha, no Alto Egito, próximo à fronteira com a Núbia. O primeiro templo dedicado a ele foi construído em Kalabsha durante a 18ª Dinastia (c. 1550–1292 a.C.). Associado a Rá e Hórus, é representado como um falcão usando uma coroa com chifres (coroa hemhem) ou como um humano com a mesma coroa e serpentes. Como aspecto de Rá, aparecia como uma criança (simbolizando o sol da manhã) e como um adulto (representando o o fim do dia).

Mau - O gato divino que, em algumas histórias, estava presente no alvorecer da criação como um aspecto de Rá. Mau protegia a Árvore da Vida – que guardava os segredos da vida eterna e do conhecimento divino – contra a serpente maligna Apep. A história de Mau e a árvore é contada no Feitiço 17 do Livro dos Mortos, onde fica claro que o gato é uma personificação de Rá. O mesmo feitiço afirma que essa é a origem dos gatos na Terra.

Mehen - O deus-serpente que se enrolava em Rá em sua barca solar para protegê-lo dos ataques de Apep. Nos mitos mais antigos, ele protege Rá enquanto Seth enfrenta a serpente.

Mehet-Weret - Uma antiga deusa do céu e uma das divindades mais antigas do Egito. É a vaca celestial que surgiu das águas primordiais do caos para dar à luz o Deus-Sol Rá no início dos tempos. Seu nome significa "A Grande Inundação", e ela está associada à fertilidade e à abundância. Após dar à luz o sol, ela o colocava entre seus chifres e todas as manhãs o erguia ao céu. Seus atributos foram depois absorvidos por Hator.

Mehit (Meyht) - Deusa da lua do Período Dinástico Antigo (c. 3150–2613 a.C.), identificada com o conceito da "Deusa Distante", que se afasta de Rá e retorna trazendo transformação. Geralmente representada como uma leoa reclinada com três paus saindo de suas costas. Consorte de Anhur.

Mekhit - Deusa da guerra, provavelmente de origem núbia, representada como uma leoa rugindo e associada à lua. Simbolizava o aspecto vingativo do Olho de Rá. Em um mito, o Olho de Rá parte para a Núbia, onde se transforma em uma leoa. O deus Onúris a caça e a traz de volta a Rá, onde ela se torna (ou dá à luz) Menhit, que então se torna consorte de Onúris. Era cultuada em Abidos, em um centro religioso dedicado a ela e a Onúris. A história de Menhit, Onúris e o Olho de Rá é um exemplo do tema da "Deusa Distante", em que o olho de Rá parte e retorna (ou é trazido de volta), trazendo transformação.

Menhit (Menhyt) - Deusa solar que representava a testa do Deus-Sol Rá, retratada como uma leoa reclinada. Era cultuada na região do Delta e associada a Neite e Uadjit como uma deusa protetora.

Meretseger - Deusa protetora na forma de uma naja, venerada em Tebas. Especificamente, guardava a necrópole do Vale dos Reis.

Merit - Deusa da música que ajudou a estabelecer a ordem cósmica por meio da música. Era uma deusa menor que acabou totalmente eclipsada por Hator em relação à música. Hator tornou-se associada ao sistro e à música em geral, mas, originalmente, Merit era a deusa que "regia" a sinfonia da ordem que acompanhava a criação.

Mesenet - Deusa do parto e uma das divindades mais antigas do Egito. Mesenet estava presente no nascimento de cada pessoa, criando seu ka (aspecto da alma) e soprando-o em seu corpo. Ao fazer isso, ela determinava o destino do indivíduo por meio de seu caráter. Também estava presente no julgamento da alma na vida após a morte, como uma consoladora, estando assim com a pessoa no nascimento, durante a vida e após a morte. É representada como um tijolo de parto (a pedra onde as mulheres se agachavam para dar à luz) com cabeça de mulher ou como uma mulher sentada com um tijolo de parto na cabeça. Seu papel de determinar o destino foi assumido posteriormente pelas Sete Hator, mas ela continuou a ser venerada nas casas ao longo da história egípcia.

Mestjet - Deusa com cabeça de leoa cultuada em Abidos como um dos muitos aspectos do Olho de Rá. Certamente participava de histórias da "Deusa Distante", como outras divindades associadas ao Olho de Rá, mas nenhum mito seu foi encontrado até hoje. É conhecida apenas por uma única estela em Abidos, que a mostra em pé com um ankh em uma mão e um cajado na outra, enquanto uma mulher e sua filha se aproximam para prestar homenagem.

Min - Antigo deus da fertilidade do Período Pré-Dinástico (c. 6000–3150 a.C.). Min era o deus dos desertos orientais, que protegia os viajantes, mas também estava associado ao lodo negro e fértil do Delta egípcio. Em inscrições antigas, é mostrado como marido de Ísis e pai de Hórus, sendo assim associado a Osíris. Min é representado como um homem segurando seu pênis ereto em uma mão e o cajado da autoridade na outra.

Mnévis (Mer-Wer ou Nem-Wer) - O touro sagrado de Heliópolis, considerado um aspecto do Deus-Sol Rá. Era um touro vivo escolhido por sua pelagem totalmente negra. Apenas um touro Mnévis podia existir por vez, e outro só era escolhido após a morte do primeiro. Com o tempo, foi absorvido por Ápis.

Montu - Deus falcão que ganhou proeminência na 11ª Dinastia, em Tebas (c. 2060–1991 a.C.). Seu nome foi adotado pelos três governantes da dinastia na forma de Mentuhotep ("Montu está satisfeito"). Posteriormente, foi associado a Rá como o deus composto Montu-Rá e a Hórus como um deus da guerra. Os gregos o equiparavam a Apolo.

Mut - Uma antiga deusa-mãe que provavelmente tinha um papel menor no Período Pré-Dinástico (c. 6000–3150 a.C.), mas que depois se tornou proeminente como esposa de Amom e mãe de Khonsu, parte da Tríade Tebana. Mut era uma deusa protetora associada a Bastet e Sekhmet. Protegia as pessoas em vida e, no Feitiço 164 do Livro dos Mortos, é retratada como salvadora de almas presas por demônios no além. Também era a protetora divina do rei e do Estado, assando conspiradores e traidores em sua braseira flamejante.

N

Nebethetpet - Deusa cultuada em Heliópolis como a personificação da mão de Atum, o princípio feminino ativo do deus.

Nefertum (Nefertem) - Deus do perfume e dos aromas doces. Nefertum nasceu do broto da flor de lótus azul no alvorecer da criação e era originalmente um aspecto de Atum. Seu nome significa "Atum, o Belo". Posteriormente, tornou-se uma divindade independente e foi associado a flores perfumadas. Está ligado ao renascimento e à transformação através de sua conexão com o Deus-Sol e as flores. Na medicina egípcia, era invocado por suas fragrâncias curativas e associado ao incenso.

Néftis - Deusa funerária, uma das primeiras cinco divindades nascidas de Geb e Nut após a criação do mundo, esposa de Seth, irmã gêmea de Ísis e mãe de Anúbis. Seu nome significa "Senhora do Recinto do Templo" ou "Senhora da Casa", referindo-se a uma morada celestial. É representada como uma mulher com uma casa na cabeça. Néftis é frequentemente, e erroneamente, considerada uma deusa menor, quando na verdade era cultuada em todo o Egito desde os primeiros períodos até a última dinastia. Era vista como a deusa das trevas em contraste com a luz de Ísis, mas isso não tinha conotação negativa, apenas representava o equilíbrio. Néftis tem papel central no mito de Osíris: transforma-se em Ísis para seduzir Osíris, revela a localização do corpo de Osíris a Seth e ajuda sua irmã a reviver o rei morto. Era conhecida como "Amiga dos Mortos" por cuidar das almas no além, e as carpideiras profissionais, que encorajavam a expressão do luto, eram chamadas de "Milhafres de Néftis". No texto "As Lamentações de Ísis e Néftis", ela chama a alma de Osíris de volta da morte. Esse texto era recitado em festivais, cerimônias e funerais em todo o Egito.

Nehebkau (Nehebu-Kau) - "Aquele que Une o Ka", um deus protetor que unia o ka (aspecto da alma) ao corpo no nascimento e ligava o ka ao ba (aspecto alado da alma) após a morte. É representado como uma serpente e, como Heka, sempre existiu. Nehebkau nadava nas águas primordiais no alvorecer da criação, antes que Atum emergisse do caos para impor a ordem.

Nehmetawy - Deusa protetora cujo nome significa "Aquela que Abraça os Necessitados". Era cultuada em Hermópolis, onde era considerada esposa de Nehebkau. Em outras regiões, era a consorte do deus da sabedoria e da escrita, Toth.

Neite - Uma das divindades mais antigas e duradouras do Egito Antigo, cultuada desde o Período Pré-Dinástico (c. 6000–3150 a.C.) até a Dinastia Ptolemaica (323–30 a.C.), a última a governar o Egito antes da dominação romana. Neite era uma deusa da guerra, da criação, da maternidade e dos funerais, além de padroeira da cidade de Sais, no Delta do Nilo. Foi a deusa mais importante do Baixo Egito nos primeiros períodos e manteve uma posição proeminente no culto por milênios. Nas representações antigas, aparece com um arco e flechas, e um de seus epítetos era "Senhora do Arco". Como deusa criadora, era identificada com as águas do caos (Nun) antes da criação, sendo chamada de "Avó dos Deuses" ou "Mãe dos Deus". Acreditava-se que ela havia inventado o parto e estava intimamente ligada à vida e ao crescimento. Como deusa-mãe, era a mediadora das disputas divinas, mais conhecida por resolver a questão entre Hórus e Seth sobre quem deveria governar o Egito quando o tribunal dos deuses não conseguia decidir. Também se destacou como deusa funerária que protegia os mortos. Sua estátua aparece junto às de Ísis, Néftis e Sélquis na tumba de Tutancâmon. É a deusa guardiã de Duamutef, um dos Quatro Filhos de Hórus que protegem os vasos canópicos, e também é retratada como uma juíza justa dos mortos no Salão da Verdade.

Nekhbet - Deusa protetora na forma de um abutre que guardava o Alto Egito. Era associada a Uadjit, protetora do Baixo Egito. As duas são chamadas de "As Duas Senhoras".

Nekheny - Deus protetor na forma de um falcão, patrono da cidade de Nekhen no Período Pré-Dinástico (c. 6000–3150 a.C.). Seus atributos foram posteriormente absorvidos por Hórus.

Neper - Deus dos grãos, filho da deusa da colheita Renenutet. Era a personificação do trigo e associado a Osíris como deus da fertilidade. Neper é anterior a Osíris e pode ter sido um dos deuses mais antigos que prefiguram o Mito de Osíris. O Texto do Caixão II.95 refere-se a ele como o deus que "vive depois de morrer", e inscrições o ligam à figura do "Deus que Morre e Ressuscita" antes da popularidade de Osíris.

Nu (Nun) e Naunet - Nu era a personificação do caos primordial do qual o mundo surgiu. Naunet é seu aspecto feminino e consorte. Nu é comumente chamado de "Pai dos Deuses", enquanto Naunet só é mencionada em relação à Ogdóade, o grupo de oito deuses primordiais (quatro homens e quatro mulheres) que representam os elementos originais da criação. Em alguns mitos posteriores, a deusa Neite é associada a Nu.

Nut - A deusa primordial do céu, personificação da abóbada celeste, esposa de Geb (Terra), mãe de Osíris, Ísis, Seth, Néftis e Hórus, o Velho. Após o monte primordial emergir das águas do caos na criação, Atum (Rá) enviou seus filhos Shu e Tefnut para criar o mundo. Quando eles retornaram, ele ficou tão feliz que derramou lágrimas de alegria, que se tornaram seres humanos. Essas criaturas não tinham onde viver, então Shu e Tefnut se uniram para gerar Geb (Terra) e Nut (céu). A relação deles era tão íntima que perturbou Atum, que empurrou Nut para longe de Geb e a fixou no alto. Ele também decretou que ela não poderia dar à luz em nenhum dia do ano. Toth, o deus da sabedoria, apostou com Iah, deus da lua, e ganhou cinco dias de luz lunar, que transformou em dias. Nut pôde então dar à luz seus cinco filhos em cinco dias consecutivos em julho, que não faziam parte do ano original de Atum. Em algumas versões do mito, é Khonsu quem perde a aposta para Toth.

O

Ogdóade - Os oito deuses que representam os elementos primordiais da criação: Nu e Naunet (água); Heh e Hauhet (infinito); Kek e Kauket (escuridão); Amun e Amaunet (ocultação, obscuridade). O conceito de equilíbrio, tão importante para a cultura egípcia, era personificado nas diversas ogdóades de deuses e espíritos locais.

Onúris (Anhur) - Deus da guerra e da caça. Seu nome significa "Aquele que Traz de Volta a Distante", referindo-se à história em que ele recupera o Olho de Rá da Núbia. Nesse mito, o Olho de Rá sai do Egito e se transforma em uma leoa. Onúris caça a leoa, captura-a e a leva de volta a Rá, onde ela se transforma na deusa Mekhit, que então se torna sua consorte. Essa história é um exemplo do tema da "Deusa Distante", em que o Olho de Rá se afasta do Deus-Sol e depois é trazido de volta (ou retorna por si só), trazendo transformação. Onúris era considerado filho de Rá e associado ao deus Shu. Sua imagem (como Anhur) aparecia nos estandartes do exército egípcio, pois ele liderava as tropas na guerra, protegia-as em batalha e as trazia em segurança para casa. Era o deus padroeiro do exército egípcio e dos caçadores.

Osíris - Senhor e juiz dos mortos, um dos Primeiros Cinco Deuses nascidos de Nut no alvorecer da criação, e um dos deuses mais populares e duradouros do Egito. Seu nome significa "Poderoso" ou "Potente". Originalmente um deus da fertilidade, Osíris ganhou popularidade e influência por meio do Mito de Osíris, no qual ele é assassinado por seu irmão Seth, ressuscitado por sua esposa Ísis, torna-se pai do deus do céu Hórus e desce ao submundo como Juiz dos Mortos. No Livro dos Mortos, ele é frequentemente mencionado como o juiz justo no Salão da Verdade, que pesa o coração dos mortos contra a pena branca de maat. Ele é um dos primeiros exemplos da figura na mitologia do "Deus que Morre e Ressuscita", que influenciaria versões posteriores, como a de Jesus Cristo. Os faraós se identificavam com Osíris após a morte, e ele geralmente é retratado como uma múmia (símbolo da morte) com pele verde ou negra (representando a fertilidade do Nilo e a vida). Era tão venerado que muitas pessoas no Egito Antigo pagavam para ser enterradas em Abidos, perto de seu centro de culto, e aqueles que não podiam custear isso encomendavam memoriais em Abidos, acreditando que a proximidade com Osíris na Terra garantia acesso mais fácil ao paraíso após a morte. Seu culto fundiu-se naturalmente ao de sua esposa, e o Culto de Ísis, com seu simbolismo de salvação, vida eterna, o deus que morre e revive, e o filho divino nascido de uma mãe virgem, influenciaria o desenvolvimento do cristianismo primitivo.

Osíris-Ápis - O boi Ápis, tradicionalmente associado ao deus Ptah, foi vinculado a Osíris conforme este último ganhava popularidade. Em Sacará, os sacerdotes passaram a venerar um deus híbrido chamado Osíris-Ápis, que era o deus em forma de touro. Assim como ocorria com o Ápis tradicional, um touro vivo era considerado uma encarnação do deus. Quando o touro sagrado morria, era mumificado com o mesmo cuidado dedicado a um faraó.

P

Pakhet - Deusa caçadora em forma de leoa, cujo nome significa "Aquela que Arranha" ou "Rasgadora". Era uma consorte de Hórus e associada aos aspectos vingativos de Sekhmet e à justiça de Ísis. Acreditava-se que ela caçava à noite e aterrorizava seus inimigos.

Panebtawy - O deus criança, personificação do rei como filho divino de Hórus e também de Hórus em sua forma infantil. Era representado como um menino com o dedo nos lábios, prefigurando a imagem posterior de Harpócrates, a versão grega de Hórus criança. Seu nome significa "Senhor das Duas Terras". Era filho de Tasenetnofret, uma deusa local de Kom Ombo que era uma manifestação de Hator.

Pataikos - Divindades menores amuléticas que representavam o poder do deus Ptah. Eram representados como deuses-anões e usados como proteção.

Peixe Lates - O perca-do-Nilo, sagrado para a deusa Neite, venerado como uma entidade divina em Esna.

Peteese e Pihor - Dois irmãos humanos conhecidos como "os filhos de Kuper" que se afogaram no rio Nilo perto de Dendur. Foram deificados por sua associação com Osíris, decorrente de sua morte no rio, e serviam como deuses locais da proteção. O imperador Augusto construiu um templo em sua homenagem em Dendur, que hoje está exposto no Metropolitan Museum of Art em Nova York. Os relevos do templo mostram os irmãos-deuses oferecendo presentes a Ísis.

Pico - Conhecido como "Pico do Oeste", era a personificação do pico mais alto dos penhascos que dominavam o Vale dos Reis, venerado pelos trabalhadores de Deir el-Medina como um poder protetor.

Ptah - Um dos deuses mais antigos do Egito, que aparece no Período Dinástico Inicial (c. 3150-2613 a.C.), mas provavelmente remonta ao Período Pré-Dinástico (c. 6000-3150 a.C.). Ptah era o grande deus de Mênfis, criador do mundo, senhor da verdade e principal divindade da cidade de Mênfis e seus arredores por volta de 3000 a.C. Ptah era originalmente a figura que ficava sobre o monte primordial do ben-ben durante a criação do mundo. Provavelmente era um antigo deus da fertilidade e está associado à árvore moringa, sob a qual, em um mito antigo, ele gostava de descansar. Era o deus padroeiro de escultores, artesãos e construtores de monumentos, pois acreditava-se que ele havia esculpido a terra. Às vezes era chamado de Ptah-Nun ou Ptah-Naunet em seu aspecto criativo, ligando-o às substâncias primordiais da Ogdóade. É representado como um homem mumificado usando um barrete, segurando o cetro Was de autoridade com os símbolos ankh e djed no topo.

Ptah-hotep - Autor de um dos mais famosos Textos de Sabedoria, que foi deificado após sua morte e honrado com seu próprio culto.

Ptah-Sokar-Osíris - Um deus híbrido desses três, associado à criação, morte e renascimento. Cultuado durante o Império Médio (2040-1782 a.C.).

Q

Qebet - Ver Kebehut.

Qebehsenuef - Um deus protetor, um dos Quatro Filhos de Hórus que guardava o vaso canópico dos intestinos. Presidia o oeste, tinha a forma de um falcão e era protegido por Sélquis.

Quarenta e Dois Juízes – As quarenta e duas divindades que, presididas por Osíris, Thoth e Anúbis, faziam o julgamento das almas no além. Assim que a alma fazia a Confissão Negativa (Declaração de Inocência) os Quarenta e Dois Juízes aconselhavam Osíris sobre se a confissão deveria ser aceita. Eles tinham nomes como Peregrino Distante, Abraçador do Fogo, Demolidor, Perturbador, Senhor das Faces, Serpente Que Traz e Concede, entre outros.

Quatro Filhos de Hórus – Quatro divindades, Duamutef, Hapi, Imset e Qebehsenuef, que vigiavam as vísceras ou os mortos nos quatro vasos canópicos guardados na tumba. Cada um tinha seu próprio ponto cardeal para guardar, seu próprio órgão interno para proteger e era vigiado por uma deusa específica.

Qudshu (Qadesh) - Deusa síria do amor, consorte do deus da guerra Reshep, assimilada ao culto egípcio durante o Império Novo (1570-1069 a.C.). Era a deusa do prazer sexual e do êxtase sagrado, associada a Hator, Anat e Astarte. Seu nome significa "Sagrada" e ela é sempre representada como uma mulher esbelta e nua segurando os símbolos do erotismo e fertilidade: flores de lótus em sua mão direita e serpentes ou caules de papiro na esquerda. Era amplamente venerada em todo o Egito. Seu culto recriava o casamento sagrado entre Qudshu e Reshep, um ritual há muito associado aos cultos de Ishtar/Inanna na Mesopotâmia e Astarte na Fenícia.

R

Rá (Atum ou Ré) - O grande Deus-Sol de Heliópolis, cujo culto se espalhou por todo o Egito e se tornou o mais popular durante a Quinta Dinastia (2498-2345 a.C.). As pirâmides de Gizé estão associadas a Rá como o senhor supremo e deus criador que governava tanto a terra dos vivos quanto a dos mortos. Durante o dia, ele conduzia sua barca solar pelos céus, mostrando um aspecto diferente de si mesmo a cada movimento do sol no céu. À noite, mergulhava no submundo, onde a barca era ameaçada pela serpente primordial Apep (Apófis) e precisava ser defendida por outros deuses e pelas almas dos mortos justificados. Rá estava entre os deuses mais importantes e populares do Egito. Mesmo quando o deus Amom ganhou proeminência, a posição de Rá permaneceu inabalável, e ele se fundiu com Amom para se tornar Amon-Rá, o deus supremo.

Raettawy (Raet ou Raet-Tawy) - Era o aspecto feminino de Rá. Associada a Hator, é representada de forma muito semelhante a ela, com o ureu na cabeça segurando o disco solar, às vezes com duas penas sobre o disco.

Rá-Harakhte (Raharakty ou Rá-Harakhty) - Um deus falcão, fusão de Rá e Hórus, que personificava o sol nos dois horizontes: o nascente e o poente. "Harakhte" significa "Hórus do Horizonte". Ele é representado como um homem com cabeça de falcão, usando o disco solar como coroa.

Renenutet (Renenet ou Ernutet) - Uma deusa muito importante, representada como uma naja ou uma naja ereta com cabeça de mulher. Seu nome significa "Serpente que Nutre", e ela era a deusa da amamentação e do cuidado com as crianças. Com o tempo, tornou-se intimamente associada a Mesenet, deusa do parto e do destino, chegando até a superá-la na determinação da duração da vida de uma pessoa e dos eventos importantes que a afetariam. Junto com Mesenet, também era associada a Neite e, às vezes, retratada como mãe de Osíris, tendo Ísis como esposa de Osíris e mãe de Hórus, ou como esposa ou consorte de Atum. No além, ela aparecia como a "Senhora da Justificação", ligando-a à deusa Maat. Acreditava-se que ela protegia as roupas usadas pelo rei no além, sendo também conhecida como "Senhora das Vestes". Nessa função, aparecia como uma cobra cuspindo fogo que afastava os inimigos do rei. Também era uma deusa dos grãos, conhecida como "Senhora dos Campos Férteis" e "Senhora dos Celeiros", que protegia a colheita e era mãe de Nepri, deus do grão. Como deusa da fertilidade, estava ainda ligada ao rio Nilo e à inundação, e assim a Hapi, deus do lodo fértil do Nilo.

Renpet - Deusa que personificava o ano. Nas inscrições, é representada por um ramo de palmeira com entalhes que significam a passagem do tempo, o hieróglifo para "ano". Ela não tinha um culto ou templo formal, mas era parte essencial da compreensão egípcia do tempo: como algo impregnado, como tudo o mais, de personalidade e vitalidade.

Reret - Uma deusa protetora na forma de um hipopótamo, cujo nome significa "Porca". Ela representava a constelação de Draco e era protetora da barca solar em sua jornada pelo submundo. Como constelação, às vezes era chamada de Reret-weret ("A Grande Porca") e referida como Senhora do Horizonte. Está associada à mais conhecida deusa hipopótamo Taueret e, como deusa do céu e força protetora, a Hator e Nut.

Reshep - Um deus sírio da guerra assimilado ao culto egípcio durante o Império Novo (1570-1069 a.C.). Era o consorte da deusa do prazer sexual e do êxtase sagrado Qudshu (Qadesh) e era venerado com ela em uma tríade que incluía o deus da fertilidade Min. O casamento sagrado de Qudshu e Reshep era reencenado por seus seguidores, ligando o culto ao de Inanna/Ishtar da Mesopotâmia, que já praticava esse ritual há muito tempo. Reshep também está ligado à Mesopotâmia por sua identificação na iconografia com o deus da guerra mesopotâmico Nergal. Como deus da pestilência, também está associado a Seth, deus do caos e das terras áridas. Reshep é sempre representado como um guerreiro forte, segurando uma clava de guerra erguida e usando uma saia e uma longa barba de estilo mesopotâmico.

Ruty - Os deuses-leões gêmeos que representavam os horizontes oriental e ocidental. O nome significa "Par de Leões". Originalmente associados a Shu e Tefnut como deuses do céu, acabaram sendo ligados a Rá e à barca solar.

S

Sah - Um deus astral, personificação da constelação de Órion, geralmente associado a Sothis (Sopdet) como representações das formas astrais de Osíris e Ísis. Nos Textos das Pirâmides, é chamado de "Pai dos deuses" e tinha um papel importante nos rituais funerários, onde recebia o rei no além. Conhecido também como "Habitante de Órion", o capítulo 186 dos Textos das Pirâmides saúda a alma: "Em nome do Habitante de Órion, com uma estação no céu e uma estação na terra", que pode ser entendido como "com uma estação no céu após uma estação na terra". Ele é representado como um homem segurando o ankh e o cetro Was, em pé em um barco cercado por estrelas em um céu noturno.

Sai - A personificação da percepção e da reflexão, que representava o coração (sede da emoção, do pensamento e do caráter). Sia formava uma díade com Hu (representando a língua), personificação da autoridade da palavra falada, e uma tríade com Hu e Heka, deus da magia e da medicina, mas também a força primordial no universo que dava poder à vida e sustentava maat. Sia representava o intelecto, enquanto Hu simbolizava a palavra de Ptah (ou Atum), que transformava o pensamento em realidade, e Heka era a força subjacente que lhes dava poder. Sia é representado como um homem em pé à direita de Ptah (mais tarde, Atum/Rá) segurando seu rolo de papiro. No Vale dos Reis, ele é visto em pinturas como um membro da tripulação a bordo da barca solar de Rá.

Satis (Satet ou Satit) - Deusa da fronteira sul do Egito com a Núbia, associada a Elefantina na região de Assuã. Seu nome aparece pela primeira vez em jarros de pedra em Sacará, colocados nas câmaras inferiores da Pirâmide de Degraus de Djoser (c. 2670 a.C.), e acredita-se que ela seja uma deusa mais antiga, do Período Pré-Dinástico (c. 6000-3150 a.C.). Às vezes é vista como consorte de Khnum, deus do Nilo em Elefantina, onde os egípcios acreditavam que o rio se originava, e está associada ao Olho de Rá e ao tema da Deusa Distante em algumas histórias, onde ela retorna de uma grande distância para trazer transformação. Nessa função, está ligada à inundação do Nilo. Também está associada a Sothis (Sopdet), a personificação da estrela Sírius, cujo aparecimento no céu noturno anunciava a inundação. Ela é representada como uma mulher usando a Coroa Branca do Alto Egito com chifres de antílope.

Sebiumeker - Um deus guardião que era uma divindade importante em Meroe, Kush, como deus da procriação e fertilidade. Sebiumeker está associado a Atum como deus criador e pode ter sido o deus supremo do panteão na região que hoje é o Sudão. Suas estátuas, junto com as de outro deus chamado Tabo, foram frequentemente encontradas perto de portais, levando à interpretação de que ele era um deus guardião. No entanto, pode não ser o caso; sua colocação em portais pode ter tido um significado relacionado à transformação, especialmente quando posicionado nas entradas de templos.

Sed - Uma antiga divindade chacal cujo nome aparece pela primeira vez na Pedra de Palermo da Quinta Dinastia (2498-2345 a.C.), mas que provavelmente é muito mais antigo. Ele era o protetor da realeza e do rei individual. Presidia o Festival Sed (também conhecido como Festival Heb-Sed), realizado a cada trinta anos de reinado para rejuvenescê-lo. Com o tempo, ele foi absorvido por Wepwawet, ou pode ser que Wepwawet (cujo nome significa "Aquele que Abre os Caminhos") fosse simplesmente um dos nomes de Sed que se tornou mais popular. Como protetor do rei divino, Sed estava associado à justiça e, portanto, vinculado à deusa Maat.

Sefkhet-Abwy (Safekh-Aubi) - Ver Seshat.

Sekhmet - Uma das deusas mais significativas do Egito Antigo. Sekhmet era uma divindade leonina, geralmente representada como uma mulher com cabeça de leão. Seu nome significa "Poderosa" e é geralmente interpretado como "A Poderosa". Ela era uma deusa da destruição e da cura, dos ventos do deserto e das brisas frescas. Era filha de Rá e aparece em uma das histórias mais importantes relacionadas ao tema do Olho de Rá/Deusa Distante. Quando Rá se cansou dos pecados da humanidade, enviou Sekhmet para destruí-la. Ela devastou a terra até que os outros deuses imploraram a Rá que a detivesse antes que os humanos fossem completamente exterminados. Rá tingiu um tonel de cerveja de vermelho para atrair a sede de sangue de Sekhmet e o deixou em Dendera, onde ela o bebeu e caiu em um sono profundo; quando acordou, havia se tornado a benevolente Hator. Sekhmet continuou a existir em sua forma leonina, no entanto, e era a deusa padroeira do exército por seus poderes de destruição e vingança. Ela era conhecida como "A Esmagadora dos Núbios" nesse aspecto, mas também trazia desastres naturais. Pragas eram chamadas de "Mensageiras de Sekhmet" ou "Carrascos de Sekhmet". Da mesma forma que podia trazer os ventos do deserto, podia desviá-los, e o mesmo com pestilências; assim como trouxe a peste, podia curá-la e era conhecida como "Senhora da Vida" nessa capacidade (e, portanto, era frequentemente invocada em feitiços e encantamentos de cura por médicos antigos). Ela estava intimamente associada a outras divindades leoninas, como Bastet e Pakhet, e era considerada o aspecto agressivo e violento da deusa Mut.

Sélquis (Serket, Selket, Serqet ou Serkis) - Uma deusa protetora e também uma importante deusa funerária, provavelmente originária do Período Pré-Dinástico (c. 6000-3150 a.C.) e mencionada pela primeira vez durante a Primeira Dinastia do Egito (c. 3150-2890 a.C.). Ela é mais conhecida por sua estátua dourada encontrada na tumba de Tutancâmon. Sélquis era uma deusa escorpião, representada como uma mulher com um escorpião na cabeça e os braços estendidos em uma pose protetora. Ela pode ter sido uma antiga Deusa-Mãe que evoluiu para uma divindade que protegia as pessoas (especialmente crianças) do veneno de escorpiões e, depois, para uma que protegia de todo veneno. Uma história conhecida como Ísis e os Sete Escorpiões conta como Ísis foi insultada por uma mulher rica e Sélquis, que havia enviado sete escorpiões como guarda-costas de Ísis, ordenou que um deles picasse o filho da mulher. O menino ia morrer do veneno, mas Ísis o salvou e perdoou a mulher. Depois disso, Sélquis seguiu o exemplo de perdão de Ísis e protegeu outras crianças de escorpiões. Seus sacerdotes eram em grande parte médicos que invocavam seu nome em curas. No além, ela ajudava a guiar as almas dos mortos para o paraíso e protegia uma certa seção perigosa da jornada. Junto com Ísis, Neite e Néftis, ela vigiava os Quatro Filhos de Hórus enquanto eles guardavam as vísceras dos mortos nas tumbas.

Senhora da Acácia - Um dos nomes da deusa Iusaaset, a "Avó dos Deuses", posteriormente atribuído a Hator.

Senhora do Sicômoro - Um dos títulos de Hator, que se acreditava viver na árvore de sicômoro, sagrada em seu culto.

Sepa - Um deus protetor na forma de uma centopeia com cabeça de burro ou chifres, conhecido como "A Centopeia de Hórus". Era venerado como a divindade que protegia contra picadas de cobra, e alguma forma de Sepa era cultuada no Período Pré-Dinástico (c. 6000-3150 a.C.). Ele tinha seu próprio templo em Heliópolis, onde estava associado a Osíris em uma forma mumificada, simbolizando seus poderes protetores no além.

Serápis - O deus híbrido criado por Ptolomeu I Sóter do Egito (r. 323-283 a.C.), o primeiro governante da Dinastia Ptolemaica (323-30 a.C.), a última dinastia a governar o Egito antes da tomada romana. Serápis era uma mistura de Osíris e Ápis, mas seu caráter e atributos combinavam esses dois deuses egípcios com os deuses gregos Zeus, Hélio, Dionísio, Hades e Asclépio. Ele era a divindade suprema venerada no famoso Serapeum, próximo à Biblioteca de Alexandria. Ptolomeu I queria criar o tipo de sociedade multicultural que seu falecido comandante e modelo, Alexandre, o Grande, havia tentado, e Serápis foi um componente importante nisso. Serápis era uma mistura completa de ideais egípcios e gregos que se adequava ao tipo de sociedade que Ptolomeu I incentivava.

Seret - Uma deusa protetora leonina, provavelmente da Líbia. Ela é mencionada apenas em uma inscrição da Quinta Dinastia (2498-2345 a.C.) como deusa de uma região do Egito habitada principalmente por líbios - o nomo (província) do Baixo Egito. Como as outras divindades leoninas, ela é uma protetora feroz de seus seguidores e vinga as injustiças cometidas contra eles.

Seshat (Sefkhet-Abwy ou Safekh-Aubi) - Ela era a deusa da escrita, dos livros, das anotações e das medições. Seu nome significa "A Escriba Feminina" e ela era a consorte de Toth, deus da sabedoria e da escrita (embora às vezes seja retratada como sua filha). Ela é a padroeira das bibliotecas, tanto públicas quanto privadas, e era conhecida como "A Mais Importante na Casa dos Livros". Também era a deusa padroeira dos escribas. Como deusa das medições, ela garantia que o rei medisse corretamente ao encomendar a construção de templos e monumentos e o auxiliava nas medições para rituais. Ela é mencionada pela primeira vez na Segunda Dinastia (c. 2890-2670 a.C.) por ajudar o rei Khasekemuy nesse aspecto. Sua associação com medições, por fim, a tornou a padroeira de construtores, arquitetos e daqueles que lidavam com a contabilidade de gado, outros animais e prisioneiros capturados na guerra. Embora nunca tenha tido um templo próprio, como observa R.H. Wilkinson, "em virtude de seu papel na cerimônia de fundação, ela fazia parte de cada construção de templo" (167). Ela é representada como uma mulher vestindo uma pele de leopardo sobre uma túnica, com uma faixa na cabeça segurando uma vara com uma estrela no topo. Ela segura um instrumento de escrita na mão direita e o ramo de palmeira entalhado que representa a passagem dos anos na esquerda.

Seth (Set) - Deus da guerra, do caos, das tempestades e da pestilência. Seu nome é traduzido como "Instigador da Confusão" e "Destruidor". Ele é representado como uma besta vermelha com cascos fendidos e uma cauda bifurcada e é o protótipo para a iconografia posterior do Diabo cristão. Seth era originalmente um deus-herói que afastava a serpente Apep (Apófis) da barca do Deus-Sol e a matava todas as noites. Ele era um deus do deserto que trazia os ventos malignos das terras áridas para o fértil Vale do Nilo e estava associado a terras e povos estrangeiros. Suas consortes eram Anat e Astarte, ambas deusas associadas à guerra e de países estrangeiros, assim como Taueret, a benigna deusa protetora do parto e da fertilidade. Seth é frequentemente caracterizado como "maligno" e de fato manifestava muitas qualidades malignas, mas não era considerado pelos antigos egípcios como uma personificação do mal ou da escuridão. Ele era visto mais como um equilíbrio necessário para deuses como Osíris e Hórus, que representavam tudo o que era nobre e bom: fertilidade, vitalidade e eternidade. Seth é mais conhecido como o primeiro assassino do mundo no Mito de Osíris, onde mata seu irmão para usurpar o trono. Ísis traz Osíris de volta à vida, mas, como ele está incompleto, desce ao submundo como Senhor dos Mortos. Ísis dá à luz o filho de Osíris, Hórus, que cresce para desafiar Seth pelo trono. Suas batalhas, que duraram oitenta anos, são descritas no texto As Contendas de Hórus e Seth e foram resolvidas em uma versão por Ísis e, em outra, por Neite, com Hórus declarado rei legítimo e Seth banido para as terras desérticas.

Shay (Shai) - A personificação do destino. Shay presidia o destino pessoal de cada um e, portanto, estava associado a deusas como Mesenet e Renenutet. Semelhante às Moiras da Grécia Antiga, ninguém podia resistir ou alterar as decisões de Shay. O estudioso Wilkinson cita um texto conhecido como Instruções de Amenemopet, que afirma: "Ninguém pode ignorar Shay" (128). Essa afirmação resume a principal característica de Shay: a inevitabilidade. Ele é representado como presente na pesagem do coração da alma no além ou como um homem em uma postura de paciência. Durante a Dinastia Ptolemaica (323-30 a.C.), quando os deuses egípcios foram helenizados, ele era conhecido como Agathodaimon, a divindade serpente que podia prever o futuro.

Shed - Um deus protetor que guardava contra danos pessoais causados por animais selvagens ou inimigos mortais. Ele era invocado por caçadores e soldados e conhecido como "Aquele que Resgata" e "O Encantador". Ele era o senhor dos animais selvagens e das armas e, portanto, podia controlar ambos para proteger quem invocasse seu nome. Também era procurado para proteção contra feitiços mágicos lançados por inimigos e possivelmente contra demônios ou fantasmas. Ele é representado como um jovem com a cabeça raspada, exceto pelo cacho lateral que denota juventude, e carrega uma aljava de flechas. Muitas vezes, ele segura serpentes em suas mãos, como se as estivesse esmagando. Com o tempo, seus atributos foram absorvidos por Hórus, embora ele ainda fosse venerado pelas pessoas em suas casas e por meio de amuletos.

Shentayet - Uma deusa protetora obscura cujo nome significa "Viúva" e que estava associada àquele aspecto de Ísis que perdeu seu marido e depois o trouxe de volta à vida. Esse aspecto era chamado de Ísis-Shentayet. Muito provavelmente invocado como protetora das viúvas, mas as referências a ela são raras, e Ísis cumpriu esse papel, assim como tantos outros.

Shepet - Uma deusa protetora que era um aspecto das divindades hipopótamos Reret ou Taueret, venerada em Dendera. Na iconografia, ela aparece como uma dessas duas, mas com uma cabeça de crocodilo.

Shesmetet - Uma deusa leonina protetora conhecida como "Senhora de Punt" e muito provavelmente uma importante deusa trazida ao Egito por meio do comércio com Punt. Geralmente é considerada um aspecto de Bastet ou Sekhmet, mas pode muito bem ter sido uma deusa muito mais antiga cujos atributos foram absorvidos por deusas leoninas posteriores. Seu nome é mencionado já na Primeira Dinastia (c. 3150-2890 a.C.) e deu origem ao cinto Shesmetet, um cinto de contas, usado pelos reis daquela época. Ela é representada como uma mulher com cabeça de leão.

Shezmu - Deus do vinho e, mais tarde, do perfume e da abundância, que personificava os aspectos positivos e negativos da embriaguez. Shezmu é retratado no Texto da Pirâmide 403 matando e cozinhando os deuses para o prazer do rei e, no Império Médio (2040-1782 a.C.), era visto atormentando as almas dos mortos enquanto "laça os condenados e os encurrala para o abate, espremendo suas cabeças como uvas em uma imagem sangrenta de destruição" (Wilkinson, 129). Sua imagem foi suavizada por outras representações mostrando seu lado benigno e pacífico como senhor do lagar de vinho, e isso foi ainda mais suavizado quando ele se associou a óleos e perfumes.

Shu - O deus primordial do ar, cujo nome significa "Vazio". Ele nasceu no início da criação de Atum (Rá) e foi enviado para criar o mundo com sua irmã Tefnut (deusa da umidade). Os dois ficaram ausentes por tanto tempo que Atum sentiu sua falta e enviou seu olho (o Olho de Rá) para procurá-los. Quando o olho voltou com eles, Atum ficou tão feliz que chorou, e suas lágrimas criaram os seres humanos. Shu e Tefnut então acasalaram e deram à luz Geb (Terra) e Nut (céu), que Atum separou, empurrando Nut para o alto, fornecendo um lugar para os humanos viverem. A névoa era atribuída a ele como "Lagos de Shu" e as nuvens como "Ossos de Shu", e ele também estava associado à luz e ao brilho. Nesse aspecto, ele passou a ser vinculado a Toth e Khonsu, ambos associados à lua, por causa do luar.

Sobek - Uma importante divindade protetora na forma de um crocodilo ou um homem com cabeça de crocodilo, Sobek era um deus da água, mas também associado à medicina e, particularmente, à cirurgia. Seu nome significa "Crocodilo", e ele era o senhor dos pântanos e áreas úmidas e de qualquer outra região alagada do Egito. Nos Textos das Pirâmides, afirma-se que ele é filho de Neite e foi amplamente cultuado desde o Império Antigo (c. 2613-2181 a.C.) em diante. Como deus das áreas úmidas, estava associado à fertilidade e à procriação, mas, como deus crocodilo, também à morte inesperada. Dizia-se que ele separava esposas de seus maridos por capricho. Sobek vivia em uma montanha mítica no horizonte, da qual governava, e, portanto, estava ligado à autoridade do rei, já que ele mesmo era senhor de um domínio. Essa ligação com o horizonte o associou a Rá e levou à forma de Rá conhecida como Sobek-Rá. Sobek é um dos deuses mais conhecidos do Egito Antigo e era extremamente popular em seu tempo. Seus sacerdotes mantinham crocodilos vivos nos templos, que eram alimentados com os melhores cortes de carne e tratados melhor do que muitos seres humanos da época. Quando esses crocodilos morriam, eram mumificados e enterrados com todo o cuidado dado a uma pessoa. Ele também estava associado ao Nilo, que se dizia jorrar como o suor de Sobek.

Sokar (Seker) - Um deus falcão protetor de Mênfis, originalmente uma divindade agrícola e um dos mais antigos do Egito. Seu festival era um dos mais antigos observados e, fundido com o Festival Khoiak de Osíris, continuou a ser celebrado ao longo da história do Egito. Ele evoluiu de um deus da agricultura e do crescimento para o deus dos artesãos e guardião da necrópole de Mênfis depois que Osíris se tornou mais popular. Sokar é frequentemente representado como um monte funerário cercado por cabeças de falcão, como um falcão ou como um homem com cabeça de falcão. Ele está associado ao além como guardião da entrada do submundo e como o deus que carrega a alma do rei falecido em sua barca para o paraíso. Com o tempo, ele se associou a Ptah e depois a Osíris, por fim, se combinando, no Império Médio (2040-1782 a.C.), em Ptah-Sokar-Osíris, uma divindade funerária híbrida que presidia o além.

Sopdu (Soped ou Sopedu) - Um deus protetor da fronteira oriental do Egito, que guardava os postos avançados e os soldados na fronteira. Ele é representado como um falcão com um mangual sobre a asa direita ou como um homem barbado com uma coroa com duas penas. Sopdu estava associado a Hórus e ao rei divinizado em sua forma astral. Wilkinson escreve: "O rei falecido, em seu papel de Osíris-Órion, diz-se que impregnou Ísis como a estrela Sothis e produziu Hórus-Sopdu" (211). No reino terrestre, ele garantia que os recursos adequados chegassem às guarnições da fronteira oriental e ajudava o rei a controlar as populações nativas nessas regiões.

Sothis - A personificação da estrela Sírius (a "estrela do cão"), cujo aparecimento anunciava a inundação anual do Nilo. Ela era venerada como uma deusa-vaca no Período Pré-Dinástico (c. 6000-3150 a.C.), associada a Sírius. Ela era a consorte de Sah, que personificava a constelação de Órion, e os dois estavam associados a Osíris e Ísis. Nesse papel, ela era a mãe de Sopdu e, portanto, era invocada como uma influência protetora. Ela também estava associada a Satis, que estava ligada à inundação do Nilo como consorte de Khnum. As primeiras representações de Sothis a mostram como uma vaca com uma planta entre os chifres, enquanto imagens posteriores a mostram como uma mulher usando a Coroa Branca do Alto Egito com chifres na cabeça ou penas com uma estrela de cinco pontas acima dela. Ela se tornou cada vez mais identificada com Ísis e acabou sendo completamente absorvida por essa deusa. Ísis refere-se a si mesma como Sothis em uma cópia do texto de As Lamentações de Ísis e Néftis da Dinastia Ptolemaica (323-30 a.C.), mostrando como a assimilação estava quase completa naquela época.

Sutekh - O nome semítico para o deus Seth, introduzido pelo povo conhecido como hicsos durante o Segundo Período Intermediário (c. 1782-1570 a.C.). Os hicsos identificaram Seth com o aspecto guerreiro de seu deus Baal. Seth era chamado de Sutekh durante o reinado de Ramsés II (1279-1213 a.C.) e invocado como vanguarda na guerra.

T

Ta-Bitjet - Uma deusa protetora específica contra picadas e ferroadas venenosas. Ela é frequentemente invocada em feitiços de cura e associada à deusa Sélquis. Por fim, foi absorvida por Ísis.

Tasenetnofret - Uma deusa protetora de Kom Ombo cujo nome significa "A Boa Irmã" ou "A Irmã Bela". Era uma manifestação local da deusa Hator, consorte de Hórus e mãe de Panebtawy.

Tatenen - Um deus da terra que personificava o monte primordial na criação e simbolizava o território do Egito. Provavelmente é o mesmo deus chamado Khenty-Tjenenet no Império Antigo (c. 2613-2181 a.C.). Era cultuado em Mênfis durante o Império Médio (2040-1782 a.C.) e continuou a ser venerado principalmente nessa região ao longo do resto da história do Egito. Sua associação com o monte primordial o ligava a Ptah e, através de Ptah, a Atum e Rá, outros nomes do deus criador/Deus-Sol. Tatenen era um deus bissexual, referido como "Mãe de Todos os Deuses" em um texto.

Taueret (Tauret) - Uma deusa protetora na forma de um hipopótamo, a mais famosa divindade hipopótamo do Egito Antigo, associada a Ísis e Hator. Taueret é uma deusa do parto e da fertilidade, extremamente popular em toda a história do Egito. Era invocada regularmente para proteção das crianças e ajuda durante a gravidez e o parto. Os antigos egípcios observaram que a fêmea do hipopótamo era extremamente protetora de seus filhotes, o que levou à forma dessa deusa. O macho hipopótamo era muito agressivo e considerado um dos animais mais perigosos do Egito, por isso foi associado ao deus Seth, resultando em imagens de Taueret como consorte de Seth, embora os dois deuses não tivessem nada em comum. Taueret está intimamente ligada a Hator e é chamada de "Seguidora de Hórus", ambas associações que a distanciam de Seth. Ela também é identificada como consorte de Bes, o Deus-Anão do parto, sexualidade, humor e guerra. Como Bes, Taueret era representada em objetos domésticos como móveis, estojos de cosméticos, potes, colheres e em imagens de fertilidade no lar.

Tayet (Tait) - Deusa da tecelagem que fornecia as roupas para o rei. Era venerada desde o Império Antigo (c. 2613-2181 a.C.), onde era representada como guardiã da cabeça do rei, protegendo-o após a morte, recolhendo seus ossos e assegurando sua acolhida pelos outros deuses no além. Mais tarde, associou-se ao embalsamamento e dizia-se que tecia o pano para as tendas de embalsamamento e, posteriormente, as bandagens usadas para envolver a múmia, conhecidas como "envoltórios das mãos de Tayet", o que a ligava a Néftis.

Tefnut - Deusa da umidade, irmã de Shu, filha de Atum (Rá) na criação do mundo. Shu e Tefnut foram os dois primeiros deuses criados por Atum, seja por acasalamento com sua sombra, seja por cuspir. R.H. Wilkinson observa que seu nome representa o som de cuspir e ela era frequentemente representada "por um par de lábios cuspindo, em textos tardios" (183). Ela é a deusa da atmosfera do mundo inferior, a terra, assim como Shu é o deus da atmosfera superior acima da Terra. Tefnut é a mãe de Geb (Terra) e Nut (céu), que nasceram para que os seres humanos tivessem onde viver. Na maioria das vezes, é representada como uma mulher sentada com cabeça de leão ou uma serpente com cabeça de leão.

Tenenit (Tenenet ou Tjenenet) - Deusa da cerveja, fabricação de bebidas e parto. Seu nome vem de "tenemu", que significa "cerveja". Era a consorte do deus Montu e associada a Mesenet como deusa dos nascimentos reais. É a deusa padroeira dos cervejeiros.

Tétrades - Representações de completude correspondentes, às vezes, aos quatro pontos cardeais e melhor representadas pelos Quatro Filhos de Hórus. O equilíbrio era um conceito importante para os antigos egípcios, e os números dois, quatro e oito aparecem significativamente nas representações das divindades (assim como três, seis e nove). Todo deus masculino tem uma contraparte feminina ou um aspecto feminino; as quatro deusas Ísis, Neite, Néftis e Sélquis vigiam os Quatro Filhos de Hórus; e a Ogdóade era o agrupamento dos oito deuses das substâncias criativas.

Tjenenyet - Uma deusa protetora da 12ª Dinastia (1991-1802 a.C.), mas provavelmente cultuada antes. Era consorte do deus Montu e principalmente venerada em Hermonthis (Armant), perto de Tebas.

Toth - Deus da escrita e da sabedoria, da verdade e da integridade, uma das divindades mais importantes do panteão egípcio, venerado desde o Período Pré-Dinástico (c. 6000-3150 a.C.) até a Dinastia Ptolemaica (323-30 a.C.), a última a governar o Egito. Provavelmente era originalmente um deus lunar, filho de Atum (Rá), mas textos posteriores o representam como filho de Hórus. Toth é representado em alguns textos como um babuíno, mas principalmente como um homem com cabeça de íbis segurando um instrumento de escrita. A ele é creditada a invenção da escrita, e ele era o guardião dos registros dos deuses. Era conhecido como "Senhor do Tempo" e "Calculador dos Anos" porque marcava a passagem do tempo e, através da poderosa magia de seu conhecimento divino das palavras, concedia ao rei um longo reinado para que ele mantivesse a ordem na terra. Era o deus padroeiro das bibliotecas e dos escribas. Em todas as histórias contadas sobre ele, Toth é o amigo e benfeitor divino da humanidade, que deu às pessoas entendimento por meio do dom da palavra escrita. Ele aparece em uma história apostando pelos cinco dias necessários para Nut dar à luz aos Primeiros Cinco Deuses e em outras como mediador entre os deuses, entregando mensagens. No além, ele fica ao lado de Osíris e mantém registros no Salão da Verdade durante o ritual da Pesagem do Coração. Sua consorte era Seshat, sua filha ou esposa, que era sua contraparte feminina e também deusa padroeira das bibliotecas e dos livros.

Touro do Céu - A divindade que presidia os céus e o além como protetor, também conhecido como "Touro do Oeste" por sua associação com o além. Geralmente entendido como o marido das sete vacas que são vistas com ele.

Tríades - Agrupamentos importantes de três divindades, geralmente um Deus-Pai, uma Deusa-Mãe e um Deus-Filho, sendo as duas mais conhecidas a Tríade Tebana de Amom, Mut e Khonsu e a Tríade de Abidos de Osíris, Ísis e Hórus. No entanto, há exemplos de outras tríades que não seguiam esse padrão, como a Tríade Amon-Rá-Ptah, em que todos os três deuses representavam o mesmo poder celestial (o sol). Tríades também são vistas em representações do além, onde deuses com cabeça de carneiro, leão e chacal são agrupados.

Tutu - Um deus protetor conhecido como "Aquele que Mantém os Inimigos à Distância", venerado no final da história do Egito. Ele afastava demônios e magia negra e era representado como um leão em marcha com cabeça de homem, grandes asas e uma cobra como cauda.

U

Uadjit - Uma grande deusa protetora e padroeira do Baixo Egito, uma das divindades mais antigas do panteão egípcio, representada como a naja erguida que se tornou o emblema real (o ureu). Também era chamada de Uajit em sua forma agressiva e era o contraponto à mais maternal Nekhbet, sua irmã. Uadjit era venerada como uma importante deusa no Período Pré-Dinástico (c. 6000-3150 a.C.) e, no Período Dinástico Antigo (c. 3150-2613 a.C.), era a divindade suprema do Baixo Egito, frequentemente representada com Nekhbet, que simbolizava o Alto Egito. Era filha de Rá e uma das deusas presentes nas histórias sobre o Olho de Rá. No alvorecer da criação, foi enviada por Rá como seu olho para encontrar Shu e Tefnut quando eles saíram para criar o mundo. Plantou as primeiras plantas de papiro, organizou os campos de papiro nos pântanos do Delta do Nilo e ajudou Ísis a criar Hórus lá quando estavam se escondendo de Seth. Entre seus títulos está Ueret-Hekau, que significa "Grande de Magia", e ela era regularmente invocada para proteção contra demônios, má sorte ou fantasmas.

Uadj-Uer (Uat-Ur) - A personificação do Mar Mediterrâneo, cujo nome significa "O Grande Verde". Estudos recentes mudaram a visão tradicional sobre esse deus, e agora se acredita que ele personificava os lagos, pântanos e lagoas da região do Delta próximos ao Mediterrâneo. Wilkinson observa inscrições que mencionam "atravessar o grande verde" a pé, o que indicaria uma travessia terrestre pela região do Delta, e não pelo mar. Era venerado desde o Império Antigo (c. 2613-2181 a.C.) e continuou a ser referenciado ao longo do resto da história do Egito, especialmente por meio de amuletos protetores e inscrições funerárias.

Uajit (Uadjit ou Uto) - Associada a Nekhbet, uma deusa protetora do Baixo Egito. É representada como uma serpente com cabeça de mulher. Em imagens posteriores do Baixo Egito, ela aparece como um aspecto de Uadjit, irmã de Nekhbet.

Uaset (Uosret) - Uma deusa protetora da cidade de Tebas, cujo nome significa "A Poderosa". Era a personificação da cidade, também conhecida como 'Uaset'. Originalmente, era um aspecto de Hator, mas surgiu com seu próprio caráter e iconografia distintos no Império Médio (c. 2040-1782 a.C.). É representada como uma mulher segurando o cetro Was e o ankh, e um bastão adornado com fitas, mas também aparece com um arco e flechas e um machado, representando o poder militar de Tebas.

Uat-Ur - A personificação do Mar Mediterrâneo. Ver Uadj-Uer.

Ueneg - Um deus protetor mencionado pela primeira vez no período do Império Antigo (c. 2613-2181 a.C.) que sustentava o céu e mantinha a ordem entre os céus e a terra. Está intimamente associado a maat, o conceito, e a Maat, a deusa que personificava a harmonia, pois servia como um mediador justo nas disputas entre os deuses.

Uenenu - Um deus protetor, aspecto de Osíris ou às vezes de Rá, consorte de Unut. É representado como um homem com cabeça de coelho.

Uepset - Uma deusa protetora cujo nome significa "Aquela que Queima", que destrói os inimigos de Osíris. Geralmente é representada como uma serpente, mas posteriormente como uma mulher usando o ureu com chifres e o disco solar acima da cabeça. Ela aparece em histórias relacionadas ao Olho de Rá e é uma das personificações do tema da Deusa Distante, em que o Olho de Rá se afasta do deus e é devolvido, ou retorna por si só, trazendo transformação.

Uepuaut (Uepiu ou Uepuaut) - Um dos deuses mais antigos do Egito e a representação mais antiga de um deus chacal, anterior a Anúbis, com quem é frequentemente confundido. Seu nome significa "Aquele que Abre os Caminhos", interpretado como abrir o caminho para o rei na batalha, abrir o caminho para o além e abrir o caminho no nascimento de alguém. Ele é representado na Paleta de Narmer (c. 3150 a.C.) e associado a Uadjit. Futuramente, tornou-se intimamente ligado a Hórus e, como Uepuaut-Rá, ao Deus-Sol Rá. É representado como um chacal, às vezes usando um lenço com um falcão à sua frente.

Uerethekau (Ueret-Hekau) - Uma importante deusa protetora ou, mais frequentemente, um epíteto aplicado a outras deusas, como Ísis. O nome significa "Grande de Magia" e está associado ao ureu e à coroa do Baixo Egito. Uadjit é conhecida como Ueret-Hekau, assim como Ísis, mas o nome parece ter designado também à uma deusa específica da proteção, representada como uma serpente erguida, embora isso possa ser simplesmente Uadjit em sua forma agressiva.

Unut (Uenut ou Uenut) - Uma deusa protetora venerada em Hermópolis e conhecida como "A Rápida". Era representada como uma mulher com cabeça de coelho ou uma serpente com cabeça de coelho, sendo frequentemente chamada de "deusa coelha". Associada ao deus Uenenu, representado como um homem com cabeça de coelho, que era um aspecto de Osíris ou às vezes de Rá. É conhecida principalmente por amuletos que mostram sua imagem.

Y

Yah - Ver Iah.

Yam - O deus fenício do mar que lutou com o Senhor Baal pelo controle do mundo. Ele entrou no panteão egípcio através do comércio e chegou à mitologia egípcia por meio de histórias de suas batalhas com Seth. Era a personificação do mar revolto e extremamente temido. Nenhum templo foi erguido em sua homenagem, mas ele é mencionado em alguns manuscritos que indicam ser uma preocupação para os navegantes, que talvez usassem amuletos com sua imagem para proteção.

Z

Zenenet - Outro nome para Ísis na cidade de Hermonthis (atual Armant), próximo a Tebas.

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Perguntas e respostas

Quem era o deus mais poderoso do antigo Egito?

Amun (também conhecido como Amun-Ra) era o deus mais poderoso do antigo Egito.

Quem era a deusa mais popular no antigo Egito?

Ísis era a deusa mais popular no antigo Egito, embora as deusas Hathor, Bastet e Neith também fossem muito populares.

O que é que os antigos egípcios mais temiam?

Os antigos egípcios temiam a inexistência mais do que qualquer outra coisa. A sua vida após a morte era uma imagem espelhada das suas vidas na terra, assegurando-lhes a continuação da existência se os deuses os considerassem dignos dela.

Quantos deuses e deusas tinham os antigos egípcios?

Existem mais de 2000 divindades no antigo panteão egípcio. Algumas delas foram posteriormente absorvidas por outras.

Quanto tempo durou a religião dos antigos egípcios?

A religião egípcia antiga durou desde cerca de 6000 a.C. até ao aparecimento do cristianismo na região, no século IV d.C.

Sobre o tradutor

Matheus Kunitz Daniel
Professor de inglês, game designer e escritor. Entusiasta de história desde criança, traduzo textos com rigor e narrativa fluida, unindo precisão acadêmica e experiência em criação de mundos imersivos.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Joshua J. Mark é cofundador e diretor de conteúdos da World History Encyclopedia. Anteriormente, foi professor no Marist College (NY), onde lecionou história, filosofia, literatura e redação. Ele viajou bastante e morou na Grécia e na Alemanha.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2016, abril 14). Deuses Egípcios: A Lista Completa [Egyptian Gods - The Complete List]. (M. K. Daniel, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-885/deuses-egipcios-a-lista-completa/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Deuses Egípcios: A Lista Completa." Traduzido por Matheus Kunitz Daniel. World History Encyclopedia. Última modificação abril 14, 2016. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-885/deuses-egipcios-a-lista-completa/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Deuses Egípcios: A Lista Completa." Traduzido por Matheus Kunitz Daniel. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 14 abr 2016. Web. 07 abr 2025.