Valéria Messalina

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Donald L. Wasson
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 16 julho 2013
Disponível noutras línguas: Inglês, francês
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"Whore Empress" Sculpture of Valeria Messalina (by Caroline Léna Becker (Photographer), CC BY)
"Imperatriz Prostituta", Escultura de Valéria Messalina
Caroline Léna Becker (Photographer) (CC BY)

Ela tinha cerca de 15 anos e era linda, enquanto ele já tinha passado dos 50 e seria o futuro imperador do Império Romano. Em 38 da nossa era, Tibério Cláudio César Augusto - conhecido na História como Cláudio - casou-se com Valéria Messalina, sua prima em segundo grau. Não foi um casamento dos sonhos; alguns afirmam inclusive que ela somente se casou para aliar-se com uma das mais poderosas famílias do império. Seja qual for sua razão, a História iria lembrar-se dele como o imperador que babava e gaguejava e ela como uma das mais controladoras, desonestas e ambiciosas mulheres de toda a História.

Vida Pregressa

Pouco é conhecido sobre Messalina antes de seu casamento com Cláudio. Ela nasceu em no ano 20 ou 22 da nossa era, a segunda criança e primeira filha de uma família romana bastante respeitável. Era parente do Imperador Augusto - na verdade, de sua irmã, Otávia - através tanto de seu pai quanto de sua mãe. Sua mãe era Domícia Lépida Menor, a neta de Marco Antônio, enquanto seu pai (primo em primeiro grau de Domícia) era Valério Messala Barbeto, ex-cônsul e membro confiável do entorno familiar do imperador Calígula.

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Já o futuro marido de Messalina era alguém que jamais seria coisa alguma, de acordo com a opinião da maioria - sua própria mãe o chamava de monstro. Ele tinha se casado duas vezes antes, primeiro com Pláucia Urgulanila (divorciado devido a um suposto adultério) e depois com Élia Pecina (divorciou-se para se casar com Messalina). Sua nova esposa iria lhe dar duas crianças: em 39 nasceu Cláudia Otávia (que iria mais tarde casar-se com o enteado e herdeiro de Cláudio, Nero) e, em 41, Tibério Cláudio Germânico, mais conhecido como Britânico, que nasceu apenas três semanas após seu pai ter sido encontrado tremendo atrás de uma cortina e nomeado imperador. O segundo filho recebeu o nome Britânico após a vitória de Cláudio na Britânia. Seu nascimento proporcionou a Messalina controle adicional sobre Cláudio ao dar-lhe um herdeiro. Infelizmente, Britânico seria envenenado em 55 por seu meio-irmão Nero.

Valeria Messalina Cameo
Camafeu de Valéria Messalina
Clio20 (CC BY-SA)

Relacionamento com Cláudio

O controle de Messalina sobre o frequentemente ingênuo Cláudio tornou-se evidente logo após o imperador ter ordenado o retorno de suas sobrinhas de seu exílio em Pórtia - as filhas do irmão de Calígula, Germânico -, Agripina (que seria a esposa número quatro de Cláudio) e Júlia Livila. Ambas haviam sido exiladas pelo irmão, Calígula, após anos de abuso. Quando retornaram, Cláudio devolveu-lhes suas propriedades e dinheiro. Messalina ficou enciumada, especialmente da bela Júlia, que encantara o imperador; acredita-se que a imperatriz temia que as duas irmãs e seus maridos pudessem alegar direitos ao trono, expulsando Cláudio e sua esposa. Messalina fez acusações de adultério, entre outras, contra Júlia e convenceu o imperador a puni-la. Eventualmente, Júlia iria morrer de fome no exílio. Seu marido, Marcos Vinícius, também acabou executado por adultério. Agripina, prudentemente, permaneceu nos bastidores. O uso de acusações tais como as levantadas contra Júlia passou a ser frequente; Messalina fazia alegações – geralmente de algum plano para derrubar Cláudio - contra qualquer um que se opusesse a ela, e o tímido Cláudio não queria ou não podia enfrentá-la.

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Havia boatos a respeito de suas supostas noites trabalhando disfarçada num bordel local.

Uma das muitas falhas de Messalina - e a que se tornou a mais associada a ela - foi a infidelidade ao marido. Por isso, ai daqueles com os quais ela se encantava. Um dos melhores exemplos deste comportamento ocorreu com seu próprio padrasto. Após a morte do marido, a mãe de Messalina casou-se com Ápio Silano, governador da Espanha oriental. Infelizmente para Silano, Messalina apaixonou-se por ele, que rejeitou seus repetidos avanços. Em 42, em retaliação pela rejeição, a imperatriz convenceu seu amigo Narciso, secretário de Cláudio, a afirmar que havia tido uma visão na qual Silano apunhalava o imperador. Para convencê-lo ainda mais, ela alegou um sonho similar. Cláudio, que acreditava piamente em tais presságios, mandou executar Silano. Suas paixões, seja por Mnester, o dançarino, ou pelo padrasto, viraram alvo de rumores e bisbilhotices por gerações. Estes boatos incluem suas supostas noites trabalhando disfarçada num bordel local.

Uma enxurrada de conspirações reais ou imaginárias seguiram-se à execução de Silano, com várias mortes e, é claro, confisco de propriedades. A insaciável Messalina não limitava sua paixão somente à vingança. Ela também apreciava aquisições mais materiais. Um bom exemplo disso ocorreu quando teve a atenção despertada pelos belos Jardins de Lúculo, que pertenciam a Valério Asiático. Messalina queria a propriedade e, é claro, sabia perfeitamente como obtê-la. Assim como outros, Valério viu-se acusado de conspiração contra o imperador e condenado à execução, mas, ao invés disso, permitiu-se que cometesse suicídio. Os jardins agora pertenciam à imperatriz. Muitos dos mais astutos senadores compravam o apoio da gananciosa Messalina, usando sua influência sobre Cláudio para atender seus objetivos.

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Queda

Por volta do ano 48, o estilo de vida de Messalina e sua completa despreocupação com a reputação do marido e com os valores romanos estava ultrapassando os limites. Sua queda ocorreu quando encontrou um senador chamado Caio Sílio que, apesar de uma rejeição inicial, sucumbiu aos encantos da imperatriz. Nesta época, Cláudio estava se tornando motivo de piada para os muitos que sabiam dos adultérios de Messalina mas temiam levar o assunto ao imperador. Há debates entre historiadores se ele realmente tinha conhecimento das indiscrições da esposa ou se simplesmente escolheu ignorá-las. A paixão de Messalina por Caio levou-a a formular um plano, segundo o qual o senador e ela iriam derrubar Cláudio (e depois adotar Britânico), permitindo assim que governassem o império. Durante uma ausência de Cláudio da cidade, Messalina forçou Caio a se divorciar de sua esposa, Júnia Sília, e se casar com ela numa cerimônia simples. A imperatriz, inclusive, levou parte da mobília do palácio imperial para a casa do senador.

Messalina Holding Britannicus
Messalina segurando Britânico
Ricardo André Frantz (Photographer) (CC BY-SA)

Narciso, que havia testemunhado o matrimônio, percebeu as possíveis consequências das ações de Messalina e contou tudo a Cláudio, suplicando pelo perdão para sua participação. Logo circularam os rumores de que Cláudio estaria "inclinado a se vingar". Percebendo que ele poderia vacilar e perdoar Messalina, medidas foram tomadas para evitar um encontro entre os dois. Por fim, Messalina compreendeu que tinha ido longe demais e tentou influenciar o imperador enviando Otávia e Britânico para convencer Cláudio a perdoá-la. A imperatriz recebeu a ordem de permanecer em casa (em seu "jardim"); Cláudio iria vê-la na manhã seguinte. O historiador Tácito relata:

Messalina, apesar de apavorada e sem pensar claramente, prontamente resolveu se encontrar e encarar seu marido, o que havia lhe dado segurança com frequência em ocasiões anteriores; enquanto isso, enviou logo Britânico e Otávia para dar apoio ao marido. [...] Messalina, enquanto isso, nos jardins de Lúculo, estava lutando pela vida e escrevendo cartas suplicantes, à medida que alternava entre a esperança e a fúria.

Caio e muitos dos outros convidados do casamento foram imediatamente executados. Tácito afirma que "os outros convidados estavam fugindo para todos os lados quando os centuriões apareceram e os executaram onde quer que estivessem, seja nas ruas ou em esconderijos". Um mensageiro foi enviado a Messalina com ordens para que cometesse suicídio; entretanto, como não foram obedecidas, o próprio mensageiro a apunhalou. Tácito relatou, a respeito do suicídio, que "... ela compreendeu seu destino e colocou sua mão na adaga. Em seu terror, tentou se golpear na garganta e no peito sem sucesso, e então o tribuno trespassou-a em seu lugar". Após tomar conhecimento da morte da esposa, Cláudio não demonstrou emoção, "nenhum sinal de ódio, alegria, cólera ou tristeza." Em sua obra Doze Césares, Suetônio menciona Messalina numa breve passagem, declarando apenas que

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Verificou-se que ela era não somente culpada de outros crimes vergonhosos, mas que tinha ido longe demais ao cometer bigamia com Caio Sílio, até mesmo assinando um contrato formal de casamento perante testemunhas e, portanto, Cláudio a executou...

Após Messalina, Cláudio afirmou que iria permanecer celibatário. Infelizmente, a seguir veio Agripina - a esposa número quatro - e, como suas escolhas matrimoniais anteriores, esta não seria melhor, já que a principal e única ambição dela era colocar seu filho Nero no trono.

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Bibliografia

  • Freisenbruch, A. Caesar's Wives. Free Press, 2010
  • Kerrigan, M. A Daark History: The Roman Emperors. Metro Books, 2008
  • Klein, S. The Most Evil Women in History. Barnes and Noble, 2003
  • Scarre, C. Chronicles of the Roman Emperors. Thames and Hudson, 1995
  • Suetonius. The Twelve Caesars.
  • Tacitus. Annals.

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Donald L. Wasson
Donald ensina História Antiga, Medieval e dos Estados Unidos no Lincoln College (Normal, Illinois) e sempre foi e sempre será um estudante de História, dedicando-se, desde então, a se aprofundar no conhecimento sobre Alexandre, o Grande. É uma pessoa ávida a transmitir conhecimentos aos seus estudantes.

Citar este trabalho

Estilo APA

Wasson, D. L. (2013, julho 16). Valéria Messalina [Valeria Messalina]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-12062/valeria-messalina/

Estilo Chicago

Wasson, Donald L.. "Valéria Messalina." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação julho 16, 2013. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-12062/valeria-messalina/.

Estilo MLA

Wasson, Donald L.. "Valéria Messalina." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 16 jul 2013. Web. 22 dez 2024.