Cimbros

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Ludwig Heinrich Dyck
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 14 janeiro 2020
Disponível noutras línguas: Inglês, francês
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The Defeat of the Cimbri (by Soerfm, Public Domain)
A Derrota dos Cimbros
Soerfm (Public Domain)

Os Cimbros eram uma tribo que vivia na Jutlândia setentrional durante a era romana. A etnicidade deste povo é enigmática; estudiosos geralmente acreditam que fossem germanos, embora outros defendam uma origem celta. A migração do final do século II a.C. os levou aos Bálcãs e à travessia dos Alpes, passando pela Gália e margeando as fronteiras da Espanha para finalmente se dirigir à Itália. Outras tribos germânicas e celtas se reuniram a eles, com destaque para os Teutões, seus vizinhos na Jutlândia, com os quais compartilhavam muito de sua história. A coalizão dos cimbros atingiu as fronteiras da Itália, onde combateram e derrotaram vários exércitos de Roma. A vitória em Arausio (atual Orange), em 105 a.C., permaneceu como um dos maiores desastres militares da história romana. Liderados por Boiorix, os cimbros finalmente entraram na Itália em 102 a.C., após atravessar os Alpes, e se instalaram ao norte do Rio Pó. No ano seguinte, foram decisivamente derrotados em Vercelas pelos comandantes romanos Mário e Catulo. Os sobreviventes da batalha foram escravizados, mas fragmentos da tribo continuaram a viver por séculos na Gália oriental e na sua terra natal.

Origens

Os próprios autores clássicos têm opiniões diversas sobre a origem das duas tribos.

Os cimbros apareceram na história romana em 113 a.C.. Sua terra natal localizava-se no lado ocidental da península da Jutlândia, próximo aos seus aliados, os teutões. Estas regiões estavam no interior do domínio tribal germânico, o que levou muitos estudiosos a acreditar que ambos fossem povos germânicas. Porém, os nomes dos seus chefes eram celtas, o que levou outros a defender que pertencessem a esta etnia. Uma explicação provável para isso é que os romanos da época não estavam familiarizados com as tribos germânicas e teriam transmitido os nomes numa forma céltica, mais familiar. Os cimbros e teutões também passaram muitos anos em terras dos celtas antes de se encontrar com os romanos e podem ter absorvido um conhecimento superficial dos seus dialetos. Os próprios autores clássicos têm opiniões diversas sobre a origem das duas tribos. Tácito (56-120) e Estrabão (63 a.C.-23 d.C.) os descrevem como tribos germânicas. Apiano (c. 95-165), em contraste, claramente distingue os cimbros dos germânicos e, junto com Floro (c. 74-130) os considerava como celtas. Plutarco (46-120) assinala que a opinião prevalente era que os cimbros fossem germânicos, ainda que ele acrescente que outros os consideravam Galo-Cítios ou mesmo os cimérios da mitologia grega, que viveriam nos confins do mundo.

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Migração

Próximo ao final do século II a.C., a elevação do nível do mar inundou as terras costeiras da Península da Jutlândia. A perda de suas terras induziu as duas tribos a buscar paisagens mais favoráveis em outro lugar. Numa era da superstição, a invasão do oceano foi provavelmente vista como um sinal dos deuses. A redução da terra arável deve ter levado a conflitos locais, fornecendo ímpeto adicional para a épica migração através da Europa.

Os historiadores clássicos descrevem os cimbros e teutões como hordas devastadoras - Plutarco afirma que dispunham de 300.000 guerreiros. São números muito pouco realistas e é provável que tenham mais a ver com justificativas para as derrotas ou maximização das vitórias. De fato, a limitada área geográfica de origem, em conjunto com a densidade populacional relativamente esparsa e a logística de suprimentos e viagem, sugere uma quantidade de pessoas bem menor. Mesmo crescendo em números à medida que consolidavam sua coalizão germano-celta, os cimbros e teutões, no máximo, talvez chegassem a 150.000 homens, mulheres e crianças. Nos estágios finais, no entanto, este número deve ter sido consideravelmente reduzido. Nem todos os cimbros e teutões se juntaram à migração - uma porção deles ficou para trás, na costa dinamarquesa.

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Map of Celtic and Germanic Tribes
Mapa das Tribos Célticas e Cermânicas
The History Files (Copyright)

As duas tribos dirigiram-se para o sul ao longo do Elba e viraram para leste no Danúbio, através dos domínios germânicos. Na Bohêmia, entraram nas terras celtas, primeiramente a dos Boios e em seguida a região balcânica dos escordiscos. As interações com as tribos locais, às vezes, tendiam para a violência. A travessia ou a instalação temporária trazia a necessidade de recursos, o que levava a ataques de surpresa às populações locais e os consequentes contra-ataques, levando ao êxodo em massa. Em outras ocasiões, porém, os contatos podem ter sido mais pacíficos, resultando em comércio ou mesmo alianças. Bandos de guerreiros, famílias e clãs decidiram se reunir à coalizão tribal. Agora na direção oeste, os cimbros e teutões acompanharam o Rio Drave através das passagens dos Alpes Cárnicos. Lá, em 113 a.C., entraram no reino celta da Nórica, um parceiro comercial tradicional da República Romana.

As Derrotas Romanas na Gália

O cônsul Papírio Carbão foi enviado para afugentar a ameaça bárbara. Os cimbros não queriam problemas e aceitaram a oferta romana de retorno à fronteira com a Nórica acompanhados de uma escolta. Carbão os atraiu então para uma emboscada, mas os guerreiros contra-atacaram selvagemente. O exército romano seria completamente aniquilado se uma súbita tempestade não tivesse posto um fim à batalha. Responsabilizado pelo desastre, Carbão tirou sua vida com o uso de veneno.

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Como não tinham conhecimento de táticas de sítio, os cimbros não conseguiam romper os muros das cidades gaulesas.

Após sua vitória, as duas tribos vaguearam pelos Alpes e receberam o reforço dos Tigurinos, povo celta da Suíça ocidental com os quais se identificaram. Nas terras baixas entre o Rio Jura e as Montanhas Vosges, a coalizão tribal desceu em direção à Gália Central. Eles pilharam a área rural, causando uma fuga em massa dos camponeses para a segurança das cidades muradas. Como não tinham conhecimento de táticas de sítio, os cimbros não conseguiam romper os muros das cidades gaulesas. Mas as fortificações não ofereciam nenhuma proteção contra a fome e numerosos habitantes dos vilarejos e refugiados sucumbiram à inanição e às prováveis erupções de pestilência.

Em 109 a.C., a coalizão dos cimbros dirigiu-se à Gália Narbonense, desta vez para ser bloqueada novamente por um exército romano, comandado pelo cônsul M. Júnio Silano. As tribos enviaram mensageiros, pedindo que “o povo de Marte deveria lhes dar algumas terras como pagamento e usar suas mãos e armas para quaisquer propósitos que desejassem” (Floro, Epitome of Roman History [Epítome da História Romana], Livro I). Silano respondeu que Roma não tinha terras para dar e não queria seus serviços. A batalha sobreveio e, como Carbão antes dele, Silano acabou derrotado. A despeito de sua vitória, cimbros e teutões deram meia-volta e continuaram a pilhar a Gália por mais quatro anos. Nesse período, os tigurinos seguiram seu próprio caminho, aventurando-se ao longo do Rio Reno e, em 107 a.C., derrotaram outro exército romano, a noroeste de Toulouse. Dois anos depois, os cimbros e teutões reapareceram nas fronteiras da Gália Narbonense.

Arausio (Orange), 105 a.C.

Em Outubro de 105 a.C., dois enormes exércitos romanos, apoiados por fortes vanguardas, esperavam as duas tribos na margem direita do Ródano, próximo à cidade de Arausio (atual Orange). A vanguarda, liderada pelo legatus (legado) Marco Aurélio Escauro, foi suplantada pelo assalto avassalador dos invasores. Escauro foi trazido acorrentado até Boiorix, o rei dos cimbros. Insolente até o fim, Escauro desafiou Boiorix a entrar na Itália caso quisesse descobrir o verdadeiro poderio romano. Em resposta, os cimbros atravessaram-no com uma espada. Seguindo pela margem do Ródano, os cimbros e teutões defrontaram-se então com os principais exércitos romanos.

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De forma afortunada para os atacantes, os comandantes de Roma estavam em desacordo. O procônsul Q. Servílio Cipião, pertencente à nobreza, recusava-se a obedecer ao seu superior, o cônsul Cneu Málio Máximo, de origem mais humilde. Como resultado, os dois contingentes instalaram seus acampamentos distantes um do outro. Para piorar as coisas, Máximo falhou em manter a ordem em seu acampamento, que se tornou um verdadeiro mercado.

Ainda assim, as forças romanas permaneciam sendo formidáveis. Boiorix enviou mensageiros para Máximo para negociar a concessão de terras, mas foi ridicularizado. Na busca de sobrepujar Máximo, Cipião ordenou a formação de batalha no dia 6 de Outubro. Os cimbros e seus aliados estavam prontos. Liderando o ataque estavam os Ambrones, uma tribo até então desconhecida, que devastou as fileiras de Cipião. Os sobreviventes fugiram em direção ao exército de Máximo, cuja moral já estava à beira do colapso. Pressionados contra as margens do Ródano, os romanos foram massacrados. Com as mais de 80.000 baixas sofridas, sem incluir os auxiliares de acampamento, a derrota romana em Arausio eclipsou a mais famosa Batalha de Canas, vencida por Aníbal em 216 a.C.. Agradecendo aos deuses pela vitória, sacerdotes tribais sacrificaram prisioneiros e afogaram os cavalos dos vencidos no rio. Além disso, os guerreiros destruíram armas e atiraram objetos de ouro e prata no Ródano.

Celtic Warrior
Guerreiro Celta
Carole Raddato (CC BY-NC-SA)

A despeito do resultado favorável, a coalizão tribal não invadiu a Itália. Teutões e ambrones continuaram a pilhar a Gália, enquanto os cimbros vagueavam em direção à Espanha. Ao tentar atravessar os Pireneus, a tribo foi repelida pelos agressivos celtiberos. Retornando à Gália, os cimbros se reuniram novamente aos teutões, ambrones e tigurinos em terras belgas. Alguns migrantes se instalaram em terras belgas, mas a maior parte dirigiu-se novamente à fronteira romana. Desta vez estavam determinados a reivindicar solo italiano para si. Seria um ataque em duas frentes: o rei Boiorix chefiaria os cimbros na travessia do Passo Brenner, enquanto os teutões, liderados pelo rei Teutobod, desciam o Ródano. Os tigurinos retornaram aos Alpes Nóricos.

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Os Cimbros Entram na Itália

Com suas famílias, todos os seus pertences e seu gado, marchando contra o vento, frio e neve, os cimbros cruzaram os Alpes. Na primavera de 102 a.C., desceram em direção à Itália setentrional no vale do Rio Ádige (Athesis). Não houve oposição romana ao longo das passagens montanhosas, mas logo após Tridentum o caminho estava fechado. Uma ponte transpunha o rio e ambos os lados haviam sido fortificados por um exército romano sob o comando do procônsul Quinto Lutácio Catulo (c. 149-87 a.C.). Os cimbros tentaram represar a corrente para inundar as posições romanas.

Como os gigantes de outrora, eles derrubaram as colinas vizinhas e afundaram no rio fragmentos de penhascos e montanhas de terra. Árvores inteiras com suas raízes foram atiradas correnteza abaixo para atingir a ponte, que oscilava com os golpes. (Plutarco, "Vida de Mário", Vidas de Plutarco, XXIII)

Desmoralizada pela força selvagem dos atacantes, a maior parte das tropas de Catulo fugiu, aterrorizada. Somente uns poucos bravos legionários permaneceram em seus postos e resistiram com tanta obstinação que os sobreviventes foram poupados pelos cimbros. Continuando pela Itália setentrional, eles descobriram que Catulo interrompera a retirada no Rio Pó e controlava a margem sul. Instalando-se para o inverno ao norte do rio, os cimbros passaram a pilhar as terras férteis e a população local.

Vercelas, 101 a.C.

A batalha final com Roma teve de esperar até o verão de 101 a.C., quando os exércitos combinados do cônsul Caio Mário (157-86 a.C.) e Catulo confrontaram os cimbros ao norte do Pó, próximo à cidade de Vercelas. Grande parte do exército consistia num novo tipo de legionário. Com as revolucionárias reformas de Mário, os legionários agora eram voluntários que escolhiam a carreira militar. Os homens de Catulo ainda pertenciam à milícia tradicional, em sua maioria fazendeiros que esperavam retornar à vida civil. Os soldados de Mário tinham melhor treinamento e condicionamento, lutando numa nova e poderosa formação de fortes coortes com 600 homens, ao invés dos manípulos menores.

Migration of the Cimbri
Migração dos Cimbros
Pethrus (CC BY-SA)

A essa altura, Boiorix devia estar preocupado com os teutões. O exército romano era provavelmente o dobro do seu e o chefe tribal contava com o auxílio de seus velhos amigos. No entanto, não havia notícias do seu progresso ao longo do Ródano. Protelando para ganhar tempo, ele enviou mensageiros para negociar com os comandantes romanos. Os enviados exigiram terras para seu povo e para os irmãos teutões. Os cimbros desconheciam que, no ano anterior, Teutobod, com seus teutões e ambrones, havia sido completamente derrotado por Mário em Aquae Sextiae (atual Aix-en-Provence). A resposta de Mário foi trazer à presença dos mensageiros os chefes teutões acorrentados. Quando Boiorix soube da resposta de Mário, montou em seu cavalo e cavalgou para o acampamento romano. Sem "nenhum traço de medo" (Floro, Epitome of Roman History, Livro I, XXXVIII), o rei desafiou Mário para lutar pela liderança do país. Mário respondeu que, em três dias, os romanos esperariam os cimbros na planície Raudina.

Boiorix e seu povo encontraram os romanos esperando na árida planície. Mário comandava as alas esquerda e direita, num total de 32.000 homens. Catulo estava encarregado dos 20.300 homens do centro reforçado. O sol nasceu atrás dos romanos, sua luz refletindo nos elmos como um fogo escarlate resplandecente. Os cimbros avançaram com a infantaria à esquerda e a cavalaria à direita. Ao contrário dos combates anteriores, agora dispunham de um grande número de cavaleiros. Já não eram incomuns os peitorais de ferro, elmos e espadas. Tendo recolhido os despojos e cavalos de batalhas anteriores e das áreas rurais, os cimbros estavam melhor equipados do que nunca. Porém, devido à vida confortável e a alimentação mais rica desfrutadas durante o inverno, com a qual não estavam acostumados, sua condição física já não era a mesma. Eles não eram mais os esbeltos e famintos lobos que tinham invadido a Itália.

A infantaria dos cimbros avançou numa enorme formação quadrada em direção à ala direita de Mário. A cavalaria também se adiantou, desviando-se para a direita ao longo das linhas de Catulo. Após a costumeira troca de salvas de javelins com os romanos, os cavaleiros recuaram apressadamente. Achando que a cavalaria estava em fuga, os soldados de Catulo partiram em perseguição. Ao se mover adiante das alas direita e esquerda de Mário, o centro de Catulo expôs seu flanco direito à infantaria cimbra, que se deslocou para a direita e atacou. Mário percebeu o perigo e ordenou que as alas romanas avançassem.

Vatican Bust of Gaius Marius
Busto do Vaticano de Caio Mário
Marie-Lan Nguyen (CC BY)

Milhares de homens e cavalos na planície ressecada levantaram uma nuvem de poeira gigantesca, que se moveu para oeste e atingiu a infantaria dos cimbros. Os guerreiros do norte apertaram os olhos, sem conseguir enxergar devido ao sol e à poeira, o que freou seu ímpeto. Em vez de investir contra os legionários de Catulo, a carga dos bárbaros se dissolveu num caótico combate corpo a corpo. Os legionários estavam habituados ao forte sol italiano, mas os cimbros começaram a suar e a respirar com dificuldade. A ala esquerda de Mário abateu-se sobre a desorientada cavalaria cimbra. Aterrorizados, os cavaleiros bateram em retirada, chocando-se com o flanco de sua própria infantaria. Nesta altura, a ala direita de Mário provavelmente se juntou ao combate, de forma que os escudos romanos formaram muros que encerraram os cimbros num espaço cada vez mais reduzido. Boiorix caiu lutando junto com seus homens, que resistiram com a coragem dos condenados.

Uns poucos guerreiros escaparam para o acampamento dos cimbros, onde se reuniram às mulheres para a resistência final atrás de uma barricada de carroças. Determinadas a se defender e às suas crianças, as mulheres corajosamente repeliram os romanos com quaisquer armas que tivessem ou até com as mãos nuas. Quando finalmente submeteram seus odiados inimigos, os romanos escalpelaram as mulheres para mutilar a sua aparência. Temendo a brutalidade romana e a escravidão, algumas mulheres mataram suas crianças antes de enterrar as lâminas em seus próprios corações. Outras se enforcaram após a captura. Ainda assim, dezenas de milhares de cimbros acabaram nos mercados de escravos romanos.

Remanescentes dos Cimbros

Sua aniquilação na planície Raudiana encerrou a invasão da Itália, mas este não foi o fim dos cimbros, nem a última vez que a tribo enfrentou Roma. Sobreviventes da guerra, especialmente a geração mais nova, podem ter estado entre os milhares de escravos fugitivos que se juntaram a Espártaco na sua fracassada revolta de gladiadores escravizados conhecida como a Terceira Guerra Servil (73-71 a.C.). Alguns cimbros e teutões haviam ficado para trás, na Gália. Os remanescentes destas tribos parecem ter sido parte do reino tribal da Alsácia do suevo Ariovisto. Quando o poder de Ariovisto foi destruído por Júlio César (100-44 a.C.), em 58 a.C., instalaram-se a leste do Reno, na região montanhosa de Odenwald, nas proximidades das atuais Miltenberg e Heidelberg.

Uma fação mais poderosa dos cimbros e teutões construiu um novo domínio entre os belgas orientais, onde ficaram conhecidos como Aduáticos. Durante a campanha de César contra as tribos belgas, em 57 a.C., os aduáticos abandonaram seus povoados para se reunir numa fortaleza altamente fortificada, ao sul da moderna Thuin. Quando César cercou por completo a fortaleza com trincheiras e fortificações e posicionou uma gigantesca torre de sítio contra os muros, os aduáticos a princípio se renderam, entregando as armas em troca de ter seu povoado poupado. Tratava-se de um ardil, porém, e recorrendo a depósitos escondidos, eles se armaram novamente e desfecharam um ataque noturno de surpresa ao acampamento romano. Repelidos e com pesadas baixas, os aduáticos recuaram de volta à fortaleza. No dia seguinte, o povoado caiu ante o assalto das tropas de César e a população remanescente foi escravizada.

Os cimbros continuaram a viver em sua terra natal dinamarquesa. No ano 5 da nossa era, Tibério (r. 14-37) pacificou com sucesso as tribos germânicas através de uma combinação de diplomacia e força e, em agradecimento, recebeu um caldeirão sagrado dos cimbros como símbolo de amizade. O legado dos cimbros também sobreviveu no alto Reno. Em Heiligenberg, na região de Odenwald, próximo à atual Heildelberg, eles parecem ter criado um culto a Wodanaza (Odin), a quem os romanos identificavam como o seu próprio deus Mercúrio. Este culto teve longa duração, já que inscrições votivas romanas dedicadas a Mercurius Cimbrianus, "Mércurio dos Cimbros", foram descobertas e datadas dos séculos II e III.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Ludwig Heinrich Dyck
Nascido na Alemanha, Ludwig H. Dyck tornou-se um cidadão canadense através da cidadania do seu pai. Desde a sua primeira publicação, em 1998, Dyck tem escrito para diversas revistas de história americanas. O seu primeiro livro é "As Guerras Bárbaras Romanas".

Citar este trabalho

Estilo APA

Dyck, L. H. (2020, janeiro 14). Cimbros [Cimbri]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-18678/cimbros/

Estilo Chicago

Dyck, Ludwig Heinrich. "Cimbros." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação janeiro 14, 2020. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-18678/cimbros/.

Estilo MLA

Dyck, Ludwig Heinrich. "Cimbros." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 14 jan 2020. Web. 21 dez 2024.