Roma Antiga

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 02 setembro 2009
Disponível noutras línguas: Inglês, Árabe, catalão, Chinês, croata, holandês, francês, italiano, espanhol, Turco
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Temple of Saturn, Roman Forum (by Leo-seta, CC BY)
Templo de Saturno, Fórum Romano
Leo-seta (CC BY)

De acordo com a lenda, a Roma Antiga foi fundada pelos dois irmãos e semideuses Rômulo e Remo, em 21 de abril de 753 a.C. A lenda afirma que, numa discussão sobre quem governaria a cidade (ou, em outra versão, sobre onde deveria se localizar), Rômulo matou Remo e denominou o novo povoado em sua homenagem. Trata-se da versão mais conhecida da fundação de Roma, mas não é a única.

Outras lendas afirmam que a cidade recebeu o nome de uma mulher, Roma, que viajou com Eneias e os outros sobreviventes da queda de Troia. Ao desembarcar nas margens do rio Tibre, Roma e as outras mulheres objetaram quando os homens quiseram seguir em frente. Sob sua liderança, as mulheres incendiaram os navios troianos, o que na prática deixou os sobreviventes troianos detidos no local que acabaria se tornando Roma. Eneias de Troia destaca-se nesta lenda - e também, de maneira célebre, na Eneida de Virgílio - como fundador de Roma e ancestral de Rômulo e Remo, relacionando o novo povoado à antiga grandeza e poder troianos.

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Outras teorias sugerem que a denominação originou-se de Rumon, o antigo nome do Rio Tibre, e simplesmente designava o pequeno centro comercial estabelecido em suas margens ou que o nome deriva de uma palavra etrusca que denominava um dos assentamentos desta civilização.

Os Primórdios de Roma

Originalmente um pequeno povoado às margens do Tibre, Roma cresceu em tamanho e força, desde o início, através do comércio. Sua localização proporcionava aos comerciantes uma rota fluvial facilmente navegável para o transporte de suas mercadorias. A cidade foi governada por sete reis, de Rômulo a Tarquínio, à medida que crescia em tamanho e poder. Os gregos, que chegaram a Roma através das colônias do sul da Itália, forneceram aos primeiros romanos um modelo sobre o qual construir sua própria cultura e civilização. Entre estas heranças estão a alfabetização e a religião, bem como fundamentos de arquitetura.

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Os etruscos, ao norte, proporcionaram um modelo para o comércio e o luxo urbano. A Etrúria também estava bem situada para o comércio e os primeiros romanos aprenderam as habilidades comerciais com o exemplo etrusco ou diretamente com os mercadores que fizeram incursões nas regiões que circundavam Roma em algum momento entre 650 e 600 a.C. (embora sua influência tenha sido sentida muito antes). A extensão do papel que a civilização etrusca desempenhou no desenvolvimento da cultura e da sociedade romana é debatida, mas parece haver pouca dúvida de que eles exerceram um impacto significativo no estágio inicial.

Desde o início, os romanos revelaram seu talento em absorver e aperfeiçoar habilidades e conceitos de outras culturas. O Reino de Roma cresceu rapidamente de um entreposto comercial para uma cidade próspera entre os séculos VIII e VI a.C. Quando o último dos sete reis de Roma, Tarquínio, o Soberbo, foi deposto em 509 a.C., seu rival pelo poder, Lúcio Júnio Bruto, reformou o sistema de governo e fundou a República Romana.

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A guerra tornaria Roma uma poderosa força no mundo antigo.

Guerra e Expansão

Embora a cidade devesse sua prosperidade ao comércio nos primeiros anos, foi a arte da guerra romana que a tornaria uma força poderosa no mundo antigo. Os conflitos com a cidade norte-africana de Cartago (conhecidos como as Guerras Púnicas, 264-146 a.C.) consolidaram o poder de Roma e contribuíram para que crescesse em riqueza e prestígio. Roma e Cartago eram rivais no comércio no Mediterrâneo Ocidental e, com a derrota dos cartagineses, os romanos passaram a deter o domínio quase absoluto sobre a região, apesar das incursões de piratas, que impediam o controle marítimo completo.

À medida que a República crescia em poder e prestígio, a cidade começou a sofrer os efeitos da corrupção, da ganância e da dependência excessiva do trabalho escravo estrangeiro. Gangues de romanos desempregados, expulsos do mercado de trabalho pelo influxo de escravos trazidos por meio de conquistas territoriais, trabalhavam como capangas para cumprir as ordens de qualquer senador rico que lhes pagasse. A elite abastada da cidade, os patrícios, tornou-se cada vez mais rica às custas da classe trabalhadora mais baixa, os plebeus.

Map of 2nd Century Roman Expansion
Mapa da Expansão de Roma no Século II a.C.
US Military Academy (Public Domain)

No século II a.C., os irmãos Gracos, os tribunos da plebe Tibério e Caio, lideraram um movimento pela reforma agrária e reforma política em geral. Embora os irmãos tenham sido mortos nessa causa, seus esforços estimularam reformas legislativas e a corrupção desenfreada do Senado romano foi reduzida (ou, pelo menos, os senadores se tornaram mais discretos em suas atividades corruptas). Na época do Primeiro Triunvirato, tanto a cidade quanto a República estavam em pleno florescimento.

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A República

Mesmo assim, Roma dividia-se entre classes distintas. A classe dominante chamava a si mesmos de optimates (os melhores homens), enquanto as classes mais baixas, ou aqueles que simpatizavam com elas, eram conhecidas como populares (o povo). Tais designações indicavam simplesmente aqueles que detinham uma certa ideologia política; não se tratava de partidos políticos no sentido moderno. Nem todos da classe dominante consideravam-se optimates, assim como nem todos nas classes mais baixas eram populares.

Em geral, os optimates apoiavam valores políticos e sociais tradicionais, favorecendo o poder o Senado Romano e o prestígio e a superioridade da classe dominante. Os populares, novamente de maneira geral, favoreciam a reforma e a democratização da república. Estas ideologias opostas iriam se defrontar de maneira célebre na forma de três homens que, sem perceber, conduziriam a República ao seu fim.

Marco Licínio Crasso e seu rival político, Cneu Pompeu Magno (Pompeu, o Grande) uniram-se a um político mais jovem, Caio Júlio César, para formar o que os historiadores chamam de Primeiro Triunvirato de Roma (embora os romanos da época, incluindo seus três integrantes, jamais tenham usado este nome). Crasso e Pompeu apoiavam a linha política dos optimates, enquanto César alinhava-se com os populares.

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O trio, igualmente ambicioso e lutando pelo poder, mantinha o equilíbrio enquanto ajudava Roma a prosperar. Crasso, o homem mais rico de Roma, era corrupto ao ponto de forçar os cidadãos mais abastados a lhe pagar por "segurança". Se o cidadão pagasse, Crasso não incendiaria sua casa mas, se não houvesse pagamento, o incêndio começaria e o proprietário seria cobrado para que o milionário enviasse seus "bombeiros". Ainda que o motivo por trás destas brigadas contra incêndios fosse tudo, menos nobre, Crasso acabou sendo responsável pelo primeiro departamento de bombeiros que, mais tarde, se mostraria de grande valor para a cidade.

Tanto Pompeu quanto César eram grandes generais que, através de suas respectivas conquistas, enriqueceram Roma. Embora fosse o homem mais rico de Roma (e, segundo alguns, o mais rico de toda a história romana), Crasso ansiava pelo mesmo respeito que a população dava a Pompeu e César por seus sucessos militares. Em 53 a.C., ele liderou uma força considerável contra a Pártia e acabou derrotado na Batalha de Carras, na Turquia moderna, onde foi morto quando tentava negociar uma trégua.

Julius Caesar
Júlio César
Georges Jansoone (CC BY-NC-SA)

Sem Crasso, o Primeiro Triunvirato se desintegrou e Pompeu e César declararam guerra um ao outro. Pompeu tentou eliminar seu rival por meios legais e o Senado ordenou que César fosse a Roma para ser julgado por uma série de acusações. Em vez de retornar humildemente à cidade para enfrentar os processos judiciais, César cruzou o rio Rubicão em 49 a.C. com seu exército e entrou em Roma à frente dele.

Ele se recusou a responder às acusações e direcionou seus esforços para enfrentar o rival no campo de batalha. Ambos se defrontaram na Batalha de Farsália, na Grécia, em 48 a.C., onde as forças numericamente inferiores de César derrotaram o exército pompeiano. O general derrotado fugiu para o Egito, esperando encontrar refúgio junto ao faraó, mas acabou assassinado logo ao desembarcar. As notícias da grande vitória de César contra a enorme superioridade numérica inimiga em Farsália se espalharam velozmente e muitos ex-amigos e aliados de Pompeu apressaram-se a se aliar ao vencedor, na crença de que os deuses o favoreciam.

Rumo ao Império

Júlio César tornou-se o homem mais poderoso de Roma. Ele efetivamente encerrou o período da República ao fazer com que o Senado o proclamasse dictator. Com enorme popularidade, seus esforços para criar um governo central forte e estável resultaram em maior prosperidade para a cidade. Ele foi assassinado por um grupo de senadores romanos em 44 a.C., no entanto, precisamente por causa dessas conquistas.

Os conspiradores, entre os quais ex-aliados de Pompeu, como Marco Júnio Brutus e Lúcio Cássio Longino, pareciam temer que César ficasse poderoso demais, ao ponto de eventualmente abolir o Senado. Após sua morte, seu braço direito e primo, Marco Antônio, uniu forças com o sobrinho e herdeiro de César, Caio Otávio Turino (Otaviano) e um amigo de César, Marco Emílio Lépido, para derrotar as forças de Bruto e Cássio na Batalha de Filipos, em 42 a.C.

Division of the Second Triumvirate
Divisão Territorial do Segundo Triunvirato
ColdEl (CC BY-SA)

Otaviano, Antônio e Lépido formaram o Segundo Triunvirato de Roma mas, como no primeiro, estes homens eram igualmente ambiciosos. Marco Antônio e Otaviano neutralizaram Lépido ao acordar que ele deveria governar a Espanha e a África, o que o mantinha distante dos jogos de poder em Roma. Além disso, acertou-se que Otaviano governaria as terras romanas no oeste e Antônio no leste.

O envolvimento de Antônio com a rainha egípcia Cleópatra VII, no entanto, perturbou o equilíbrio que Otaviano esperava manter e os dois entraram em guerra. As forças combinadas de Antônio e Cleópatra acabaram derrotadas na Batalha de Ácio, em 31 a.C. e, em seguida, ambos tiraram suas próprias vidas. Otaviano emergiu como o único poder em Roma. Em 27 a.C., ele recebeu poderes extraordinários do Senado e assumiu o nome de Augusto, o primeiro imperador de Roma. Os historiadores concordam que este é o ponto em que a história de Roma termina e a história do Império Romano começa.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Ricardo é um jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Joshua J. Mark é cofundador e diretor de conteúdo da World History Encyclopedia. Anteriormente, foi professor no Marist College (NY), onde lecionou história, filosofia, literatura e redação. Ele viajou bastante e morou na Grécia e na Alemanha.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2009, setembro 02). Roma Antiga [Ancient Rome]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-68/roma-antiga/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Roma Antiga." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 02, 2009. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-68/roma-antiga/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Roma Antiga." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 02 set 2009. Web. 27 set 2024.